Ai Portugal VozesPresidentes para todos os gostos André Namora - 24 Nov 2025 A campanha eleitoral para os candidatos a Presidente da República está na estrada. Os pretendentes ao palácio de Belém são mais que muitos e para todos os gostos. No dia 18 de Janeiro do próximo ano, o povo português é, mais uma vez, chamado a dirigir-se às urnas para votar em quem pretende ser o novo Presidente de Portugal. Há candidatos da extrema-direita à extrema-esquerda. O voto é secreto, mas a maioria do povo já tem uma ideia em quem irá votar. Uma coisa é certa: os portugueses querem continuar a viver em democracia e não aceitam teses xenófobas, racistas e neonazis. As sondagens valem o que valem. Normalmente erram no resultado final. No entanto, certos canais de televisão tudo têm feito para influenciar o voto num certo sentido. Hoje, deixo-vos aqui o que pensamos de cada um dos candidatos. André Ventura – Um candidato anti-sistema político em vigor, que tem defendido o ódio pelos imigrantes, que preconiza uma mudança nas leis da nacionalidade e até na própria Constituição da República. É visível que apenas se candidata para tentar manter a sua base eleitoral para futuras eleições legislativas, apesar de o seu Partido Chega, ter vindo a perder adeptos. Nos debates televisivos que já participou só sabe gritar e apresentar os mesmos argumentos que anuncia desde que fundou o partido. Não se adivinha sequer que possa participar numa eventual segunda volta das eleições presidenciais. Marques Mendes – O antigo comentador televisivo e dirigente do PSD resolveu candidatar-se porque o seu companheiro Luís Montenegro lhe garantiu que teria o apoio da Aliança Democrática PSD/CDS, que de momento governa o País. Marques Mendes apresenta-se como um candidato de facção. Sem dúvida, que os adeptos do governo Montenegro irão votar nele. No entanto, nem todos os militantes do PSD apoiam esta candidatura. Para esses militantes, Marques Mendes é um Marcelo Rebelo de Sousa número dois, com menos conhecimento da legislação constitucional. As sondagens fabricadas para sua valorização já chegaram a apresentá-lo como estando à frente das intenções de voto. Não cremos, sinceramente, que o povo escolha um Presidente que apenas iria para Belém defender todas as propostas de Montenegro. Almirante Gouveia e Melo – Um candidato que recolheu de imediato, ao anunciar a sua candidatura, o apoio popular esmagador por ter sido um homem de seriedade e de organização quando se registou a pandemia do vírus Covid-19. Uns, apoiam novamente um militar na Presidência de Portugal. Outros, são radicalmente contra a eleição de um militar. Dizem que não tem experiência política e que não sabe explicar em que área política se situa. Como é que um cidadão que chega a almirante não sabe de política? Como é que não acompanhou as vicissitudes da política nos 50 anos de democracia? Impossível. Gouveia e Melo sabe perfeitamente os apoios que tem e que ideias possui para ser um Presidente diferente. O problema, é que os seus adversários políticos sabem que Gouveia e Melo sabe demais, como por exemplo, quem recebeu “luvas” na aquisição dos submarinos de alta tecnologia Arpão e Tridente, não tendo existido qualquer investigação do Ministério Público quando os intervenientes alemães no negócio estão presos. Os seus adversários querem a todo o custo afastá-lo, por Gouveia e Melo saber todos os podres de quem o quer afastar. É um dos candidatos fortes a vencer as eleições, à primeira ou à segunda volta. António José Seguro – Um candidato experiente na política e na vida académica onde tem mantido um vasto contacto com jovens. Foi secretário-geral do Partido Socialista e após a “guerra” com António Costa hibernou. Passados 10 anos regressa trazendo consigo a sua seriedade, o seu conhecimento político da realidade portuguesa e a sua serenidade na análise dos problemas nacionais. O Partido Socialista, ou uma parte dele, viu-se obrigado a anunciar que apoiava este candidato. Seguro agradeceu o apoio, mas sublinhou a sua independência. Seguro desde que anunciou candidatar-se a Presidente, tem subido paulatinamente nas intenções de voto dos portugueses, especialmente entre um “centrão” moderado que inclui social-democratas e socialistas. Poderá surpreender e seguir para uma segunda volta. Cotrim Figueiredo – Um candidato que foi líder da Iniciativa Liberal, um partido que mais se assemelha ao Chega do que ao PSD. Cotrim poderá ser uma surpresa, especialmente no voto dos jovens e das mulheres. Pessoalmente é uma pessoa cordial, conhecedora dos dossiês políticos, com experiência nos corredores do Parlamento Europeu e que se apresenta como defensor de um liberalismo moderno e reformista. Pode surpreender na percentagem de votos, mas não cremos que chegue para disputar uma segunda volta. A mobilização ao redor de Cotrim está a ser activa e influente. O seu resultado irá depender muito das críticas que anunciar contra o Chega, caso contrário, os militantes social-democratas descontentes com Marques Mendes não o irão apoiar e podem optar pelo voto em Seguro. António Filipe – Este candidato é um Senhor. Sério, deputado da Assembleia da República durante muitos anos, conhecedor da Constituição do primeiro ao último parágrafo, afável e popular. Não renega as suas raízes de comunista, mas muitas vezes discordou das directrizes do Comité Central do seu partido, o PCP. É um candidato que tem percorrido todo o País e que se senta nos cafés a ouvir as queixas das populações. Tem conseguido uma base de apoio maior que a do seu próprio partido. Já ouvimos socialistas a dizer que votarão na sua candidatura. António Filipe é culto, excelente comentador, amigo dos desprotegidos e poderá obter um resultado surpreendente, apesar de as sondagens encomendadas pela AD o colocarem sem significado eleitoral. Talvez se enganem. Catarina Martins – A candidata apoiada pelo Bloco de Esquerda devia ter-se mantido na insignificância que se tem registado no seu partido, que mês após mês tem visto fugir eleitores para o Livre. Catarina não tem quaisquer hipóteses de obter um bom resultado, porque a crise que grassa no Bloco em nada a ajuda a conquistar eleitores. Sabe do que fala, aponta erros à governação de Montenegro, defende os reformados de miséria, mas não existe na sua candidatura uma máquina que a pudesse promover a uma candidata credível de conseguir um bom resultado. Sobre o candidato do Livre e de outros pretendentes ao “trono” de Belém não nos vamos pronunciar pelo facto de não terem qualquer hipótese de serem eleitos. Na nossa modesta opinião, as eleições irão ser disputadas entre Gouveia e Melo e Marques Mendes ou António José Seguro. E numa segunda volta, se Seguro estiver presente, toda a esquerda poderá coexistir com a tese de Álvaro Cunhal de tapar os olhos e colocar a cruz em Seguro.