Ai Portugal VozesPresidentes na prisão André Namora - 19 Dez 2022 Há mais de 40 anos que os portugueses do norte, centro e sul reivindicam obras nas suas terras que evitem as inundações. A semana passada em Portugal foi atípica, é certo. Choveu como nunca. Mas… há sempre um mas- As chuvadas de imediato inundaram terras, estradas, ruas, caminhos de ferro e aeroportos. Uma dor imensa ver na televisão tantos portugueses em perigo de vida e desalojados de suas casas ficando apenas com a roupa que tinham no corpo. Os bombeiros não tiveram mãos a medir com 72 horas sem dormir. Em Braga, Coimbra, Portalegre, Campo Maior, Avis, várias cidades do Algarve e a grande zona de Lisboa. Bem, sobre esta nem temos palavras. Loures, Algés, Alcântara, Oeiras e Cascais ficaram intransitáveis e com os responsáveis da Protecção Civil a apelar para que ninguém saísse de casa. Os comerciantes ficaram sem nada, com os electrodomésticos todos estragados, com as fracções cheias de água e lama até ao tecto. Mulheres de 90 anos, crianças de quatro anos, jovens solidários ficavam abismados e em pânico com a força da água que corria pelas ribeiras e inundava, todas as margens, tivessem ou não casas, lojas, armazéns, oficinas ou fábricas. O prejuízo monetário é incalculável e um membro do Governo veio para a televisão dizer que haverá apoios quando se souber o quantitativo desses prejuízos. Em Janeiro, Abril ou em Outubro de 2023? Uma tristeza, este Portugal. Os autarcas, especialmente os presidentes das edilidades, há décadas que sabem que a prioridade seria o saneamento básico e as drenagens a construir para que as águas das intempéries pudessem fluir sem matar pessoas e animais ou prejudicar quem vive do comércio, e não só. Era imperioso que os presidentes da Câmara de Lisboa, por exemplo, tivessem mandado construir uma tubagem subterrânea desde Monsanto até ao rio Tejo. Mas isto, há décadas. Lisboa, capital do turismo, ficou num estado inimaginável com os túneis do Marquês de Pombal, o tal “Oscar” de Pedro Santana Lopes, os do Campo Grande e da Avenida João XXI/Areeiro completamente inundados de água e intransitáveis causando o caos no movimento rodoviário. Mas que obras foram estas? Que engenheiros, que técnicos que não souberam construir o indispensável escoamento das águas em caso de chuvas intensas? Uma vergonha para toda essa gente em quem os portugueses ingenuamente ainda vão eleger com o seu voto. Em Campo Maior a dor foi profunda. As casas ficaram completamente inundadas, as ruas repletas de lama e o povo sem qualquer dos seus haveres. Em Coimbra o mesmo caos e quantos presidentes da edilidade coimbrã já passaram pelo gabinete dos responsáveis e nada fizeram para que o povo não sofresse só porque cai uma carga de água. Os autarcas não se podem desculpar com as mudanças climáticas. Isso é uma treta. O clima está a mudar em todo o mundo. A título de vergonha é-nos impossível contabilizar as rotundas desnecessárias que foram construídas por todo o país. Vergonhosamente, apenas na marginal Lisboa-Cascais, de Caxias a Cascais existe uma dezena de rotundas, algumas que só prejudicam o escoamento rodoviário. Vamos a Viseu, a Braga, a Évora, a Coimbra, a Portalegre, a Beja, a Faro e só vemos rotundas por todo o lado e algumas com uns mamarrachos no centro, a que chamam “monumentos”. Portugal não pode continuar a ser governado por gente incompetente, por gente que se introduziu nos partidos políticos para arranjar um bom “tacho”. Nos últimos tempos, os escândalos de corrupção a atingirem gente importante desse tipo tem sido aos magotes. A Polícia Judiciária já não tem carros para todas as operações de investigação e de detenção. A corrupção no seio das Câmaras Municipais é global e ninguém consegue licenciar seja o que for sem entregar um envelope por baixo da mesa. É um Portugal corrupto e incompetente. As cheias da semana passada mostraram bem como as edilidades tem gente a mais e desnecessária. E o povo é que paga. Os pobres continuam cheios de fome e já sem poder comprar carne ou peixe. E no fim, o que vimos? Os desgraçados dos prejudicados pelas cheias a limpar as casas, os restaurantes, as lojas, com uma mangueira na mão, dia e noite, a retirar a lama das suas ruas, a trabalhar sem descanso, porque brigadas de socorro social não existem. Valha-nos o sacrifício árduo dos soldados da paz voluntários que sem cessar um minuto acorreram a todo o lado para salvar vidas e ajudar a diminuir a calamidade. Quando perguntei a um comandante de uma corporação de bombeiros, exausto e desolado sobre o que aconteceu, respondeu-me simplesmente: “Os presidentes das Câmaras de há muitos anos deviam era estar presos”. Ai, Portugal, Portugal, que tristeza!