Manchete SociedadeAgiotas sequestram, torturam e matam homem por 57 mil patacas João Santos Filipe - 6 Mai 2019 Entre os três criminosos, um estava ilegal no território desde Março e já tinha sido expulso no ano passado. Os outros dois tinham visto de entrada e, além da agiotagem, ganhavam a vida a pedir nas mesas de jogo dos casinos [dropcap]U[/dropcap]m grupo de três agiotas raptou, torturou, filmou e matou um homem a quem tinha emprestado 50 mil patacas para o jogo. O caso foi revelado na sexta-feira à noite pelas autoridades, depois do corpo ter sido encontrado no Pensão Va Fat, na Praia Grande. De acordo com a informação divulgada pela Polícia Judiciária, o rapto aconteceu no dia 1 de Maio, por volta das 6 da manhã. Até essa altura, o homem tinha estado a jogar num casino no centro de Macau e pediu 50 mil patacas de empréstimo, aos três agiotas. Durante o tempo em que demorou a perder todo o dinheiro, o jogador, que tinha cerca de 40 anos, acumulou uma dívida em juros de 7 mil patacas. Foi com essa dívida adicional que o jogador foi levado para a Pensão Va Fat. No quarto de hotel foi-lhe colocada uma toalha na boca e começou a ser espancado, com cintos, chinelos, murros e pontapés. Ao mesmo tempo, os agiotas fizeram igualmente vídeos do espancamento para enviarem aos familiares do jogador, para que estes saldassem as dívidas. As agressões foram-se repetindo até sexta-feira de manhã, quando o jogador acabou por morrer. Perante este cenário, os agiotas cobriram o corpo com o cobertor do hotel e fugiram, já por volta das 7h00 da manhã de sexta-feira, altura em que também terá sido dado o alerta às autoridades, alegadamente por um dos três agiotas. Perante a denúncia anónima, as autoridades deslocaram-se rapidamente para o local e interceptaram os três indivíduos, nas imediações do hotel. Ao mesmo tempo, os bombeiros entraram no quarto e depararam-se com o cadáver na cama do hotel. Os trabalhos de investigação duraram cerca de seis horas e segundo a PJ o cadáver apresentava várias nódoas negras e sinais de violência, principalmente na cabeça e nas mãos. Ilegal em Macau De acordo com a informação revelada pela PJ, pelo menos um dos homicidas encontrava-se de forma ilegal no território e já tinha sido expulso, anteriormente. O homem em causa tem 31 anos, vivia no Interior da China, onde estava desempregado, e já no ano passado tinha sido reencaminhado para o outro lado da fronteira, também por estar envolvido em actividades de agiotagem. Porém, segundo a PJ, terá reentrado de forma ilegal em Macau em Março deste ano, conseguindo durante mais de dois meses enganar as forças comandadas por Wong Sio Chak, até ter cometido o crime. Os restantes agiotas têm 34 e 29 anos, tinham os documentos que lhes permitiam entrar em Macau e ganhavam a vida a pedir nos casinos. Este é um tipo de actividade muito frequente em Macau, em que as pessoas andam a circular nas áreas de jogo e que quando vêem alguém ganhar, aproximam-se para pedir ou exigir o pagamento de uma “gorjeta”. O caso foi reencaminhado para o Ministério Público, os suspeitos enfrentam acusações da prática dos crimes de sequestro que resultou em morte, punida com pena entre 5 a 15 anos de prisão, usura agravada, punida com pena que vai até aos 5 anos de prisão, usura para o jogo, punida com pena que também pode chegar aos 5 anos e ainda associação criminosa, cuja penalização vai dos 3 aos 12 anos de prisão.