Ócios & Negócios PessoasManna Cookery | Matthew Pang, proprietário Joana Freitas - 22 Jun 2016 [dropcap style=’circle’]E[/dropcap]scondida ao lado da igreja de São Lourenço, parece um café mas não é. Ao entrarmos ficamos com a certeza disso e depois encontramos Matthew Pang, cozinha escancarada à sua volta, ocupado entre encomendas e cozinhados. Alguns bancos para os clientes é tudo o mais que encontramos. O a decoração é simples e inspirada nas ideias mediterrâneas. “Queria dar um sentimento de conforto aos clientes”, justifica Matthew, mirando a decoração. Para além disso, a comida é toda ela “tradicional portuguesa”. “Esta loja é o meu sonho”, confessa ao HM. Cresceu numa família onde todos trabalhavam para a função pública. E ele também, na Polícia Judiciaria(PJ), imagine-se. Mas ter um restaurante falou mais alto e resolveu meter uma licença sem vencimento, não vá o diabo tecê-las. Uma licença de 10 anos. A casa de família teve sempre muitas festas, celebrações das grandes ocasiões do calendário. Essa prática desenvolveu nele “um prazer enorme pelo sentimento do encontro”. Cozinhar é celebrar esse encontro. É também a forma ao seu alcance, que Matthew julga a melhor forma para levar aos outros esse sentimento de comunhão. “Macau está cheio de cafés mas tem falta de comida caseira”, explica Matthew a propósito da escolha do negócio. “A comida caseira é mais saudável”, reforça, dizendo ainda que “partilhar a gastronomia tradicional portuguesa com os outros” é também outra das atrações responsáveis por o terem feito largar temporariamente a PJ. Entrou na polícia logo após terminar a licenciatura em Gestão de Empresas pela Universidade de Macau. Por lá esteve mais de dez anos, mas esta loja ia surgindo no pensamento até que um decidiu lançar-se ao negócio. “Enquanto tinha força física para isso”, confessa. Entregou um pedido de suspensão do cargo e atirou-se aos tachos. Mas a hipótese de voltar a ser um agente da PJ existe pois as regras permitem apenas dez anos de licença e já passaram dois. “Nunca trabalhei num restaurante”, admite, “mas gosto de cozinhar”, conclui. “Aprendi com a minha mãe, ou fui buscar receitas à internet” consente, mas como quem corre por gosto não cansa, todos os dias “aprendo um pouco mais”. O faz-tudo O valor da renda não divulga mas fica acima das 10 mil patacas. Não se queixa. Preferia que tivesse sido na Taipa mas um amigo descobriu aquele lugar e, como era perto da casa da avó e frente à sede do Governo, achou que até fazia sentido. Imaginou que muitos funcionários públicos procurariam um lugar na zona para “almoçarem saudavelmente”, o que veio a acontecer. “Portanto”, diz, “acabou por ser a localização ideal”. A cozinha aberta foi pensada “para ter uma ligação mais próxima com os clientes”. Normalmente, a comida só é confeccionada após receber os pedidos, tempo que aproveita para dar uns dedos de conversa com os clientes. “Empregados, para já, não”, garante Matthew que acha que dar boa conta do recado sozinho. “Uma pessoa numa loja de take-away chega”, diz. Assim, faz tudo: cozinha, limpa e recebe os pedidos. Viva os fins de semana O horário, das 8H às 15H, dá-lhe para passar mais tempo com a família. “Quando trabalhava na PJ, tinha um horário certo, mas muitas vezes trabalhei mais tempo do que previsto pois a PJ opera 24 horas”, relata. “Perdi muito tempo para estar com a família”, lamenta. Mas agora pode descansar aos fins de semana, e tudo. “Gosto disso, porque sou preguiçoso”, confessa com um sorriso. “Nunca promovi a loja”, diz Matthew. Alguns amigos até já lhe sugeriram utilizar o Facebook mas Matthew acha que “não é preciso”. “Cada um tem a sua preferência. Não quero clientes influenciados pelos comentários dos outros”, explica para justificar a sua recusa em promover o negócio. Os clientes todavia, continuam a chegar. O boca-a-boca tem funcionado e a fama tem-se espalhado. “A minha comida tem qualidade”, racionaliza Matthew, explicando ainda que todos os dias sai um menu diferente e há sempre quatro pratos à escolha..