Caritas | Apoio alimentar ajuda 1.000 pessoas a contornar a fome

Entre quem está desempregado há vários meses, em situação de layfoff ou perdeu o trabalho nas últimas semanas devido às restrições anti-epidémicas, o programa de ajuda alimentar da Caritas apoia cerca de 1.000 pessoas que estão a passar fome ou em dificuldade. Paul Pun, acredita que o número vai aumentar em breve e que haverá sempre forma de ajudar quem precisa, mesmo que as restrições pandémicas coloquem entraves

 

O secretário-geral da Caritas Macau, Paul Pun revelou que o programa de ajuda alimentar do organismo, “Food Sharing Project”, apoia actualmente cerca de 1.000 pessoas que estão a passar fome ou a atravessar dificuldades excepcionais inerentes à pandemia. Além disso, com a agravante das restrições anti-epidémicas das últimas semanas, que incluíram um confinamento parcial da cidade, e apesar da urgência humanitária da situação, a ajuda tem de ser feita “discretamente” e sem aglomerações e, por isso, é necessário recorrer a marcações para evitar filas de espera.

Entre os grupos que têm pedido ajuda, explicou Paul Pun ao HM, está um conjunto de cerca de 150 pessoas “desesperadas” e “a necessitar de atenção urgente”, dado estarem desempregadas há mais de dois meses, um outro grupo composto por várias centenas de pessoas que ficaram sem trabalho nas últimas semanas devido à imposição de restrições e, por fim, um terceiro grupo de pessoas “relativamente seguras” a nível financeiro, forçadas a entrar em regime de licença sem vencimento durante o confinamento parcial, mas que não perderam o trabalho.

A maioria dos pedidos de ajuda são trabalhadores não-residentes (TNR) que “estão a pedir pão” ou outros bens essenciais como leite em pó ou fraldas, mas também há residentes de Macau, geralmente idosos que estão em zonas amarelas que “não sabem o que fazer e não têm ninguém que os ajude”. Contas feitas, os primeiros dois grupos, com necessidades mais urgentes, contabilizam, no total, 800 pessoas, sendo que as restantes 200 pessoas pertencem ao grupo menos urgente. No ano passado, o número total de pessoas que pediram auxílio à Caritas chegou a ser de cerca de 2.000, mas, devido aos voos de repatriamento, o número caiu drasticamente.

“Aqueles que estão a passar fome fazem parte do primeiro grupo. As pessoas do segundo grupo também estão muito ansiosas, porque não têm rendimentos a curto prazo. As pessoas do terceiro grupo têm salário, mas não tiveram rendimentos nas últimas semanas e, por isso estão relativamente seguras. No entanto, o problema é não terem dinheiro suficiente para enviar também algum para casa”, explicou o responsável.

Contudo, tendo em conta as restrições ainda em vigor devido ao chamado “período de consolidação”, a ajuda apenas pode ser dada mediante marcação, com a prioridade canalizada, maioritariamente, para as 800 pessoas em situação mais urgente. Outro dos constrangimentos destes dias é o facto de ter sido impossível fornecer pão diariamente, durante duas semanas, a quem precisa, dado que a sua entrega esteve condicionada.

“Neste momento, a grande preocupação de todos é que há muitas pessoas a passar fome. Se estiverem a passar fome, essas pessoas podem vir ter connosco entre as 16h-20h [na Avenida do Coronel Mesquita Nº17] ou ligar a qualquer hora. Mesmo que a porta esteja fechada, a janela está aberta. Temos de fazer isto para que não se formem filas grandes à entrada do nosso espaço”, conta Paul Pun.

“Temos de fazer isto de forma discreta [devido às restrições]. Apesar de estarmos a dar coisas que as pessoas precisam urgentemente, não queremos desiludir quem nos pede ajuda e, se não podemos dar hoje, damos amanhã. Por isso, estamos a pedir às pessoas que façam marcações para vir aqui, em vez de, simplesmente, aparecerem”, acrescentou.

Filhos e enteados

Neste contexto, Paul Pun fez ainda referência ao facto de durante o dia de ontem “a maioria dos bancos ter enormes filas à porta” e, socialmente, isso não ser visto como um problema, ao contrário daquilo que poderia acontecer caso os TNR fizessem filas para receber ajuda alimentar.

“A sociedade não iria aceitar ver os trabalhadores estrangeiros a fazer fila à porta das nossas instalações para poder comer. As pessoas achariam errado. Mas num banco, apesar de muitas pessoas estarem aglomeradas e à espera durante muito tempo e com uma distância inferior a um metro, não há queixas. Aqui, bastaria acontecer uma vez para começarem a tirar fotografias e a criticar o que estávamos a fazer”, apontou.

O secretário-geral da Caritas deu ainda nota de que “há menos pessoas a fazer doações”, dado estarem agora “mais preocupadas com a sua própria subsistência”. Paul Pun considera ainda que o número de pessoas que estão actualmente a pedir ajuda de forma regular à Caritas “vai aumentar devido aos efeitos da pandemia”.

Sobre a medida, entretanto cancelada, que obrigava todos os nacionais filipinos a fazer testes de ácido nucleico diários, Paul Pun disse lamentar a forma como a situação foi enquadrada e que existiriam “maneiras melhores” de fazer com que a comunidade colaborasse mais com o trabalho de prevenção epidémica e a sentir-se melhor, através da oferta de contrapartidas e explicações mais “convincentes e científicas”, visando essencialmente o seu bem-estar em termos de saúde pública.

25 Jul 2022

Cáritas recebeu mais de 4 mil pedidos de ajuda

O secretário-geral da Cáritas, Paul Pun, revelou que a linha para serviços de prevenção do suicídio da Cáritas recebeu mais de 4.000 pedidos de ajuda nos primeiros quatro meses deste ano. Este é um registo que o responsável diz ser superior a qualquer outro, mesmo durante o pico da pandemia.

Segundo o jornal Ou Mun, Paul Pun indicou a maior parte dos pedidos são referentes as pessoas do sexo feminino, que, segundo o responsável, estão mais dispostas a procurar ajuda do que a população masculina. Por isso, Paul Pun alertou para a necessidade de a comunidade estar atenta e encorajar a população masculina a procurar ajuda emocional.

Numa altura em que os casos de suicídio aumentam a cada dia que passa, o secretário-geral da Cáritas apelou para que se desenvolva uma maior espírito de entreajuda, principalmente entre familiares, amigos e vizinhos, de forma a evitar estados emocionais com desfechos “infelizes”.

Para lidar com uma situação que considerou alarmante, Pun defendeu a criação de mais serviços de apoio psicológico ao domicílio, por considerar que são uma forma conveniente de lidar com este problema social.

Slogans nos edifícios

Por seu turno, o vogal da Comissão de Prevenção e Controlo das Doenças Crónicas, Lao Chan Fong, considerou que Macau deve seguir as estratégias de prevenção de suicídio da Organização Mundial da Saúde.

Entre as sugestões, Lao considerou que devem ser afixados slogans e informações para pedido de ajuda nos últimos andares dos edifícios, além de materiais publicitários com histórias de pessoas que ultrapassaram estados emocionais negativos.

Ao mesmo tempo, Lao considerou que se pode constituir uma base de dados com informações de quem sofre com problemas psicológicos, para saber como lidar com as situações e poder fornecer apoio emocional.

Também o deputado Nick Lei, defendeu que o Governo deve adoptar medidas mais concretas, como mais consultas de tratamento e aconselhamento sobre problemas mentais.

Caso tenha pensamentos suicidas e necessite de auxílio pode ligar para o Serviços de Auxílio da Cáritas, através do número 2852 5222, em chinês, ou 2852 5772, em inglês.

4 Mai 2022

Paul Pun, secretário-geral da Caritas Macau: “A economia não pode ser a única prioridade”

O secretário-geral da Caritas considera que o progressivo retorno à normalidade pode ser a chave para lutar contra a degradação da saúde mental da população. No primeiro semestre de 2021 a Caritas recebeu 5.713 chamadas devido a problemas emocionais. Sobre o contexto político, defende que os residentes têm de “descortinar novas formas de contribuir para o futuro”

 

Disse que um novo surto covid-19 podia levar a população a atingir “o maior pico de instabilidade emocional da história”. Quão frágil está a saúde mental dos residentes?

Antes da pandemia a situação da saúde mental de Macau era consideravelmente boa, comparando com outras regiões do mundo. O estilo de vida em Macau não acarreta muita pressão e é normalmente descontraído. A taxa de desemprego era baixa e o apoio mútuo na comunidade era forte. Normalmente os idosos enfrentam muitas situações adversas ao nível da saúde mental em todo o mundo, mas, do meu ponto de vista, aqui em Macau os idosos gozavam de boas condições antes da pandemia de covid-19. A razão para isto acontecer está relacionada com o facto de se apoiarem uns aos outros, de existirem boas relações de vizinhança e bons planos de apoio social. Mas, passado o primeiro mês desde o início da pandemia de covid-19 em Fevereiro de 2020, a situação começou a piorar até agora. As pessoas não conseguem arranjar trabalho, estão a enfrentar uma crise financeira e têm de suportar esse novo desafio. Durante um, dois ou três meses, tudo bem, as pessoas aguentam, mas, passado meio ano ou um ano, a situação começa a ficar difícil.

Do contacto que tem no terreno quem está a sofrer mais neste momento?

São as pessoas responsáveis pelo ganha-pão, ou seja, pelo suporte da família. Estou a falar de pessoas de meia idade, entre os 40 e os 60 anos, que estão a sofrer uma grande pressão e têm dificuldades em arranjar trabalho. A taxa de desemprego foi de 3,9 por cento em Julho e em Agosto foi de 2,9 por cento, o que revela melhorias. No entanto, a grande questão aqui é a incerteza. Como vamos recuperar de forma a voltar a viver uma vida normal? Penso que a resposta está na mentalidade, ou seja, na forma como as pessoas se veem a si próprias e a situação em seu redor. Actualmente tudo à volta parece uma infindável lista de aspectos negativos. No entanto, mesmo que não consigamos ver coisas positivas a acontecer, pelo menos, é possível não nos sobrecarregarmos apenas com factores negativos.

Como é que essa conjugação de factores contribui para afectar a saúde mental dos residentes?

As pessoas que não conseguem atribuir um sentido à sua vida, consideram que quem decide o seu futuro é o destino. Uma mentalidade errada pode causar danos na capacidade para trabalhar, criar condições para uma boa vida familiar, trabalhar ou cultivar relações com colegas e outras pessoas. Sobre o estado mental da população de Macau, uma coisa é certa. O que podemos fazer é compreender-nos uns aos outros, ajudar os elementos que compõem a sociedade de Macau a compreenderem-se uns aos outros e, especialmente, a compreender-se a si próprios. Desta forma, é possível lidar com as pessoas que estão a sentir muita pressão, deprimidas ou afectadas por outros factores do foro psicológico.

Quantas pessoas solicitaram ajuda à Caritas devido a problemas emocionais ou mentais?

Entre Janeiro e Junho de 2021 recebemos 5.713 pedidos de ajuda no nosso serviço de apoio telefónico disponível 24 horas por dia. Destas, 142 chamadas estava relacionadas com tentativas de suicídio. Além disso, 39 pedidos de ajuda foram de jovens e 15 estavam relacionados com questões emocionais.

Recentemente uma estudante de 16 anos cometeu suicídio. De que forma a pandemia está a afectar a saúde mental dos jovens?

Acredito que um dos factores tem a ver com as escolas e o ambiente envolvente. Os jovens, além de terem de responder em termos académicos, têm a pressão dos pais, pares e amigos. Os adolescentes que não têm uma boa saúde mental não conseguem, por exemplo, dormir bem, viver uma vida normal e têm tendência para sofrer de doenças mentais, depressões ou esquizofrenia. Se não descansam o tempo necessário e não têm uma vida normal que inclua desporto, por exemplo, essas pessoas correm mais riscos de ver a sua saúde mental afectada. Para alguns jovens, quando chega a época de exames, e não conseguem obter bons resultados ou os pais colocam muita pressão nesse sentido, a escola acaba por lhes trazer sentimentos negativos. Da minha experiência, são principalmente factores associados à saúde que afectam os que acabam por cometer ou tentar cometer suicídio.

O Governo devia considerar relaxar algumas medidas anti-epidémicas para transmitir esperança à população? Até que ponto isto pode ser importante?

Se turistas puderem vir a Macau isso significa que estamos progressivamente a voltar à normalidade e terá um claro impacto no nosso bem-estar. Se nós, residentes de Macau, podermos viajar para outros destinos, claro que isso contribui para reduzir tensão. No entanto, se não podemos ir a lado nenhum, podemos, pelo menos, mudar de ambiente com alguma frequência e circular entre Macau, a Taipa e Coloane para termos actividades sociais diferentes. Recuperar algumas actividades organizadas por instituições como escolas e lares que foram suspensas devido à pandemia também é importante. Voltar à vida normal é uma forma de reduzir a tensão. Muitas pessoas não conseguiram ainda descobrir como podem viver sem viajar. Eu, por exemplo, posso. Se estiver sentado aqui a ouvir música ou a falar com outras pessoas [consigo viajar]. Mas nem toda a gente é capaz de fazer isto. O relaxamento de medidas irá levar a uma vida mais normal e isso pode contribuir para uma vida mais saudável.

De que forma a pandemia está a afectar os trabalhadores não residentes?

Temos um serviço de distribuição de comida desde Setembro de 2020, dedicado aos migrantes [TNR] que perderam o emprego e têm dificuldades em continuar a viver em Macau. O Governo tem diminuído o número de TNR com contrato e, por isso, todos os meses temos em Macau 900 pessoas que não podem arranjar emprego ou não conseguem regressar aos países de origem. Como é que estas pessoas sobrevivem em Macau sem salário? Se nos países de origem já não tinham condições de dar dinheiro à família, agora em Macau também não. Por isso, acho que devemos pensar em formas de dar mais apoio financeiro [que lhes permita enviar dinheiro para casa]. Não nos podemos esquecer que este grupo tem dado um contributo positivo à sociedade. Quando o Governo anunciou o plano de testagem em massa, estas pessoas acederam, contribuíram e respeitaram sempre as regras de prevenção epidémica.

Diariamente, a Caritas presta apoio a quantas pessoas?

Pelo menos 2.000 recorrem aos nossos serviços diariamente. Maioritariamente têm entre 30 e 40 anos, já que os mais jovens tiveram mais facilidade em manter o emprego. No final de 2020, tínhamos a nosso cargo cerca de 1.000 pessoas, esse número duplicou. Entre Fevereiro e Julho de 2020 estávamos a acompanhar menos de 100 casos, porque essas pessoas, apesar de não terem trabalho não precisavam de ajuda. Mas agora acompanhamos 2.000 casos. Ou seja, passámos de 35 para 1.000 e agora 2.000.

Porque decidiu deixar o cargo de director da Escola São João de Brito?

Como a escola tem 35 anos é uma altura bastante indicada para deixar o cargo. Além disso a Caritas tem 70 anos e estamos numa altura em que se completa um ciclo. Outro factor é a entrada em vigor de uma lei que diz que não é possível acumular, como tenho feito até agora, os cargos de director e representante legal da escola. Por isso, dado que canalizo principalmente as minhas preocupações para as pessoas mais necessitadas e, tendo de escolher uma das funções, optei por ser o representante da escola e dedicar-me mais à Caritas. Desta forma posso continuar ligado à educação, mas não sou o director. Além disso, esta é a altura ideal para ajustar o meu foco no trabalho da Caritas.

Sente que em Macau as preocupações financeiras estão em primeiro lugar?

Sim e isso pode ser um problema. A economia e as finanças são temas importantes que são normalmente colocadas no topo das prioridades. No entanto, da forma como eu vejo a questão, a economia é apenas uma parte dos elementos importantes na nossa vida. Sem bons valores, respeito pelos outros, preocupações ambientais e sem cuidar da comunidade, a economia não pode estar no topo das prioridades.

No passado, chegou a ser candidato à Assembleia Legislativa. Como viu os tópicos abordados pelas listas nas últimas eleições?

Quando concorri às eleições legislativas, o meu tópico principal não estava ligado à economia, mas passava mais por transmitir as ideias de amor e paz que, convenhamos, não são bons tópicos para quem está a concorrer às eleições. Nessa altura, em 2001, estava a promover a ideia de cuidar melhor dos trabalhadores migrantes, uma fatia da população que não vota. Promovi também a necessidade de cuidarmos melhor dos doentes mentais e das pessoas com baixos salários. As 14 listas de candidatura tiveram a sua própria agenda e deram prioridade a convencer os votantes a ir às urnas. Respeito todos os que têm vontade de contribuir para a nova legislatura e, naturalmente, o tópico principal foi a economia.

É preciso falar de amor com mais frequência?

Quando digo amor, não estou a falar na perspectiva da caridade. Para mim, se eu fosse o Governo, falar de amor deveria significar que me preocupo com os cidadãos, como se fossem meus filhos. Os filhos não precisam dizer aos pais do que precisam, pois se eu fosse o pai teria a capacidade de sentir as suas necessidades. Quando falo de amor, falo na capacidade de identificar e sentir as necessidades das pessoas. Durante a pandemia, aquilo que a sociedade de Macau precisa, muito provavelmente, são empregos. Mas, se pensar mais a fundo diria que repensar as políticas sobre a covid-19 seria uma necessidade maior. Por exemplo, pensar se não se deveria abrir as fronteiras à entrada de pessoas provenientes de alguns países para que a economia pudesse ser ligeiramente diferente. Ou, por exemplo, não havendo restrições para quem entra das províncias vizinhas, discutir mais a fundo essa possibilidade com Hong Kong. Se eu fosse o pai, esta era a maneira como sentiria as necessidades das minhas crianças. Quando nos preocupamos, estamos a colocar em prática o amor. O que quero dizer é que, se não tenho janelas em casa, não preciso de me mudar para uma casa nova com janelas, mas, pelo menos, mostro ao meu filho ou à minha filha que estou preocupado com eles e que um dia vamos passear ao jardim.

Em que se materializava a paz que propunha?

No dia do ataque às torres gémeas em Nova Iorque, estava nos Três Candeeiros a fazer campanha eleitoral e ouvi alguém a dizer que as torres tinham caído. De imediato parámos tudo para pensar nas vítimas dos ataques. Quando falo de paz, quero dizer que na Assembleia Legislativa, apesar das discordâncias dos deputados e dos ataques, é preciso que todos se entendam uns aos outros. Podemos discordar, mas não podemos nunca deixar de nos respeitar uns aos outros.

Além da pandemia, a desqualificação de candidatos contribuiu para a fraca participação da população na campanha eleitoral?

Não vou comentar o caso das desqualificações, mas diria que os residentes de Macau têm de se preparar para um novo padrão de vida em termos políticos. Não podemos comparar a actual situação com o passado, mas considero que temos de descortinar novas formas de contribuir para o futuro. A atmosfera que se viveu na campanha é incomparavelmente diferente do passado. Não foi tão competitiva. Apesar de o cenário político ser menos competitivo, os residentes de Macau têm de descobrir o que podem fazer enquanto cidadãos, olhar para os candidatos vencedores e pensar se um dia podem também eles vir a comunicar com as entidades decisoras. Além disso, mesmo que não seja dentro da Assembleia Legislativa, é possível fazer a diferença. Tal como eu, e eu não sou nada, é possível tornar o que nos rodeia um pouco melhor no sector social e educativo. Mas diria que a sociedade está a mudar e as pessoas que fazem parte deste círculo devem ser capazes de se ajustar. Ainda há muito a fazer.

17 Set 2021

Cuidadores informais | Pedidos serviços complementares além de subsídio 

Hetzer Siu e Paul Pun, ligados a associações de cariz social, defendem que o programa piloto de atribuição de subsídios a cuidadores informais deve ir além da mera ajuda financeira. São necessários apoios complementares para que os cuidadores possam ter tempo para si

 

O Instituto de Acção Social (IAS) assegurou há dias, numa resposta a uma interpelação escrita do deputado Sulu Sou, que pretende rever em Novembro as regras do programa piloto de concessão de subsídios a cuidadores informais. No entanto, Hetzer Siu, director-executivo da Macau Special Olympics, e Paul Pun, secretário-geral da Caritas, defendem que é necessário mudar conceitos e criar mais serviços complementares de apoio a quem cuida.

“As famílias no geral estão satisfeitas, sobretudo as que têm portadores de deficiência severa. São pessoas que não saem de casa e um dos pais tem de estar quase sempre em casa. Mas gostariam de ter mais serviços complementares em vez de só receberem dinheiro”, disse o responsável, quando questionado se, com base na sua experiência, as famílias estão satisfeitas com este programa.

“Temos de pensar que estamos a ajudar o cuidador e a pessoa que precisa de ajuda, porque o cuidador precisa de ajuda para fazer as suas próprias coisas”, lembrou Paul Pun. “Houve uma mudança de conceitos na comunidade, o subsídio não é apenas um apoio para o cuidador, acaba por ajudar todos”, referiu, afirmando também que um mero aumento do valor do subsídio poderá não ser suficiente.

“Este não é, actualmente, um programa muito abrangente, porque não estamos a pensar nestas duas pessoas [cuidador e pessoa que necessita de apoio]. Pode não ser necessário aumentar o subsídio, mas talvez sejam necessários mais serviços complementares para os cuidadores”, adiantou o secretário-geral da Caritas.

Números precisam-se

Hetzer Siu destaca também o facto de serem necessários dados que permitam avaliar o funcionamento deste programa piloto. Até porque “o subsídio não cobre todos os casos, apenas as situações mais severas de deficiência e prestação de cuidados a idosos”.

“Ainda não sabemos os números das famílias que necessitam de apoio. Será que há resultados concretos deste apoio? Será que as famílias sofreram alguma alteração [em termos da sua situação económica]? Necessitamos de um relatório para melhorar este programa.”

O director-executivo da Macau Special Olympics alerta que, com o prolongamento da crise económica, devido à pandemia da covid-19, talvez o programa piloto possa continuar por apenas alguns meses para poder progredir.

“O mais importante é analisar se este programa pode continuar a apoiar este tipo de famílias, e por quanto tempo. O subsídio não é um salário, é outro conceito. Se a nossa economia não melhorar, este programa [piloto] deveria continuar por mais um ano ou dois para poder melhorar e para termos mais dados.

Na resposta ao deputado, o presidente do IAS, Hon Wai, assegurou que “em Novembro de 2021, após a conclusão do projecto piloto, o IAS vai proceder à revisão do mesmo através da experiência, nomeadamente no que concerne à apreciação de casos, o instrumento de avaliação, a definição de critérios de avaliação económica e conteúdo concreto da prestação de cuidados”.

19 Ago 2021

Apoio a trabalhadores migrantes em carência deixa Caritas em défice

A Caritas continua a receber uma média de 500 pessoas cada vez que entrega bens de consumo a trabalhadores migrantes em carência económica devido à covid-19, acções que deixam sempre a associação em défice financeiro. Paul Pun, secretário-geral, assume: “não queremos dizer que a situação está a piorar, mas na realidade está a tornar-se difícil”

 

De cada vez que distribui alimentos por trabalhadores migrantes, a Caritas fica em situação de défice. Sem apoios financeiros do Governo para este tipo de ajuda, a associação gasta sempre mais do que os donativos que recebe para este fim. Ao HM, o secretário-geral da Caritas de Macau, Paul Pun, referiu que são atendidas, em média, 500 pessoas de cada vez que há uma acção de entrega de alimentos e outros bens, o que mostra que a crise sentida por parte dos trabalhadores não residentes (TNR) causada pelo desemprego e impossibilidade de sair de Macau, continua a deixar marcas.

“Segundo dados do mês passado, de cada vez que damos apoio, chegam 500, em média, sobretudo desempregados. Os trabalhadores migrantes estão a sofrer muitos constrangimentos e necessitam de apoio”, referiu.

De momento, a Caritas procura atenuar as dificuldades de desempregados, mães e trabalhadores em licenças sem vencimento. “Cerca de 2200 trabalhadores migrantes têm procurado a ajuda do nosso serviço de migrantes. Deste grupo, 120 são mães. Parte destas pessoas regressaram aos seus países de origem ou contactaram as autoridades dos seus países, talvez cerca de metade”, disse.

A Caritas continua a necessitar de donativos para manter as campanhas de solidariedade social. “Tudo o que recebemos resulta em défice. Se a pandemia chegar ao fim em breve e abrirmos as fronteiras, a nossa situação financeira poderá melhorar. Mas, uma vez que vivemos tempos de incerteza, a única coisa que precisamos é de ir buscar fundos adicionais para manter estas iniciativas”, disse Paul Pun.

O responsável adiantou, como exemplo, um donativo de quatro mil patacas e vouchers de alimentos que recebeu de padarias e outros espaços comerciais.

“Presas em Macau”

Em termos gerais, a situação dos TNR está longe de estar resolvida. “Não queremos dizer que a situação está a piorar, mas na realidade está a tornar-se difícil. Há mais desempregados agora. Em Abril o Governo fez menção às duas mil pessoas a quem foi cortado o blue card, mas os voos de repatriamento chegaram a menos de 500 pessoas. Então há uma grande diferença, há mais pessoas a ficar presas em Macau. Temos de continuar com estas acções de caridade.”

Paul Pun explicou que o Governo acaba por dar apoio “de forma indirecta”, nomeadamente com a doação das taxas pagas pelos sacos de plástico nos supermercados, cujo dinheiro serve para ajudar mães em situação de carência.

“Tenho gasto muito do meu tempo a cuidar deste grupo de pessoas para que vejam que a sociedade de Macau também se preocupa com elas”, referiu.

Outra das entidades que também disponibiliza apoio aos trabalhadores migrantes é o Centro Pastoral para a Acção Social da Comissão de Migrantes Filipinos [Pastoral Care for Filipino Migrants Commission on Social Action], que no passado dia 19 entregou 298 cabazes de bens alimentares doados por escolas, pessoas e outras entidades. As acções de entrega acontecem todos os sábados. Zasmin Lansang, secretária do centro, confirmou ao HM que “o número [de pessoas que necessitam de ajuda] está a aumentar”. “Há mais desempregados e empregadores que não renovam os contratos ou empresas que optam pela licença sem vencimento”, rematou.

25 Jun 2021

Macau suspende funcionamento de delegação em Taiwan

O Executivo vai suspender temporariamente, a partir de sábado, o funcionamento da Delegação Económica e Cultural de Macau em Taiwan. A suspensão foi justificada com a não renovação dos documentos de funcionários do organismo. O Governo de Taiwan lamentou a posição “unilateral” de Macau. Entretanto, as autoridades da RAEM vão criar linhas abertas para apoiar os residentes que estão em Taiwan

 

O Governo anunciou ontem que vai suspender temporariamente, a partir de sábado, o funcionamento da Delegação Económica e Cultural de Macau em Taiwan, justificando a decisão com o facto de a “renovação dos documentos dos actuais e dos novos funcionários do organismo, até ao momento, não terem sido aprovados”.

No entanto, o Executivo garante que “tem procedido, de acordo com a lei, com as formalidades de apreciação dos pedidos de documentos dos funcionários da Delegação de Taiwan em Macau”, ou seja, as autoridades da RAEM argumentam a falta de reciprocidade no tratamento de documentação.

Além disso, o Executivo indica que desde que a RAEM foi estabelecida “tem promovido de forma pragmática o desenvolvimento estável da relação entre Macau e Taiwan”. “Em 2011, com o reconhecimento mútuo do «consenso 1992», como fundamento político, foi alcançado consenso quanto à instalação das respectivas delegações, marcando, a partir desse momento, o início do funcionamento de ambas as delegações”, contextualiza o Executivo.

A Delegação Económica e Cultural de Macau em Taiwan, criada pelo Governo da RAEM, iniciou oficialmente as suas funções em Dezembro de 2011.

Ainda no comunicado que explica a decisão, no que toca aos assuntos entre as duas regiões, o Governo da RAEM “agirá, como sempre, de acordo com a Lei Básica, o princípio de “uma única China”, assim como o princípio e política fundamental do Governo Central sobre os assuntos entre Macau e Taiwan”.

Em resposta ao anúncio da suspensão, o Conselho dos Assuntos do Continente do Governo de Taiwan lamentou em comunicado a decisão “unilateral” da RAEM. “Sempre mantivemos uma atitude de boa vontade e benefício mútuo e tentámos o nosso melhor para prestar assistência”, referiu o organismo da Formosa, acrescentando que Taiwan irá manter aberta a representação em Macau. Até ao fecho da edição, o Governo de Taiwan não comentou a justificação dada pela RAEM, divulgada cerca de oito horas após o anúncio da suspensão de actividade da delegação na Formosa.

Por arrasto

No passado dia 18 de Maio, Hong Kong emitiu um comunicado semelhante a dar conta da suspensão do funcionamento da sua delegação em Taiwan, também sem adiantar razões. Porém, passados três dias do anúncio, o Executivo de Carrie Lam veio a público justificar a retirada de Taiwan de pessoal da delegação acusando o Governo de Tsai Ing-wen de “interferência grosseira” nos assuntos da RAEHK.

Sem dar detalhes, ou exemplos concretos, o Executivo de Carrie Lam afirmou que as relações com Taiwan estavam “severamente danificadas”, o que terá colocado em perigo os funcionários da delegação.

Alunos pendurados

Enquanto a representação estiver encerrada, o Executivo “vai criar, através da Direcção dos Serviços de Turismo, uma linha aberta de 24 horas (+853 2833 3000) para lidar com pedidos de informação em geral e prestar, não apenas serviços de apoio aos residentes de Macau em Taiwan, mas também informações relacionadas com Macau aos residentes de Taiwan”.

Para pedir informações relacionadas com a pandemia, o Executivo sugere a linha aberta (+853) 2870 0800.
De acordo com a Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) estudam em Taiwan entre 3.000 e 4.000 residentes de Macau. No final de Maio deste ano, a DSEDJ indicou que mais de 800 estudantes pretendiam regressar à RAEM até Agosto. Há pouco mais de três semanas, o Governo garantia que a DSEDJ iria manter contacto próximo com as autoridades de Taiwan para apoiar os alunos.

Na conferência de imprensa do Centro de Coordenação e Contingência do Novo Tipo de Coronavírus, os representantes do Governo foram ontem questionados sobre o encerramento da delegação, e se estaria relacionada com o aumento de casos de covid-19 em Taiwan. No entanto, foi dito que não dispõem de mais informações.

Lau Fong Chi, representante da Direcção dos Serviços de Turismo, assegurou que, até à data, as autoridades de Macau receberam cerca de 37 pedidos de apoio ou informações por mês por parte de residentes em Taiwan. Relativamente ao fecho da delegação, ainda não foram feitos quaisquer pedidos.

O representante da Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude frisou que um terço dos estudantes de Macau que frequentam o ensino superior em Macau já adquiriram bilhetes de avião para o regresso ao território, sendo que “alguns deles já regressaram a Macau”. “Queremos abrir mais linhas abertas e ter mais meios para apoiar os estudantes”, concluiu.

 

Paul Pun espera maior procura do serviço da Caritas em Taiwan

Um representante da Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) referiu ontem que as autoridades de Macau têm contactado diversas associações que prestam apoio aos estudantes de Macau que estão em Taiwan, tendo em conta o encerramento da delegação. Uma delas é o Serviço da Caritas para Estudantes de Macau.

Ao HM, Paul Pun, secretário-geral da Caritas, diz que pode haver um aumento do número de pedidos de apoio após o fecho da delegação. “Para já vemos a necessidade de manter este serviço e poderemos ter uma maior procura no futuro, sobretudo da parte dos estudantes.”

Ainda assim, Paul Pun diz que esta entidade não tem capacidade para substituir a delegação na prestação de alguns serviços, nem pretende fazê-lo.

“A delegação é uma entidade governamental e não podemos substituir o Governo, porque somos apenas uma ONG. Não temos o objectivo de substituir nenhuma entidade porque temos uma pequena dimensão.”
Paul Pun lembrou que o serviço “pode preencher alguma lacuna se esta surgir”, lembrando que há estudantes de Macau em outros países e que esses também “enfrentam dificuldades”.

“Não sei como comentar [o fecho da delegação]. Mas, independentemente da mudança, há sempre várias reacções e necessidades. Se alguém que costumava deslocar-se à delegação e agora se depara com os escritórios fechados, pode contactar o Governo de Macau através das linhas abertas que criaram. Estamos dispostos a cooperar”, adiantou Paul Pun.

Pedidos em alta

Este serviço da Caritas funciona há vários anos, mas devido à pandemia da covid-19 o número de pedidos disparou. “Recebemos muitos pedidos de pessoas que queriam saber o que fazer, se regressavam a Macau ou se ficavam em Taiwan. Não temos estatísticas dos pedidos, mas o nosso foco principal são os estudantes.”

O serviço da Caritas presta apoio em diversas áreas, até a nível psicológico. “Recebemos os pais que viajam de Macau, tratamos de casos de falecimentos, problemas emocionais, e trabalhamos com diferentes organizações. É nosso objectivo a longo prazo ajudar os estudantes de Macau em Taiwan.”

17 Jun 2021

Cartões de consumo | Caritas pede inclusão dos TNR 

Kitty Tam Siu Sin, directora do centro “WelAnser”, ligado à Caritas, disse ao jornal Ou Mun que os trabalhadores não residentes (TNR) deveriam estar incluídos no novo programa de cartões electrónicos, uma vez que, na primeira fase do plano, chegaram a estar incluídos. Segundo a responsável, os TNR estavam satisfeitos e sentiram que os “seus esforços e contribuições em termos de trabalho em Macau tinham sido reconhecidos pelo Governo”.

No entanto, o Executivo voltou atrás e retirou os TNR deste plano de apoio, que ficou apenas destinado aos residentes.

A directora do centro lembrou que muitos dos TNR trabalham como empregadas domésticas ou funcionários de limpeza, e sofrem com a inflação. Kitty Tam Siu Sin pede também que o Executivo tenha em consideração a existência de várias comunidades em Macau e faça uma comunicação institucional em várias línguas, uma vez que desde o início da pandemia muitas mensagens foram transmitidas apenas em chinês e português, as duas línguas oficiais.

A responsável alertou ainda para o problema das empregadas domésticas que ficam em Macau retidas e sem contrato de trabalho, uma vez que a lei de contratação dos TNR causa dificuldades aos empregadores para recrutar novamente estas pessoas.

23 Abr 2021

Apoios ao consumo | Paul Pun defende alternativa para incluir TNR

Paul Pun, secretário-geral da Caritas, diz que os trabalhadores não residentes podem sentir-se desapontados por não estarem incluídos no “Plano de benefícios do consumo por meios electrónicos” e defende que, em vez das 3 mil patacas de descontos imediatos, seja atribuído aos portadores de blue card um montante inferior. O número de não residentes sem emprego que pedem ajuda à Caritas para comer aumenta todas as semanas

 

O secretário-geral da Caritas, Paul Pun, defendeu ao HM que o Governo deve criar uma medida alternativa para que os trabalhadores não residentes (TNR) possam ser incluídos no “plano de benefícios de consumo por meios electrónicos”, cujas novas regras foram anunciadas esta segunda-feira.

“O Governo incluiu os TNR na proposta anterior e essa era uma boa ideia. O facto de não incluir os TNR nesta nova proposta faz com que estes possam sentir-se desapontados. Espero que o Governo possa estender este programa de descontos aos TNR, porque eles fazem parte das nossas comunidades e ajudam a construir a sociedade. Precisamos de ter uma sociedade onde cuidamos uns dos outros.”

Paul Pun defende que poderia ser equacionada a hipótese de atribuir apenas um montante para descontos imediatos. Se no caso dos residentes esse montante é de três mil patacas, Paul Pun diz que para os TNR poderia ser atribuído um valor na ordem das 1000 patacas. “A maior parte dos TNR não consegue gastar três mil patacas porque as suas despesas são menores. Eles têm salários baixos e não os usam na totalidade para comprar comida, mas também para pagar a renda, além de enviarem dinheiro para o seu país.”

Aquando da apresentação deste novo plano, cuja primeira versão foi alvo de muitas críticas, o secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong, disse que ia ainda ouvir mais opiniões sobre a possibilidade de inclusão dos TNR.

“Quanto à parte dos trabalhadores não residentes esperamos ouvir mais opiniões. Temos de ter um debate suficiente. Quando chegarmos a uma conclusão avançamos para o próximo passo. Seja como for, os trabalhadores não residentes não vão ter o montante inicial [5 mil patacas], mas estamos a preparar todos os trabalhos para ouvir mais amplamente os cidadãos”, afirmou.

Pedidos aumentam

Numa altura em que o Executivo avança com novas medidas de apoio aos residentes, há cada vez mais TNR que, sem trabalho e sem possibilidade de sair de Macau, se encontram sem rendimentos. Paul Pun diz que, no espaço de duas semanas, duplicou o número de pessoas que se dirigem à Caritas.

“Passámos de 60 para 120 pessoas. Em cada acção de atribuição de produtos notamos um aumento de pessoas que procuram ajuda. Precisamos de apoio adicional das pessoas que nos fazem donativos. Prevejo que a situação vai piorar se não fizermos nada.”

Do lado das associações que defendem os direitos dos trabalhadores migrantes, a exclusão deste programa de apoio não é uma novidade. “Nós, trabalhadores, somos fortes o suficiente para arranjar o que precisamos para as nossas necessidades diárias. Vamos mostrar ao Governo de Macau que não somos pedintes”, frisou Eric Lestari, natural da Indonésia e representante da Overseas Worker Entities.

Eric Lestari alerta para a necessidade de os empregadores cumprirem com o que está estabelecido nos contratos de trabalho, algo que não tem acontecido. “Queremos que os empregadores saibam cumprir as suas responsabilidades para com os trabalhadores, dando-lhes um dia de folga por semana, providenciando comida ao pequeno-almoço, almoço e jantar e pagando o bilhete de avião aquando do término do contrato”, disse.

Nedie Taberdo, presidente da Green Philippines Migrant Workers Union, diz que a exclusão dos TNR das medidas de apoio é um “absurdo”. “Estamos muito desapontados. Já estávamos a antecipar isto desde que o Governo anunciou a medida dos cupões electrónicos de consumo. O Governo dá grande atenção ao público, mas os trabalhadores migrantes e os portadores de blue card também são parte do público e consumidores. Porquê excluir-nos?”, questionou.

14 Abr 2021

Caritas | AIPIM consegue reunir mais de 23 mil patacas em donativos

[dropcap]A[/dropcap] Associação de Imprensa em Português em Inglês de Macau (AIPIM) entregou este sábado à Caritas Macau bens alimentares que adquiriu com as verbas da campanha solidária que lançou nas últimas semanas. Ao longo da campanha, que decorreu entre 12 de Junho e 9 de Julho, foram angariadas 23.600 patacas, aponta um comunicado.

Esta campanha contou com o apoio do Instituto para a Responsabilidade Social das Organizações na Grande China em Macau que fez um donativo de 7.500 patacas. O dinheiro dos donativos serviu para a AIPIM adquirir bens alimentares, tal como arroz e vários enlatados, que se destinam a famílias de residentes e não residentes que mais sofreram com o impacto da crise causada pela covid-19.

12 Jul 2020

TNR | Pedidos de ajuda de imigrantes na clínica da Cáritas triplicou

A condição económica dos trabalhadores imigrantes está a ter impacto na sua saúde, e a clínica social da Cáritas registou o triplo dos pedidos de ajuda comparativamente a todo o ano passado. Mas são várias as áreas em que estas pessoas requerem apoio

 

[dropcap]D[/dropcap]esde Janeiro, o número de pedidos de ajuda de imigrantes na clínica social da Cáritas, o centro “WelAnser”, triplicou relativamente ao volume de todo o ano de 2019, noticiou o Ou Mun. A directora do centro, Kitty Tam Siu Sin, explicou que os principais problemas destas pessoas são a pressão económica e problemas de saúde. Entre os casos relatados conta-se mulheres grávidas em dificuldades.

De acordo com a responsável, apesar de o centro não ter estado sempre operacional, durante a sua suspensão continuaram a ser seguidos casos por via online. Desde o início das restrições resultantes da pandemia foram recebidos no total 188 pedidos de ajuda. Kitty Tam Siu Sin referiu ainda que muitos trabalhadores imigrantes enviam a maior parte dos seus salários todos os meses para casa, e não se focam na sua dieta e nutrição.

A situação laboral destes trabalhadores também influencia a sua capacidade de aceder a cuidados de saúde. Como explicou a directora, se estas pessoas adoecerem, como têm bluecard, pagam os serviços médicos ao preço normal, mas se não lhes renovarem o contrato e estiverem dependentes da extensão do visto de turista, o valor a pagar pelos tratamentos médicos duplica. Uma situação que pode deixar quem adoece sem capacidade financeira para pagar o acesso a cuidados médicos.

Em relação aos casos de mulheres imigrantes grávidas, foram recebidos 30 pedidos de ajuda. De acordo com o Ou Mun, tratam-se de mulheres que tinham planeado regressar a casa para o parto, mas não conseguiram por causa das restrições fronteiriças. Kitty Tam Siu Sin frisa que o custo de acompanhamento de uma gravidez em Macau não é barato, pelo que foi criada uma cooperação com outra clínica para exames obstétricos básicos a mulheres grávidas.

Problemas transversais

Nem toda a ajuda dada pela Cáritas se centra nos cuidados de saúde. O secretário-geral da Cáritas, Paul Pun, reconheceu que “a covid-19 vai afectar muitas pessoas em Macau, incluindo quem veio para trabalhar e agora já não tem visto”. Pun disse ao HM que são recolhidos donativos e comida para estender os serviços a quem precisa de apoio, com a entrega de cabazes de leite, arroz e outros alimentos, além de ajuda financeira adicional com base nas dificuldades enfrentadas pelas pessoas.

Os pedidos de ajuda alargam-se também a associações de trabalhadores migrantes. Yosa Wari Yanti, da União de Trabalhadores Migrantes Indonésios (IMWU, na sigla inglesa), descreveu ao HM que são vários os pedidos recebidos, mas que ainda não foram contabilizados porque ainda estão a prestar apoio.

A IMWU é abordada por pessoas com dúvidas sobre a política de confinamento, regras de imigração, como mudanças de política de extensão de vistos. Há ainda pedidos de ajuda sobre a legislação laboral por problemas decorrentes da epidemia. Yosa Wari Yanti explica também que há quem procure saber como regressar a casa e peça ajuda para contactar o Consulado da Indonésia.

Para dar resposta a estes apelos, a associação dá informações, distribuiu máscaras no início do confinamento, e comida desde Abril até agora. A representante disse ainda que está programada este mês uma actividade na Universidade de São José sobre como lidar com a ansiedade no contexto da pandemia.

Já Nedie Palcon, da “Greens Philippines Migrant Workers Union”, descreveu a ajuda recente a uma trabalhadora diagnosticada com cancro cervical, através de caixas para donativos em estabelecimentos filipinos para ajuda com a medicação. Ainda assim, apresenta como principal problema as pessoas que querem regressar a casa, já que muitos ficaram sem emprego e “ainda estão à espera de ser repatriadas”. A ajuda está centrada em aconselhamento e distribuição de bens alimentares.

8 Jul 2020

Cáritas | Alojados 400 não-residentes em Macau

[dropcap]C[/dropcap]erca de 400 colaboradores da Cáritas Macau, residentes no Interior, estão alojados no território para reduzir os riscos de contágio com o coronavírus Covid-19. A informação foi avançada à Lusa pelo secretário-geral da instituição, Paulo Pun.

“Temos 400 colaboradores do Interior em instalações da instituição, em casas de familiares ou amigos para não terem de atravessar a fronteira e, assim, diminuir o risco de serem infectados com o vírus”, explicou Paulo Pun.

O secretário-geral da Cáritas Macau afirmou que a instituição está “centrada em manter os serviços principais, de apoio aos mais vulneráveis, pessoas com deficiência, os que precisam de cuidados continuados e de idosos que vivem sozinhos, muitos com problemas de mobilidade e a habitar em prédios que não têm elevador”.

Outra das preocupações da Cáritas Macau passa por assegurar a protecção do pessoal e dos cuidadores, tendo adoptado regras apertadas que vão desde a redução do tempo passado fora da instituição, na rua, até ao uso de máscaras, luvas e uso de desinfectantes.

Paulo Pun destacou ainda os donativos que a instituição tem recebido, seja em géneros alimentícios, dinheiro e máscaras, ações que “estão em sintonia com a filosofia da Cáritas, de ajudar o próximo, de trabalharmos em conjunto enquanto sociedade”, salientou o responsável.

A Cáritas Macau providencia serviços sociais que abrangem os mais idosos e deficientes, passando pelo apoio aos mais jovens e menores, até às vítimas de violência doméstica.

21 Fev 2020

Cáritas | Alojados 400 não-residentes em Macau

[dropcap]C[/dropcap]erca de 400 colaboradores da Cáritas Macau, residentes no Interior, estão alojados no território para reduzir os riscos de contágio com o coronavírus Covid-19. A informação foi avançada à Lusa pelo secretário-geral da instituição, Paulo Pun.
“Temos 400 colaboradores do Interior em instalações da instituição, em casas de familiares ou amigos para não terem de atravessar a fronteira e, assim, diminuir o risco de serem infectados com o vírus”, explicou Paulo Pun.
O secretário-geral da Cáritas Macau afirmou que a instituição está “centrada em manter os serviços principais, de apoio aos mais vulneráveis, pessoas com deficiência, os que precisam de cuidados continuados e de idosos que vivem sozinhos, muitos com problemas de mobilidade e a habitar em prédios que não têm elevador”.
Outra das preocupações da Cáritas Macau passa por assegurar a protecção do pessoal e dos cuidadores, tendo adoptado regras apertadas que vão desde a redução do tempo passado fora da instituição, na rua, até ao uso de máscaras, luvas e uso de desinfectantes.
Paulo Pun destacou ainda os donativos que a instituição tem recebido, seja em géneros alimentícios, dinheiro e máscaras, ações que “estão em sintonia com a filosofia da Cáritas, de ajudar o próximo, de trabalharmos em conjunto enquanto sociedade”, salientou o responsável.
A Cáritas Macau providencia serviços sociais que abrangem os mais idosos e deficientes, passando pelo apoio aos mais jovens e menores, até às vítimas de violência doméstica.

21 Fev 2020

Paul Pun, secretário-geral da Caritas, sobre crise do coronavírus: “É um teste à nossa sociedade”

O surto do Covid-19 agitou a sociedade e a economia de Macau. Paul Pun, secretário-geral da Caritas, alerta para o facto de grupos sociais mais vulneráveis, como os trabalhadores migrantes ou os portadores de deficiência, estarem a passar dificuldades para as quais o Governo não dá resposta. Paul Pun assegura que, nos últimos dias, os pedidos de ajuda na linha de apoio psicológico não aumentaram, mas as questões mudaram: “Antes tínhamos muitas pessoas a falar de suicídio, mas agora têm medo do futuro, estão preocupadas”, assegura

 

[dropcap]C[/dropcap]omo tem sido o trabalho da Caritas nas últimas semanas? O surto do novo coronavírus trouxe uma crise generalizada?

Sem dúvida que todas as pessoas de todas as comunidades estão a sentir algum tipo de efeito. Os mais vulneráveis são os que sofrem mais. Quando falo dos mais vulneráveis refiro-me a pessoas com baixos salários ou que têm recursos limitados. O Governo anunciou um plano para estimular a economia e para assistir os indivíduos, financiando as despesas de electricidade e de consumo de água. Isso vai trazer alguns benefícios, mas os mais vulneráveis continuam a ter de lidar com esta crise e a ter menor capacidade para ter boas condições de vida. Sugiro então que o Governo pense em como pode dar assistência às pessoas ligadas às Pequenas e Médias Empresas (PME), aos seus funcionários, dar alguma atenção especial. Claro que as PME já estão abrangidas por políticas específicas, mas falo dos seus empregados. Há algo que tem de ser feito. Os grupos mais vulneráveis vão ter acesso a apoios mensais, mas os empregados que trabalham e não pedem ajuda financeira ao Governo, vão ter dificuldades. As PME de Macau não vêem futuro no negócio e estão a reduzir o número de funcionários, ou podem exigir licenças sem vencimento. Ninguém tem certezas de quanto tempo esta situação vai durar e de quando estas empresas podem recuperar.

Os portadores de deficiência, por exemplo, estão agora numa situação ainda mais vulnerável?

As pessoas com deficiência também são afectadas, pois se o mercado não é forte, normalmente estas pessoas não conseguem assegurar o seu trabalho ou não conseguem ter trabalho porque não conseguem competir de igual forma com os trabalhadores sem deficiência. Não são considerados como prioridade para os seus patrões, então estão mais sujeitos a despedimentos, licenças sem vencimento ou ao cumprimento de menos horas de trabalho. É uma tendência normal na sociedade neste momento.

Podemos ver mais casos de discriminação?

Não diria, mas podem ser um dos alvos [dos patrões]. Mas tudo depende da relação que têm com o patrão. Em circunstâncias normais os portadores de deficiência já estão numa situação de risco porque eles não conseguem competir de igual forma dadas as suas limitações.

Falemos agora das ONG que fazem trabalho social. O Governo deveria criar medidas especiais para estas entidades, uma vez que já enfrentam dificuldades?

Actualmente, na Caritas, a principal preocupação é ajudar as pessoas. Não estamos a pensar em nós próprios. Mas a questão é se o Governo deveria pensar em nós (risos). Actualmente, usamos os nossos recursos e tentamos maximizá-los ao máximo para ajudar um maior número de pessoas. Não estamos a fazer dinheiro, não temos os lucros como objectivo. Muitas pessoas, quando têm problemas, não pedem ajuda ao Governo mesmo que tenham esse direito, pedem ajuda às associações. E aqueles que não vão pedir ajuda nesta fase não vão conseguir ter um financiamento extra para lidar com esta crise, só têm ajuda para pagar a água e a luz. No que diz respeito às ONG têm de encontrar formas de pagar aos seus trabalhadores. Para aqueles que regressaram da China providenciamos alimentação e temos de encontrar alojamento. O Governo decretou medidas de quarentena e muitos dos que ficaram em casa continuaram a receber o seu salário. Mas para quem trabalha em lares, a providenciar alimentação às outras pessoas… decidi que mesmo quem fica em casa recebe um dia de salário. Claro que não podemos continuar com esta medida para sempre, apenas durante a crise do coronavírus. Tentamos manter os trabalhadores para que não façam viagens arriscadas, gastamos mais dinheiro para os manter em Macau. Mas não temos medidas específicas.

Acredita que a Caritas vai ter mais trabalho no apoio às famílias? Espera mais pedidos de ajuda junto do Banco Alimentar?

Penso que mais pessoas podem passar a fazer parte desta categoria, porque ficam sem trabalho e sem salário. Neste momento estou no meu escritório, localizado no primeiro andar, e no rés-do-chão estamos a empacotar cabazes de comida doada para levar para as pessoas que não têm elevador em casa, famílias ou idosos que não têm como sair de casa. Cada vez mais vamos ter de fazer este tipo de trabalho para pessoas que precisam.

A Caritas tem uma linha de apoio psicológico. Durante os dias de quarentena, têm recebido mais chamadas do que o normal?

Não. Notamos um aumento ligeiro, mas as dúvidas e os problemas apresentados são diferentes. Antes tínhamos muitas pessoas a falar de suicídio, mas agora as pessoas têm medo do futuro, estão preocupadas. Falam desta incerteza pelo facto de estar tudo fechado. Não quer dizer que tenham sido afectados pelo vírus, mas querem ter uma ideia do que vai acontecer. São pessoas que têm estado em casa todos os dias, sem trabalho, com os filhos. Muitas vezes ficavam apenas uma hora em casa, ou só iam a casa dormir.

No que diz respeito aos trabalhadores migrantes, estão ainda mais vulneráveis do que no passado. O que pode ser feito neste sentido?

São um dos grupos vulneráveis. Têm de cuidar da família no seu país natal e algumas pessoas não são pagas devidamente, ou estão com dias de férias. Há uma maior incerteza junto dos trabalhadores migrantes, porque em Macau muitas pessoas não sabem como pedir ajuda. Estão numa situação ainda pior. Muitos locais estão com licenças sem vencimento, mas podem ter a ajuda das famílias e dos amigos. Os trabalhadores migrantes pedem ajudam aos seus amigos que estão na mesma situação. Há quatro dias quatro pessoas vieram aqui dizer que não conseguiam ir para as Filipinas e que estavam a ficar sem dinheiro, então dei-lhes alguma comida. Acredito que mais pessoas vão deixar Macau nestes dias. Seria bom haver alguma ajuda para os trabalhadores migrantes. A Cáritas dá, mas os nossos recursos são limitados. As medidas do Governo não abrangem os trabalhadores migrantes, então estes precisam de uma maior ajuda das comunidades onde se integram. Mas a nossa ajuda é sempre limitada. Estamos a falar de pessoas que têm sempre de ajudar outros.

Acredita que as autoridades locais, e também as autoridades das Filipinas ou da Indonésia deveriam fazer mais para ajudar estas pessoas.

Sem dúvida, e se não o conseguem fazer directamente devem trabalhar com as ONG. Muitas vezes o Governo não consegue trabalhar dessa forma directa mas as ONG podem fazê-lo, porque não temos de cumprir tantas obrigações. Só temos de dar assistência e garantir que as pessoas não estão em risco. Nenhuma autoridade nos contactou ainda, mas pelo que percebi eles próprios estão muito ocupados. Mas trabalhar de forma conjunta é a melhor forma de combater o surto do coronavírus.

Qual o impacto do surto no funcionamento da Caritas? Vai necessitar de mais fundos ou recursos humanos?

Muitas vezes não peço mais fundos, mas digo que temos de aprender como resolver os problemas em conjunto.

Esta crise expôs ainda mais os problemas sociais de Macau. O Governo precisa de mudar a sua mentalidade, criando políticas mais modernas para lidar com estas questões?

Este é o foco principal neste momento, e muitas pessoas estão preocupadas com a economia. Mas para mim o próximo passo é olharmos para a forma como cuidamos uns dos outros. E a razão é muito simples: há uma semana as pessoas começaram a comprar tudo nos supermercados e não pensaram naqueles que não tinham nada. Se eu tirar mais do que aquilo que preciso não é bom. É importante pensar nos outros para construir uma sociedade mais forte. Macau deve ser um sítio onde não pensamos apenas em nós próprios, e há uma hora estava a pensar nisso mesmo. Temos de ser cidadãos do mundo e não pensar apenas em nós, em construir Macau, mas olhar para outros países e as suas dificuldades?

Esta crise é um teste ao novo Governo?

Não. Isto não é um teste. Todos os governos devem fazer coisas pela sociedade, é a sua responsabilidade. É um teste à sociedade, pensamos apenas sobre nós próprios ou sobre os outros também? Não nos podemos esquecer dos outros.

19 Fev 2020

Cooperação | Caritas reactiva colaboração com Macau e projectos em África e Portugal

[dropcap]A[/dropcap] Caritas Portuguesa reactivou a colaboração com a congénere de Macau, com a qual vai desenvolver projectos conjuntos em São Tomé e Príncipe e na Guiné-Bissau, disse à Lusa o presidente da instituição em Portugal, Eugénio Fonseca.

Nos últimos 20 anos, a cooperação esteve praticamente interrompida, mas desde Maio que voltou a ser estabelecida uma colaboração mais estreita, com a celebração de um acordo que está agora a “dar os primeiros frutos”, afirmou o responsável. A iniciativa surgiu na sequência de um encontro mundial de Caritas em Roma, onde os responsáveis aproveitaram para restabelecer a relação bilateral.

“Vamos contar com o apoio da Caritas de Macau para projectos internos, nomeadamente no apoio a desempregados”, indicou Eugénio Fonseca, referindo-se a iniciativas previstas para Portugal.

A Caritas de Macau está também disposta a financiar projectos para ensino do mandarim, seja para chegar a novos alunos ou para ajudar os que têm dificuldades, acrescentou.

Eugénio Fonseca sublinhou que em Macau não há, neste momento, necessidade de intervenção por parte da Caritas Portuguesa. A Caritas de Macau tem mais fundos, de acordo com o dirigente, e está disponível para ajudar igualmente as congéneres de São Tomé e da Guiné, que “são paupérrimas”.

O objectivo é ajudar na capacitação das estruturas para candidatarem projectos e obterem fundos.
Eugénio Fonseca atribuiu à distância geográfica e à escassez de meios da Caritas de Portugal a interrupção da cooperação com Macau nos últimos 20 anos. Porém, no início de Janeiro fará uma deslocação ao território chinês, de onde tenciona trazer desenhados “projectos mais concretos”.

4 Dez 2019

Cooperação | Caritas reactiva colaboração com Macau e projectos em África e Portugal

[dropcap]A[/dropcap] Caritas Portuguesa reactivou a colaboração com a congénere de Macau, com a qual vai desenvolver projectos conjuntos em São Tomé e Príncipe e na Guiné-Bissau, disse à Lusa o presidente da instituição em Portugal, Eugénio Fonseca.
Nos últimos 20 anos, a cooperação esteve praticamente interrompida, mas desde Maio que voltou a ser estabelecida uma colaboração mais estreita, com a celebração de um acordo que está agora a “dar os primeiros frutos”, afirmou o responsável. A iniciativa surgiu na sequência de um encontro mundial de Caritas em Roma, onde os responsáveis aproveitaram para restabelecer a relação bilateral.
“Vamos contar com o apoio da Caritas de Macau para projectos internos, nomeadamente no apoio a desempregados”, indicou Eugénio Fonseca, referindo-se a iniciativas previstas para Portugal.
A Caritas de Macau está também disposta a financiar projectos para ensino do mandarim, seja para chegar a novos alunos ou para ajudar os que têm dificuldades, acrescentou.
Eugénio Fonseca sublinhou que em Macau não há, neste momento, necessidade de intervenção por parte da Caritas Portuguesa. A Caritas de Macau tem mais fundos, de acordo com o dirigente, e está disponível para ajudar igualmente as congéneres de São Tomé e da Guiné, que “são paupérrimas”.
O objectivo é ajudar na capacitação das estruturas para candidatarem projectos e obterem fundos.
Eugénio Fonseca atribuiu à distância geográfica e à escassez de meios da Caritas de Portugal a interrupção da cooperação com Macau nos últimos 20 anos. Porém, no início de Janeiro fará uma deslocação ao território chinês, de onde tenciona trazer desenhados “projectos mais concretos”.

4 Dez 2019

Caritas | Lançado apelo para donativos às vítimas do tsunami na Indonésia

[dropcap]A[/dropcap]Caritas vai destinar 200 mil patacas para ajudar as vítimas do tsunami que, na noite de sábado, atingiu a Indonésia, fazendo mais de 400 mortos, estando a apelar a donativos para as vítimas da tragédia.

“Com a bênção e carinho neste Natal, apelamos ao seu donativo para ajudar as vítimas, na esperança de que possam superar em breve esta dificuldade”, escreveu o secretário-geral da Caritas, Paul Pun, na sua página do Facebook.

Os donativos podem ser feitos através de diferentes formas, nomeadamente por via do portal da Caritas ou de transferências para contas bancárias do Banco da China (180101207861887), Banco Luso (10212-100237-7) ou do OCBC Wing Hang (305286-101), devendo os comprovativos dos depósitos serem enviados por fax (28283332).

Segundo o mais recente balanço oficial, o tsunami desencadeado por uma maré anormal associada a um deslizamento submarino causado pela erupção do vulcão Anak Krakatau, fez 430 mortos, quase 1500 feridos e mais de 16 mil deslocados. Existiam ainda pelo menos 159 pessoas que estavam dadas como desaparecidas na sequência do tsunami que atingiu as cidades costeiras das ilhas de Sumatra e Java.

Trata-se do pior balanço anual de desastres naturais em mais de uma década no vasto arquipélago, que assenta no chamado “Anel de Fogo” do Pacífico, uma zona de grande actividade sísmica e vulcânica, que regista cerca de sete mil abalos sísmicos por ano, a maioria dos quais moderados.

Esta catástrofe invocou as memórias do tsunami de 26 de Dezembro de 2004, desencadeado por um sismo, que fez 226 mil mortos em 14 países banhados pelo Oceano Índico, incluindo mais de 120 mil na Indonésia.

A comunidade indonésia em Macau conta com mais de 5.200 pessoas, de acordo com as informações disponibilizadas pela Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL).

Turismo alerta

Em comunicado, divulgado no domingo, o Gabinete de Gestão de Crises do Turismo (GGCT) indicou estar a acompanhar a situação, dando conta de que não tinha recebido até então qualquer pedido de informação ou de assistência por parte de residentes de Macau.

 

 

27 Dez 2018

Fundação Rui Cunha | Doadas mais de 13 mil patacas à Caritas

[dropcap]A[/dropcap] Fundação Rui Cunha (FRC) realizou um leilão de obras que foram expostas na mostra “Art for Charity – Concurso de pintura do lado Nam Van” que resultou em receitas de 13.700 patacas, entregues ontem ao secretário-geral da Caritas, Paul Pun.

A exposição marcou o sexto aniversário da FRC e contou com a participação de uma centena de artistas. As obras foram leiloadas por valores que variam entre 1,100 e 3,800 patacas, tendo a Fundação Oriente adquirido duas delas, no valor total de quatro mil patacas.

15 Nov 2018

LAG 2019 | Caritas pede mais serviços de tratamento de demência

[dropcap]O[/dropcap] Chefe do Executivo, Chui Sai On, recebeu ontem o secretário-geral da Caritas, Paul Pun, no âmbito da recolha de opiniões sobre as Linhas de Acção Governativa (LAG) para o próximo ano.

Os serviços prestados a quem sofre de demência foi um dos pontos abordados por Paul Pun que sugeriu que, na concepção de novos asilos, se inclua uma área especializada para as doenças deste foro e que os futuros lares passem a integrar um centro de cuidados de enfermagem.

O secretário-geral da Caritas defendeu ainda a criação de um centro terapêutico para redução de dores, bem como um ajustamento dos serviços de apoio domiciliário à capacidade económica de cada família, entre outros.

25 Out 2018

Apoio social | Caritas quer abrir clínica dentária no próximo ano

Paul Pun, secretário-geral da Caritas Macau, pretende abrir no próximo ano uma clínica dentária destinada a trabalhadores não residentes com poucas posses. Ontem abriu a clínica com dois médicos de clínica geral

[dropcap]O[/dropcap]s doentes foram poucos, ou nenhuns, no primeiro dia em que a clínica destinada a trabalhadores não residentes (TNR) abriu portas, na zona da Barra. O mais recente projecto da Caritas Macau vai funcionar com dois médicos de clínica geral, mas Paul Pun, secretário-geral da instituição, garante não ficar por aqui.

“A Caritas terá uma clínica dentária na zona norte de Macau, já temos a permissão para avançar o projecto de construção. Planeamos abrir no próximo ano”, adiantou ao HM.

Para que este projecto seja uma realidade, é necessário concluir o processo legal de transmissão da clínica do nome de Paul Pun para a Caritas. Mesmo com essa transição, a instituição de cariz social vai continuar a pagar renda.

“Neste momento, a Caritas gere a clínica, mas no futuro será parte da nossa instituição, é o nosso plano. A clínica está em meu nome. Queremos seguir esse caminho para expandirmos o nosso caminho no apoio aos trabalhadores migrantes.”

Na clínica todos são bem-vindos, apesar dos portadores do visto de trabalho serem o público alvo do projecto de Paul Pun. Cada consulta de avaliação custa 100 patacas, mas os mais necessitados podem ter um desconto de 30 patacas.

“No futuro, vamos ter voluntários que irão fazer horas extra, e aí não serão pagos, mas os dois médicos são empregados a tempo inteiro. Espero que em breve tenhamos mais doentes. Nesta fase não estamos preocupados com isso, porque vão falar sobre esta clínica entre eles”.

Visão “de futuro”

Defendendo um aumento salarial das empregadas domésticas, à semelhança do que foi decretado recentemente em Hong Kong, Paul Pun acredita que a abertura da clínica pode constituir um exemplo de apoio social no território.
“Este projecto pode constituir uma visão para o futuro sistema de apoio social para trabalhadores migrantes. Neste momento, há um grande número de trabalhadores migrantes, a sua maioria empregadas domésticas com salários baixos. Por isso, temos este programa de ajuda para fazer algo.”

A clínica apenas disponibiliza, para já, a realização de exames médicos simples, bem como a prescrição de medicamentos.

16 Out 2018

Caritas | Clínica para TNR disponibiliza consultas a 100 patacas

Paul Pun, secretário-geral da Caritas, garantiu que a clínica médica destinada a trabalhadores não residentes abre portas este mês. Cada consulta vai custar 100 patacas, com medicamentos incluídos, mas quem não tem seguro de saúde não paga nada

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]mais recente projecto da Caritas Macau está prestes a ver a luz do dia. A prioridade é garantir cuidados médicos baratos aos trabalhadores não residentes (TNR). A clinica médica destinada a este segmento da população, sobretudo às empregadas domésticas oriundas de países como o Vietname, Indonésia ou Filipinas, abre portas este mês, garantiu ao HM Paul Pun, secretário-geral da Caritas.

“Tenho boas notícias, pois poderemos abrir a clínica em breve, ainda este mês. Estamos à espera de aprovação para podermos publicitar o espaço lá fora. Ainda não podemos fazer publicidade fora da clínica aos dois médicos que irão trabalhar connosco, mas é fácil obter essa aprovação, não é um grande problema para nós.”

Paul Pun adiantou também que o custo médio de uma consulta será de 100 patacas, com medicamentos incluídos. Não estão, para já, previstos outros tratamentos.

“Queremos estabelecer o preço de 100 patacas, com medicamentos incluídos para três dias, e para os trabalhadores que não têm direito a seguro de saúde daremos tratamento gratuito. Não vamos ter análises clínicas, por exemplo, e temos de analisar quanto nos vai custar este tipo de tratamentos, porque teremos de contratar mais pessoas.”

Um milhão por ano

A Caritas prevê gastar cerca de um milhão de patacas por ano com o projecto, tendo neste momento três pessoas a trabalhar de perto com Paul Pun.

“Na clínica teremos de pagar renda, medicamentos, salários dos médicos e custos das licenças. Neste momento, apenas estas três pessoas me dão apoio, mas precisamos de mais. Não estou a fazer agora acções de recolha de fundos porque precisamos de ter todas as licenças de que necessitamos. Já temos a licença para a clínica e precisamos de informar a sociedade de que teremos estes dois médicos a trabalhar.”

Nesta fase, falta também assinar um contrato com uma empresa fornecedora de medicamentos. Quanto à divulgação clínica esta será garantida, nos primeiros tempos, pela via da palavra passada entre as comunidades TNR.

“Não estou à espera de receber muitas pessoas no primeiro mês de abertura, porque podem não conhecer o projecto. Mas vamos organizar actividades com trabalhadores migrantes para que conheçam a clinica. Estes trabalhadores vão ajudar-nos a transmitir a mensagem para potenciais pacientes.”

Paul Pun assegura que a clínica será uma ajuda valiosa para pessoas que, devido aos custos elevados, pura e simplesmente não vão ao médico em Macau.

“Há muitas pessoas que não têm seguros e que, por isso, não vão ao médico, e é para essas pessoas que vamos procurar apoios financeiros. Esta será uma clínica privada e teremos de encontrar as pessoas que a possam frequentar para sustentar este projecto. Procuramos então pessoas que sustentem os mesmos objectivos que nós, que é ajudar os trabalhadores migrantes, sobretudo as empregadas domésticas”, rematou.

13 Set 2018

Assistentes sociais | Comissão já escolheu associações que vai ouvir

Já são conhecidas as associações a serem ouvidas pela comissão que está analisar a proposta de lei relativa à acreditação de assistentes sociais. São seis entidades ligadas ao sector e ainda um grupo de profissionais e dois de estudantes, locais e de Taiwan. O relatório deve estar pronto no final do mês e o diploma pode ir a votação em Abril

 

[dropcap style≠‘circle’]E[/dropcap]stão escolhidas as associações que vão ser ouvidas pelos membros da 2ª comissão permanente no âmbito da análise na especialidade da proposta de lei intitulada relativa ao regime de acreditação profissional para assistentes sociais.

“As associações que vamos ouvir são a Cáritas de Macau, a União Geral de Moradores de Macau (Kaifong), a Associação das Mulheres de Macau, a Associação de Assistentes Sociais de Macau e a Federação das Associações dos Operários de Macau” apontou o presidente da segunda comissão, Chan Chak Mo, após a reunião de ontem.

Além das associação vão ainda ser ouvidos três grupos considerados de relevo para a matéria em causa: um de assistentes sociais, um de estudantes de Taiwan, e um terceiro composto por estudantes do curso, locais. A razão, apontou o presidente de sede de comissão, tem que ver com a necessidade de auscultar os conteúdos curriculares e as perspectivas de futuro. “Queremos ouvir as perspectivas de emprego que têm estas pessoas e as composições curriculares dos cursos que frequentam”, disse.

A maioria dos alunos do ensino superior de Macau que vai ser ouvida vem do Instituto Politécnico e a escolha de jovens de Taiwan tem que ver, salientou Chan Chak Mo, com o facto de terem planos curriculares diferentes dos locais.

 

Depois de ouvidas todas as entidades a comissão vai produzir um relatório, sendo que o próximo encontro de discussão “só deve acontecer a 31 de janeiro”, apontou o presidente.

 

Ouvir (quase) todos

A necessidade de auscultar as várias associações e as pessoas ligadas à assistência social acontece na medida em que o documento tem sido alvo de manifestação de muitas opiniões divergentes. Dada a vontade mostrada por muitos em serem ouvidos pela Comissão que tem em mãos a análise na especialidade da proposta que dita as normas de acreditação dos profissionais, Chan Chak Mo referiu que, para já, a comissão vai reunir com “todos os grupos que demonstraram interesse em ser ouvidos e, se no futuro houver mais interessados, vamos imaginar 400, vamos ter de escolher porque não há forma de os ouvir através de encontro com todos”,

Apesar de ainda não existir uma data em concreto para a finalização do documento e a respectiva votação na Assembleia Legislativa, o presidente de sede de comissão apontou o mês de Abril como uma possibilidade.

17 Jan 2018

Apoio Social | Caritas ajuda a superar os danos do Hato e a cidade retribui

[dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]om quase 70 anos de história em Macau, a Caritas é um dos pilares sociais da cidade. A braços com muitos estragos na sequência do tufão Hato, a instituição mantém o foco no apoio aos que mais precisam. O secretário-geral da Caritas, Paul Pun, faz o ponto da situação, mais de 20 dias depois do tufão.

No dia seguinte à devastação provocada pelo Hato, um voluntário da Caritas contou ao HM o perigo que era conduzir por estradas cheias com todo o tipo de detritos. Contou o drama vivido num prédio no Fai Chi Kei onde centenas de idosos estavam isolados. Mais de 20 dias depois, a contabilidade dos estragos ainda não foi feita por uma questão de prioridades. “Até agora ainda não temos uma noção concreta de quanto perdemos, porque temos estado a gastar toda a nossa energia a servir na comunidade”, conta Paul Pun.

Uma das situações mais complicadas verificada imediatamente a seguir à passagem do tufão, o mais forte que Macau viu nos últimos 50 anos, aconteceu na loja social da Ilha Verde, uma instalação que hoje já está recuperada.

O secretário-geral da instituição conta que, na primeira semana, a prioridade era assistir “idosos, doentes crónicos, pessoas com deficiências físicas e outras que estavam isoladas”.

Outra situação a que tiveram de acorrer foi “a manutenção da operacionalidade dos asilos, nomeadamente arranjando fontes alternativas de energia para manter o auxílio a pessoas dependes de máquinas de suporte à respiração”.

Mas também a Caritas precisa de ajuda na sequência dos danos que as suas instalações e equipamentos sofreram. “Pelo menos 16 veículos ficaram danificados, alguns podem ser arranjados, mas outros ficaram irreparáveis”, revela Paul Pun.

Em termos de instalações, as que precisam de maior cuidado é o Centro de Santa Lúcia, em Ka Ho, onde estão internadas mulheres com doenças mentais.

Dar e receber

Outro centro danificado foi o Lar de Nossa Senhora da Penha, uma instituição que recebe pessoas com deficiências mentais e físicas, e que tem capacidade para receber 28 pessoas em sistema de internato.

De forma a apaziguar os problemas da Caritas, a comunidade respondeu em peso. Em primeiro lugar, as concessionárias de jogo chegaram-se à frente com várias formas de apoio.

A Galaxy ajudou a substituir quatro carros de serviço da Caritas, além de ter feito uma doação de um milhão de patacas. Foi também oferecido material de construção para remendar os danos provocados pelos ventos fortes do Hato.

Também a Sands China está em vias de facultar um veículo com elevador para transportar doentes com problemas de mobilidade e dois carros de serviço.

A MGM irá providenciar um equipamento que serve para transportar doentes em edifícios sem elevador e irá doar um veículo para o Lar de Nossa Senhora da Penha. Além destes, também a Wynn irá ajudar a Caritas a recuperar a operacionalidade. Outra das ajudas em destaque foi providenciada pela fundação a ligada ao jornal Ou Mun, que doou dois milhões de patacas.

Além disso, muitos voluntários se juntaram à organização para reforçar os trabalhos de apoio aos mais carenciados. Houve entregas anónimas de água, arroz e outros víveres.

A Caritas criou ainda o Centro de Apoio Pós-Desastre, com o objectivo de ajudar as pessoas necessitadas e que ficam de foram do alcance dos apoios dos governos. O centro pretende ajudar em Macau, no Interior da China e pelo mundo fora. O objectivo da instituição é dar resposta eficaz e rápida àqueles que ficam em situação de carência devido à crueldade dos elementos.

A Caritas alargou o âmbito da sua linha SOS depois da passagem do tufão Hato para receber pedidos de ajuda da população. Entre o dia 23 de Agosto e 9 de Setembro, a única contabilidade disponível até agora, a Caritas recebeu 137 pedidos de ajuda.

Água | Vem aí mais uma conduta de abastecimento

[dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]omeça hoje a instalação da quarta conduta de abastecimento de água, a partir da China, para reforçar o fornecimento na zona de casinos entre as ilhas da Taipa e Coloane. Um comunicado conjunto dos serviços da água, tráfego e do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais refere que, para “acompanhar o desenvolvimento e a necessidade de abastecimento de água da zona do Cotai, o Governo irá instalar nesta zona a quarta conduta de abastecimento de água a Macau, estabelecendo uma ligação com a respectiva conduta no interior da China para assegurar o abastecimento de água bruta na região”.

“Com capacidade de abastecimento diário de 200 mil metros cúbicos de água, a conduta irá diminuir a dependência da rede de abastecimento actual que liga com o território através da zona norte de Macau, aumentando, desta forma, a sua capacidade de resistência a eventuais riscos”, indica.

A conduta estende-se directamente desde a Ilha da Montanha, na China, até à zona do Cotai. “Com o desenvolvimento contínuo da zona das ilhas e de acordo com tendência actual de aumento do uso de água, prevê-se que, em alguns anos, o sistema de abastecimento de água em Macau atinja a sua capacidade total”, acrescenta.

A execução da obra, prevista para cerca de 600 dias úteis, envolve cerca de 2,8 quilómetros de comprimento, sendo o diâmetro da conduta de 1,6 metros. As autoridades referem ainda “a articulação com a estação de tratamento de água em construção na zona de Seac Pai Van, com capacidade de tratamento diário de 130 mil metros cúbicos de água”, vai “aliviar a produção concentrada de água na península de Macau, garantindo, deste modo, a segurança e a estabilidade do fornecimento de água nas ilhas”.

18 Set 2017

Caritas precisa de voluntários para apoiar famílias em necessidade

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]a sequência dos cortes de energia, muitas pessoas ficaram presas em casa sem acesso a comida ou água. Na zona do Fai Chi Kei, o tufão deixou muitos idosos isolados. Um grupo de voluntários prestou-se a levar-lhe as primeiras duas refeições de ontem, sobrando apenas o jantar. Precisavam de seis centenas de refeições, pedido respondido por alguns empresários da restauração.

Este exemplo ilustra um pouco do que se tem passado em Macau desde que o Hato assolou o território.

A Caritas, também a braços com os danos, tem estado na linha da frente a apoiar quem precisa. “Neste momento, estamos a contactar aqueles que recorrem aos nossos serviços, levando refeições, auxiliando pessoas isoladas e prestando apoio psicológico às vítimas”, conta Alan Oho da Caritas.

A instituição ainda está a quantificar os danos que os seus equipamentos sofreram, mas houve veículos para transporte de pessoas em cadeiras de rodas que foram atingidos por árvores e detritos.

Também a Santa Casa da Misericórdia sofreu danos, principalmente na loja social da Ilha Verde que ficou inundada tendo sido destruídos todos os cabazes alimentares que estavam prontos para ser distribuídos daqui a uma semana.

Mais ajuda

Alan Oho, da Caritas, confessa que a instituição atravessa uma fase em que precisa de ajuda. “Estamos a tentar angariar voluntários que possam complementar o nosso pessoal para ajudar as famílias”.

O funcionário da Caritas conta que um dos maiores problemas é fazer chegar a ajuda a pessoas com problemas de mobilidade que ficam presas em edifícios em elevadores, como o caso de um casal que usa cadeiras de rodas e vive num 21º andar.

Uma das situações mais dramáticas que Alan Oho enfrentou na noite de quarta-feira foi a necessidade de ter de ir buscar três idosos ao hospital depois de feita a hemodiálise. “Passámos por áreas cheias de vidros e detritos, chapas de metal, pedaços de árvores, eu, que sou um condutor experiente, senti-me muito inseguro”, conta. Apesar da incerteza do que se lhes deparava pelo caminho, conseguiram transportar os idosos de regresso ao lar. A etapa seguinte foi transportá-los ao longo de seis lances de escadas.

Se por um lado o Hato trouxe ao de cima alguma das melhores características das gentes de Macau, também houve o reverso. Com a água potável a escassear nas prateleiras dos supermercados, houve quem pusesse à venda duas garrafas de água pela módica quantia de 150 patacas.

25 Ago 2017

Entrevista | Paul Pun, secretário-geral da Cáritas Macau

O banco alimentar da Cáritas teve um aumento de dez por cento de pedidos, nos primeiros seis meses do ano. Para muitos, em Macau, depois da renda paga, pouco sobra para por na mesa. A Cáritas ajuda. Nisto e em muito mais. No seu projecto mais recente, a instituição presta o serviço “sair de casa” para quem tem dificuldades de mobilidade

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] número de pessoas que têm recorrido à ajuda do banco alimentar da Cáritas subiu cerca de dez por cento. O que é que está a acontecer para que se tenha registado este aumento?

Aparentemente estes dados podem indicar que cada vez mais pessoas têm necessidade deste serviço. Na verdade, os dados podem ser interpretados de três maneiras. Um dos aspectos a ter em conta, é a transferência de um centro para a Ilha Verde. Fizemos isso porque poupávamos 20 mil patacas de renda e podíamos aceder às pessoas daquela área. Este é um factor importante: a acessibilidade. Conseguimos chegar, talvez, a mais gente. Outro aspecto a ter em conta é o facto de já estarmos há seis anos a trabalhar. As pessoas já conhecem a existência do serviço e, como tal, é-lhes mais fácil inscreverem-se. Por último, há um aumento do número de pessoas que precisam realmente. Penso que, no passado, apesar de precisarem, não tinham noção disso mas agora já sabem que há uma ONG e já se sentem mais à vontade para procurar apoio. Estes três factores contribuíram para o aumento dos candidatos à nossa ajuda. Temos também promovido o próprio serviço mas há ainda casos escondidos.

Há ainda muita vergonha no que respeita à pobreza em Macau, e por isso, ainda permanecem muitos casos escondidos?

Se as pessoas pensarem que têm de recorrer à ajuda do Governo, acham que o processo implica muitos procedimentos e que é muito burocrático, e como tal, é menos provável que se candidatem. Isso já não acontece tanto quando se trata de uma ONG. Acredito que a pobreza é cada vez menos escondida em Macau. As pessoas começam a saber que o nosso serviço é para servir. Não é uma ajuda ou uma esmola, mas sim um serviço. Por outro lado, já começam a perceber que, com o nosso apoio, podem ter o que dar de comer aos seus filhos e que, se não se candidatarem, são os seus filhos que vão sofrer. Muitas residentes já vêm ter connosco, não no sentido de quererem ajuda para eles próprios, mas sim para poderem ajudar a geração mais nova. Trata-se de um serviço temporário. A ideia é ajudar os residentes com necessidades até que consigam ter uma melhor qualidade de vida e possam deixar de necessitar destes alimentos. Em retorno, podem sempre ajudar a sociedade da mesma forma que foram ajudados. Quando falamos em ajuda não estamos a falar em donativos. Podem fazê-lo através da atenção prestada à sua volta. Podem identificar casos semelhantes ao seu, de quem esteja a passar por dificuldades e aconselhar a candidatura ao apoio do banco alimentar. Podem falar do nosso serviço. Também encorajamos as crianças a fazer algum trabalho de voluntariado. Por exemplo, adolescentes que podem tomar conta de crianças de modo a que os pais possam ir trabalhar. Estamos a falar de pessoas com menos de 18 anos mas que já conseguem tomar conta de crianças. Há uma faixa da sociedade que, com o alto custo de vida, não se consegue sustentar com ordenado. Grande parte do que ganham vai para a renda de casa e depois o dinheiro não chega para a alimentação. O nosso banco alimentar serve também a essas pessoas que não são elegíveis para apoios do Governo, porque ganham mais do que o que é possível para se candidatarem, mas que não conseguem sobreviver com o que ganham. Claro que o ideal seria que as pessoas ganhassem decentemente e que o ordenado fosse suficiente para pagar rendas e comida, mas em Macau as rendas são altas e a comida também é cara. As pessoas têm cada vez menos dinheiro para comprar alimentos, se quiserem pagar a casa onde vivem.

Quem é que recorre ao banco alimentar?

Aqueles que não conseguem ter apoio da segurança social porque ganham de mais para o pedir. É uma faixa cinzenta da sociedade. São pessoas que trabalham na área da limpeza, essencialmente. Ganham mais de 6000 patacas e não estão qualificadas para pedir ajuda aos serviços sociais. Há também os novos emigrantes e pessoas que não têm emprego fixo. Cerca de metade dos que nos pedem apoio são idosos, que têm ajuda dos serviços sociais mas que ainda assim, precisam do nosso apoio. Temos ainda os que só podem ter trabalho a meio tempo porque têm de tomar conta das crianças.

Falou dos voluntários. A Cáritas tem um serviço alargado neste sentido. Como é que se processa? 

São pessoas que partilham o seu tempo. Por exemplo, no banco alimentar ajudam a empacotar os bens e na sua distribuição. Temos mais de 200 voluntários a fazer este serviço. No entanto, os números variam conforme a época do ano. Por vezes temos 500. O número oscila muito. Nas férias, os estudantes do Continente, que são voluntários, vão para casa. Curiosamente, em Dezembro é quando temos mais voluntários, inclusivamente funcionários públicos. É uma altura que apela à ajuda aos necessitados. As pessoas pensam: “vamos lá ajudar os pobres”. Depois no ano novo chinês não temos ninguém e quando temos são, essencialmente, idosos que estão sozinhos e que têm muito tempo livre. Temos mais 80 voluntários no atendimento telefónico e mais um grupo de cerca de 50 que só se dedicam à ajuda aos idosos. Há ainda um pequeno grupo de adolescentes que apoia outros adolescentes. Mas o nosso objectivo é conseguir ter de modo regular um total de 1000 voluntários, ou seja, uma proporção de um para um com os nossos trabalhadores contratados. Queremos também criar um programa especial dirigido aos idosos. Um programa de um para um. Muitos dos idosos que estão em lares não têm família, e estão completamente sozinhos no mundo. O nosso objectivo é que venhamos a ter um voluntário para cada idoso que precise. Esta é capaz de ser uma das áreas em que precisamos de mais gente. Temos cerca de 200 idosos sem família, entre eles há os que conseguem sentir-se bem e estão satisfeitos com a vida, mas cerca de 50 destes idosos não estão bem. É para estes que queremos arranjar companhia. Basta um bocadinho com alguém para ver as pessoas ficarem felizes. Por outro lado, há as situações de demência que não são fáceis de lidar.

Acha que Macau está preparado para lidar com essas situações?

A população não está. A demência está associada sempre a idades muito avançadas, no entanto, pessoas com 50 anos podem começar a apresentar sintomas de doenças degenerativas. Temos pessoas cada vez mais novas com demência e temos de sensibilizar a população para esta situação. Além do Governo, que deve estar pronto apara atender a estes casos, as famílias também têm saber enfrentar estes problemas. Os casos de demência estão a crescer no território e não sabemos porquê.

Falou da linha de atendimento telefónico. Que casos surgem em maior quantidade?

Cada vez temos menos pessoas a recorrer a essa linha. As linhas de apoio, mesmo as do Governo, estão cada vez mais especializadas. Há a linha específica para jogadores e para vítimas de violência doméstica, por exemplo. De Janeiro a Julho deste ano tivemos 3587 chamadas. Temos ainda serviços idênticos via internet. Tivemos 225 pedidos de ajuda por este meio que é utilizado pela população mais jovem e mais ligada à tecnologia. Usam o nosso apoio por whatsapp e weChat. No geral, as pessoas que nos procuram têm problemas relacionados com afecto, personalidade e problemas familiares. Sente-me sozinhas. Por telefone, temos mais casos de desordens de personalidade e tendência suicida. Muitas vezes são pessoas que só precisam de ser ouvidas. Os nossos voluntários da hotline são treinados essencialmente para saber ouvir. Se se tratar de casos que precisem de acompanhamento, nós encaminhamos as pessoas para os serviços especializados.

Têm um serviço novo, que traz as pessoas com limitações motoras à rua.

Sim, e é um serviço que não existe em Macau. Já comprámos os equipamentos e o serviço consiste em trazer ao exterior as pessoas com necessidades locomotoras especiais que precisam de ajuda para conseguir sair de casa. No território, há ainda milhares de prédios sem elevador É incrível ver a alegria crescente em pessoas que há anos que não iam à rua a não ser que precisassem de cuidados médicos porque teriam uma ambulância e os bombeiros para os irem buscar. Temos, por exemplo, uma utente que vive num segundo andar e está paralisada há mais de dois anos. Recentemente conseguiu sair pela primeira vez de casa. A própria cidade não está equipada para estas pessoas. Existirão cerca de 4000 prédios em Macau sem elevador. Se viverem aqui pessoas com deficiência motora, têm de estar em casa. Não podem ir conviver para a rua, não podem ir aos templos, não podem ir a biblioteca ou comer com os amigos. Se tiverem de ir às urgências, o Governo trata do serviço, caso contrário, não têm como sair de casa. Se em cada edifício existir uma pessoa com deficiência motora, temos 4000 pessoas fechadas em casa. Mas para sermos razoáveis, vamos contar com uma pessoa por cada dois edifícios. Teremos, ainda assim, 2000 pessoas que não têm como sair. Começámos a 8 de Dezembro com este projecto, data do nosso aniversário. Não quisemos fazer uma festa, quisemos lançar este serviço. Começámos com um caso no início do ano, em Março tínhamos 39, em Julho já estamos a ajudar mais de 60 pessoas.

14 Ago 2017