Estudo | Macau em risco extremo de inundações

Com base nas consequências do Tufão Hato, um estudo de Shi Huabin, professor da Universidade de Macau, “tentou quantificar o risco de inundações causadas por marés de tempestade”

 

O trabalho do docente da UM prevê que, caso as águas do mar subam um metro em Macau, como está previsto ocorrer este século, a maioria da região estará em risco de inundações catastróficas a exemplo do que aconteceu durante o tufão Hato, em 2017. Shi Huabin, professor da Universidade de Macau, irá em breve publicar os resultados da investigação “Mudanças nas marés de tempestade com a subida das águas do mar”, apoiada pelo Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia.

O estudo “tentou quantificar o risco de inundações causadas por marés de tempestade baseados num caso específico, o Hato”, disse à Lusa o engenheiro, referindo-se ao tufão, cuja passagem por Macau causou 10 mortos e 240 feridos. A investigação estabeleceu cinco níveis de risco com base na potencial duração das inundações, algo que Shi descreveu como “muito importante”. “Se as inundações durarem um ou dois dias, o resultado é mais perigoso”, explicou o especialista.

Num cenário em que as águas do mar subam um metro, Shi disse que o modelo prevê que a maioria da península de Macau se torne uma zona de risco máximo, assim como “enormes inundações no aeroporto e no Cotai”, onde se situam os grandes hotéis-casinos. Um cenário nada improvável, uma vez que a subida das águas do mar no Delta do Rio das Pérolas, que inclui Macau, Hong Kong e parte da província de Guangdong, “é muito maior do que a média mundial”, disse o investigador.

Sempre a subir

O nível das águas do mar em Macau vai subir até 118 centímetros até ao final do século, “mais 20 por cento do que a média mundial”, de acordo com uma previsão feita em 2020 por investigadores da Academia de Ciências da China e da Universidade Cidade de Hong Kong.

No estudo, sublinhou-se que a subida do nível das águas do mar “ligada às mudanças climáticas constitui uma ameaça significativa para Macau, devido à sua baixa altitude, pequena dimensão e à construção contínua de aterros”.

Faith Chan, professor da Universidade de Nottingham em Ningbo, na China, disse à Lusa que os aterros estão mais seguros, mas sublinhou que “o verdadeiro perigo é a combinação da subida das águas do mar, marés de tempestade e fenómenos extremos, como o Hato”.

O investigador sublinhou que, como “a temperatura da água no oeste do Pacífico, onde as tempestades tropicais nascem, continua a subir”, no futuro “será impossível escapar a uma maior frequência de tufões”. O plano decenal de prevenção e redução de desastres em Macau até 2028 admitiu que “é possível que, no futuro, (…) haja uma tendência para aumentarem também os incidentes relacionados com estados meteorológicos extremos”.

No documento, apresentado em 2019, previa-se a construção de uma comporta de retenção de marés e de muros com 1,5 metros de altura para prevenir inundações na zona do Porto Interior. No entanto, em Fevereiro de 2023 o secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, admitiu desistir do projecto.

O Governo “até podia ter dinheiro para construir muros com dez metros de altura, mas não o iria fazer, porque tanto os turistas como os residentes querem usufruir da costa”, sublinhou Faith Chan. Shi Huabin acredita que o interesse neste projecto para o Porto Interior demonstra que “as pessoas já perceberam que o clima está a mudar” e “estão a prestar mais atenção a projectos que possam reduzir o nível de risco”.

Mas o investigador defendeu que é irrealista esperar que “as autoridades construam um projecto de engenharia costeira ou oceânica que seja uma solução perfeita” para um fenómeno mundial. O especialista disse que, em Macau e em muitos outros locais do mundo, os habitantes têm de aprender “o que cada um pode fazer” para lidar com inundações regulares. “A sociedade ainda não está preparada para isto”, lamentou.

1 Dez 2023

Clima | Mau tempo fechou vias e provocou deslizamento de terras

Na noite de sexta-feira, as chuvas intensas inundaram algumas partes da cidade que não costumam ser afectadas e obrigou à interrupção do trânsito em várias vias. Em Coloane, estradas foram cortadas devido a deslizamentos de terras e no Lilau um muro veio abaixo. Os Serviços Meteorológicos indicam que esta semana a chuva irá dar descanso à cidade

 

Os céus abaterem-se sobre Macau na noite de sexta-feira, fechando um ciclo de chuvadas intensas com inundações e pandemónio e imagens de dilúvio espalhadas pelas redes sociais. As zonas baixas da cidade, como o Porto Interior, registaram cheias que se alargaram a áreas onde habitualmente não se costumam registar cenários deste género. A Avenida Venceslau de Morais foi encerrada ao trânsito devido a inundações, assim como os túneis de Ferreira do Amaral e das Portas do Cerco.

A forte precipitação levou os Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) a emitir o sinal amarelo às 19h15 de sexta-feira, e o sinal vermelho às 21h20. Passada meia-hora, o Corpo de Bombeiros e as autoridades de segurança começaram a receber pedidos de ajuda.

Foi inclusive divulgado, em chinês um alerta a apelar à população para evitar zonas da cidade, assim como áreas de montanha. Não foram registados feridos, mas as autoridades deram conta de deslizamentos de terras em duas estradas em zonas rurais de Coloane, com o Corpo de Bombeiros a enviar equipas para limpar os pedregulhos que caíram na estrada.

Perto do Largo do Lilau, na Rua da Barra, parte de um muro ruiu no sábado, colapso que se suspeita ter sido provocado pelas chuvadas da noite anterior. As autoridades policiais selaram a área afectada, para evitar que transeuntes se aproximassem dos destroços e uma equipa do Direcção dos Serviços das Obras Públicas foi ao local inspeccionar o muro, que já estaria em más condições.

As chuvadas reavivaram o tema de infra-estruturas de escoamento temporário, pelo menos, enquanto duram as obras para as cheias do Porto Interior.

O vice-presidente do conselho consultivo da zona central, Lei Chong In, deslocou-se ao Porto Interior e pediu medidas temporárias para evitar inundações. “Podemos usar uma bomba de extracção para retirar a água da estrada e encaminha-la para o mar. Isso iria aliviar o problema das cheias. Poderia ser adoptada esta forma, pelo menos até estar concluída a construção da estação elevatória”, afirmou o responsável, citado pelo Canal Macau da TDM.

Vale das mágoas

Os SMG indicaram no sábado que as tempestades se concentraram na zona oeste do estuário do Rio das Pérolas pela influência de um vale depressionário. No ponto mais crítico, foi registado precipitação de 3,2 milímetros por minuto e 60 milímetros por hora, volume que se traduziu em seis litros de chuva por metro quadrado. A inundação mais grave foi registada na estação da Rua da Praia do Manduco, no bairro de São Lourenço, com 35 centímetros de altura.

As autoridades acrescentaram que os eventos meteorológicos extremos têm sido mais frequentes nos anos recentes devido aos efeitos do aquecimento global, e que Junho e Julho registaram as temperaturas mais elevadas de que há registo a nível mundial. Como tal, “é previsível que Macau seja afectado por mais super-tufões, chuvadas e temperaturas intensas.

Os SMG indicam que durante esta semana, Macau estará sob a influência de um anticiclone, fenómeno que irá afastar a chuva e trazer espaçadamente de volta o sol. As previsões meteorológicas apontam para que o céu continue muito nublado intervalado de períodos de pouco nublado, e com aguaceiros dispersos até amanhã.

18 Set 2023

Cheias | Deputado dos Moradores pede rapidez nas obras

Após a passagem do tufão Saola, Leong Hong Sai defendeu a necessidade de completar o mais depressa possível os projectos de prevenção de cheias e pediu uma alternativa à barragem de marés no Porto Interior

 

Após a passagem do tufão Saola pelo território, Leong Hong Sai apelou ao Governo para acelerar os projectos e obras relacionados com a prevenção de cheias. O pedido foi deixado em declarações ao Jornal do Cidadão.

Segundo o deputado ligado aos Moradores, apesar de o Saola ter poupado o território a grandes impactos, “os tufões nunca devem ser subestimados”, razão pela qual defende que uma preparação “compreensiva” com vários planos de resposta a calamidades naturais.

No que diz respeito às cheias, Leong Hong Sai pediu ao Governo para “acelerar a implementação do plano de controlo e prevenção das cheias”, na Zona Oeste de Coloane, que indicou ser um dos pontos mais vulneráveis a inundações.

Nesse sentido, o membro da Assembleia Legislativa defende também que é necessário encontrar uma alternativa para a barragem de marés no Porto Interior. Este é um projecto antigo, que tinha recuperado um novo fôlego com a passagem do tufão Hato, que provocou 10 vítimas mortais. Contudo, desde Fevereiro que o Executivo anunciou a intenção de desistir da barragem, após um estudo de viabilidade, por considerar que os custos não justificam os benefícios e por entender que a altura das portas da barragem pode deixar de ser suficiente para evitar as cheias a médio prazo.

Leong Hong Sai não se mostra conta o cancelamento do projecto, mas apela para que a construção de várias estações elevadas e a instalação de bombas na zona sejam aceleradas.

Melhorias no trânsito

Em relação ao tufão recente, Leong Hong Sai destacou a necessidade de melhorar a situação do trânsito, principalmente quando apenas o tabuleiro inferior da Ponte Nam Van está aberto. “Quando só está aberto o tabuleiro inferior, após ser içado o sinal 8 ou superior, a ligação deixa de ser suficiente. O trajecto que em condições normais demoraria 10 minutos, passa a demorar quase uma hora”, afirmou o legislador.

Leong apelou assim para que se encontrem alternativas e que as autoridades arranjem forma de apoiar o trânsito com os meios necessários, nos dias de tufão e quando os cidadãos precisam de se deslocar.

A lição da ponte Nam Van deve ser também, segundo o deputado, aplicada nas futuras ligações às Zonas C e D dos Novos Aterros. As autoridades indicaram no passado terem planos para construir ligações que tivessem disponíveis em todas as situações. Leong veio ontem pedir que sejam divulgados mais pormenores sobre os planos, mesmo que a construção da Zona C esteja suspensa.

Em relação aos autocarros públicos, pediu ao Governo para que melhore a coordenação e que quando o sinal de tufão número 3 é içado que o número de autocarros em circulação aumente. Leong revelou ter recebido queixas sobre a sobrelotação dos autocarros e as dificuldades sentidas pelos cidadãos para chegarem a casa, ou a abrigos de acolhimento, antes de o sinal número 8 de tufão ser içado.

5 Set 2023

Cheias no sudoeste da China fazem sete mortos

As inundações que atingiram o sudoeste da China fizeram pelo menos sete mortos na província de Sichuan, informou a televisão estatal CCTV, após chuvas fortes terem causado dezenas de mortos no norte do país. Imagens transmitidas pela CCTV mostram pessoas a serem arrastadas pela corrente, enquanto lutam para manterem a cabeça à tona da água.

Em Pequim, o número de mortes causadas por inundações subiu para 33, incluindo cinco membros de equipas de resgate. Outras 18 pessoas continuam desaparecidas, numa altura em que grande parte do norte do país está sob a ameaça de chuvas excepcionalmente fortes.

Dias de chuva torrencial atingiram áreas montanhosas nos arredores da capital da China, causando o desabamento de 59.000 casas e a inundação de mais de 15.000 hectares de terras agrícolas, de acordo com o governo local. Dezenas de estradas e mais de 100 pontes ficaram danificadas, disse hoje Xia Linmao, vice-prefeito de Pequim, em conferência de imprensa.

Outras partes da China também sofreram fortes inundações, em parte devido ao impacto do tufão Doksuri. A província de Hebei, no norte da China, sofreu algumas das piores inundações da região. As enchentes na cidade de Zhuozhou começaram a diminuir no sábado, permitindo que alguns dos 125.000 moradores retirados voltassem a suas casas.

Outras áreas no país estão a sofrer com ondas de calor extremo e seca, ameaçando a saúde dos moradores e a colheita do outono. Fortes chuvas atingiram o norte da China desde o final de julho, prejudicando a vida de milhões de pessoas.

Seis pessoas morreram e quatro desapareceram na cidade de Shulan, na província de Jilin, no nordeste do país, que sofreu cinco dias consecutivos de chuvas, transformando ruas em rios. A província de Heilongjiang também viu rios transbordarem.

9 Ago 2023

Hebei | Inundações causam pelo menos 10 mortos

Pelo menos 10 pessoas morreram e 18 estão desaparecidas na província chinesa de Hebei, perto de Pequim, devido às chuvas torrenciais que têm fustigado o norte da China, desde há uma semana, anunciaram no sábado as autoridades chinesas.

O número provisório de mortos causados pelas chuvas torrenciais e inundações foi divulgado pelas autoridades de Baoding, uma das cidades mais afectadas, que dista cerca de 150 quilómetros de Pequim.

Áreas inteiras do norte da China foram afectadas por fortes chuvas, que têm assolado Pequim e os seus arredores e que causaram grandes inundações e danos materiais consideráveis.

Até ao meio-dia de sábado, mais de 600.000 pessoas na cidade de Baoding tinham sido evacuadas das zonas consideradas de risco, informou o município local em comunicado, sendo que mais de um milhão e meio de habitantes desta cidade foram afectadas pelo mau tempo.

Em Pequim e na região metropolitana da capital chinesa, as operações de limpeza prosseguem após as piores chuvas dos últimos anos, que destruíram infra-estruturas e inundaram bairros inteiros.

As autoridades chinesas anunciaram na passada sexta-feira que as catástrofes naturais tinham provocado a morte ou o desaparecimento de 147 pessoas no país no mês de Julho deste ano.

Na quarta-feira, o Departamento de Meteorologia de Pequim afirmou que as chuvas que atingiram a capital chinesa foram as piores e as mais intensas desde que existem registos, há 140 anos.

6 Ago 2023

China | Mais inundações e tufões em Agosto

A China enfrenta um alto risco de inundações e tufões em agosto, informou ontem o jornal oficial Global Times, após a passagem do tufão Doksuri ter deixado pelo menos 20 mortos e 27 desaparecidos em Pequim e arredores.

Segundo um documento publicado em conjunto por organizações como a Comissão Nacional para a Redução de Catástrofes, o Ministério dos Assuntos Civis e o Ministério de Gestão de Emergências, o norte do país vai sofrer altas temperaturas e seca em Agosto, enquanto algumas áreas no sul e leste da China vão registar precipitações acima da média, com maior risco de catástrofes naturais, incluindo cheias, inundações urbanas e agrícolas, fortes rajadas de vento ou granizo.

As partes superiores do rio Yangtsé e do lago Poyang, no centro do país, podem sofrer inundações acima dos níveis de alerta, alertaram as agências. Entre quatro e seis tufões estão também previstos no Noroeste do Pacífico e no Mar do Sul da China, sendo que dois ou três devem “chegar à terra ou afectar os sistemas climáticos da China”, informaram as agências.

As autoridades prevêem que quatro ondas de calor vão atingir várias partes do país em Agosto. E notaram que a China enfrenta um pico crucial de consumo de electricidade no Verão, algo que já causou problemas de abastecimento durante a seca do Verão passado, no centro do país.

As autoridades também alertaram para incêndios florestais em algumas partes de Sichuan (centro), Chongqing (centro) e Xinjiang (oeste).

3 Ago 2023

Clima | Pequim regista as chuvas mais intensas em pelo menos 140 anos

Nunca a capital chinesa tinha sido fustigada com tamanha intensidade de chuvas e inundações como nos últimos dias. Pelo menos, desde que há registos meteorológicos

 

A capital da China, atingida por inundações mortíferas, sentiu nos últimos dias as chuvas mais intensas em pelo menos 140 anos, quando os registos começaram, avançaram ontem os serviços meteorológicos de Pequim.

“O valor máximo” de chuva registado entre a noite de sábado e a manhã de quarta-feira numa estação da cidade foi de 744,8 milímetros, sendo a “chuva mais forte em 140 anos”, segundo o Serviço Meteorológico de Pequim.

Os levantamentos precisos começaram em 1883. “O recorde anterior (…) antes do actual episódio chuvoso” tinha sido estabelecido em 1891, com 609 milímetros, sublinhou a agência.

As chuvas torrenciais que atingiram Pequim e a província vizinha de Hebei, no norte da China, deixaram pelo menos 20 mortos e 27 desaparecidos, segundo a imprensa oficial chinesa.

As cheias levaram rios a transbordar, arrastando estradas, veículos, casas e árvores, cortaram vias de telecomunicação e causaram deslizamentos de terra.

Cerca de 13 rios ultrapassaram os níveis de alerta na Bacia de Haihe, que inclui Pequim, Tianjin e Shijiazhuang, disse a agência de notícias oficial Xinhua, citando o Ministério de Recursos Hídricos chinês.

O fornecimento de energia para cerca de 60 mil casas no distrito de Fangshan, na capital, foi interrompido, informou a televisão Phoenix TV. As imagens divulgadas pela imprensa e redes sociais mostram cenas de caos, com pessoas presas em veículos ou nas suas casas.

O caos está no ar

O tufão Doksuri, revisto para uma tempestade tropical, tem varrido a China de sudeste para norte desde sexta-feira, dia em que atingiu a província de Fujian, no leste do país, depois de passar pelas Filipinas, onde causou pelo menos 25 mortos.

Chuvas torrenciais começaram a atingir a área metropolitana de Pequim no sábado. Em apenas 40 horas, a capital chinesa registou o equivalente à precipitação média de um mês inteiro de Julho.

As fortes chuvas mataram pelo menos 11 pessoas só na capital, incluindo um bombeiro que participava nas operações de resgate, e causaram milhares de desalojados, informou a televisão estatal CCTV.

Milhares de pessoas foram retiradas para abrigos em escolas e outros prédios públicos nos subúrbios de Pequim e nas cidades vizinhas de Tianjin e Zhuozhou. Em Zhuozhou, a sudoeste de Pequim, cerca de 125 mil pessoas foram transferidas de áreas de alto risco para abrigos, informa a Xinhua.

A autarquia de Tianjin, um porto a leste de Pequim, disse que 35 mil pessoas foram retiradas de perto do rio Yongding. Na província vizinha de Hebei, o mau tempo deixou pelo menos nove mortos e seis desaparecidos, segundo a CCTV.

Cerca de 42 mil pessoas foram retiradas de várias áreas da província de Shanxi, a oeste de Hebei, informou a Xinhua, citando autoridades dos serviços de emergência.

A China está a enfrentar clima extremo e altas temperaturas recordes neste Verão, eventos que os cientistas dizem serem exacerbados pelas mudanças climáticas.

3 Ago 2023

Inundações | Xi pede que se faça tudo para resgatar desaparecidos

O Presidente chinês, Xi Jinping, pediu ontem que se faça tudo para resgatar pessoas desaparecidas ou encurraladas, após as inundações devastadoras registadas em Pequim e arredores nos últimos dias, informou ontem a televisão estatal.

“Deve ser feito tudo o possível para encontrar e resgatar os desaparecidos ou vítimas encurraladas”, disse Xi, citado pela televisão estatal CCTV.

O número de mortes causadas pelas chuvas torrenciais que atingiram Pequim nos últimos dias subiu ontem para 11, enquanto 27 pessoas continuam desaparecidas.

Entre os mortos, estão dois trabalhadores dos serviços de emergência, que perderam a vida durante uma operação de resgate, informou o jornal Beijing Daily.

As chuvas, as mais intensas registadas na capital chinesa nos últimos anos, afectaram mais de 44 mil pessoas e obrigaram à retirada de cerca de 127 mil, segundo a mesma fonte.

As autoridades colocaram a capital chinesa no alerta máximo de risco de inundação, face aos efeitos do tufão Doksuri, que atingiu o sul e o centro da China, na semana passada.

A capital chinesa e o norte do país sofreram as chuvas mais fortes em mais de uma década, de acordo com o jornal oficial Global Times. O Doksuri é o tufão mais forte a atingir a China este ano e também o segundo mais forte a atingir a província de Fujian desde que há registos.

Na semana passada, pelo menos uma pessoa morreu e milhares de casas ficaram sem energia quando o tufão passou por Taiwan, trazendo ventos fortes e chuvas intensas para o sul e leste da ilha. O Doksuri provocou pelo menos 14 mortos e mais de 300 mil desalojados nas Filipinas.

2 Ago 2023

Pelo menos 25 mortos nas inundações de Natal nas Filipinas – novo balanço

Pelo menos 25 pessoas morreram nas inundações ocorridas no dia de Natal, nas Filipinas, indicaram hoje, num novo balanço, as autoridades.

Dezenas de milhares de pessoas foram forçadas a fugir de casa, depois de a chuva torrencial ter deixado submersas várias localidades e autoestradas, cortando as festividades natalícias, neste país de maioria católica.

Mais de 81 mil pessoas procuraram refúgio nos centros de acolhimento, indicou a agência de gestão de catástrofes filipina, numa altura em que prosseguem os esforços para ajudar as populações mais atingidas.

Além das vítimas mortais, 13 das quais registadas na província de Misamis Ocidental, na ilha de Mindanau, no sul do arquipélago, a agência disse que 26 pessoas continuam desaparecidas e nove ficaram feridas.

As previsões meteorológicas apontaram para uma continuação da chuva, moderada a forte, durante o dia e na quinta-feira, nas regiões central e sul, devido à presença de uma zona de baixa pressão proveniente da costa, com a possibilidade de evoluir para depressão tropical.

“Inundações e aluimentos de terra desencadeados pela chuva são possíveis”, explicou o instituto de meteorologia filipino.

Por outro lado, as autoridades disseram que estão a decorrer operações de reconhecimento aéreo na zona de Misamis Ocidental para avaliar a extensão dos danos.

As condições meteorológicas começaram a agravar-se no final da semana passada nas Filipinas, um dos países do mundo mais vulneráveis às catástrofes naturais e quando grande parte dos 110 milhões de habitantes se preparavam para festejar o Natal.

28 Dez 2022

Presidentes na prisão

Há mais de 40 anos que os portugueses do norte, centro e sul reivindicam obras nas suas terras que evitem as inundações. A semana passada em Portugal foi atípica, é certo. Choveu como nunca. Mas… há sempre um mas- As chuvadas de imediato inundaram terras, estradas, ruas, caminhos de ferro e aeroportos. Uma dor imensa ver na televisão tantos portugueses em perigo de vida e desalojados de suas casas ficando apenas com a roupa que tinham no corpo.

Os bombeiros não tiveram mãos a medir com 72 horas sem dormir. Em Braga, Coimbra, Portalegre, Campo Maior, Avis, várias cidades do Algarve e a grande zona de Lisboa. Bem, sobre esta nem temos palavras. Loures, Algés, Alcântara, Oeiras e Cascais ficaram intransitáveis e com os responsáveis da Protecção Civil a apelar para que ninguém saísse de casa.

Os comerciantes ficaram sem nada, com os electrodomésticos todos estragados, com as fracções cheias de água e lama até ao tecto. Mulheres de 90 anos, crianças de quatro anos, jovens solidários ficavam abismados e em pânico com a força da água que corria pelas ribeiras e inundava, todas as margens, tivessem ou não casas, lojas, armazéns, oficinas ou fábricas. O prejuízo monetário é incalculável e um membro do Governo veio para a televisão dizer que haverá apoios quando se souber o quantitativo desses prejuízos. Em Janeiro, Abril ou em Outubro de 2023?

Uma tristeza, este Portugal. Os autarcas, especialmente os presidentes das edilidades, há décadas que sabem que a prioridade seria o saneamento básico e as drenagens a construir para que as águas das intempéries pudessem fluir sem matar pessoas e animais ou prejudicar quem vive do comércio, e não só. Era imperioso que os presidentes da Câmara de Lisboa, por exemplo, tivessem mandado construir uma tubagem subterrânea desde Monsanto até ao rio Tejo.

Mas isto, há décadas. Lisboa, capital do turismo, ficou num estado inimaginável com os túneis do Marquês de Pombal, o tal “Oscar” de Pedro Santana Lopes, os do Campo Grande e da Avenida João XXI/Areeiro completamente inundados de água e intransitáveis causando o caos no movimento rodoviário. Mas que obras foram estas? Que engenheiros, que técnicos que não souberam construir o indispensável escoamento das águas em caso de chuvas intensas? Uma vergonha para toda essa gente em quem os portugueses ingenuamente ainda vão eleger com o seu voto.

Em Campo Maior a dor foi profunda. As casas ficaram completamente inundadas, as ruas repletas de lama e o povo sem qualquer dos seus haveres. Em Coimbra o mesmo caos e quantos presidentes da edilidade coimbrã já passaram pelo gabinete dos responsáveis e nada fizeram para que o povo não sofresse só porque cai uma carga de água.

Os autarcas não se podem desculpar com as mudanças climáticas. Isso é uma treta. O clima está a mudar em todo o mundo. A título de vergonha é-nos impossível contabilizar as rotundas desnecessárias que foram construídas por todo o país. Vergonhosamente, apenas na marginal Lisboa-Cascais, de Caxias a Cascais existe uma dezena de rotundas, algumas que só prejudicam o escoamento rodoviário. Vamos a Viseu, a Braga, a Évora, a Coimbra, a Portalegre, a Beja, a Faro e só vemos rotundas por todo o lado e algumas com uns mamarrachos no centro, a que chamam “monumentos”.

Portugal não pode continuar a ser governado por gente incompetente, por gente que se introduziu nos partidos políticos para arranjar um bom “tacho”. Nos últimos tempos, os escândalos de corrupção a atingirem gente importante desse tipo tem sido aos magotes. A Polícia Judiciária já não tem carros para todas as operações de investigação e de detenção. A corrupção no seio das Câmaras Municipais é global e ninguém consegue licenciar seja o que for sem entregar um envelope por baixo da mesa. É um Portugal corrupto e incompetente.

As cheias da semana passada mostraram bem como as edilidades tem gente a mais e desnecessária. E o povo é que paga. Os pobres continuam cheios de fome e já sem poder comprar carne ou peixe. E no fim, o que vimos? Os desgraçados dos prejudicados pelas cheias a limpar as casas, os restaurantes, as lojas, com uma mangueira na mão, dia e noite, a retirar a lama das suas ruas, a trabalhar sem descanso, porque brigadas de socorro social não existem.

Valha-nos o sacrifício árduo dos soldados da paz voluntários que sem cessar um minuto acorreram a todo o lado para salvar vidas e ajudar a diminuir a calamidade. Quando perguntei a um comandante de uma corporação de bombeiros, exausto e desolado sobre o que aconteceu, respondeu-me simplesmente: “Os presidentes das Câmaras de há muitos anos deviam era estar presos”. Ai, Portugal, Portugal, que tristeza!

19 Dez 2022

Inundações na China fazem pelo menos doze mortos

Pelo menos doze pessoas morreram este fim de semana devido às inundações e chuvas torrenciais registadas nas províncias chinesas de Sichuan (sudoeste) e Gansu (noroeste), informou a imprensa estatal.

Em Sichuan, pelo menos seis pessoas morreram no domingo e outras 12 estão desaparecidas, depois de as chuvas terem provocado “inundações repentinas” que deixaram ainda cerca de 1.300 pessoas desalojadas, segundo a televisão estatal CGTN.

Na cidade de Longnan, pertencente à província de Gansu, registaram-se mais seis mortes e 3.000 pessoas foram retiradas, indicou o mesmo meio de comunicação. Nas últimas semanas, outras partes da China, como a província de Hunan, sofreram inundações que deixaram dezenas de mortos e mais de um milhão de desabrigados.

No verão passado, inundações na província central de Henan, causadas por chuvas de intensidade inédita em décadas, submergiram bairros inteiros e estações do metro, causando mais de 300 mortes.

O governo da cidade de Zhengzhou, capital de Henan, e outras agências locais foram considerados pelas autoridades centrais “culpados de negligência e abandono do dever” e acusados de terem “ocultado ou atrasado informações sobre os mortos e desaparecidos no desastre”, de acordo com a agência noticiosa oficial Xinhua.

Song Lianchun, meteorologista do Centro Meteorológico Nacional, afirmou: “Não podemos dizer que um evento climático extremo seja causado diretamente pelas alterações climáticas, mas, a longo prazo, o aquecimento global causa um aumento na intensidade e na frequência de tais eventos”.

19 Jul 2022

Pelo menos seis mortos e 12 desparecidos em inundações no sudoeste da China

Pelo menos seis pessoas morreram e 12 estão desaparecidas em resultado das inundações causadas pelas chuvas torrenciais em Beichuan, província de Sichuan, no sudoeste da China.

Cerca de 22.300 pessoas foram afetadas pela chuva na região, com casas danificadas e estradas bloqueadas, de acordo com a cadeia de televisão chinesa CGTN. As autoridades locais informaram que estão em curso operações de salvamento.

17 Jul 2022

China regista temperatura e níveis de precipitação mais altos das últimas décadas

Desde os picos nevados do Tibete à ilha tropical de Hainan, a China está a enfrentar a pior onda de calor das últimas décadas, enquanto a precipitação registou níveis recorde em junho, segundo as autoridades.

Neste mês, as províncias chinesas de Shandong, Jilin e Liaoning, no nordeste do país, registaram os níveis mensais de precipitação mais altos de sempre. A média nacional, de 112,1 milímetros, representou um aumento homólogo de 9,1%, de acordo com a Administração Meteorológica da China.

A temperatura média em todo o país atingiu 21,3 graus Celsius, em junho, um aumento de 0,9 graus, em relação ao mesmo período do ano passado, e o maior desde 1961. As temperaturas e níveis de precipitação vão permanecer mais altas do que o normal, em grande parte do país, ao longo de julho, disseram as autoridades.

Na província de Henan, centro da China, as cidades de Xuchang e Dengfeng atingiram os 42,1 e 41,6 graus, respetivamente, em 24 de junho. Foram os dias mais quentes alguma vez registados na região, de acordo com Maximiliano Herrera, climatologista especializado em estatísticas climáticas e condições meteorológicas extremas.

A China também tem registado inundações sazonais em várias partes do país, que causaram a retirada de centenas de milhares de pessoas, particularmente no sul e centro.

Os cientistas dizem que isto é fruto das mudanças climáticas e que o clima vai continuar a aquecer neste século. No Japão, as autoridades alertaram para uma maior pressão na rede elétrica e instaram os cidadãos a economizar energia.

Na sexta-feira, as cidades de Tokamachi e Tsunan atingiram as temperaturas mais altas de sempre, enquanto várias outras cidades bateram recordes mensais.

Parte significativa do Hemisfério Norte tem registado níveis de calor extremo, desde regiões no normalmente frio Ártico russo à América do Sul, com temperaturas e níveis de humidade excecionalmente altos.

5 Jul 2022

Milhares de pessoas afetadas por inundações no centro e leste da China

Milhares de pessoas foram afetadas, esta semana, por inundações provocadas por chuvas torrenciais, nas regiões centro e leste da China, noticiou o jornal oficial Global Times. As áreas mais afetadas incluem as cidades de Qingdao (leste) e Chongqing (centro) e a província de Sichuan (centro). Nesta última, as chuvas obrigaram à retirada de 42 mil pessoas.

Várias zonas planas em Chongqing ficaram inundadas. Vídeos difundidos nas redes sociais chinesas mostram veículos a serem arrastados pelas correntes nas ruas da cidade.

A cidade portuária de Qingdao registou chuvas até 200 milímetros, no fim de semana passado, quando os bombeiros tiveram que atuar para bombear água de estacionamentos subterrâneos que ficaram inundados.

De acordo com o Centro Meteorológico da China, a chuva vai prolongar-se até hoje à noite e vai afetar também partes do norte e nordeste.

As autoridades meteorológicas alertaram que algumas áreas vão registar chuvas até 70 milímetros no espaço de uma hora, que podem ser acompanhadas por ventos fortes e até granizo.

Na semana passada, 3,7 milhões de pessoas foram afetadas por chuvas 1,6 vezes mais intensas do que o normal para este período do ano, na região autónoma de Guangxi, no sul da China, informou a agência de notícias oficial Xinhua.

As inundações causaram perdas económicas no valor de mais de 12 mil milhões de yuans. No ano passado, a região centro da China foi abalada por inundações, causadas por chuvas de intensidade sem precedentes nas últimas décadas, que fizeram mais de 300 mortos na província de Henan.

28 Jun 2022

Níveis de precipitação recorde levam à retirada de mais de 220.000 pessoas na China

Níveis de precipitação recorde na China causaram inundações e deslizamentos de terra no sul do país, assim como a retirada preventiva de centenas de milhares de pessoas, informou hoje a imprensa estatal. Chuvas fortes são frequentes no final da primavera e início do verão, principalmente no centro e sul da China, regiões onde também estão localizadas cidades industriais importantes.

Nos últimos dias, fortes chuvas atingiram a província de Guangdong, no sudeste da China, ameaçando os serviços logísticos e produção manufatureira, numa altura em que as cadeias de fornecimento estão já sob pressão devido às restritivas medidas de prevenção adoptadas pela China, no âmbito da política de ‘zero casos’ de covid-19.

A cidade de Shaoguan, localizada a cerca de 200 quilómetros a norte de Cantão, a capital da província, emitiu hoje um alerta vermelho para inundações, o nível mais alto do serviço meteorológico chinês. As escolas foram transformadas em abrigos temporários e centenas de instalações provisórias foram montadas num centro desportivo, segundo imagens divulgadas pela imprensa.

A região vizinha de Guangxi, no sul, foi atingida pelas piores chuvas desde 2005, segundo a imprensa local. Os moradores foram retirados, à medida que as águas lamacentas inundaram áreas residenciais.

De acordo com os serviços meteorológicos locais, 28 rios da região subiram para níveis considerados perigosos. Em Fujian, no leste da China, mais de 220 mil pessoas foram também retiradas, como medida preventiva, desde o início do mês, segundo a agência noticiosa oficial Xinhua.

As chuvas em Guangdong, Fujian e Guangxi atingiram uma média de 621 milímetros entre o início de maio e meados de junho, o nível mais alto desde 1961, de acordo com o boletim meteorológico da China.

Em 2021, a China sofreu inundações severas, com chuvas muito fortes no centro do país, que resultaram em mais de 300 mortos. A maioria morreu em inundações e deslizamentos de terra na cidade de Zhengzhou, onde muitos motoristas ficaram presos, pelo aumento repentino das águas em túneis rodoviários.

21 Jun 2022

Chuva | Inundações e aulas canceladas após sete horas de sinal vermelho

Inundações nas zonas baixas, autocarros e parques de estacionamento alagados e o cancelamento das aulas marcaram grande parte do dia de ontem. Sinal vermelho de chuva intensa esteve em vigor durante quase sete horas. Encarregados de educação defendem que suspensão das aulas devia ter acontecido logo de manhã. Mau tempo vai continuar

 

Ao fim de praticamente de sete horas em que o sinal vermelho de chuva intensa esteve em vigor, Macau registou ontem várias inundações nas zonas baixas da cidade, provocando fortes constrangimentos à circulação e levando mesmo ao cancelamento das aulas durante tarde. Além disso, através de vários vídeos publicados nas redes sociais foi possível ver autocarros alagados, parques de estacionamento inundados e estradas submersas, com especial incidência nas zonas da Taipa e no Porto Interior.

Num desses vídeos, divulgados pelos canais online do jornal Ou Mun, é possível observar uma intensa enxurrada de água a correr ao longo da Calçada de São Paulo, localizada junto às Ruínas de São Paulo. Noutro vídeo, utentes de um parque de estacionamento subterrâneo deslocam-se com água pelas canelas ao longo do piso submerso do recinto.

De acordo com dados da Direcção dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG), até às 16h00 de ontem choveu o equivalente a 234,8 litros por metro quadrado na zona da Taipa, 184,4 litros por metro quadrado em Coloane e 182,8 litros por metro quadrado na península de Macau. Isto, quando até ao meio-dia já tinha caído o equivalente a 120 litros por metro quadrado de chuva na península de Macau, 140 na Taipa e 110 em Coloane.

Segundo o canal chinês da TDM-Rádio Macau, no Porto Interior, o efeito da chuva intensa que caiu durante toda a manhã e ao início da tarde era notório. Por volta do meio-dia, na Rua do Almirante Sérgio, era impossível andar sem que os pés estivessem debaixo de água. Comerciantes ouvidos pela emissora pública deram nota que, apesar da intensidade da chuva, a água não alagou o interior dos estabelecimentos.

No entanto, o registo ficou longe de ombrear com o recorde de chuva por dia alcançado sensivelmente há um ano no dia 1 de Junho. Na altura, a precipitação diária registada pela estação da Fortaleza do Monte chegou aos 408,8 litros de água, num dia que ficou marcado pela emissão do sinal preto de chuva intensa e mais de 30 casos de cheias.

O sinal vermelho de chuva intensa foi accionado às 9h15 juntamente com o de trovoada, acabando por ser cancelado às 16h05. Por volta das 13h00, a Direcção Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) emitiram uma nota a anunciar a suspensão do ensino secundário, primário, infantil e educação especial durante a tarde. No mesmo comunicado, a DSEDJ avisou os estabelecimentos de ensino para permanecer de portas abertas e assegurar pessoal para prestar apoio aos alunos até ao seu regresso a casa.

Tarde de mais

Após o anúncio da suspensão das aulas, vários encarregados de educação voltaram às escolas onde tinham deixado os filhos durante a manhã para os levar de volta a casa.

Segundo o canal chinês da TDM-Rádio Macau, os pais dos estudantes lamentaram que a DSEDJ apenas tenha suspendido as aulas da parte da tarde, defendendo que a decisão devia ter sido tomada logo ao início do dia. Isto, quando de manhã, a chuva já tinha deixado muitos alunos “encharcados”.

Devido à instabilidade do tempo e a continuação da ocorrência de chuvas intensas e trovoada nos próximos dias, a Direcção dos Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico (DSEDT) e o Centro de Produtividade e Transferência de Tecnologia (CPTT) emitiram uma nota onde alertam as empresas e lojas localizadas nas zonas baixas de Macau para tomar medidas preventivas contra as inundações.

Segundo os SMG, hoje e amanhã Macau “continuará a ser afectada por aguaceiros e trovoadas (…) fortes”, que podem provocar “inundações severas” e “deslizamentos de terra”. O organismo alerta ainda para o facto de a “aleatoriedade” da chuva e o reduzido tamanho de Macau, tornar impossível prever “com precisão” a hora, localização a intensidade das áreas de chuva.

9 Jun 2022

Inundações no centro da China afectam mais de 800 mil pessoas

As fortes chuvas e inundações ocorridas na província de Jiangxi, no centro da China, afetaram, até à data, mais de 800 mil pessoas, informou hoje a imprensa estatal. As chuvas causaram danos em 80 cidades e vilas da província, que tem 45 milhões de habitantes.

Segundo a agência noticiosa oficial Xinhua, cerca de 32 mil pessoas foram retiradas pelas autoridades, entre 28 de maio e esta segunda-feira. Não foram relatadas mortes.

As autoridades locais estimam que as chuvas causaram danos em mais de 76 mil hectares de terras agrícolas e prejuízos no valor de 1.160 milhões de yuans. O governo provincial cancelou hoje o protocolo de resposta às cheias, de nível 4, que se mantinha em vigor, após o nível de precipitação ter diminuído.

No verão passado, inundações no centro da China, após chuvas de intensidade sem precedentes nas últimas décadas, causaram mais de 300 mortes, com bairros inteiros e estações de metro a ficarem submersas na província de Henan.

Durante a cobertura das inundações, jornalistas ocidentais foram assediados pela população local, depois de as contas oficiais do Partido Comunista Chinês (PCC) nas redes sociais terem apelado às pessoas que “procurassem repórteres da BBC” e “alertassem as autoridades” quando os encontrassem.

Após uma investigação, o PCC concluiu, em janeiro deste ano, que o governo da cidade de Zhengzhou, capital de Henan, e outras agências locais foram “culpados de negligência e abandono do dever” e que “ocultaram ou atrasaram informações sobre pessoas mortas e desaparecidos no desastre”, informou na altura a Xinhua.

Song Lianchun, meteorologista do Centro Meteorológico Nacional, declarou no ano passado: “Não podemos dizer que um evento climático extremo seja causado diretamente pelas mudanças climáticas, mas, a longo prazo, o aquecimento global causa um aumento na intensidade e frequência desses eventos”.

8 Jun 2022

Inundações | Estação elevatória e obras de reordenamento em fase preliminar

Continuam em marcha os “trabalhos preliminares” da nova estação elevatória de águas pluviais da Baía do Norte do Bairro do Fai Chi Kei e das obras de reordenamento de várias artérias da cidade. Obras Públicas apontam que as intervenções para evitar a ocorrência de inundações nas zonas baixas serão concluídas num horizonte de médio-longo prazo

 

Os projectos de concepção das obras de construção da nova estação elevatória de águas pluviais da Baía do Norte do Bairro do Fai Chi Kei e outras intervenções com vista a evitar a ocorrência de inundações nas zonas baixas estão a ser desenvolvidas e encontram-se em fase preliminar.

O ponto de situação foi feito pela directora dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), Chan Pou Ha, em resposta a uma interpelação escrita de Sulu Sou.

Incluído no rol de projectos cujos trabalhos preliminares estão em fase de desenvolvimento estão ainda as obras de reordenamento dos esgotos do cruzamento entre a Avenida do Almirante Lacerda e a Avenida do Ouvidor Arriaga e dos esgotos da Avenida do Coronel Mesquita e da 2.ª fase da construção dos esgotos de drenagem de água pluvial da Rua de Brás da Rosa.

Vincando que as obras em questão “se situam nas principais artérias rodoviárias”, Chan Pou Ha aponta que as obras públicas e o Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) vão manter uma comunicação estreita para coordenar “os condicionamentos de trânsito e as demais obras viárias”, com o objectivo de “minimizar” o impacto sobre o trânsito.

Recorde-se que na interpelação enviada, o deputado Sulu Sou questionou o Governo sobre o andamento do planeamento previsto para as obras de prevenção das inundações, ainda no rescaldo das fortes chuvas registadas a 1 de Junho (as mais intensas desde 1952) e que provocaram estragos avultados por toda a cidade. Por escrito, o deputado chega mesmo a citar obra de Victor Hugo, “Os Miseráveis”, para apontar que “os esgotos são a consciência da cidade” e que é através da resposta a uma chuva intensa que é possível “verificar se uma cidade é ou não desenvolvida”.

Horizonte alargado

Respondendo a Sulu Sou sobre as ilações a tirar do “Estudo do Melhoramento das Redes de Drenagem da Península de Macau” e do “Estudo do Melhoramento da Rede de Drenagem Pluvial da Taipa”, a DSSOPT aponta um “horizonte de médio-longo prazo” para que, efectivamente, a capacidade de drenagem de Macau seja aumentada.

“Proceder-se-á num horizonte de médio-longo prazo (…) ao aumento, em geral, da capacidade de drenagem do sistema de colectores das várias zonas de Macau (…) através da substituição do sistema de rede de drenagem dos bairros antigos pelo sistema separativo de drenagem de águas pluviais e residuais, da construção de mais estações elevatórias e de box-culvert de grandes dimensões, do desvio das águas pluviais vindas das colinas, entre outras medidas”, refere a DSSOPT.

12 Out 2021

Previstos atrasos na recuperação da economia chinesa devido a vírus e inundações

Depois da acelerada recuperação económica sentida nos últimos meses, as previsões para a segunda metade do ano são menos favoráveis. Inundações de Verão e novos surtos provocados pela variante delta do novo coronavírus são as principais razões para a provável desaceleração do crescimento da economia

 

O crescimento da economia chinesa deve abrandar, no segundo semestre do ano, devido às enchentes de Verão e às medidas de prevenção contra o novo coronavírus, apontou ontem fonte do Governo chinês.

A economia chinesa segue uma “tendência de recuperação” em relação à desaceleração induzida pela pandemia, no ano passado, mas deve enfraquecer, após um primeiro semestre relativamente forte, admitiu Fu Linghui, porta-voz do Gabinete Nacional de Estatísticas (GNE) do país. “A principal tendência de crescimento económico deste ano será de abrandamento após aceleração”, observou Fu, em conferência de imprensa.

Fu não avançou com uma previsão de crescimento. Analistas do sector privado dizem que a segunda maior economia do mundo deve atingir um crescimento homólogo de 8 por cento, já que 2020 ficou marcado por uma desaceleração no crescimento, devido à pandemia da covid-19.

As vendas a retalho em Julho subiram 8,5 por cento, face aos 12,1 por cento no mês anterior, embora o consenso dos analistas fosse de que chegaria a 11,5 por cento.

“O impulso de crescimento enfraqueceu drasticamente”, observou num relatório Louis Kuijs, analista da Oxford Economics.

Cheias e surtos

A economia chinesa foi afectada por inundações de Verão excepcionalmente severas, que paralisaram cidades inteiras no centro do país, em Julho, resultando em centenas de mortos e pesados prejuízos.

As últimas semanas ficaram também marcadas por surtos da variante delta do novo coronavírus em várias províncias do país, o que levou as autoridades a voltarem a impor medidas de confinamento e controlo sobre as viagens domésticas e negócios.

“Devido à abordagem de ‘tolerância zero’ da China em relação à covid-19, futuros surtos continuarão a representar um risco significativo para as perspectivas” económicas, disse Kuijs.

O Governo chinês informou anteriormente que o crescimento económico abrandou para 7,9 por cento, no segundo trimestre do ano. Entre Janeiro e Março, a economia registou um crescimento de 18,3 por cento – o número beneficia do efeito de base na comparação com o período homólogo, quando a actividade económica da China foi suspensa, devido à pandemia.

Fu Linghui expressou confiança de que as perspectivas de longo prazo são positivas. “A economia vai manter uma recuperação estável”, disse o responsável, acrescentando que “a qualidade do desenvolvimento vai continuar a melhorar”.

17 Ago 2021

Sobe para 99 número de mortos devido a enchentes no centro da China

O número de mortos na província chinesa de Henan, devido às enchentes que atingiram o centro do país, subiu para 99, disseram hoje as autoridades. O governo de Zhengzhou, capital de Henan, anunciou mais 26 mortes em duas áreas remotas, segundo a imprensa estatal. Entre estas, 18 ocorreram a sudoeste de Zhengzhou, na cidade de Xinmi, e oito a oeste, na cidade de Xingyang.

Chuvas torrenciais em Zhengzhou, na semana passada, inundaram o sistema de metro da cidade, resultando em 14 mortos, e transformaram as ruas em canais de água, com rápido fluxo, que arrastou veículos e pessoas.

As tempestades deslocaram-se então para o norte e inundaram outras partes da província, incluindo a cidade de Xinxiang.

O número exato de mortos permanece uma dúvida. O portal noticioso chinês The Paper relatou que mais de 200 veículos destruídos foram encontrados num túnel inundado em Zhengzhou. Não se sabe se os ocupantes conseguiram sair a tempo.

As águas baixaram em algumas áreas, mas outras continuam inundadas, com esforços de socorro e limpeza em andamento. As autoridades disseram que mais pessoas continuam desaparecidas e estimaram as perdas económicas em 91 mil milhões de yuan.

Em todo o país, as enchentes já afetaram cerca de 35 milhões de pessoas este ano. O saldo de mortos ou desaparecidos fixou-se, até à data, em 146, e cerca de 72.000 casas desabaram, enquanto as perdas económicas ascenderam a 123 mil milhões de yuans.

30 Jul 2021

Sobe para 12 número de mortos em inundações no centro da China

O número de mortos devido às enchentes que atingiram uma das maiores cidades do centro da China subiu para 12, com pessoas encurraladas no metro subterrâneo, autocarros, escolas e edifícios.

Zhengzhou, a capital da província de Henan, foi atingida por chuva torrencial na terça-feira, segundo a agência noticiosa oficial Xinhua. A torrente de chuva transformou as ruas em canais, com rápido fluxo de água, e inundou estações de metro e bairros inteiros.

Segundo o jornal oficial em língua inglesa China Daily, mais de 144.000 pessoas foram afetadas pela chuva, que atingiu uns históricos 457,5 milímetros em 24 horas, um número sem precedentes nos últimos 60 anos, desde que há registos.

Vídeos difundidos nas redes sociais mostram veículos cobertos de lama e pessoas encurraladas em carruagens de metro. Ao norte de Zhengzhou, o famoso Templo Shaolin, conhecido pelo domínio das artes marciais dos seus monges budistas, foi também atingido.

A província de Henan abriga muitos locais culturais e é uma importante base para a indústria e a agricultura do país. A Xinhua disse que 12 pessoas morreram e 100.000 foram transferidas para locais mais seguros. Pessoas encurraladas passaram a noite nos seus locais de trabalho ou hospedaram-se em hotéis.

A electricidade foi cortada no centro da cidade por causa da chuva. A China vive habitualmente inundações durante o verão, mas o crescimento das cidades e a conversão de terras agrícolas em subdivisões aumentaram o impacto destes eventos. No ano passado, os níveis das cheias no sudoeste do país bateram recordes, destruindo estradas e obrigando dezenas de milhares de habitantes a abandonarem as suas casas.

Numa nota difundida pela agência Xinhua, o Presidente Xi Jinping referiu que a garantia da segurança e das propriedades dos cidadãos constitui “uma prioridade máxima”, tendo exigido às autoridades de protecção civil que “implementem, de forma rigorosa, as medidas de prevenção de inundações e desastres”.

Xi Jinping “ordenou as autoridades para que, a todos os níveis, prontamente organizarem as forças de prevenção de inundações e alívio de desastres”, a fim de “providenciar acomodação a todos os afectados” e garantir “a prevenção de desastres secundários”, sem esquecer a minimização de outras perdas.

Além disso, Xi Jinping defendeu que os departamentos estatais devem melhorar o sistema de previsão de queda de chuvas, tufões ou deslizamento de terras, bem como “realizar esforços na gestão do trânsito” e adoptar “medidas práticas e detalhadas na prevenção de cheias e alívio de desastres”.

21 Jul 2021

Barragem na China “pode ceder a qualquer momento” devido a chuvas torrenciais

O exército chinês alertou esta terça-feira para o risco iminente de ruptura de uma barragem no centro da China, devastado por chuvas torrenciais sem precedentes nos últimos 60 anos, desde que há registos.

O comando regional do Exército Popular de Libertação explicou em comunicado que surgiu uma brecha de 20 metros na barragem de Yihetan, em Luoyang, na região de Henan, e advertiu de que “a barragem pode ceder a qualquer momento”.

As chuvas torrenciais registadas nas últimas 24 horas na província de Henan, no centro da China, obrigaram à retirada preventiva de mais de 10.000 pessoas e inundaram a capital, Zhengzhou, noticiou o diário estatal China Daily.

Zhenghzou, uma enorme metrópole situada a cerca de 700 quilómetros a sudoeste de Pequim, foi hoje colocada em alerta vermelho – o mais elevado nível de alerta meteorológico na China – devido à forte precipitação que paralisou a cidade e fez pelo menos três mortos.

Segundo o China Daily, mais de 144.000 pessoas foram afetadas pela chuva que em Zhengzhou atingiu uns históricos 457,5 milímetros em 24 horas, um número sem precedentes nos últimos 60 anos, desde que há registos.

A televisão nacional CCTV divulgou imagens de ruas da cidade submersas por uma imensa corrente de água lamacenta, enquanto habitantes com água pelos joelhos empurravam os seus veículos por artérias inundadas.

Os vídeos que circulam nas redes sociais mostram ruas alagadas, avenidas que parecem rios, e mesmo carruagens de metro com passageiros lá dentro imersos em mais de um metro e meio de altura de água.

De acordo com a agência de notícias estatal Xinhua, a chuva torrencial deixou vários edifícios residenciais sem água e eletricidade, obrigou ao cancelamento de 260 voos no aeroporto local, paralisou mais de 80 carreiras de autocarro e afetou também os transportes ferroviários.

Segundo o Diário do Povo, a intempérie causou o desabamento de habitações e pelo menos uma pessoa morreu e outras duas estão desaparecidas, e a imprensa local noticiou a morte de mais duas pessoas, em consequência do desabamento de um muro, mas não há ainda qualquer balanço oficial do número de vítimas.

Os danos materiais são, até agora, da ordem de vários milhões de euros, estimaram as autoridades locais da província de Henan.

Todos os verões há inundações na China, devido às chuvas sazonais. No ano passado, os níveis das cheias no sudoeste do país bateram recordes, destruindo estradas e obrigando dezenas de milhares de habitantes a abandonarem as suas casas.

21 Jul 2021

Inundações na RAEM (II) – Dos tipos de redes de drenagem e dos usos autorizados

Por Mário Duarte Duque, arquitecto 

 

Importa ter presente que as normas do Regulamento de Águas e de Drenagem de Águas Residuais de Macau de 1996 (o RADARM) só passaram a ser aplicáveis a obras cuja concepção ou licenciamento se iniciou a partir da entrada em vigor desse diploma.

Ou seja, que a obrigatoriedade de os sistemas de drenagem de águas domésticas e de águas pluviais serem separativos, tendo em vista o tratamento dos esgotos domésticos e industriais, e o descarregamento das águas pluviais pudesse ser feito directamente no estuário livre de poluentes, só passou a ser obrigatório para tudo o que se realizou a partir dessa data.

Disso resulta que a observação de regras relativas aos lançamentos permitidos nas diferentes redes de drenagem são condições de base e são essenciais para o lógico, correcto e seguro funcionamentos de todos os sistemas de drenagem.

Assim, não é permitido que entrem esgotos domésticos em redes pluviais, para que esgotos domésticos não sejam lançados no estuário sem tratamento sanitário. Não é permitido que entrem esgotos pluviais numa rede de esgotos domésticos, para que não seja exorbitante e desnecessário o caudal enviado para tratamento sanitário. Como não é permitido certos lançamentos nas redes domésticas que danifiquem as canalizações ou que inviabilizem os processos das centrais de tratamento sanitário do esgoto.

Os materiais que não estão autorizados a entrar nas redes têm que ser separados logo nas instalações onde são produzidos, e têm de ser recolhidos nessas instalações de outro modo.

Nas redes domésticas não podem entrar produtos que sejam quimicamente ou biologicamente incompatíveis com o tratamento que é feito a esses esgotos em estações de tratamento, não podem entrar materiais que danifiquem mecanicamente ou quimicamente as canalizações, objectos de determinadas dimensões, substâncias corrosivas e gorduras, que danificam as paredes, obstruem o fluxo e são origem de “aneurismas” e de “tromboses” dos sistemas de drenagem, tal como acontece no sistema vascular do corpo dos humanos.

Assim, na rede pluvial só entra água da chuva, de lavagem de pavimentos, de despejo de tanques ou piscinas, também de arrefecimento de torres de refrigeração, mas desde que não excedam determinada temperatura.

Para fácil identificação da presença dessas redes no espaço público, tudo o que é sumidouro ou sarjeta de pavimento (público ou privado), ou vala aberta, deveria pertencer a um sistema de drenagem pluvial.

Assim, sempre que a capacidade de drenagem dessas redes seja excedida, o refluxo, o transbordo ou o assomo de águas no espaço público, a partir desses dispositivos, deveriam ser apenas águas pluviais.

A questão importa porque o colapso de uma rede de drenagem pode ser admissível ou mesmo inevitável, disso resultarem inundações, mas a capacidade dos humanos conviverem com essas inundações depende de condições que não constituam perigo para a vida, tais como a profundidade da água, a velocidade com que corre, a temperatura e, principalmente, os níveis de poluição.

O apuramento das condições em que uma inundação acontece permite estabelecer a linha divisória entre o que constitui mera perturbação e o que constitui perigo para a vida.

Permite ainda avaliar se, na impossibilidade de resolver o problema das cheias a outra escala, ou por outros meios, a “inundação controlada”, ou monitorizada, é solução a ponderar.

Desde já podemos interpretar comportamentos que atentam contra o bom funcionamento dessas redes quando vimos alguém largar as beatas de cigarros, ou lojas fazerem despejos, nas sargetas à sua porta.

O que já não conseguimos identificar é o que se passa por debaixo do solo e nas instalações privadas onde os resíduos são produzidos, o obsoletismo das normas por que essas instalações ainda se pautam, ou as modificações ilegais feitas no interior dos edifícios.

Sabemos contudo que quando as inundações ocorrem, as águas que correm à superfície estão poluídas com esgoto doméstico, e que isso constitui perigo para a vida.

A entrada em vigor do Regulamento de Águas e de Drenagem de Águas Residuais de Macau em 1996 teve em vista um cenário em que o esgoto doméstico é para ser tratado, e que o território de Macau mantém ainda em funcionamento redes unitárias de drenagem de esgotos.

Com o mesmo regulamento a DSSOPT ficou encarregada de manter actualizados os cadastros dos sistemas públicos de drenagem, assim como os cadastros dos sistemas prediais onde deve constar, pelo menos, a ficha técnica do sistema predial, com a síntese das suas características principais;

A entrada em vigor do mesmo regulamento pressupõe o início de um processo de evolução, de actualização e de apetrechamento da rede.

Nomeadamente nas zonas antigas, ainda servidas por redes públicas unitárias, qualquer nova construção já está obrigada à separação dos sistemas prediais de drenagem de águas residuais domésticas dos de águas pluviais, até às câmaras de onde sai o ramal de ligação à rede pública.

A partir daí, essas câmaras ligam-se ao colector único, mas também passam a ligar-se separadamente, logo no dia em que a via seja remodelada e infra-estruturada com uma rede de drenagem separativa.

Num cenário de contingência de inundações urbanas, a questão mais pertinente é saber qual é presentemente a predominância de redes unitárias ainda em funcionamento, e para onde essas redes são conduzidas ou despejadas.

Ou seja, se todo esse caudal, composto por águas sujas e limpas, é tratado, o que se afigura um desperdício, ou se todo esse caudal é antes lançado directamente no estuário sem tratamento e, nesse caso, qual é a concentração média de poluentes na rede num evento de chuvas intensas.

Na certeza porém que, qualquer rede unitária, que esteja a ser despejada no estuário, assoma necessariamente à superfície, nas ocasiões em que não há condições de entrega desse caudal no estuário.

Muito do conteúdo que aqui se reúne prende-se com disposições construtivas obsoletas, comportamentos e obras não autorizadas, e a necessidade de tarefas de fiscalização.

Tarefas de fiscalização são primordialmente tarefas de “monitorização”. Servem para conhecer comportamentos e o estado de coisas. Atingem a esfera da “fiscalização” quando quilo que se apura colide com o ordenamento jurídico que regula esses comportamentos e esse estado de coisas, consubstanciando infracções, à qual está atrelada uma consequência específica, i.e. uma a sanção.

Muito do que corre aos olhos do público em geral poderia regular-se por via de uma consciência cívica e ética onde os próprios cidadãos podem desaconselhar outros cidadãos a práticas incorrectas e a exortá-los à prática correcta que se impõe.

Todavia, para tudo o que é complexo, e muitas das vezes sequer é visível, a supervisão já depende de meios especializados.

Na RAEM essa fiscalização está demarcada entre (1) o IAM, que é responsável pela reparação, conservação, aperfeiçoamento e limpeza da rede pública de drenagem de águas residuais domésticas e pluviais, assim como do licenciamento de actividades onde os efluentes são produzidos industrialmente, nomeadamente estabelecimentos de restauração, e (2) a DSSOPT, que é responsável pela concepção de todas as redes, nomeadamente pelo licenciamento das redes no domínio privado, e pela supervisão do estado em que as mesmas se encontram, integrada na obrigatoriedade de manter as edificações em bom estado de conservação na sua generalidade, e de as defender de disposições não autorizadas.

Desta demarcação resultam também tradições diferentes. Enquanto os fiscais do IAM andam efectivamente na rua porque têm de aí realizar tarefas rotineiramente, os fiscais da DSSOPT já não estão obrigados a qualquer rotina no exterior. Só saem dos seus gabinetes quando são feitas denúncias ou quando têm que recolher elementos para informar processos.

São esses moldes de cultura administrativa que resultam de inércia, e que dependem de um exército de residentes “bufos” para o desempenho do dever funcional.

Mas muito do que importa conhecer e cuidar numa rede drenagem é hoje possível monitorizar pelo recurso à tecnologia.

É possível conhecer à distância a composição química do efluente que corre, em determinado troço de canalização, em determinado momento, para se conhecer que nessa canalização estão a entrar despejos não autorizados.
É possível conhecer a frequência da turbulência resultante de chuvas intensas numa canalização, para apurar a agressão mecânica, o atrito e a degradação acelerada das canalizações.

É ainda possível conhecer a cada momento a ocupação das canalizações abaixo do solo, para que, muito antes que tudo isso assoma à superfície, e se deflagre ume inundação urbana, se possam produzir avisos mais úteis à população.

6 Jul 2021

Chuva | SMG voltam a alertar para possíveis inundações

À semelhança de ontem, os serviços de meteorologia emitiram um alerta para a ocorrência de chuva intensa e inundações durante o dia de hoje. Além do encerramento temporário do posto fronteiriço de Hengqin, várias zonas da cidade ficaram ontem inundadas. O nível de água chegou aos 0,3 metros no Porto Interior

 

Um aviso publicado na página electrónica dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) indica que no início da manhã de hoje possam ocorrer “aguaceiros fortes acompanhados de trovoadas”, assim como “possibilidade de inundações”. Em causa está uma corrente de ar sudoeste que vai continuar a trazer instabilidade meteorológica à zona costeira de Guangdong.

As torneiras do céu abriram-se sob a cidade durante a noite de domingo para segunda-feira. Ontem, as chuvas intensas levaram à emissão do sinal preto por volta das 04h50 da manhã, com a forte precipitação a resultar em inundações. A água foi-se acumulando nas zonas baixas da cidade, com o nível a chegar aos 0,3 metros no Porto Interior. Relativamente à frequência das chuvas intensas em Macau nas últimas semanas, um porta-voz dos SMG indicou ao HM que o fenómeno “é normal”, dado que os meses de Maio e Junho são a época de chuvas de Macau.

De acordo com o canal chinês da TDM-Rádio Macau, o posto fronteiriço de Hengqin esteve temporariamente encerrado devido a inundações, voltando a reabrir pelas 9h30. Também segundo a mesma fonte, por volta das 7h30, a forte precipitação esteve na origem de um deslizamento de terras na zona do Pac On.

Não foi um caso isolado em Junho. Em resposta a uma interpelação escrita de Sulu Sou sobre os alertas meteorológicos e as infra-estruturas para o tratamento das inundações, o Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) indicou que “já procedeu à verificação e limpeza da rede de esgotos nos locais que sofrem inundações”. Além disso, foram apontados progressos com as obras recentemente terminadas.

“Apesar de o box-culvert e a estação elevatória recém-instalados na zona norte do Porto Interior ainda estarem em funcionamento experimental, o problema das inundações no Norte do Porto Interior foi significativamente mais aliviado, e a nova estação elevatória obteve um efeito positivo no alívio de inundações nessa zona”, refere a resposta, assinada pelo presidente do Conselho de Administração do IAM, José Tavares.

É indicado ainda que durante as chuvas intensas do dia 1 de Junho, a maioria dos comerciantes na zona norte do Porto Interior afirmou que “o escoamento das águas pluviais estava a ser mais rápido do que no passado”.

Melhorias no horizonte

Recorde-se que na semana passada, no rescaldo das chuvas intensas registadas no primeiro dia de Junho e que provocaram estragos e apreensão um pouco por toda a cidade, o secretário para a Administração e Justiça, André Cheong, considerou que uma das medidas mais urgentes a tomar no curto prazo para evitar inundações, seria diminuir o número de descargas ilegais de resíduos para a rede de esgotos de Macau.

Além disso, tendo por base um documento de análise apresentado pelo IAM, foram ainda estabelecidas medidas de curto, médio e longo prazo para atacar o problema das inundações, entre as quais o “planeamento global e estudo de todas as redes de esgotos de Macau”, a “revisão dos critérios de dimensionamento hidráulico do Regulamento de Águas e de Drenagem de Águas Residuais de Macau”, reordenamento da rede de drenagem em alguns locais da cidade ou o lançamento contínuo de obras que melhorem a capacidade da rede de esgotos.

29 Jun 2021