VozesCrónica do saco Pedro Arede - 13 Fev 2020 [dropcap]D[/dropcap]a China, sinais de desconforto. Yang Fude, Secretário do Partido Comunista chinês partilhou há dias, na conferência de imprensa do Centro Nacional de Saúde, algumas dicas para lidar emocionalmente com o isolamento e a pressão a que muitos estão expostos na cidade de Wuhan, devido ao surto do novo coronavírus. O responsável afirmou que uma pessoa se sentirá muito mais relaxada depois de tirar alguns minutos para chorar num sítio resguardado. Isso e esmurrar um saco de areia, acrescentou. Com medo de ficar com o saco vazio parecem estar os habitantes de Hong Kong que têm desbastado as prateleiras do supermercado com uma sofreguidão atroz. Por cá, em dias de relativa estabilização da situação clínica, onde não há registo de novos casos há, pelo menos, sete dias, a bolsa que começa a criar desconforto é a económica, a dar sinais de estar cada vez mais vazia, enquanto vai subsistindo a dúvida se o encerramento dos casinos é prolongado além dos 15 dias decretados pelo Governo. Olhando para a situação de curto prazo, o cenário é preocupante para o negócio, com cada vez mais estabelecimentos a fechar portas e a encontrar dificuldades em pagar aos colaboradores. Outros sacos que têm criado animosidade por estes dias são os do lixo, após uma infeliz infografia do IAM que apelava ao ensino das empregadas domésticas para não mexer no lixo como forma de prevenção do coronavírus. Com isto tudo, esperemos apenas que em tempos difíceis surjam soluções construtivas e ponderadas que dêem azo a mais do que apenas vontade de ir ali para o canto chorar. Alguém ainda se lembra da lei dos sacos de plástico?