Escritor Mia Couto testa positivo à covid-19 e apela ao cumprimento de medidas de prevenção

O escritor moçambicano Mia Couto apelou ao cumprimento das recomendações das autoridades de saúde face à covid-19, alertando para implicações “profundíssimas”, após testar positivo para o novo coronavírus.

“Nós temos de conseguir uma resposta e direcção contrária à covid-19, ter respeito pelos outros e acatar essas instruções [de prevenção], tão simples”, dadas pelas autoridades de saúde, disse o autor à Lusa. O escritor moçambicano cumpriu ontem o 10.º dia de isolamento domiciliar, desde que foi diagnosticado positivo para o novo coronavírus, apresentando-se com sintomas leves, entre cansaço e dores musculares.

Mia Couto alertou para as implicações “profundíssimas” da COVID-19 a nível social, económico e humano, além da saúde, considerando que a doença “empurra para uma situação de agonia, solidão e abandono”. “Quando me comunicaram, o medo que me assaltou foi o de um tipo de morte solitária, foi essa a construção que fiz”, contou Mia Couto.

“Nós já temos vacina. Chama-se máscara, chama-se distanciamento. Portanto, temos as vacinas que serão, até daqui a alguns meses, a nossa arma principal”, declarou.

Mia Couto venceu o prémio literário francês Albert Bernard 2020, pela edição francesa da trilogia “As Areias do Imperador”, publicada no ano passado com tradução de Elisabeth Monteiro Rodrigues, foi hoje anunciado pela Fundação Fernando Leite Couto.

“Criado em 1993, este prémio anual, destinado a um autor cuja temática seja África, quer seja do ponto de vista da história, da ciência e da literatura, laureou pela primeira vez um escritor da África Austral. É também inédita a atribuição a um escritor de língua portuguesa”, acrescentou a nota.

O escritor moçambicano, agora distinguida pela Academia Francesa de Ciências do Ultramar, já havia recebido em dezembro, na Suíça, o Prémio Jan Michalski, atribuído pela Fundação Jan Michalski, para distinguir obras da literatura mundial, publicadas em francês.

A trilogia “As Areias do Imperador”, composta pelos romances “Mulheres de Cinza” (2015), “A Espada e a Azagaia” (2016) e “O Bebedor de Horizontes” (2017), centra-se na fase final do Império de Gaza, o segundo maior império do continente, no final do século XIX, dirigido por Ngungunyane (Gungunhana).

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