Auto-suficiência tecnológica vai abrandar crescimento económico da China, diz Câmara de Comércio da UE

A campanha do Partido Comunista Chinês (PCC) para aumentar o controlo sobre indústrias chinesas e reduzir a dependência de tecnologia estrangeira está a afetar o crescimento económico do país, alertou hoje um grupo empresarial europeu.

A Câmara de Comércio da União Europeia (UE) na China apelou a Pequim para reverter o curso e abrir mais os setores de mercado dominados pelo Estado.

O relatório acrescentou advertências sobre os custos da estratégia de Pequim, numa altura em que o ritmo de crescimento económico está a abrandar e a população chinesa a envelhecer, preconizando o fim de uma era de altas taxas de crescimento.

Os planos do PCC estão também a abalar as relações com Washington e vários países europeus, que acusam a China de violar os seus compromissos comerciais, de maior abertura do mercado, aquando da sua adesão à Organização Mundial do Comércio.

O grupo empresarial europeu alertou que a China corre o risco de sufocar a inovação, ao aumentar as restrições e controlos sobre o emergente setor digital e outras empresas do setor privado, e ao tentar nutrir firmas domésticas para produzir ‘chips’ de processador e outras tecnologias que importa atualmente dos Estados Unidos, Europa e Japão.

Pequim está a estimular os bancos, fabricantes e empresas do setor dos serviços a usar tecnologia chinesa, mesmo quando as alternativas estrangeiras são mais eficazes.

“Vemos que, na verdade, eles estão dispostos a sacrificar o potencial de crescimento para, francamente, aumentar o controlo económico e político”, disse o presidente da Câmara, Joerg Wuttke, aos jornalistas.

Caso o país asiático adotasse reformas integrais de mercado, a produção económica da China por pessoa poderia aumentar até 3,5 vezes, ao longo dos próximos 25 anos, estimou a mesma fonte. “A China corre o risco de ficar abaixo do seu potencial”, disse Wuttke.

A Câmara citou uma estimativa do Fundo Monetário Internacional, de que o nível de produtividade da China é de apenas 30%, quando comparado aos níveis dos Estados Unidos, Japão ou Alemanha.

A Câmara apelou a Pequim para abrir os setores das telecomunicações, finanças e outros dominados pelo Estado, e fez 930 recomendações, incluindo um apelo aos reguladores para esclarecer a campanha regulatória no setor da Internet. O país asiático deve “aumentar a integração na economia global e afastar-se da ‘auto-suficiência’”, apontou-se no relatório.

A economia chinesa deve crescer 8,5% este ano, à medida que se recupera da pandemia do novo coronavírus. Mas o crescimento deve cair abaixo dos 5%, após 2025, numa altura em que uma população envelhecida exigirá mais gastos com o bem-estar social.

A Câmara, que representa cerca de 1.700 empresas europeias na China, também apelou a Pequim para permitir a entrada de mais empresários estrangeiros e outros visitantes.

Alguns funcionários considerados essenciais pelas suas empresas ficaram retidos no exterior, quando Pequim suspendeu as viagens, no início de 2020, devido à pandemia da covid-19.

O último censo da China apurou que há apenas 845.697 estrangeiros a viver no país mais populoso do mundo, ou 0,06% do total de 1,4 mil milhões de habitantes.

Wuttke afirmou que aquela poderá ser a menor percentagem entre todos os países do mundo.

O número de residentes estrangeiros em Pequim e Xangai, cidades com uma população combinada de 45 milhões de pessoas, caiu 60%, de 2019, para 127.000, no ano passado.

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