Detido em Hong Kong activista pró-independência Andy Chan

[dropcap]O[/dropcap]ito pessoas, incluindo o activista pró-independência Andy Chan, foram detidas esta quinta-feira em Hong Kong durante uma rusga policial, num momento em que a ex-colónia britânica atravessa uma grave crise política.

De acordo com um comunicado da polícia de Hong Kong, sete homens e uma mulher foram detidos na quinta-feira à noite num edifício industrial em Sha Tin, no norte do território, sob acusações de posse de armas e posse ilegal de explosivos.

Apesar de a nota de imprensa não identificar os suspeitos, fonte policial garantiu à agência France-Presse (AFP) que o activista pró-independência Andy Chan era um dos oito.
“Andy Chan foi detido e uma bomba de gás foi apreendida” disse a fonte, que pediu para não ser identificada.

Em resposta ao comunicado da polícia, centenas de manifestantes reuniram-se à porta de duas esquadras, durante toda a noite, exigindo a libertação dos activistas.

O Partido Nacional de Hong Kong (HKNP), um pequeno partido pró-independência liderado por Chan, foi proibido pelas autoridades em Setembro do ano passado, por motivos de “segurança nacional”.

Foi a primeira vez desde a transferência de soberania de Hong Kong, em 1997, que um partido político foi dissolvido desta forma. Apesar de o HKNP ter apenas um punhado de membros, o seu carácter independentista provocou a fúria das autoridades chinesas.

Pouco tempo depois, o executivo de Hong Kong recusou-se a renovar o visto do jornalista do Financial Times Victor Mallet, que tinha convidado Chan para uma conferência no Clube de Correspondentes Estrangeiros de Hong Kong (FCC, sigla em inglês).

A proibição do HKNP e a decisão sobre Mallet foram vistos como dois exemplos de um declínio das liberdades em Hong Kong. Hong Kong vive há dois meses um clima de contestação social, com milhares de pessoas nas ruas contra uma proposta de lei que permitiria ao Governo e aos tribunais da região administrativa especial chinesa a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental.

A proposta foi, entretanto, suspensa, mas as manifestações generalizaram-se e denunciam agora o que os manifestantes afirmam ser uma “erosão das liberdades” na antiga colónia britânica.

3 Ago 2019

Oposição de Hong Kong pede liberdade contra “imperialismo chinês”

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] independentista Andy Chan, líder do Partido Nacional de Hong Kong, apelou ontem à liberdade do seu território do “imperialismo chinês” e pediu ajuda aos Estados Unidos e ao Reino Unido para este fim, durante uma conferência de imprensa.

Andy Chan declarou que Pequim é “um grande império que tem operado durante séculos” e para aquele país “ser diferente é estar errado”, algo que na sua opinião afeta povos como os uigures, os tibetanos e também as populações de Xangai e Hong Kong.

O independentista falou aos jornalistas numa conferência de imprensa organizada pelo Clube dos Correspondentes Estrangeiros de Hong Kong.

O “império chinês”, que de acordo com Chan, constitui “uma ameaça para todos os povos livres do mundo”, disse o político, sublinhando que o Reino Unido como ex-colonizador de Hong Kong tem “uma dívida inevitável com esta nação de liberdade e democracia”.

Diante de um público composto principalmente por jornalistas, Chan também afirmou que “os membros da comunidade internacional e os Estados Unidos devem ver a ameaça imperialista que vem da China”.

Do lado de fora do recinto onde ocorria a conferência de imprensa, ouviam-se gritos de manifestantes pró-China através de um megafone.

Chan tentou levar o seu partido às eleições locais de 2016 (o sistema eleitoral em Hong Kong não contempla o sufrágio universal), mas a sua candidatura foi rejeitada pelo conselho eleitoral por ter ideias separatistas.

O ativista disse que, desde o retorno de Hong Kong à soberania chinesa em 1997, o território ficou “cada vez menos livre” e também lembrou a chegada, desde então, de “um milhão de imigrantes chineses que tentam alterar” a sociedade local.

Chan, que admitiu não ter participado nos protestos pró-democracia de 2014 (a “revolução dos guarda-chuvas”), disse que, sob a alçada de Pequim, Hong Kong sofre um controlo progressivo das ideias políticas e que “pensar em independência já é ser independentista” e “consequentemente subversivo”.

“É o filme ‘Minority Report’ que se transformou em realidade. Um lugar onde dizer que é a favor da independência já significa que está a cometer traição”, disse o líder político, cuja conferência de imprensa atraiu uma grande atenção precisamente porque as autoridades chinesas a tentaram cancelar.

O activista ainda alertou que o idioma cantonês, usado no sul da China e em Hong Kong, “está a ser trocado pelo mandarim (língua oficial do país, mais usada no norte) e poderá ser abandonado pela próxima geração”.

Andy Chan tentou dar uma palestra pública no ano passado, quando Hong Kong (que é uma região administrativa especial, como Macau, e com mais liberdade) celebrou o vigésimo aniversário de seu retorno à China com a visita do Presidente chinês, Xi Jinping, mas a iniciativa foi cancelada.

Também foi pedido pelas autoridades o cancelamento da conferência de imprensa de Chan ao Clube dos Correspondentes Estrangeiros de Hong Kong, mas este decidiu manter o encontro.

O ativista denunciou a perseguição que sofre por causa das suas ideias, assegurando que nos últimos dias tem sido submetido a uma vigilância diária.

Questionado se a conferência de imprensa poderá trazer-lhe alguma consequência, respondeu que poderia ter de cumprir até três meses de prisão.

15 Ago 2018

Activista pró-independência discursou em Hong Kong numa palestra que desafiou Pequim

Com agência Lusa

Um activista independentista discursou hoje no Clube de Correspondentes Estrangeiros de Hong Kong, apesar de Pequim ter pedido o cancelamento da palestra que foi marcada por manifestações pró-independência, pró-China e pró-democracia

Um pequeno grupo intitulado de União da Independência dos Estudantes manifestou-se em apoio ao discurso proferido no Clube de Correspondentes Estrangeiros de Hong Kong (FCC, na sigla em inglês) por Andy Chan, líder do Partido Nacional e defensor da independência desta região especial administrada pela China.

Manifestantes pró-democracia, apesar de serem contra a independência, afirmaram ser a favor do direito de liberdade de imprensa e liberdade de expressão em Hong Kong.

Os activistas pró-independência chegaram a entrar em confronto com a polícia, enquanto dezenas de partidários pró-Pequim gritaram palavras de ordem contra os ativistas.

“Mandem gás contra os espiões!”, foi um dos slogans que os manifestantes a favor de Pequim entoaram, de acordo com a agência de notícias France-Presse.

A palestra de Andy Chan sobre “O nacionalismo de Hong Kong: um guia politicamente incorrecto para Hong Kong sob o governo chinês”, foi criticada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros de Pequim que chegou a pedir o seu cancelamento.

Este pedido, o primeiro deste tipo desde 1997, data da transferência de soberania do Reino Unido para a China, surge numa altura em que Pequim continua a reforçar o domínio sobre aquele território que, ao abrigo da lei básica local, goza de liberdade de expressão e poder judicial independente.

O FCC recusou-se a aceder ao pedido de Pequim, reiterando que as opiniões de diferentes, em qualquer debate, devem ser ouvidas. Durante a palestra, Andy Chan agradeceu ao FCC por defender a liberdade de expressão e por não ter cedido às pretensões chinesas.

Governo repudia palestra

O FCC decidiu avançar com a realização da palestra apesar das críticas já apontadas pela Chefe do Executivo, Carrie Lam, e o anterior governante, CY Leung. Ontem foi emitido um comunicado oficial onde o Executivo da região vizinha “lamenta profundamente a realização da palestra e o convite feito a um orador que evoca a independência de Hong Kong”.

Citado pelo mesmo comunicado, um porta-voz do Governo adiantou que “é totalmente inapropriado e inaceitável para qualquer pessoa promover abertamente e invocar a independência de Hong Kong”.

É também “totalmente inapropriado e inacetitável para qualquer entidade providenciar uma plataforma pública que promova tais opiniões”.

As autoridades invocam ainda a Lei Básica de Hong Kong, que “estipula clatamente que a RAEHK é parte inalianável da República Popular da China (RPC)”, pelo que “invocar a independência de Hong Kong é uma violação clara da Lei Básica e é uma afronta directa à soberania nacional, à segurança e integridade regional da RPC”.

Apesar destas críticas, o Governo frisou a importância que dá à liberdade de expressão e de imprensa. “Temos apoiado de forma continuada o trabalho do FCC nas últimas décadas. Contudo, providenciar uma plataforma pública para um orador que publicamente defende a independência do território desconsidera os deveres constitucionais de Hong Kong tendo em conta a soberania nacional.”

A transferência da soberania britânica de Hong Kong para a China ocorreu a 1 de julho de 1997. Pequim garantiu, tal como em Macau, o princípio “um país, dois sistemas”, um período de transição de 50 anos durante o qual o território manterá uma autonomia alargada.

Trinta e cinco dos 70 lugares no Conselho Legislativo de Hong Kong são eleitos através de sufrágio universal, enquanto os restantes são diretamente designados por grupos de poder, muitos deles considerados próximos de Pequim.

As pretensões independentistas e pró-democracia ganharam força após a chamada Revolução dos Guarda-Chuvas, em 2014, e que paralisou o centro financeiro de Hong Kong.

14 Ago 2018