Energia | Novo impulso no investimento em carvão

A construção de novas centrais energéticas a carvão quase estagnou desde o Acordo de Paris para combater as alterações climáticas, mas a tendência é ameaçada por um novo impulso a este tipo de energia na China, revela um estudo publicado ontem.

Segundo o grupo de reflexão E3G, em Janeiro de 2023 estavam planeados a nível mundial 347 gigawatts (GW) de capacidade de produção de energia com recurso a carvão, dos quais a China representa 72 por cento, um aumento relativamente aos 66 por cento em Julho de 2022.

Os outros países com centrais a carvão planeadas são a Índia e a Indonésia. A capacidade de produção de centrais a carvão projectadas fora da China diminuiu 84 por cento para menos de 100 GW pela primeira vez desde 2015.

Para este cenário, contribui o facto de não existirem novas centrais de carvão propostas na América do Norte ou na União Europeia. Mas a China reagiu ao aumento do custo do gás natural dos últimos meses com uma nova aposta na energia carbonífera na segunda metade de 2022.

Belinda Schäpe, uma das autoras do estudo, desafiou Pequim a dar o exemplo no combate às alterações climáticas e à transição para as energias renováveis.

“Garantir a segurança energética da China através de mais capacidade de carvão é uma ilusão. À medida que o mundo vira as costas ao carvão, a China tem pouco a ganhar em se agarrar ao mais sujo dos combustíveis fósseis”, avisou.

Leo Roberts, outro dos autores, congratulou-se por quase todos os países e regiões do mundo terem abandonado planos para novas centrais eléctricas a carvão. “Este é um enorme passo para manter o aquecimento global abaixo de 1,5 Celsius”, afirmou.

O Acordo de Paris determinou como meta limitar o aquecimento global a 2 graus celsius (ºC), e se possível a 1,5ºC, acima dos valores médios da época pré-industrial.

15 Mar 2023

Comércio | Receitas entre Rússia e China no sector energético crescem 64%

As receitas do comércio entre Rússia e China no sector energético aumentaram este ano 64 por cento, disse na sexta-feira o vice-primeiro-ministro russo Alexandr Novak, afirmando que um acordo intergovernamental para fornecimento de gás à China vai ser assinado em breve.

“O nosso volume de negócios no sector da energia aumentou significativamente: cresceu cerca de 64 por cento, em termos monetários. Se falarmos em termos físicos, trata-se então de um aumento de cerca de 10 por cento, tanto no abastecimento de petróleo e gás como no carvão e electricidade”, disse Novak, após uma reunião entre a comissão intergovernamental Rússia–China.

A Rússia exportou 42,6 por cento menos gás, entre Janeiro e Outubro, em relação ao mesmo período de 2021, para países que não pertencem à Comunidade dos Estados Independentes (CEI), uma organização formada por antigas repúblicas da União Soviética. Este número reflecte sobretudo a queda das vendas para a Europa.

O vice-primeiro-ministro russo enfatizou que, apesar dos desafios actuais, a cooperação Moscovo-Pequim “avança em todas as direcções” e não é afectada pelas mudanças no mercado externo e no sector energético.

Novak anunciou que, em breve, vai ser assinado um acordo intergovernamental entre a Rússia e a China sobre o fornecimento de gás russo ao país asiático, através da rota do Extremo Oriente.

Pequim está a intensificar as compras, para aproveitar os descontos russos. Esta postura das autoridades chinesas tem causado fricções com Washington e países aliados, uma vez que permite aumentar o fluxo de receitas de Moscovo e limitar o impacto das sanções internacionais.

21 Nov 2022

Irão assegura que pode garantir parte das necessidades energéticas europeias

O Governo do Irão defendeu ontem que poderá garantir as necessidades energéticas da Europa caso exista o restabelecimento do acordo nuclear de 2015 e se os Estados Unidos puserem fim às sanções contra Teerão.

“Se as negociações forem um êxito e se levantarem as sanções, o Irão pode satisfazer parte das necessidades da Europa, sobretudo no que diz respeito a recursos energéticos”, afirmou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, Nasser Kanani.

O porta-voz lembrou que o Irão dispõe de grandes reservas de petróleo e de gás – terceiro e quarto maior produtor mundial, respetivamente –, pelo que está em condições de ajudar a resolver “os problemas energéticos europeus”, uma consequência, sustentou, “da crise na Ucrânia”.

O Irão está a negociar há 16 meses com a Alemanha, França, Reino Unido, Rússia, China e, de forma indireta, com os Estados Unidos, a restruturação do acordo nuclear de 2015, que limitava o programa nuclear iraniano em troca do levantamento das sanções, pacto abandonado unilateralmente em 2018 pelos Estados Unidos, por decisão do então Presidente Donald Trump.

A este propósito, Kanani salientou que o Irão não recebeu uma “resposta oficial” dos Estados Unidos à mais recente proposta de Teerão, apresentada na semana passada, para salvar o acordo de 2015.

“O Irão aguarda uma resposta das outras partes e, sobretudo, do Governo norte-americano”, afirmou o porta-voz iraniano, apesar de Washington ter já afirmado, na semana passada, que a mais recente proposta iraniana “não é construtiva”.

O Irão propôs mudanças, geralmente aceites pelos europeus, e às quais os Estados Unidos responderam através dos mediadores.

Na quinta-feira passada, o Departamento de Estado norte-americano afirmou que a proposta de Teerão “não é construtiva”, acrescentando, no entanto, que responderia a Teerão através da União Europeia (UE).

“[O Irão] nunca recebeu uma resposta [do Ocidente] a afirmar que a sua posição não é construtiva. Pelo contrário, é construtiva, clara e legal”, insistiu Kanani. “O Irão está a tentar suspender as sanções para o benefício económico da nação iraniana, e essa é uma das principais prioridades de Teerão”, disse Kanani.

Antes de Washington ter reintroduzido as sanções à República Islâmica, a produção iraniana era de 3,8 milhões de barris de petróleo por dia (bpd).

Após as sanções, o Irão foi forçado a cortar significativamente a produção, mas, segundo o diretor-executivo da Companhia Nacional de Petróleo iraniana, Mohsen Joyaste Mehr, desde abril deste ano que o país já atingiu os níveis registados pré-sanções.

Aliás, recentemente, Mohsen Joyaste Mehr afirmou que o Irão poderá aumentar a produção para 4,03 milhões de bpd até março de 2023. “Quando os mercados internacionais abrirem, estaremos prontos para aumentar as exportações e voltar com capacidade total”, garantiu Mehr.

No entanto, outras fontes, como a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), colocam a produção diária atual em 2,5 milhões de bpd e as exportações em 800.000 milhões de bpd, principalmente para a China.

Citado pela agência noticiosa espanhola EFE, Esfandyar Batmanghelidj, o diretor-executivo da Bourse & Bazaar Foundation (um grupo de reflexão centrado na diplomacia e desenvolvimento económico no Médio Oriente e na Ásia Central), defendeu que, quando as sanções forem levantadas, o Irão poderá colocar um milhão de barris de petróleo por dia no mercado internacional.

No entanto, prosseguiu Batmanghelidj, o Irão não conseguirá exportar gás para a Europa devido às dificuldades em transportá-lo.

6 Set 2022

China quer reduzir preço do carvão num período de escassez de energia

O Governo chinês está a ponderar intervir para reduzir o preço do carvão, cujo aumento está a contribuir para cortes no fornecimento de energia no país e a abrandar a recuperação da segunda maior economia do mundo.

O forte aumento no custo das matérias-primas, em particular do carvão, do qual a China depende para abastecer fábricas, levou já ao racionamento de eletricidade e elevou os custos de produção para as empresas.

Para aliviar a pressão, a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma (CNDR) chinesa, órgão máximo de planeamento económico do país, admitiu a possibilidade de intervir para reduzir os preços do carvão.

“O atual aumento dos preços desvia-se completamente dos fundamentos da oferta e procura”, apontou, em comunicado. A agência “vai usar todos os meios necessários […] para trazer os preços do carvão de volta a uma faixa razoável”, garantiu.

A mesma fonte não especificou quais as medidas que podem ser adoptadas. O carvão, fonte de energia particularmente poluente, fornece cerca de 60% da produção de eletricidade na China.

Nas últimas semanas, o país enfrentou cortes de energia que interromperam a produção industrial em importantes províncias do país.

A CNDR também pediu que as minas de carvão aumentem a produção diária para um mínimo de 12 milhões de toneladas. O Presidente chinês, Xi Jinping, prometeu que o país vai começar a reduzir as emissões antes de 2030.

Para aliviar a escassez de energia, o Governo chinês autorizou, na semana passada, um aumento excecional dos preços da eletricidade, para permitir que os produtores possam enfrentar a subida nos custos.

Na China, os preços da eletricidade são regulados e não podem oscilar mais ou menos de 10% em relação ao valor padrão. O limite foi aumentado para 20% para as empresas, mas não há limite para setores intensivos em energia, como a produção de aço.

20 Out 2021

Energia | Consumo aumentou 2,8 por cento em 2018

O consumo de energia continuou a aumentar no ano passado, registando uma subida de 2,8 por cento relativamente ao ano anterior, revelou o presidente da Comissão Executiva da CEM, Bernie Leong. A empresa registou ainda um índice de disponibilidade média do serviço de praticamente 100 por cento. Para 2019, o objectivo é a aposta na produção de energia verde

[dropcap]O[/dropcap] consumo de electricidade tem vindo a registar um aumento gradual desde 2009, atingindo no ano passado os 5 528 GWh, valor que representa um aumento de 2,8 por cento comparativamente a 2017. A informação foi adiantada na passada sexta-feira, durante o almoço de Primavera da CEM, pelo presidente da Comissão Executiva da empresa, Bernie Leong, que sublinhou ainda que o índice de disponibilidade média do serviço atingiu praticamente os 100 por cento – 99, 9998 por cento – o que “permite à CEM “assumir a liderança mundial em termos de fornecimento de energia eléctrica”.

No entanto, Macau continua dependente da energia que compra ao Interior da China, que representa 90 por cento da energia consumida. Os restantes dez por cento são gerados pela própria CEM e comprados à Central de Incineração de Resíduos de Macau. O objectivo da empresa é diminuir, aos poucos, a dependência energética através da produção local. Um objectivo que pode ser conseguido com a expansão da central em Coloane, um projecto que continua em negociações com o Governo. Olhando para o futuro, Bernie Leong acredita que Macau terá capacidade para produzir cerca de 50 por cento da energia que consome.

A expansão das instalações em Coloane poderá ser concretizada em três anos, após o acordo com o Governo. “Ainda estamos a negociar, porque é um projecto bastante complexo. Precisamos despender algum tempo. Claro, depois de concluir o contrato, o tempo mínimo necessário para construirmos este tipo de projecto é de três anos, mas depende sempre do tipo de tecnologia que vamos usar e do tipo de dificuldades que poderemos encontrar.” Para Bernie Leong, tratando-se de um projecto em Macau, um território “com diferentes condições ou situações”, o projecto pode demorar “mais tempo”.

Em 2018 a CEM investiu 1,4 mil milhões de patacas para “melhorar ainda mais a fiabilidade do fornecimento de energia e reforçar a rede de transporte e distribuição”, que ocupou cerca de 80 por cento do investimento total do ano passado, referiu o responsável.

Energias mais limpas

A aposta com expansão da central de Coloane vai no sentido de promover o uso de energias mais ecológicas, com particular destaque para o gás natural. Para o efeito, está prevista a instalação da segunda unidade de turbina a gás de ciclo combinado (CC2). “Actualmente, o nosso consumo de gás natural é de cerca de 30 por cento. Quando construirmos a CC2 vai aumentar para 70 por cento”, acrescentou o director de produção da CEM, Edmond Etchri.

Também de olhos postos no desenvolvimento de alterativas mais ecológicas está o aumento dos postos de carregamento para carros eléctricos, uma iniciativa que marcou os trabalhos da CEM no ano passado.

Bernie Leong destacou a instalação recente de mais 50 estações de carregamento eléctrico, que totalizam neste momento 172 postos. Para o responsável, esta realidade coloca o território numa situação de vantagem em relação a Hong Kong. “Estamos muito melhor que Hong Kong no que diz respeito à cobertura da rede de carregamento de veículos elétricos”, afirmou. Actualmente, “70 por cento dos parques públicos já disponibilizam esta modalidade de carregamento de baterias”, acrescentou Bernie Leong.

À espera do Governo

Existem 10 projectos ligados à produção de energia solar a aguardar aprovação do Governo, existindo actualmente três painéis ligados à rede de produção de electricidade. Para Bernie Leong, o Executivo está, ainda assim, a “dar um grande apoio” nesta matéria até porque “[as pessoas] ao instalarem painéis solares, passam a fornecer energia à CEM, e a CEM tem de a comprar a um preço muito bom. Se olharmos para a tarifa nesta região do mundo, estamos a dar um preço muito bom. É um apoio muito forte à promoção da energia solar em Macau”.

Os preços elevados devem-se, à falta de espaço no território o que também representa “o maior problema de promover mais painéis solares em Macau”, salientou o responsável.

Para este ano a CEM, além de pretender “optimizar as instalações de carregamento eléctrico e apoiar o Governo no túnel de serviços comuns, pretende ter em funcionamento o projecto piloto para a instalação de postes de iluminação inteligentes. Para o efeito a companhia de electricidade está a instalar estas estruturas que aém de iluminar, têm integrados um sistema de CCTV, e de Wifi, e medem o volume de trânsito e de pessoas, em três localizações: na Rua Belchior Carneiro, na Avenida da Amizade, e no campus da Universidade de Macau, na Ilha da Montanha.

‘Apagão’ afecta 13.500 clientes

Um apagão, ocorrido na tarde de sábado, deixou sem electricidade a zona de São Lourenço, parte sul de Sai Van, Penha, novos aterros do Lago Nam Van e zona centro, afectando 13.447 clientes. Segundo a CEM, o corte ficou a dever-se a uma falha no painel de média tensão da subestação da Penha que levou o transformador a disparar, causando a falha de energia. A eléctrica destacou piquetes de emergência para procederem ao restabelecimento de energia. O fornecimento foi reposto para a maioria dos clientes num período de dez minutos e para os restantes clientes sensivelmente uma hora depois, segundo a CEM. A causa do incidente está a ser investigada.

25 Fev 2019

Energia | Tesla expande rede de recarga para carros eléctricos

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] fabricante norte-americano de carros eléctricos Tesla revelou ontem o projecto de expansão da rede de carregamento na China, um mercado estratégico para a marca.

A rede de recarga cobre actualmente a maioria das cidades no Delta do Rio Yangtze, o Delta do Rio das Pérolas, a região Pequim-Tianjin-Hebei e a área de Chengdu-Chongqing, segundo a filial Tesla China.

O número de supercarregador da Tesla excedeu um milhar de unidades. Com um supercarregador, um veículo da empresa pode ser completamente recarregado dentro de uma hora. A empresa também estabeleceu mais de dois mil carregadores regulares em várias cidades e destinos turísticos em todo o país.

A Tesla também construiu as três maiores estações de carregamento do mundo na China, que podem carregar 50 carros ao mesmo tempo. A empresa fundada por Elon Musk tem agora mais de 30 lojas e mais de 50 centros de pós-venda na segunda maior economia mundial.

No ano passado, a Tesla tomou a decisão de entregar versões levemente modificadas dos carros Model S e Model X no mercado chinês, para atender aos padrões para carregadores chineses. A acção deu aos clientes da Tesla mais opções de carregamento além da própria rede de carregamento da Tesla.

23 Fev 2018

Abertas inscrições para acção de poupança

[dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]ais pessoas a tentar poupar energia. É esta a ideia da terceira edição da acção de conservação de cinco por cento de energia. As inscrições estão abertas até 31 de Agosto e, este ano, são alargadas. Se em 2015 e 2016 apenas uma pessoa por casa se podia inscrever-se, agora todos os que contribuem para a mesma factura podem habilitar-se ao sorteio.

De acordo com um representante do Gabinete para o Desenvolvimento do Sector Energético (GDSE), Lei Chun San, “esta acção pretende incentivar os cidadãos a porem em prática na sua vida diária os conhecimentos que têm sobre conservação energética e a utilizarem métodos de poupança de energia”.

Para o efeito, o GDSE sensibiliza a população para que preste atenção aos electrodomésticos energeticamente eficientes, e dá sugestões para uma melhor gestão dos consumos eléctricos.

A iniciativa decorre durante o período compreendido entre Junho e Setembro, os meses em que as contas aumentam significativamente.

Desta forma, todos os utentes particulares são desafiados a poupar cinco por cento nas suas contas da luz. Aqueles que atingirem esta meta podem inscrever-se no sorteio. A única condição tem que ver com a existência de um consumo mínimo: em nenhum dos meses considerados o registo de gasto pode ser inferior a 10 kW.

Medida continuada

Em 2015, participaram na iniciativa 1886 famílias, sendo que 882 tinham conseguido poupar os cinco por cento pedidos. Já no ano passado, o número de participantes teve uma ligeira quebra: foram 1794 as famílias inscritas, sendo que a meta foi atingida por 787.

Para atrair mais participantes, a edição deste ano introduz o critério da continuidade. Desta forma, é dada a possibilidade de distinção dos utentes que, entre 2015 e 2017, tenham participado em pelo menos dois sorteios e tenham sido considerados cumpridores da poupança pretendida.

Os cinco por cento exigidos resultam da comparação da média dos três meses em análise com o mesmo período do ano passado.

A iniciativa está aberta não só a residentes do território, mas também a trabalhadores não residentes e a estudantes do ensino superior.

A lista dos vencedores é publicada no dia 17 de Novembro. Dos prémios que vão ser atribuídos constam três vales de dez mil patacas e 80 de 500 patacas para a compra de equipamentos eléctricos energeticamente eficientes, e 100 vales de desconto de 100 patacas na factura da electricidade. Os dois prémios de continuidade têm direito a um vale de cinco mil patacas.

A acção é uma iniciativa do GDSE e conta com o apoio da União Geral dos Moradores de Macau e com a Companhia de Electricidade de Macau.

15 Jun 2017

China | Campanha de uma semana para promover conservação de energia

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China lançou no domingo uma campanha de uma semana para elevar a consciência sobre a eficiência de energia e promover o estilo de vida sustentável.

A campanha, conhecida como Semana Nacional de Promoção da Eficiência Energética, tem como objectivo impulsionar a civilização ecológica, a conservação e a reciclagem de recursos e o desenvolvimento ecológico e de baixa emissão de carbono, de acordo com um comunicado do governo.

O Dia Nacional de Baixa Emissão de Carbono será comemorado hoje com o tema “Desenvolvimento Industrial com Baixa Emissão de Carbono”, segundo o comunicado emitido por 14 departamentos governamentais, citado pelo Diário do Povo.

A campanha consistirá em eventos por todo o país para promover tecnologias e produtos para poupar energia, transporte ecológico e desenvolvimento industrial com baixa emissão de carbono.

Em acção

O país introduziu o Dia Nacional de Baixa Emissão de Carbono em 2013 para impulsionar a consciência sobre a mudança climática e as políticas de desenvolvimento com baixa emissão de carbono, encorajar a participação do público e facilitar o compromisso do país para reduzir as emissões de gases produtores do efeito estufa.

O Dia Nacional de Baixa Emissão de Carbono comemora-se no terceiro dia da Semana Nacional de Promoção da Eficiência Energética, em Junho de cada ano.

O governo chinês considera o desenvolvimento ecológico como uma de suas principais prioridades políticas, pode ler-se.

O país procura limitar o consumo total de energia em 5 mil milhões de toneladas de carvão equivalente até o ano de 2020, de acordo com um plano do governo para executar entre 2016 e 2020, o que representará uma redução de 15% no uso de energia por unidade do Produto Interno Bruto para o ano de 2020.

13 Jun 2017

EUA | Secretário da Energia quer cooperação sobre o clima

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] secretário norte-americano da Energia disse ontem que Estados Unidos e China têm “oportunidades extraordinárias” para colaborarem no combate às alterações climáticas, numa altura em que Donald Trump é criticado por sair do acordo de Paris.

Num encontro com o vice-primeiro-ministro chinês Zhang Gaoli, Rick Perry apontou o gás natural liquefeito, energia nuclear e captura de carbono como duas áreas em que os dois países podem trabalhar juntos.

Na segunda-feira, Perry afirmou no Japão esperar que a China se torne num “verdadeiro líder” na questão do clima e rejeitou as acusações de que os EUA estão a recuar.

A decisão de Trump abriu um vazio na liderança do combate ao aquecimento global que poderá vir a ser preenchido pela China, que prepara um imenso processo de descarbonização da sua economia.

O país asiático é o maior emissor mundial de gases com efeito de estufa e nas suas grandes cidades a poluição atmosférica está muitas vezes acima dos limites recomendados pela Organização Mundial de Saúde, gerando milhões de mortes prematuras todos os anos.

No início do encontro entre Perry e Zhang, antes dos jornalistas saírem da sala, nenhum deles mencionou a decisão de Trump.

O acordo de Paris, celebrado em 2015, era visto como um marco na cooperação entre Pequim e Washington, as duas maiores economias do mundo e com posições antagónicas em questões como segurança regional e Direitos Humanos.

Perry não mencionou energias renováveis como a solar e a eólica, em que a China tem a maior capacidade instalada do mundo.

Boas vibrações

Na terça-feira, o governador da Califórnia, Jerry Brown, desvalorizou em Pequim a decisão de Donald Trump, classificando-a como um “retrocesso temporário” na luta global contra as alterações climáticas.

“A China, os países europeus e os estados norte-americanos vão preencher o vazio deixado pela decisão de Washington”, garantiu Brown, que participou em Pequim numa conferência sobre fontes de energia renovável.

A China e a Califórnia anunciaram no mesmo dia um acordo de cooperação para reduzir a emissão de gases.

9 Jun 2017

Exigida mais segurança de centrais nucleares

[dropcap style=’circle’]J[/dropcap]osé Chui Sai Peng, deputado indirecto à Assembleia Legislativa (AL) e engenheiro civil, apelou às autoridades do interior da China, com responsabilidade sobre a nova central nuclear de Taishan, para revelar mais informações sobre os equipamentos utilizados e a sua segurança. Já Lam U Tou, vice-presidente da Associação Choi In Tou Sam, falou da necessidade da central nuclear só entrar em funcionamento quando for garantido o cumprimentos de critérios de segurança rigorosos.
Citado pelo jornal Ou Mun, José Chui Sai Peng lembrou que a questão da central nuclear, a apenas 67 quilómetros de Macau, tem vindo a gerar preocupação junto da população. “A energia é importante para o desenvolvimento sustentável, mas tanto a entidade de supervisão como o Governo local devem levar em consideração todas as questões de desenvolvimento e segurança”, referiu o deputado.
Lam U Tou admitiu que é difícil viver sem energia nuclear, lembrando que é uma energia mais barata e com poucas restrições, apesar dos riscos que a sua produção acarreta.

6 Jun 2016

Nuclear | Cinco centrais a funcionar ou em construção ao largo de Macau

É notória a agitação que tem andado nas redes sociais por estes dias devido à nova central nuclear de Taishan, que agora se descobriu ter componentes de qualidade duvidosa. Mas Macau está cercada de centrais e uma delas, em Shenzhen, já registou três incidentes só este ano. Quatro delas, diz um especialista, estão a uma distância perigosa. O Governo diz estar atento e ter um “plano de contingência”, mas não explica qual

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]semana passada saíam notícias de um incidente menor na central nuclear de Ling’Ao (a 110 km de Macau), que seria já o terceiro desde o início do ano. Entretanto, começou a rebentar nova polémica com a construção da futura central nuclear de Taishan, esta bem mais perto de Macau (a 67km), por causa de um componente defeituoso do reactor. Mas o território não tem à sua volta apenas estas duas estruturas – há mais três a funcionar ou a preparar-se para tal, o que leva ambientalistas a questionarem-se sobre a forma como pode ser tratado um acidente de grande dimensão.
Em Taishan as notícias de problemas sucedem-se. De acordo com o contrato publicado pelo fornecedor do reactor, um grupo multinacional francês especializado em energia nuclear com sede em Paris chamado AREVA, o vaso de pressão numa das unidades da central foi feito no Japão em vez de ser fabricado em França, como se acreditava anteriormente. Peças-chave de outra unidade, a número dois, incluindo o vaso de pressão do reactor, foram fabricadas inteiramente na China. A revelação surpreendeu especialistas, com alguns a dizerem que os componentes fabricados no continente representam uma ameaça para a segurança.
A central nuclear de Taishan é financiada conjuntamente pela China Guangdong Nuclear Power Group (CGN) e pela Électricité de France (EDF). Quando estiver construída será considerada das mais avançadas do mundo ao utilizar tecnologia de terceira geração, o “Reactor Europeu Pressurizado” (EPR). Estes novos reactores possuem um sistema de retenção em caso de derretimento do núcleo e uma protecção de parede de camada dupla, permitindo-lhe resistir a impactos de aviões e reduzir o risco de fugas de radiação no caso de um acidente.

No melhor pano cai a nódoa

Apesar dos avanços tecnológicos, em Abril passado, a Autoridade de Segurança Nuclear Francesa (ASN) descobriu excessos de carbono no vaso de pressão de uma central com o sistema EPR em Flamanville, França, com riscos de derrame radioactivo. Um relatório da ASN dizia que o vaso de pressão da central nuclear de Taishan tinha sido produzido pela Creusot Forge, uma subsidiária do grupo francês AREVA. No entanto, informações contratuais públicas da AREVA revelam que as peças foram produzidas pela Mitsubishi Heavy Industries em Kobe, Japão, e enviadas para Taishan, via Hong Kong, em 2011.
Mas os japoneses também não são à prova de risco. Vários documentos descobertos pela FactWire revelam que os vasos de pressão de fabricação japonesa também têm riscos de segurança.

Made in China? Hum….

Entretanto, a subsidiária da Dongfang Electric Corporation Dongfang (Guangzhou) Heavy Machinery Company assinou um contrato com a Areva em Junho de 2009. A construção do vaso de pressão foi iniciado em Dezembro de 2009, entregue pela fábrica em Nansha, Guangzhou, e seguiu para Taishan a 22 de Outubro de 2014.
Este facto nunca tinha sido divulgado. Mesmo quando a subsidiária da CGN, foi listada na bolsa de valores de Hong Kong, em Dezembro de 2014, não houve qualquer menção à China como fabricante das peças-chave da Unidade 2 da central de Taishan.
“Não sabia que a China era capaz de produzir um recipiente de pressão”, disse o professor Woo Chung-ho, um ex-cientista sénior na Atomic Energy of Canada. “Este componente é muito especial, é grande. Cada passo no processo de fabrico requer um controlo rigoroso. A soldadura do recipiente de pressão é altamente complexa, porque é muito grossa e deve ser capaz de resistir a alta pressão, levantando problemas graves de segurança. ”
Entretanto, o engenheiro Albert Lai Kwong-tak da Professional Commons que esta semana já tinha dito que o principal problema de segurança nas centrais nucleares é a complacência, veio agora dizer à imprensa que o facto da China ter produzido os principais componentes da Unidade 2, incluindo o vaso de pressão, levantou preocupações de segurança graves.
“A AREVA tem tido vários problemas com a qualidade do produto, mesmo com a falsificação de testes de controlo de qualidade, que a China negligenciou completamente quando recebeu os componentes”, disse Lai. “Isso mostra que a China carece de poder regulador real e sempre confiou nas medidas de segurança realizadas pelos franceses.”
Segundo Lai, a China importa tecnologia nuclear francesa, com o objectivo final de vir a produzir reactores nucleares avançados. Mas, “como as datas de lançamento das Unidade 1 e 2 em 2017 estão apenas separadas por meio ano, não têm tempo para dominar a tecnologia”.

Quatro perigosas

Ling’Ao, a central que registou os três incidentes este ano, e Daya Bay, que envia 80% do que produz para Hong Kong, ficam uma ao lado da outra a 110 KM de Macau em linha recta. Taishan, ainda em construção, é a mais próxima, a 67km, e depois existem ainda as centrais de Yangjiang (a 141 km) e Lufeng (a 240 km).
Sem contar com futuras centrais, Macau tem pelo menos quatro a distâncias consideradas perigosas, como diz Frances Ieung, analista sénior da Greenpeace Hong Kong.
“Veja o caso de Fukushima, o próprio responsável da central disse que em caso de um derramamento sério, até Tóquio, que fica a 160km, teria de ser evacuado e aqui com duas centrais à porta, o Governo [da RAEHK] diz-nos que em caso de acidente apenas algumas áreas de Hong Kong teriam de ser evacuadas. Não dá para acreditar nos planos de contingência, nem na nossa segurança”.

Governo atento, mas lacónico

Em Macau, o Governo fez sair ontem uma nota de imprensa através do Gabinete do Secretário para a Segurança, onde diz “estar atento ao assunto” e refere a existência de um “plano de contingência” desenvolvido em 1995 e revisto em 2011. Mas não diz quais os contornos desse plano.
O HM quis saber junto do Gabinete de Wong Sio Chak dados mais concretos sobre o “plano de contingência” mas, até à hora de fecho desta edição, não nos chegou qualquer resposta.
“Será que existe um plano de emergência para a população de Macau? Há algum local onde nos possamos esconder?”, preocupa-se Joe Chan, presidente da Associação Juventude Verde de Macau, que espera mais iniciativa da parte do Governo, apesar de reconhecer que, em termos de definição de política energética no continente, o Executivo local tem uma capacidade limitada.
“Há quatro anos entregámos uma carta ao Chefe do Executivo a demonstrar a nossa preocupação mas o Governo de Macau não pode ter uma política activa neste assunto porque é um assunto do continente”, diz, assegurando que vai alertando para a necessidade do território ter um papel mais activo no processo. “Nem sabemos quantas mais se vão construir nos próximos dez anos”, diz Joe Chan, aproveitando ainda para dizer que “nuclear não é solução”. Opinião partilhada por Frances Ieung, com ambos a recomendarem poupanças e o recurso a fontes alternativas de energia. “Para mim estamos apenas a testar um novo modo de suicídio” resume Joe Chan.
Opinião diferente tem Cecilia Nip, Directora do Gabinete de Comunicação e Relações Públicas da CEM, que entende ser importante a solução nuclear, pois, explica, “é necessário termos diversas fontes de produção energética no mix. Não podemos depender de apenas uma”.
No caso de Macau, contrariamente a Hong Kong, não é possível perceber se a energia consumida localmente é, ou não, nuclear pois, elucida Nip “importamos cerca de 80% da energia da China mas directamente da rede pelo que não é possível determinar a fonte”.

China activa

Nos últimos anos, a China tem vindo a promover activamente no mercado internacional a tecnologia nuclear desenvolvida pelo Estado. A China National Nuclear Corporation vendeu com sucesso um reactor nuclear de terceira geração ACP-1000 ao Paquistão, tornando-se a primeira exportação de energia nuclear da China. A Turquia comprou quatro reactores nucleares de CGN em Novembro de 2014. No mesmo mês, quando o presidente chinês Xi Jinping visitou o Reino Unido, a CGN assinou um acordo de investimento com a Électricité de France no EPR de Hinkley Point, Sizewell, e para as centrais nucleares de Bradwell, onde deverão ser empregues a terceira geração de reactores nucleares Made in China, os Hualong-1. O projecto provocou manifestações públicas na Grã-Bretanha.

31 Mai 2016

Biogás | Especialistas descrentes na produção de energia

O Governo quer avançar com produção de energia com recurso a resíduos alimentares, mas necessita de um terreno. Especialistas não acreditam no plano

[dropcap style=’circle’]R[/dropcap]aymond Tam, director dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA), revelou numa entrevista ao jornal All About Macau que o organismo vai analisar a possibilidade de produzir energia biogás recorrendo aos resíduos alimentares garantindo que para atingir esse objectivo vai ser necessário um terreno com cerca de 20 mil metros quadrados.
Raymond Tam confirmou que, no final do ano passado, a DSPA recebeu o relatório referente ao estudo dos resíduos alimentares, o qual foi elaborado por uma empresa de consultadoria em 2014. O relatório sugere ao Governo o uso dos resíduos alimentares para a produção de energia biogás, sendo essa viabilidade elevada. O documento também refere que esse projecto pode ajudar a diminuir a pressão da Central de Incineração de Resíduos Sólidos de Macau.
Responsáveis de associações ambientais disseram ao HM que não consideram a ideia científica por não existirem terrenos suficientes nem a tecnologia apropriada para esse projecto. Ho Wai Tim, director da Associação de Ecologia de Macau, apontou que a medida pode não agradar aos residentes.
“Não se optou pela produção de energia a biogás no passado porque o Governo não quis ocupar recursos preciosos como os terrenos, já que estes estão destinados à habitação pública. Se for preciso um terreno de 20 mil metros quadrados não temos escolha, só poderá ser um terreno para resíduos”, apontou.
Ho Wai Tim afirmou que, nos últimos cinco anos, a DSPA tem promovido o uso de equipamentos de tratamento de resíduos alimentares em escolas, hotéis e mercados, onde os resíduos são tratados nos sítios onde são produzidos. O director da Associação de Ecologia de Macau prefere que se adoptem outras medidas.
“Será que só é viável porque é a empresa de consultadoria que diz? A DSPA considera isso mesmo viável? Penso que a ideia do director não é científica nem prática”, acusou.

Das consequências/h4>
Ho Wai Tim disse que a máquina de destruição de resíduos alimentares na central de incineração também não está a usar a tecnologia de biogás, duvidando que a ideia tenha sido apresentada “apenas porque o novo director lidera os trabalhos”. Ho Wai Tim disse considerar a mudança “demasiado flexível”, defendendo que a energia a biogás irá trazer maus cheiros e afectar a população.
Chang Kam Pui, director da Associação de Protecção Ambiental e Gestão de Macau, explicou que cada país tem diferentes modelos tecnológicos para produzir energia a biogás, pedindo ao Governo para analisar a tecnologia mais adequada para o território.
O responsável considera que a disponibilidade de um terreno de 20 mil metros quadrados vai depender do planeamento dos novos aterros. Contudo, Chang Kam Pui não está optimista quanto a esta questão, já que a falta de areias tem levado a atrasos na zona A.

Raymond Tam despreocupado com aumento de resíduos

Na mesma entrevista ao jornal All About Macau, o director da DSPA disse que não se preocupa com o problema da saturação na Central de Incineração de Resíduos Sólidos, considerando que o volume de resíduos poderá diminuir pelo facto da economia estar numa fase de abrandamento. A DSPA está, contudo, a estudar o aumento da capacidade da central, para que o volume máximo de tratamento chegue às duas mil toneladas.

10 Mai 2016

Macau | Presença portuguesa é “anacrónica”, diz Pacheco Pereira

Para o político e historiador português, a presença portuguesa em Macau é “anacrónica”, por depender de um tempo histórico, mas deve ser aproveitada pelo Governo local, porque “não dá dinheiro, mas dá mundo”. José Pacheco Pereira critica ainda a entrada de capitais chineses na REN

[dropcap style=’circle’]F[/dropcap]oi o rosto que abriu a 5ª edição do festival literário Rota das Letras e confessa que a Macau que viu nada tem a ver com aquela que conheceu quando veio, com Jorge Sampaio, inaugurar o Centro Cultural de Macau. José Pacheco Pereira, político e historiador, revela, em entrevista, que a presença portuguesa em Macau depende da história, mas deve ser valorizada.

“Quando vimos de fora, é evidente que quando olhamos para a presença portuguesa, vimos que ela é anacrónica. Não há mal nenhum nisso. Ela é anacrónica no sentido em que está presa a um momento histórico e sobrevive pelo seu valor cultural e histórico. Mas isso não é só em Macau, noutras circunstâncias também, como em Goa, por exemplo”, disse ontem à margem de uma palestra na Universidade de Macau.

Para Pacheco Pereira, cabe ao Governo local aproveitar as vantagens dessa presença portuguesa. “Um Governo consciente gosta da diferença. É evidente que ser a capital do jogo dá dinheiro. Esta diferença não dá dinheiro nenhum, mas dá mundo. E isso é uma coisa com valor”, apontou.

O político e historiador, que também enveredou pela escrita com a biografia de Álvaro Cunhal, falou ainda do facto de Portugal ter deixado de apostar na diplomacia cultural e linguística. “Aceitámos a perda de importância do português em muitos países onde tinha cátedras e em que era ensinado como primeira língua. Desinvestimos no Instituto Camões, nos leitorados e nas universidades, e substituiu-se isso com a ideia de que a diplomacia económica iria resolver a influência cultural. Não resolve. É importante, mas depende muito de conjunturas externas. A influência cultural é um factor muito importante”, apontou.

Os problemas na China

Referindo que a China é “uma experiência única sem nenhum paralelo”, José Pacheco Pereira considerou que a permanência de uma economia capitalista “necessariamente irá gerar tensões sobre o sistema político”.

“Quando olho para a China, penso que mais cedo ou mais tarde esta situação não é sustentável. O crescimento económico, a vinda de pessoas para as cidades, a reivindicação de direitos do trabalho, gera de facto alguma tensão política que não se resolve apenas com o crescimento económico. Mais cedo ou mais tarde haverá um problema político na China, porque o crescimento económico não pode continuar sem que mude o modelo da sociedade. Ao mudar o modelo da sociedade muda o modelo político”, apontou.

Pacheco Pereira falou ainda dos investimentos chineses que têm sido feitos em Portugal, criticando a entrada de capitais na Rede Energéticas Nacional (REN), pelo facto da rede eléctrica ser “um activo estratégico”.

“Ninguém admitia que há dez anos a Energias de Portugal (EDP) ou companhias de seguras fossem chinesas, e isso é uma diferença drástica. Quando falamos sobre globalização normalmente falamos da China, mas ainda assim há muita ignorância sobre a situação concreta da politica chinesa, a não ser da circunstância de que uma parte importante de Portugal foi comprada por empresas, algumas estatais, da China”, lembrou.

Pacheco Pereira considerou ainda que a crise económica tornou Portugal um país mais virado para si mesmo. “Vivemos muito dominados pelos problemas da dívida pública e pelos problemas de anos de ajustamentos. Isso funciona como uma barreira na nossa relação com o mundo, e nestes últimos anos tornamo-nos mais paroquiais. A crise económica atirou para fora de Portugal um conjunto de gente qualificada, muito jovem, e ao mesmo tempo tornou-nos mais paroquiais e menos cosmopolitas”, rematou.

Instrumentos para Direito

Confrontado com o caso do regresso dos magistrados portugueses a Portugal, Pacheco Pereira defendeu que o país deve apoiar os mecanismos que permitem a manutenção do Direito de Macau. “Gabamo-nos de ter deixado o Direito, mas depois temos de deixar instrumentos para que esse Direito se mantenha. Mas não conheço o caso”, frisou.

Vistos Gold sem influência

José Pacheco Pereira acredita que o caso dos Vistos Gold não vai influenciar as relações entre Portugal e a China, muito menos levar ao fim da política. “Não porá em causa o mecanismo, poderão ser feitas alterações na forma como se desenvolve. Como o grosso dos investimentos foi feito no imobiliário de luxo, foi bom para as agências que trabalham nessa área, mas não há praticamente investimento noutras áreas. O processo irá normalizar-se e não virá um problema de eventuais conflitos com a China”, disse.

8 Mar 2016

À espera do gás natural

A CEM registou mais procura de electricidade devido à construção de novas infra-estruturas em Macau e na Ilha da Montanha e por causa da abertura das fronteiras 24 horas. A empresa diz ser necessário diversificar o fornecimento, mas continua a ter de importar quase 90% da energia por não ser abastecida com gás natural

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] Companhia de Electricidade de Macau (CEM) continua a ter de importar a maior parte da sua energia, devido à falta de fornecimento de gás natural pela empresa contratada para o efeito, a Sinosky. De acordo com o relatório anual da CEM, publicado ontem em Boletim Oficial, a procura e o consumo de energia aumentaram em 2014 e a empresa diz ser preciso diversificar o fornecimento.

O relatório, correspondente ao ano passado, indica que “apesar de Macau ter sentido um abrandamento económico no final do ano, o consumo de energia aumentou 6,1%”. Isto fez com que a utilização de electricidade atingisse um valor recorde, de 4677 GWh, muito devido às novas infra-estruturas em Macau e na Ilha da Montanha e à possibilidade de se cruzar a fronteira a tempo inteiro.

“Devido ao contínuo aumento de visitantes ocasionado pela implementação do acordo de funcionamento da fronteira 24 horas, em vigor desde o final do ano passado, a inauguração do novo campus da Universidade de Macau na Ilha de Hengqin, o lançamento de múltiplos projectos de entretenimento e a mudança para o complexo habitacional social de Seac Pai Van, [o consumo aumentou] e o pico da procura também subiu em 10,3%”, pode ler-se no relatório.

O que faz falta

[quote_box_right]A CEM continuou a depender largamente da importação de energia para manter o fornecimento ao longo do ano”, pode ler-se no relatório, que indica ainda que as importações totalizaram 87,6% do fornecimento total, atingindo um “novo recorde histórico de 4099 GWh”[/quote_box_right]

A empresa assegura ter conseguido manter um bom nível de serviço e ter superado todos os objectivos contratuais, “em termos de todos os indicadores-chave de desempenho”. O que ainda falta, contudo, é a produção própria, que a empresa não consegue ter.

“O fornecimento de gás natural ainda não foi oficialmente retomado, exceptuando uma disponibilidade temporária entre Maio e início de Setembro, durante um teste num campo de gás. Consequentemente, a CEM continuou a depender largamente da importação de energia para manter o fornecimento ao longo do ano”, pode ler-se no relatório, que indica ainda que as importações totalizaram 87,6% do fornecimento total, atingindo um “novo recorde histórico de 4099 GWh”.

Recorde-se que a Sinosky, concessionária do contrato de importação de gás natural para Macau, ainda não retomou o abastecimento de gás natural à CEM. De acordo com informações prestadas pelo Gabinete de Desenvolvimento do Sector Energético (GDSE) o ano passado, desde 2011 que o abastecimento está suspenso, não havendo prazos para a sua reactivação. Contudo, a intenção da CEM em produzir energia eléctrica a partir de gás natural mantém-se.

Recorde-se que o Governo negou já ter dado autorização para a rescisão do contrato com a Sinosky, conforme avançado pelo HM, mas admite que essa é uma hipótese em cima da mesa, já que as negociações não têm corrido bem.

Diversificar é preciso

No ano passado, a CEM investiu 539 milhões de patacas na melhoria e expansão da rede de transporte e distribuição, mas a empresa sublinha que é preciso diversificar. “Para fazer face à procura futura de energia eléctrica e assegurar um fornecimento estável, é crucial a diversificação do fornecimento. Em linha com o objectivo do Governo de desactivar a Central Térmica de Macau, a CEM vai continuar a negociar com o Governo para substituir algumas unidades de geração a Diesel, obsoletas e ineficientes, por unidades de geração de turbina a gás de ciclo combinado, mais ecológicas e eficientes, para manter a capacidade de geração de energia de Macau”, escreve-se no relatório.

Em termos operacionais, a CEM conseguiu aumentar “os seus resultados líquidos” 4,7% desde 2013, totalizando 608 milhões de patacas. O relatório aponta que também a base de clientes aumentou ligeiramente, em 2%, para 243.888 entidades. As vendas totais de electricidade e os lucros também cresceram 5,6% e 6,1% comparativamente a 2013, estes últimos 5916 milhões de patacas.

O preço de importação aumentou cerca de 1,6% em média desde 2013, devido à valorização do yuan, mas a empresa conseguiu manter as mesmas tarifas para os clientes de habitações com a ajuda do subsídio do Governo, que atingiu os 142 milhões de patacas em 2014.

11 Jun 2015