Hong Kong | Vinhos de Portugal em destaque

[dropcap style=’circle’]D[/dropcap]ezenas de países produtores de vinho, da Argentina à Austrália, disputam na Hong Kong International Wine & Spirits Fair a atenção dos profissionais e consumidores chineses, mas, na edição deste ano, Portugal parte em vantagem.
“Só o facto de termos sido designados como país convidado é já um marco bastante importante”, disse à agência Lusa em Pequim o director de ‘marketing’ da ViniPortugal, Nuno Vale.
“Vai dar uma grande visibilidade aos vinhos portugueses, perante vários profissionais, não só de Hong Kong, mas também dos mercados vizinhos”, acrescentou o responsável da associação que promove a imagem de Portugal enquanto produtor de vinhos.
Segundo dados da ViniPortugal, participam na International Wine & Spirits Fair, que abriu oficialmente na quinta-feira, perto de meia centena de empresas portuguesas, a representar diversas regiões de norte a sul do país.
O programa inclui ainda 12 seminários sobre vinhos portugueses.
Nuno Vale mostrou-se optimista: “Ainda mais neste ano, em que a própria feira celebra o oitavo aniversário”, realçou, aludindo ao significado auspicioso do número oito na China.

Com queda para subir

No primeiro semestre de 2015, a China comprou mais 58,2% de vinho a Portugal, acompanhando a tendência que dura desde o início da década.
Pelas contas da ViniPortugal, no espaço de seis anos (2008-2013) as exportações de vinhos portugueses para o país subiram de 1,8 milhões de euros para 14 milhões de euros.
O número de empresas portuguesas com escritórios ou representantes na China também têm aumentado: “Decerto, já ultrapassam uma dezena”, comenta Nuno. naom_54568879bea91
Ainda assim, “há um longo caminho a percorrer”, explicou à Lusa Jin Gang, vendedor na sociedade comercial Nam Kwong, um grupo estatal chinês que representa várias quintas vinícolas de Portugal.
“Os vinhos portugueses só agora começam a aparecer na China. Vai demorar até que sejam tão conhecidos como, por exemplo, os franceses”, disse.
Na China, o vinho é também designado de “Faguojiu” (literalmente álcool da França, em chinês), ilustrando o domínio que aquele país tem no mercado chinês.
Para Nuno Vale, as campanhas lançadas pelas autoridades chinesas para combater a ostentação e a corrupção, que causaram uma quebra acentuada no consumo de produtos de luxo, poderão levar a uma mudança de paradigma.
“No momento em que houve esses cortes por entidades governamentais, que tipicamente consumiam vinho francês, o mercado voltou-se para vinhos que ofereciam a mesma qualidade, mas a um preço significativamente mais baixo”, explicou.
“Isso está a despertar o interesse pelos vinhos portugueses”, acrescentou.

À beira do pódio

Portugal já é o quinto fornecedor europeu de vinhos importados pela China, que, entretanto, também está a apostar na produção e, de acordo com algumas projecções, dentro de cinco anos poderá mesmo tornar-se o maior produtor mundial.
Porém, “no mercado interno, a China terá sempre de lutar com um problema típico de países em desenvolvimento, que é: tudo o que vem de fora é sempre mais apreciado do que aquilo que é produzido dentro”, referiu Nuno Vale.
“O consumidor chinês não estará disposto a dar um valor superior pelos vinhos domésticos. Isso vai acontecer durante muitos anos”, previu.
Per capita, o consumo na China não chega a um litro e meio por ano; em Portugal ronda os 40 litros.
Contudo, só em 2014, o país importou cerca de 383 milhões de litros de vinho, posicionando-se como o maior consumidor do mundo, segundo dados das alfândegas chinesas.
“É um mercado muito volátil”, considerou Nuno Vale. “Tanto cresce muito, como decresce, como volta a crescer. Não é um mercado maduro”, concluiu.

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