Turismo | “Shrimp Junk Boat” volta amanhã aos passeios de fim de tarde

A partir de amanhã, ver o pôr-do-sol a bordo de um junco tradicional volta a ser a ser possível. O “Shrimp Junk Boat”, barco único no território e que um dia serviu para a pesca do camarão, está de volta às águas de Macau, oferece a oportunidade de, a bordo de um “museu”, apreciar a vida local e disfrutar do fim de dia no delta do Rio das Pérolas

[dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]oi construído nos estaleiros de Coloane para a faina da pesca do camarão. O “Shrimp Junk Boat” é agora o único da sua geração em Macau. Um junco histórico que se estrou em 2016 em passeios turísticos, e que a partir de sábado está de volta para levar quem quiser um passeio ao pôr-do-sol. “O formato dos passeios mantem-se idêntico ao que existia há dois anos, só que na rota inversa”, refere ao HM Henrique Silva, mais conhecido por Bibito, sócio da Macau Sailing, empresa que partilha com o proprietário da embarcação David Kwok.

Desta feita, o passeio tem início na Marina de Lam Mau. “Fazemos o canal do Porto Interior, depois o canal de Macau em frente ao Nape e vamos até à zona do Centro de Ciência”, explica o responsável.

O acesso à viagem é, como não poderia deixar de ser, descontraído. Basta chegar à marina, comprar o bilhete, que custa 350 patacas, e subir a bordo. A partida tem hora marcada às 17h e “são cerca de duas a três horas de um relaxante passeio pelo rio para ver o final do dia, em que se pode beber uma bebida fresca e ouvir música”, aponta.

Viver a história

Mais que um mero passeio, estas tardes de sábado podem ainda ser uma oportunidade para conhecer mais de perto a vida local, nomeadamente  a zona do Porto Interior com os seus pescadores e rotinas. “Esta zona ao longo dos anos foi perdendo um bocadinho a vida que tinha e era importante devolver este local, as suas gentes e actividades, às pessoas que visitam e habitam o território”, refere Bibito. Por outro lado, sublinha ainda, é “uma oportunidade para se ver este Macau antigo que ainda vive naquela zona”.

O próprio barco também é um convite para regressar ao passado. Um junco, fabricado nos antigos estaleiros de Coloane. Hoje em existem apenas dois deste género no mundo, sendo que o outro se encontra num museu em Inglaterra. “É um barco histórico, muito bonito e tradicional de Macau. É um museu e um exemplo vivo do que foi a história náutica local”, sublinha Bibito.

Além disso, o “Shrimp Junk Boat” é uma alternativa para os mais novos explorarem a herança histórica do território.

De acordo com o responsável pelos mini-cruzeiros, “os nosso jovens estão outra vez a voltar às tascas de Macau e se formos a Coloane, na zona dos estaleiros, há lá um tasquinha antiga que está sempre cheia de gente nova”. Para Bibito, é evidente que os mais novos estão interessados em preservar a cultura local.

Além destes passeios, Bibito refere que o barco também está disponível para outros fins, com a possibilidade de reserva para grupos e que podem, por exemplo, marcar passeios às “ilhas que rodeiam o trajecto de Macau a Hong Kong”, em que os “navegantes” têm a liberdade de dar uns mergulhos, nadar e mesmo de almoçar a bordo.

Uma luta difícil

Apesar do regresso do “Shrimp Junk Boat”, é ainda cedo para afirmar que o barco vai estar disponível ao longo de toda a época de Verão sem apoios. “Estamos com o barco na Marina do Lam Mau, mas aquilo é um pontão que nos foi emprestado e não podemos ficar lá em permanência. Podemos lá estar, para já porque é o lugar de um barco de uma pessoa que não o está a usar, vai voltar e vamos voltar a ficar sem espaço”.

Foi também por não ter espaço, que no ano passado não houve passeios a bordo do junco. “Em 2016, o barco estava já a tornar-se uma presença habitual na vida das pessoas, tanto nos passeios de fim de tarde que fazíamos aos sábados, como nos passeios para eventos e para operadores de turismo no território”, recorda Bibito.

A dificuldade é arranjar um sitio para atracar o junco. A solução passaria pela vontade do Governo em ajudar nesse processo, refere.

Bibito reconhece que em Macau não há suficientes marinas disponíveis, “mas há algumas pontes cais que não estão a ser utilizadas e que poderiam ser uma solução, havendo vontade”, diz.

O “Shrimp Junk Boat” não é uma despesa apenas quando sai para o mar. “Mesmo com o barco parado temos continuado a fazer um esforço para o manter, até porque para preservar este barco único é necessário muito investimento e muito trabalho”, aponta.

Mas, mais importante é mesmo não desistir. “Continuamos a insistir, teimosamente, para que um dia seja considerado e tratado como um barco de Macau”, remata.

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