Sexanálise VozesO sexo dos pandas Tânia dos Santos - 1 Nov 2016 [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s pandas são muito preguiçosos para se envolverem numa actividade sexual. Eles só dormem, comem e julgam qualquer outra actividade para além das suas possibilidades. Julgam-nos assexuados, detentores de uma libido baixíssima. O recorde de envolvimento sexual vai nos 7 minutos e 45 segundos, quando a média é normalmente de 1 minuto. Quando é que eles vão conseguir finalmente procriar? Ninguém sabe. Já é difícil o suficiente saber quando é que uma panda fêmea está a ovular, que normalmente dura uns 3 dias por ano. Uma janela de possibilidade estreitíssima para podermos garantir a continuação da espécie. Como o habitat natural do panda está em risco, os preocupados na matéria viram-se obrigados a levar pandas para serem tratados em cativeiro. A partir do momento que os pandas se viram no ambiente artificial de zoológico, a sua libido caiu ainda mais, sendo por isso muito difícil fazer com que os pandas procriem nestas condições. A criatividade e o desespero dos cientistas e dos seus tratadores fizeram com que aparecessem soluções verdadeiramente originais, uma delas é a pornografia – pornografia de pandas. Com o auxílio de uma televisãozita, obrigam os pandas a verem outros pandas na sua performance sexual. Como devem calcular a eficácia deste tratamento é duvidosa, mas há quem julgue o contrário. Os pandas, como fofos e amorosos que são, têm todo o planeta a torcer pelo seu sexo, custe o que custar. Nós queremos mais pandas bebés! Mas prova-se uma tarefa difícil. Os estudos recentes começam a perceber que, porque estes animais estão em cativeiro, há certos processos naturais de ‘corte’ e namoro que se tornam impossíveis. No habitat natural eles têm a possibilidade de deixar dicas de desejo, através de uns gritos aqui e ali, e de deixar cheiros a sinalizar a chegada do cio. Acima de tudo, os pandas têm mesmo que gostar do parceiro para se envolverem com ele. Sim, sim, há quem o chame de amor ou simplesmente desejo, mas eles precisam de uma ‘ligação’. Quando nós achávamos que os pandas não podiam ser mais adoráveis, eles tornam-se ainda mais adoráveis! Não fossem eles o símbolo da maior instituição de protecção animal e ambiental. O que provavelmente não sabiam é que a China pratica frequentemente a diplomacia do panda – os pandas estão directamente envolvidos na criação de laços internacionais por todo o mundo. Basicamente, desde os anos 50 que os pandas eram usados como oferenda comum a zoológicos de muitos países, contribuindo para o bom relacionamento político. Agora o serviço já não é tão gratuito. Os pandas são ‘emprestados’ por períodos de 10 anos pela módica quantia de 1.000.000 USD por ano. Para além de que todos os bebés que nascem destas aventuras para além fronteiras são indiscutivelmente propriedade chinesa. Mas como já devem ter percebido, ter bebés não é coisa que aconteça muito regularmente. E se acontecer, irá aparecer no telejornal das 8. O sexo dos pandas é como o sexo dos anjos, um mistério ainda por resolver. Na sua tentativa de ser ‘verde’, esta luta pela procriação do panda gigante continua a contribuir às tão generosas oferendas que vêm a fortalecer ligações diplomáticas – mas ainda não sabemos que desenvolvimento terá. A China tem a fama de não ter uma posição clara em relação às estratégias externas utilizadas. Com discursos e acções que contribuem para uma visão múltipla de posições, ficamos na expectativa do que é que vem para aí – muitos mais pandas, provavelmente. Pandas que nos presenteiam com a sua fofura e simpatia, capazes de derreter corações por onde passam, mas que têm muita dificuldade em ter sexo. O que vale é que os pandas são criaturas divertidíssimas. Com uma sexualidade desastrosamente trapalhona, ainda podem deleitar-se com os vídeos que foram apresentados como incentivo ao sexo dos animais algures online. Não é por acaso que este é um animal com fãs por todo o planeta. Nem é por acaso que os pandas são os embaixadores de uma China repleta de fofura.