DesportoDúvidas continuam sobre a aceitação de pilotos consagrados na prova de F3 Sérgio Fonseca - 26 Ago 201626 Ago 2016 [dropcap style=’circle’]D[/dropcap]esde da recusa da Federação Internacional do Automóvel (FIA) em deixar participar o ex-piloto de Fórmula 1 Nelson Piquet Jr no Grande Prémio de Pau de F3, em Maio, que é desconhecida qual será a posição do organismo máximo que regula o automobilismo a nível mundial no que respeita à Taça Intercontinental FIA de Fórmula 3 do Grande Prémio de Macau. O HM sabe de fonte próximas ao processo que a federação internacional ainda não tomou uma decisão e entende que este assunto só será discutido no Conselho Mundial da FIA do próximo mês de Setembro. Stefano Domenicali, o presidente da Comissão de Monolugares da FIA, sempre se mostrou cauteloso sobre este assunto, ele que vetou a participação de Piquet Jr, o que gerou uma onda de indignação nos bastidores do automobilismo e na imprensa especializada. Há duas correntes válidas de opinião: uma que defende que a F3 deve ser uma categoria exclusivamente apenas para jovens pilotos em ascensão na carreira e outra que considera que é o mais valia a presença de pilotos consagrados, que além de serem um desafio ao mais novos, trazem novos focos de atenção à competição. Félix da Costa discorda António Félix da Costa venceu a Taça Intercontinental FIA de Fórmula 3 em 2012 e regressou ao Circuito da Guia em 2013 para tentar revalidar o título, terminando no segundo lugar. O jovem lisboeta é no entanto a favor que haja restrições quanto à participação de determinados pilotos nesta categoria de formação. “A Fórmula 3 é uma categoria de formação e lançamento de pilotos. Todos os que vencem em Macau são respeitados no automobilismo mundial e muitos dos que vencem chegam à F1 ou a categorias de grande importância, tornando-se 99% deles pilotos profissionais”, explicou Félix da Costa ao HM. Curiosamente o actual piloto da BMW no DTM e da equipa Andretti no campeonato de carros eléctricos Fórmula E reconhece que “apesar de ser espectacular de correr no Circuito da Guia e ter saudades de o fazer de Fórmula 3, colocar pilotos mais velhos, com tanta experiência e palmarés não faz sentido. Há que entender que esta é uma categoria para os mais novos se lançarem”. Félix da Costa afirma também que há tempo para tudo, “se vence na altura certa ou o nosso tempo passou”. O ex-piloto da Red Bull Racing no entanto confessa que o triunfo em Macau é “um dos títulos mais saborosos que tenho no meu CV, aquele que mais me tocou provavelmente mas mesmo que não o tivesse feito, teria de aceitar que o meu tempo passou. Há alturas para tudo”. Já Nuno Pinto é a favor Nuno Pinto, o Director Desportivo da Prema Powerteam, a equipa que venceu as últimas edições da Taça Intercontinental FIA de Fórmula 3, é a favor da proposta da FIA “em limitar a três anos a participação de um piloto na F3 de forma a evitar os especialistas e dar vantagem a pilotos muito mais experientes”, mas o também treinador português de jovens pilotos reconhece que “por exemplo deixar que um piloto estrela, ou consagrado, faça uma prova esporadicamente, sem que marque pontos para o campeonato, pode ser um factor adicional de interesse. Ou seja, para mim um piloto jovem devia querer medir-se contra os melhores e não ter receio de defrontar um consagrado, especialmente na Fórmula 3 porque isso tem de ser sempre um factor extra de motivação”. Pinto dá como exemplo o que se passou em Pau: “Falando do caso em concreto do Piquet Jr. todos os nossos pilotos na Prema eram a favor de que ele tivesse participado em Pau, porque consideravam um desafio interessante e tinham um misto de motivação e confiança que o podiam bater e assim ver as suas performances ainda mais valorizadas”. Numa altura em que os pilotos, principalmente dos escalões superiores, onde se destaca a Fórmula 1, são criticados por serem demasiado “politicamente correctos” e previsíveis, Pinto destaca que “se ainda existem pilotos com paixão e desejo de fazer provas pelo simples facto que tem prazer em correr nessas categorias ou circuitos, temos de incentivar para que isso aconteça e não o contrário”. O nosso interlocutor realça também que “Macau é especial e continua a ser a corrida preferida de muitos pilotos que já subiram de categoria mas não seria interessante termos os jovens pilotos a competir e vencer contra alguns dos campeões da últimas edições, como o Mortara, Juncadella, Félix da Costa, Rosenqvist? E se juntássemos um par de pilotos de Fórmula 1 como Ricciardo e Verstappen? Não seria espectacular? Não iria dar um grande destaque a um jovem que conseguisse semelhante proeza? Eu penso que sim e são desafios como esses que tornam os jovens pilotos ainda melhores…”