Macau e a cidade do Porto assinam novo memorando de entendimento

[dropcap]C[/dropcap]hui Sai On, Chefe do Executivo, esteve esta manha na Câmara Municipal do Porto onde participou na cerimónia de assinatura de um memorando de entendimento com a cidade invicta, que contou ainda com a presença do presidente Rui Moreira.

O Chefe do Executivo agradeceu a hospitalidade nortenha e o facto de receber as Chaves da Cidade do Porto, algo que faz de Chui Sai On um “cidadão de honra” da segunda maior cidade portuguesa.

No seu discurso, Rui Moreira destacou a proximidade em relação a Macau. “Porto e Macau comemoram este ano 22 anos de geminação e, não bastasse a grande cooperação que temos mantido nos tempos mais recentes, assinamos hoje um novo compromisso para inovar e reforçar os laços existentes”, apontou.

O acordo assinado vai permitir “um maior intercâmbio e cooperação nas áreas da economia, comércio, turismo, educação, medicina tradicional chinesa, empreendedorismo jovem e protecção do património cultural, entre outras”.

Na área educativa, destaque para o facto de existir um incentivo a que “os estudantes de ambos os territórios participem activamente no programa de bolsa de estudo ‘Uma Faixa, Uma Rota’, estabelecido pela Fundação Macau”, além de “promover o intercâmbio e a aprendizagem dos estudantes e fomentar a cooperação das instituições do ensino superior, de modo a favorecer a formação de quadros qualificados”, rematou Rui Moreira.

17 Mai 2019

Timor-Leste | Empresa chinesa vai construir porto

[dropcap]A[/dropcap] empresa China Civil Engineering Construction Corporation anunciou sexta-feira a assinatura de um contrato com a petrolífera timorense Timor Gap para a construção de um porto numa unidade de processamento de gás natural em Beaço, no sul de Timor-Leste.

Em comunicado enviado ao mercado bolsista de Xangai, a China Civil Engineering Construction Corporation, uma subsidiária da construtora estatal chinesa China Railway Construction Corporation, indicou que vai receber cerca de 943 milhões de dólares norte-americanos pelo design e construção do porto.

Antes do arranque das obras, que deverão demorar cerca de quatro anos, a Timor Gap terá ainda de assegurar o financiamento do projecto, sublinhou a China Civil Engineering Construction.

Segundo a página da petrolífera timorense na Internet, o porto de Beaço vai “permitir o desembarque de materiais durante a construção” tanto do gasoduto, que que trará o gás natural dos campos petrolíferos de Greater Sunrise, como de uma unidade de processamento de Gás Natural Liquefeito (GNL).

Após a entrada em funcionamento da unidade, o porto vai ser usado para o embarque do GNL, acrescentou a Timor Gap.

Numa recente entrevista à Lusa, o presidente e director executivo da Timor Gap, Francisco Monteiro, disse que Timor-Leste quer evitar recorrer ao Fundo Petrolífero para financiar os custos de capital de até 12 mil milhões de dólares norte-americanos para o desenvolvimento do projecto.

Os campos de Greater Sunrise contêm reservas estimadas de 5,1 triliões de pés cúbicos de gás e estão localizados no mar de Timor, a aproximadamente 150 quilómetros a sudeste de Timor-Leste e a 450 quilómetros a noroeste de Darwin, na Austrália.

29 Abr 2019

Emirates Airline anuncia novo voo entre Porto e Dubai a partir de 2 de Julho

[dropcap]A[/dropcap] companhia aérea Emirates Airline vai lançar um novo voo entre Porto e Dubai (Emirados Árabes Unidos) no próximo dia 2 de Julho com operação quatro vezes por semana por um Boeing 777-300 ER, anunciou ontem a empresa.

Em comunicado de imprensa, a Emirates, considerada a principal companhia aérea dos Emirados Árabes Unidos, anuncia um novo voo entre o Dubai e Porto que vai ser operado às “terças, quintas, sábados e domingos”, partindo do Dubai às 09:15 e chegando ao Porto às 14:30.

O voo de regresso parte do Porto às 17:35 e aterra no Dubai às 04:15 da manhã seguinte, um horário que segundo a Emirates, permitirá “aos passageiros ligações mais fáceis e convenientes aos voos (…) para os destinos mais procurados como Luanda, Joanesburgo, Banguecoque, Xangai, Hong Kong, Melbourne e Sydney, entre outros”, refere o comunicado.

O presidente da Emirates Airline, Tim Clark, refere que o Porto está actualmente a desfrutar de maiores níveis de turismo, o que acaba por se reflectir no crescimento do número de visitantes para Portugal como um todo.

“A introdução deste novo voo, juntamente com o nosso serviço de dois voos diários para Lisboa, ajudará a satisfazer esta crescente procura de passageiros que viajam em lazer e em negócios, bem como a proporcionar-lhes mais opções, maior flexibilidade e conectividade ao viajar para Portugal”, acrescenta Tim Clark.

Com este novo voo, a Emirates Airline os passageiros do Norte de Portugal terão acesso directo à rede global da Emirates, através do Dubai, e o Porto transforma-se no verão no “segundo destino daquela companhia em Portugal, depois de Lisboa, para onde voa atualmente com dois serviços diários.

O novo voo será operado por um Boeing 777-300ER, numa configuração de três classes, oferecendo oito ‘suites’ privadas na primeira classe, 42 assentos reclináveis na classe executiva e 310 assentos na classe económica.

20 Fev 2019

Alexis Tam recebido por presidente da Câmara Municipal do Porto para “aprofundar relações”

O secretário dos Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, reuniu-se ontem com o presidente da Câmara do Porto e “amigo de Macau”, Rui Moreira. O autarca portuense admitiu querer “aprofundar as relações” entre as cidades geminadas

 

[dropcap]A[/dropcap] visita surgiu no âmbito das celebrações dos 40 anos de relações diplomáticas entre Portugal e China e, após a reunião bilateral, seguiu-se uma actuação cultural desempenhada pela delegação macaense, composta por alunos de 16 escolas, um grupo de artes marciais e uma companhia de ópera chinesa de Cantão, com o objectivo de fazer “actuações no Porto”, algo que Alexis Tam considera ser “uma grande honra”.

“Este ano é importante para a China e Portugal, porque se celebram 40 anos do estabelecimento da boa relação diplomática entre a China e Portugal. Para nós, a amizade já existe há muitos anos. Por exemplo, Macau e o Porto têm uma amizade, é uma cidade geminada desde 1991 e, para nós, esta amizade é preciosa. Utilizando a expressão portuguesa de quanto mais velho é o vinho, melhor é. Com a amizade é igual”, afirmou à Lusa.

O responsável revelou ainda que os temas abordados na reunião com Rui Moreira foram “a cooperação e o futuro na área do turismo, porque Macau e Porto são cidades turísticas, também Património Mundial da Unesco”, admitindo que ainda se podem “desenvolver as áreas do turismo, actividades culturais, assim como a educação, saúde e desporto”.

Presidentes em tour

Já o autarca portuense indicou que “a visita ainda está a decorrer” e que haverá uma nova conversa, mas sublinhou a utilidade da reunião que serviu para “discutir agendas comuns” que existem há muitos anos, “nomeadamente na área do turismo e cultura”.

“A visita do Presidente chinês, Xi Jinping, a Portugal foi um momento único que vai ser replicado pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, na visita à China [em Abril] e que irá passar por Macau. Tudo isto tem contribuído para esta afirmação que existe de Portugal na China, em Macau, em particular”, revelou Rui Moreira.

Considerou ainda que, a “velha aliança com Macau”, tem aberto as portas do Porto para a China, com “protocolos importantes de colaboração com Shenzhen que só foram possíveis através da mediação de Macau” e que são “importantes para a região”, porque se abrem “novas perspectivas” às universidades e trabalhadores portuenses.

“Gostava que esta relação pudesse ser mais aprofundada na parte da cultura. Hoje tivemos uma actividade cultural interessante. Na parte da educação, gostava que fossem feitas mais coisas, espero que haja essa abertura e é isso que vamos falar logo à noite”, admitiu o Presidente da Câmara do Porto.

Para o autarca, os benefícios que o Porto colhe da relação com Macau têm a ver com o turismo, visto que o território chinês “é um ponto de promoção do Porto como cidade geminada”, explicando que essa presença portuense se transmite, “não só no mercado macaense, mas também para os mercados limítrofes, numa zona da China que é a mais rica do país”.

“Aproveitando também a presença do Presidente da República de Portugal em Macau, gostaria que levássemos alguma coisa no plano cultural. Estivemos em Pequim, no dia 10 Junho, com a Orquestra Barroca da Casa da Música, foi um extraordinário sucesso, teve um impacto incrível e gostava que alguma coisa fosse feita mais no âmbito dos jovens, gostava de levar lá a Orquestra Juvenil da Bonjóia para retribuir esta visita aqui”, finalizou o autarca, referindo-se à comitiva macaense.

13 Fev 2019

Lisboa-Porto

[dropcap]N[/dropcap]a plataforma dos comboios da estação do Pragal, a vassourinha da mulher da limpeza empurra heroicamente a beata para a pá de plástico. O pé direito segue o ritmo da canção popular que um aparelhómetro enganchado no bolso da bata emite a plenos pulmões, ainda que roufenhos: Milho verde milho verde, ai à sombra do milho verde namorei uma cachopa.

A senhora tem o ar empanado de não lhe sobrarem ilusões numa única das células e as rugas, só no queixo – cinquenta anos incrustados em setenta e oito de aparência -, desenham-lhe o mapa do metro de Londres. Porém, o pé não se alheia do ritmo, enquanto a pá, focada, atrai as beatas, os recibos, bilhetes, os invólucros dos sugos, e os lábios mimam a música, dando um semblante de vida à sua irrelevância. Muda a cantiga (brega, piorou muito), que ela continua a partilhar com os passageiros: é o seu ponto de equilíbrio.

No átrio da estação, ao balcão do Café Delta, aquele jovem mulato continua a servir bicas. Com o cabelo rapado até à linha da trepanação, de onde desponta um tufo com pretensões a ser onda, num stile japónico mas em carapinha. Ressalta o seu olhar vivo na face macilenta, acostumada a ver repetidos os gestos de uma existência tartamuda. Sem dúvida que o penteado é o que lhe dá ainda um arremedo de identidade, a ilusão de que tem uma ponte para a vida, apesar da merda que ganha, das varizes que lhe ameaçam as pernas.
O nosso ponto de equilíbrio é tão frágil e imaterial. Não vos digo o meu.

Escrevo: «Que dia penumbroso/ e perlado de verde, compreendo/ porque hibernam as abelhas/ enquanto os pés se me enregelam e aqui e ali// reluz o dourado dos olmos. / Belíssima a paisagem,/ paira como um solo de John Surman,/ ou o porfiar da cegonha que perfura/ o mais espesso da melancolia. //Começa a ser tarde/ na minha vida/ e pela primeira vez intuo quem sou:/ o macio intervalo/ entre os pinheiros.»
Seriam olmos, interrogo-me? A impropriedade com que designo a natureza desgosta-me, mas que fazer se sou um rapaz da cidade?

O Camus, nos seus Cahiers refere a nossa inabilidade para designarmos os viventes e os processos na natureza e define-a como um dos cancros do século (XX). Piorou, entretanto.
E recordo um verso do poeta e cineasta António Reis que nunca mais esqueci: “Soletrar olmo como quem ouve um trovão distante”. Que invejável exactidão.

As sílabas do cansaço são mais extensas e friáveis. É o que se sente quando a insónia nos visita, no comboio.
As palavras, que também necessitam de dormir, desprendem-se do corpo, autonomizam-se e impedem que nos acostemos em quietação.

Quem viu os olhos de um insone percebe-os fugitivos e luminescentes como os comboios que cruzam a noite. Por muito que isso torture a vítima, os seus olhos nessa altura não são enjoadamente neutros.
Fui demasiadas vezes atravessado por períodos de insónia e tempos houve em que andava muito de comboio, de Lisboa para o Porto, ou para Coimbra, em viagens semanais a que obrigavam o trabalho.

Pelo menos metade das viagens fazia-as de noite e gastava-as lendo e escrevendo. Escrevia para evitar ser cavalgado pela insónia, imprimindo eu as pausas, os ritmos e os temas às palavras para não ter de enfrentar o nó corredio das frases ininterruptas. E enchia os cadernos de anotações variadas, de ideias volantes e anotações à leitura, de esboços de contos, poemas ou artigos, de crónicas e registos de coisas que ouvia no comboio, etc. Durou três anos esse meu período de viagens consecutivas de comboio.

A esses cadernos julgava-os ter perdido quando me mudei para Moçambique. Afinal deixara-os em casa de um familiar que mos devolveu dez anos depois de me ter tornado emigrante. Guardados numa caixa, dezassete cadernos cartonados de capa preta de linho, que acabaram por se revelar um viveiro.
Os argumentos da maior parte dos meus contos, desde então, nasceram dessas anotações apressadas e até muitos diálogos neles limitei-me a deslocá-los e transcrevê-los, correspondendo a registos de conversas avulsas ouvidas na viagem.

Como agora vivo noutro território desloquei o lugar da acção nalguns deles, como em Cabriolices das catatuas ou em O Triunfo do Amor, cujos enredos no essencial foram-me dados nesses trajectos.

A Arca (publicado na revista Caliban) nasceu de uma converseta anotada entre um pai e um filho, e ocorrida no troço entre o Entroncamento e Santarém, segundo a anotação apensa ao texto. A criança, de uns seis anos, começou por perguntar ao pai o significado da palavra «lotado», para depois passar à dúvida excruciante:

Pai, o Céu nunca fica lotado?

Esse breve diálogo anotado em dez linhas, impeliu-me ao conto quinze anos depois e escrito de jacto.

Este vaivém dos comboios leva-me a um dos títulos que vou apresentar agora ao editor a quem proporei reeditar todos os contos em dois volumes: Comboios Astrologicamente Vigiados.

Rio-me a bom rir quando ouço a avó perguntar às duas garotas gémeas que foram aos lavabos: Então, as meninas fizeram xixi? Sim, responderam as miúdas. E puxaram as “iáguas”, pergunta ansiosa a avó.
Rio-me por dentro, a pensar na Francisca do Oliveira, onde se ouve aquela bela frase, “a ialma é um vício!”, e a lembrar-me que depois um “chato” numa crítica quis explicar que “a fórmula” não passava de um efeito inane de estilo, tendo invertido a frase, para demonstrar a sua insubstancia: “um vício é uma ialma!”.
E não é que todos tinham razão, até esta avó que nunca confundiria iáguas com águias!? E como explicar esta diferença às duas belas ucranianas que viajam no banco ao lado?

Devia sair com elas agora, em Aveiro, para, pelo menos, me banquetear com um dos meus pratos: ensopado de enguias. Despeço-me de tudo.

13 Dez 2018

Andebol | FC Porto e Sporting defrontam-se na Taça de Portugal

FC Porto e Sporting disputam o acesso à final da Taça de Portugal de andebol, nas meias-finais da competição, no Peso da Régua, onde Benfica e o ‘outsider’ FC Gaia disputam a outra vaga no jogo decisivo

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] encontro entre o recém bicampeão nacional Sporting e o FC Porto, numa reedição do último duelo da fase final, que os portistas venceram no sábado por 31-26, no Pavilhão João Rocha, em Lisboa, é o jogo ‘grande’ das meias-finais da Taça de Portugal.

Arredado das grandes conquistas – o campeonato ‘foge’ há três épocas -, depois de ter somado sete consecutivos, o FC Porto tem nesta prova a derradeira oportunidade de não ficar em branco na época de 2017/18 e suceder no historial ao ausente ABC. Para marcar presença nas meias-finais da Taça de Portugal, o FC Porto afastou nos quartos de final o Belenenses (32-18), nos ‘oitavos’ a Académica de São Mamede (44-21) e nos 16 avos o Marítimo (37-23).

O Sporting, que viu abalada a sua estrutura com suspeitas de corrupção na conquista do título de campeão de 2016/17, tem marcado presença nas principais decisões das últimas épocas e pretende juntar a conquista da Taça ao campeonato. A equipa ‘leonina’ eliminou nos quartos de final o Avanca (40-24), na altura treinado pelo actual treinador do FC Porto, Carlos Martingo, nos ‘oitavos’ afastou o Santo Tirso (36-17) e nos 16 avos de final o Alto do Moinho (41-18).

O Sporting procura alcançar pelo terceiro ano consecutivo a final da Taça de Portugal. Em 2016/17 e 2015/16, a formação ‘leonina’ saiu derrotada no prolongamento nas finais disputadas com ABC (35-33) e Benfica (36-35), respectivamente.

Quando FC Porto e Sporting iniciarem sábado o seu jogo, pelas 17h30, no Pavilhão Municipal do Peso da Régua, já terá sido encontrado o primeiro finalista, a sair do encontro que opõe o Benfica ao FC Gaia, a ter início pelas 15h.

A outra metade

O Benfica, vice-campeão nacional, em igualdade pontual com o FC Porto, terceiro, e a seis pontos do campeão Sporting, parte para o jogo com o secundário FC Gaia com o estatuto de superfavorito.

A formação ‘encarnada’ chegou à ‘final four’ depois de afastar o São Bernardo (28-25), depois de ter eliminado Benavente (45-18) e Arsenal Devesa (39-25).

O Benfica terá como opositor na meia-final o surpreendente FC Gaia, da segunda divisão, sobrevivente desde a primeira ronda da Taça de Portugal, que foi o ‘tomba-gigantes’ dos quartos de final ao eliminar o Madeira SAD (29-27).

O percurso do FC Gaia até à inédita presença na ‘final four’ fez-se ainda às custas da eliminação nos oitavos de final do AC Fafe (32-27), nos 16 avos de final do AA Almeirim (46-18), na segunda eliminatória do Estarreja (36-26) e na primeira do CP Natação (30-22).

O Sporting, com 15 triunfos, é o clube que por mais vezes ergueu a Taça de Portugal, seguido a curta distância pelo ABC, com 12, do FC Porto, com sete, e do Benfica, com cinco. O FC Gaia procura conquistar a sua primeira taça de Portugal.

24 Mai 2018