Manchete PolíticaAL | Deputados defendem incentivos e inoculação obrigatória para pessoal médico Pedro Arede - 4 Ago 2021 Perante o surgimento de novos casos em Macau, vários deputados defenderam medidas de incentivo à vacinação mais interventivas e apontaram que “não basta lançar apelos”. Mak Soi Kun considerou ser imperativo tornar a vacinação obrigatória para trabalhadores da área da saúde. O Governo concorda que os médicos devem dar o exemplo, mas afirma que o risco é o maior incentivo para a vacinação A reboque da confirmação de novos casos de covid-19 em Macau, foram vários os deputados que, no segundo dia da sessão plenária dedicada a responder a interpelações orais, pediram ao Governo para criar incentivos destinados a aumentar a taxa de vacinação da população e, consequentemente, uma barreira imunológica na comunidade. Mak Soi Kun foi um dos deputados que pediu a palavra para se pronunciar sobre o assunto, começando por referir que é impossível falar de uma forma realista sobre vacinar toda a população, quando nem os próprios trabalhadores da área da saúde mostram ter confiança na vacina contra a covid-19. “Só temos 42 por cento de população vacinada e a taxa de vacinação dos médicos é 66 por cento. Os médicos são especialistas e nem eles querem vacinar-se. Será que não têm confiança na vacina? Estão a aguardar para ver o resultado? Os residentes, vendo que os médicos não tomam a iniciativa claro que também não se querem vacinar. Os médicos devem servir de exemplo”, começou por apontar o deputado. Mak Soi Kun foi mais longe e sublinhou ser urgente tornar a vacinação obrigatória, o quanto antes, entre o pessoal médico, até porque eles próprios são responsáveis por tratar dos residentes infectados com covid-19. “Se os médicos ficarem infectados quem é que vai tratar dos residentes. A população quer que os médicos se vacinem primeiro. Olhando para a experiência do estrangeiro, a vacinação do pessoal médico é obrigatória. A solução passa por impor a vacinação ao pessoal médico. Se os médicos ficarem infectados como podem servir a população”, acrescentou. Na mesma linha de pensamento, e após adaptar a interpretação oral que tinha preparado ao surgimento dos novos casos em Macau, Song Pek Kei referiu que “não basta lançar apelos” é necessário definir prazos concretos para a criação de uma barreira imunológica. Até porque, caso não seja possível levantar algumas restrições, a situação económica do território vai continuar a deteriorar-se e as empresas ficam sem “perspectivas futuras”. Por seu turno, Agnes Lam defendeu também a implementação de novos incentivos à vacinação, dando como exemplo a possibilidade de, tanto empresas como organismos públicos, concederem dias de férias pagos para os funcionários inoculados. O medo ajuda Na resposta aos deputados, Tai Wa Hou, médico-adjunto da direcção do Centro Hospitalar Conde de São Januário, que compareceu no plenário no lugar da secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Ao Ieong U, começou por dizer que, olhando para Hong Kong, é possível verificar que os incentivos à vacinação não estão a ter resultados e não existe melhor motivação para a população do que ver o risco de contágio a aumentar. “A vacina é a única forma para retomar uma vida normal, mas só com uma percentagem de vacinação de 80 ou 90 por cento é que é preciso construir uma barreira imunológica. Criar incentivos para a população se calhar não é uma boa solução porque em Hong Kong também foram lançados incentivos reais para a vacinação, mas parece que os resultados não são satisfatórios. O incentivo para a vacinação tem muito a ver com a situação da pandemia pois, se houver risco nos bairros comunitários a população tem mais incentivos para se vacinar”, referiu Tai Wa Hou. Sobre a possibilidade de vir a tornar a vacinação obrigatória, o responsável apontou que “Macau ainda não está nessa fase”, sublinhando, contudo, que “os trabalhadores dos Serviços de Saúde têm a obrigação de se vacinar”. “As pessoas podem escolher se se querem ou não vacinar. Não podemos tomar medidas para as obrigar ou outras medidas semi-obrigatórias. Ainda não estamos nessa fase”, disse Tai Wa Hou.