Ai Portugal VozesSocialista com prática do Chega André Namora - 21 Jul 2025 Jorge Sampaio, João Soares e Isaltino Morais mandaram demolir centenas de barracas enquanto presidentes de Câmara Municipal em Lisboa e Oeiras, mas edificaram antes habitação social para os potenciais desalojados na sequência das demolições. Aconteceu que, na semana passada, o socialista presidente da Câmara de Loures chocou o país ao mandar demolir várias barracas de madeira e de alumínio existentes no Bairro do Talude Militar, de um momento para o outro, deixando cerca de 50 famílias sem eira nem beira. O autarca socialista Ricardo Leão deixou idosos, mulheres e crianças a dormir ao relento sem lhes proporcionar qualquer alternativa de alojamento. O Tribunal Administrativo ordenou de imediato a suspensão das demolições. A crueldade de Ricardo Leão – o mesmo autarca que já tinha tentado despejar moradores de habitações sociais por terem as rendas em atraso – foi de tal ordem que, as pessoas desalojadas não eram imigrantes ilegais. Tratavam-se de pessoas que vivem em Portugal há mais de 10 anos vindas de Angola, Moçambique, Cabo Verde ou São Tomé. Pessoas que trabalham diariamente e descontam para a segurança social. Algumas que têm três empregos para poderem criar os filhos. Pessoas que viviam em apartamentos e que pagavam rendas na ordem dos 250 euros e cujos senhorios aumentaram as rendas para cerca de mil euros e que, naturalmente essas pessoas, não podiam pagar optando por ter que viver numa barraca do Talude. Num terreno abandonado essas pessoas foram construindo casas precárias e de enorme dificuldade de vida com o mínimo de qualidade. A autarquia de Loures nunca proibiu a construção das barracas e desta feita, o acto de demolição, com a presença de agentes policiais, foi de tal forma surpreendente que até o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa tomou uma posição pública interrogando-se se a edilidade de Loures tinha solução para aqueles portugueses. A atitude do autarca Ricardo Leão foi contestada ainda pelas mais diversas associações de defesa de menores na sequência de inúmeras crianças terem ficado a dormir ao ar livre ou em tendas que outros portugueses ofereceram aos desalojados. Várias personalidades políticas foram unânimes em afirmar que Ricardo Leão tomou uma atitude eleitoralista na caça do voto no seu Concelho porque deu-se conta que o partido Chega tinha aumentado a votação nas últimas eleições devido à campanha contra imigrantes. Aliás, André Ventura veio a público valorizar a acção do edil de Loures afirmando que nas Câmaras Municipais onde o Chega consiga eleger o presidente fará o mesmo que Ricardo Leão, ou seja, o Chega irá demolir todas as barracas existentes nessas autarquias. O caso provocou uma revolta total por parte dos portugueses porque Ricardo Leão insistiu que continuará a demolir todas as barracas sem ter uma alternativa para alojar os pobres residentes. No interior do Partido Socialista a repulsa foi significativa e vários militantes e simpatizantes socialistas, alguns antigos governantes, subscreveram uma Carta Aberta, a qual denuncia a demolição de barracas sem soluções alternativas, criticando a falta de resposta social e apelando à coerência com os valores humanistas do partido. Como aconteceu o mesmo com a autarquia da Amadora, na Carta Aberta pode ler-se a acusação a autarcas socialistas que ignoram o direito constitucional à habitação e pedem ao Partido Socialista que retome o seu compromisso com a justiça social e a dignidade humana, exigindo políticas que coloquem as pessoas no centro das decisões. O documento foi assinado por dezenas de socialistas, nomeadamente por sete ex-governantes, três deputados e dois ex-deputados. São eles João Costa, Catarina Silva, Frederico Francisco, Maria João Dornelas, António Mendonça Mendes, Margarida Marques, Catarina Marcelino, João Albuquerque, Isabel Moreira, António Leite e Rosa Monteiro. O texto em causa é demolidor, salientando a dado passo que “Assistimos com desagrado à demolição do tecto de dezenas de famílias, autorizada por autarcas do Partido Socialista, sem que tivesse sido previamente acautelada a protecção destas famílias empurradas para a condição de sem-abrigo. Vimos, assim, expressar a nossa profunda indignação e preocupação. O direito à habitação está consagrado como um direito fundamental de todos os cidadãos, bem como o dever do Estado em promover as condições para a concretização deste direito garantindo habitação condigna e acessível. É, igualmente, obrigação do Estado e das autarquias locais assegurar a protecção social e o apoio às pessoas em situação de maior vulnerabilidade. Portugal precisa de um Partido Socialista que, mesmo em tempos difíceis, não abdique da sua missão de construir um país mais justo e mais humanista. Estes são os nossos princípios – não queremos outros.” A verdade, é que numa altura em que forças da extrema direita pretendem uma revisão constitucional que retire a palavra “socialismo” da Constituição, assistimos a pseudo socialistas a praticar uma política de tal forma desumana que já retira o socialismo da sua cartilha.