EventosAgnes Lam lança livro sobre passado da imprensa de Macau Manuel Nunes - 6 Mai 2016 Agnes Lam arregaçou as mangas e pôs-se a investigar a história da imprensa em Macau. O resultado vai obrigar a mudar os livros de história: revelações como o território ter sido berço para o primeiro jornal chinês de sempre e de que o primeiro jornal de Macau afinal não foi “A Abelha da China” são feitas no novo livro, lançado ontem [dropcap style=’circle’]“[/dropcap]Esta descobertas obrigam a que vários pontos da História contemporânea chinesa tenham de ser modificados”. É assim que Agnes Lam apresenta a sua mais recente obra, o livro “The Begining of The Modern Chinese Press History/Macau Press History 1557-1840”, ontem lançado. O estudo da professora de Comunicação da Universidade de Macau reporta-se a um período de 300 anos entre 1557 a 1840. Esta época marca o princípio da história conhecida de Macau, o da chegada e estabelecimento dos portugueses e a declaração de guerra da Grã-Bretanha à China, o chamado período Pré-Guerra do Ópio. Neste trabalho, ontem apresentado em Pequim, a autora revela que o primeiro jornal moderno não foi, como se julgava até agora, o semanário português “Abelha da China” mas sim um diário, também português, chamado “Iníco do Diário Noticioso” lançado em 1807. De qualquer forma, garante Agnes Lam, o “Abelha da China continua a manter o crédito de ter sido a primeira publicação a ir para a estampa na História de Macau por razões políticas.” “Antes disso”, explica ao HM, “todas as publicações de Macau eram apenas resultado do trabalho missionário das ordens religiosas cristãs ou fruto da necessidade de intercâmbio cultural”. Primeiro jornal chinês Já se sabia que, para os historiadores, Macau foi o local de nascimento da moderna imprensa chinesa. O que não se sabia era que o primeiro periódico também tinha sido lançado em Macau. Chamava-se “Tsŭ-wăn-pien” e foi fundado por Robert Morrison. Este missionário protestante inglês esteve mesmo, segundo a autora, na origem da história tipográfica moderna do território, tendo produzido várias publicações em tipos móveis ocidentais para além de várias outras na impressão tradicional chinesa com blocos de madeira. Por estes factos agora revelados, a autora alega mesmo que a história da impressão em Macau no período compreendido entre 1822 e 1807 tem de ser revista. De acordo com Agnes Lam, “as imensas publicações de Morrison tiveram uma grande influência na História das publicações em Macau e da China e tal facto não tinha sido registado pelos investigadores até agora”, frisa ao HM. A imprimir desde 1588 As primeiras publicações, todavia, já vêm de longe. Segundo a autora, o início da História das publicações em Macau está directamente ligado ao trabalho dos missionários jesuítas. As primeiras registadas ainda foram produzidas segundo o método tradicional chinês de impressão com blocos de madeira e efectuadas pelo padre jesuíta Michele Ruggieri. O legado inclui panfletos chineses e vocabulários romanizados. Contudo, explica a académica, “os jesuítas trouxeram para Macau a primeira impressora de tipos móveis alguma vez presente em solo chinês e com ela imprimiram o primeiro livro no ano de 1588”. Neste livro agora publicado por Agnes Lam, para além de acertar os registos históricos, a autora também faz análises de conteúdo tendo descoberto, entre outros factos, que “o formato das notícias publicadas em Macau no século XIX foi mais tarde herdado pela maioria dos jornais chineses no continente”. Além disso, a autora revela ter descoberto “alguns factos interessantes sobre como as pessoas se apaixonavam por drama e algumas histórias políticas brutais passadas na China continental”.