Melco quer mesas VIP no Studio City mesmo com aumento das receitas

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Melco Crown quer ter mesas para grandes apostadores no casino que abriu no ano passado e que inicialmente tinha decidido dedicar a 100% ao mercado de massas. O presidente-executivo da empresa, Lawrence Ho, disse que a expectativa é conseguir autorização do Governo para 30 mesas de jogo VIP no Studio City, que “melhorarão” os resultados do resort.
“Ter alguma presença [de jogo] VIP irá provavelmente ajudar o resto da oferta não jogo” e posicionar melhor o Studio City, acrescentou Lawrence Ho, citado pelo site especializado em jogo GGRAsia, numa conferência com analistas na quinta-feira à noite, a propósito da apresentação dos resultados da Melco Crown no segundo trimestre deste ano.
A empresa espera que o Governo tome uma decisão ainda este mês ou no início de Setembro e pretende dar a exploração de dois terços dessas mesas VIP a junkets. A 6 de Julho a agência Bloomberg havia já anunciado que o Studio City planeava abrir salas de grandes apostadores, mexendo na estratégia inicial que fez do complexo o primeiro sem espaços de jogo VIP em Macau.
A operadora anunciou a semana passada que aumentou as receitas líquidas em 17% no segundo trimestre, em relação ao mesmo período de 2015, devido, em parte, ao novo resort. As receitas líquidas do grupo entre Abril e Junho ascenderam a mil milhões de dólares norte-americanos e o aumento deve-se, “em primeiro lugar” ao Studio City e ao aumento das receitas do City of Dreams Manila – nas Filipinas -, segundo um comunicado da Melco Crown.
“O Studio City (…) está ainda em fase de crescimento e a posicionar-se para maiores aumentos de receitas e lucros no futuro”, considerou Lawrence Ho.
De portas abertas desde 27 de Outubro de 2015, o Studio City nasceu totalmente focado no mercado de massas e, sobretudo, na classe média chinesa. A abertura de salas VIP tem como objectivo ajudar a compensar a diminuição de quase 83% nos lucros líquidos que a Melco Crown sofreu no ano passado, segundo as fontes da Bloomberg.

8 Ago 2016

Emigrantes | Consulado garante salvaguarda de dados pessoais

A imprensa portuguesa indica que o fornecimento de dados pessoais de cidadãos portugueses no estrangeiro está suspenso, enquanto se aguarda por um outro parecer, mas o Consulado em Macau garante que nada será fornecido sem autorização dos residentes

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Secretaria de Estado das Comunidades terá já mandado suspender a possibilidade de serem fornecidos dados pessoais dos cidadãos portugueses no estrangeiro. Ainda assim, o Consulado-Geral de Portugal em Macau e Hong Kong assegura que não tem por hábito dispensar estes dados sem autorização.
Um artigo da imprensa portuguesa dava na sexta-feira conta que, desde o dia 1 de Agosto, é possível serem disponibilizados o nome, a morada, o telefone e até número do cartão de cidadão de portugueses a residir no estrangeiro. O jornal “O Observador” indicava que o acesso aos registos sobre qualquer emigrante inscrito num consulado português é livre, podendo qualquer pessoa pedir estes dados junto dos serviços consulares do país ou região onde o cidadão se encontre, excepto nos casos em que o emigrante tenha dado indicação expressa de querer manter os seus dados confidenciais.
A decisão teria resultado num parecer da Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos (CADA), publicado em inícios de Junho e que passou a ser posto em prática no dia 1 de Agosto, de acordo com o que a Secretaria de Estado das Comunidades garantiu ao jornal. Contudo, uma notícia deste fim-de-semana do jornal “Público” assegurava que os consulados que facultarem dados pessoais dos emigrantes a terceiros arriscam-se a serem multados ou mesmo a cometerem um crime. O diário citava a Comissão Nacional da Protecção de Dados e a Secretaria de Estado das Comunidades, que “veio dizer que tinha mandado suspender a disponibilização dos dados dos emigrantes, uma vez que estava à espera de um parecer da Comissão”.

Tudo vedado

Ao HM não foi possível confirmar a situação, devido à impossibilidade de contactar tanto a Secretaria em Portugal, como os conselheiros portugueses em Macau. Ainda assim, o Consulado-Geral português em Macau assegura que, seja qual for a situação, não vai fornecer dados.
“No que diz respeito aos pedidos referenciados, nomeadamente em situações de ‘pedidos de paradeiros de cidadãos portugueses residentes ou localizados no estrangeiro, apresentados por particulares, na sua maioria familiares e amigos, que pretendem saber a sua morada e contactos, pelas mais variadas razões’, é nossa prática e procedimento comum consultar primeiramente o cidadão inscrito em causa informando-o do pedido que recebemos. Só no caso de concordância do mesmo é que fornecemos os seus contactos e, regra geral, o correio electrónico, a terceiros”, pode ler-se numa nota colocado na página do Consulado e confirmada ao HM pelo chanceler Ricardo Silva.
O responsável confirmou ainda que os dados só são pedidos juntos do Consulado onde o cidadão estiver registado, o que significa que, no caso dos portugueses registados em Macau, o Ministério dos Negócios Estrangeiros em Portugal também não pode ceder os dados se o cidadão não deu autorização cá no território para que tal aconteça.
Ainda que o Consulado garanta que não é costume ceder os dados, os responsáveis avisam que os cidadãos poderão enviar um email para macau@mne.pt para impedir que tal aconteça.
As informações sobre a nova circular são escassas, desde logo começando pelo facto do parecer que dava autorização ao fornecimento dos dados não estar sequer disponível online. A cedência dos dados viria na sequência de “diversos pedidos” de familiares e amigos, “maioritariamente”, sobre o paradeiro de alguns portugueses, mas também poderá servir, por exemplo, para a instauração de processos judiciais.

8 Ago 2016

Homem morto nos NAPE poderá afinal ter-se suicidado

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]homem que foi encontrado morto num hotel dos NAPE poderá, afinal, ter cometido suicídio. É o que diz a Polícia Judiciária, depois de, numa primeira versão, ter informado que o homem teria sido esfaqueado por duas outras pessoas.
O caso remonta ao fim-de-semana passado, quando um homem foi encontrado numa casa-de-banho de um hotel “com uma perfuração de cerca de cinco centímetros no peito”. Seria um jogador que foi sequestrado por dois homens devido a um esquema de agiotagem.
Agora, a PJ diz que o ângulo do ferimento provocado pela faca deixa em aberto a possibilidade de suicídio, tendo sido até o próprio homem a comprar a arma, devido “a dívidas de jogo”.
“O falecido foi comprar uma faca num supermercado ali perto, sozinho. Não descartamos a possibilidade de ter sido um suicídio, de acordo com a perícia médica e a julgar pelo ângulo da ferida. Mas ainda estamos a investigar”, frisou à TDM um porta-voz da PJ.
A vítima, da China continental, deveria cerca de 30 mil dólares de Hong Kong a um agiota. Segundo a TDM, era a segunda vez que tal acontecia, sendo que, da primeira, foi o filho quem pagou as dívidas. O homem voltou a pedir dinheiro ao mesmo agiota, o que o fez ser vigiado constantemente por dois homens contratados, que estariam no quarto com ele. Foram estes que chamaram a amiga da vítima que deu o alerta às autoridades. São suspeitos, mas ainda não foram encontrados pelas autoridades. Já o alegado cabecilha do grupo foi detido nas Portas do Cerco. A investigação continua, sem a PJ descartar tanto a possibilidade de suicídio, como homicídio.

8 Ago 2016

Tabaco | Mais de 35 mil acusados desde 2012. Cibercafés no topo

Os cibercafés e os jardins são os locais onde mais infractores da Lei do Tabagismo são encontrados. Os Serviços de Saúde anunciaram a existência de mais de 35 mil acusações desde que entrou em vigor o diploma, sendo que só este ano já houve quase quatro mil

[dropcap style=’circle’]M[/dropcap]ais de um milhão de inspecções e mais de 35 mil acusações. São estes os números referentes à aplicação da Lei de Prevenção e Controlo do Tabagismo desde que esta entrou em vigor, em Janeiro de 2012. Só este ano, já foram multadas quase quatro mil pessoas.
“Desde a entrada em vigor da lei os agentes de fiscalização de controlo do tabagismo realizaram, no total, 1.161.012 inspecções a estabelecimentos e registaram 35.084 acusações a pessoas que foram identificadas a fumar em locais proibidos”, pode ler-se num comunicado.
Os dados são dos Serviços de Saúde (SS), que indicam que foi feita uma média de 871 inspecções diárias só este ano. Assim, entre Janeiro e Julho foram realizadas 185.488 inspecções a estabelecimentos e registadas 3937 acusações. A maioria diz respeito a pessoas que fumaram em locais proibidos (3932 casos), tendo ainda sido detectados cinco casos de venda de produtos de tabaco que “não satisfaziam as normas de rotulagem”.
A esmagadora maioria dos “fumadores ilegais” (92,2%) são homens, contra os 7,8% de casos registados entre mulheres. Mais de 1350 multas foram aplicadas a turistas, mas são os residentes que perfazem a maioria dos infractores (2404). Apenas 172 infracções foram cometidas por trabalhadores não-residentes. Em 150 casos foi necessário o apoio das Forças de Segurança, mas desde o início do ano que 81,3% dos infractores pagaram a multa.

Por todo o lado

Os cibercafés continuam no topo dos locais onde se continua a fumar sem autorização, perfazendo um total de 686 casos. Mas parques e zonas de lazer também figuram entre os sítios preferidos para acender o cigarro (12,6%), com os estabelecimentos de jogos e diversão a suceder na lista.
Quem fuma ilegalmente nos casinos fica de fora das contagens gerais. No primeiro semestre deste ano foram feitas 282 inspecções aos casinos de Macau, de onde saíram 337 acusações – destas pessoas 269 eram turistas.
Entre as 1800 chamadas telefónicas que os SS dizem ter recebido, 1259 foram queixas.

8 Ago 2016

Escolas da Diocese reagrupadas e renomeadas

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]partir do ano lectivo 2017/2018, parte das escolas subordinadas à Diocese de Macau vai ser renomeada e reagrupada. A Escola do Santíssimo Rosário, que vai suspender o seu funcionamento já no próximo ano lectivo, será integrada na Escola Madalena de Canossa e no Colégio Diocesano de São José.
Segundo o Jornal Ou Mun, a Diocese já solicitou à Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) a sua integração na rede de ensino gratuito, assim como a mudança de nome para o Colégio Diocesano de São José de Toi San. Prevê-se que a partir do ano lectivo 2017/2018, esta escola possa oferecer ensino gratuito.
O colégio, que se situa na zona Toi San, aumentou a propina três vezes em três anos consecutivos, o que levou os pais a entregar uma assinatura conjunta à Diocese no início do ano. Segundo resposta escrita do bispo, na altura, a Diocese iria estudar a viabilidade da integração da escola na rede de ensino gratuito.
Também a Escola Madalena de Canossa, no Fai Chi Kei, vai integrar a Escola do Santíssimo Rosário e vai passar a chamar-se Escola Madalena e tornar-se num estabelecimento de ensino inclusivo, oferecendo também ensino especial. Além disso, a Diocese solicitou a isenção do exame dos alunos da escola para a entrada no Colégio Diocesano de São José de Toi San.
Já o sexto Colégio Diocesano de São José, que se localiza na Ilha Verde e está em reconstrução, vai passar a chamar-se Colégio Diocesano de São José da Ilha Verde. Os colégios Diocesanos de São José, do primeiro ao quarto, vão ter o nome conjunto de Escola Primária Diocesana de São José, conforme a sua localização, que se separa nas secções de São Lázaro, Travessa dos Anjos e da Rua da Sé. A DSEJ já recebeu as solicitações e está em processo de análise.

8 Ago 2016

DSEC | Intercensos durante mês de Agosto questionam factores económicos

O Governo vai entrevistar 33 mil famílias para apurar a evolução demográfica da população, mas também para perceber se a queda nas receitas dos casinos afectou o emprego dos residentes

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) vai realizar os Intercensos de 7 a 21 de Agosto. O objectivo passa por actualizar a base de dados da população, mas também tem uma vertente económica, querendo analisar quantas pessoas mudaram de emprego por causa da queda das receitas do jogo, de acordo com a rádio Macau.
Um comunicado dá a conhecer o início da actividade, que vai questionar famílias em 33 mil casas seleccionadas, mas numa explicação à rádio, a DSEC indica que o impacto da recessão económica no mundo do trabalho é uma das grandes perguntas a responder, dada a diferença económica com que Macau se depara desde os últimos Censos, feitos em 2011.
“Já vai uma diferença de cinco anos e queremos compreender a situação do emprego. Como estamos numa fase de mudança na economia de Macau também queremos aproveitar esta oportunidade para saber [informações] sobre a mudança de emprego e de posto de trabalho, para destacar esta situação na economia de Macau”, explica à rádio Mark Mak, subdirector substituto da DSEC.
No questionário, que será feito electronicamente, DSEC quer também recolher informações sobre o dia-a-dia das pessoas com mais de 60 anos. O questionário não é, como de costume, feito porta a porta, sendo que dois funcionários do organismo vão deslocar-se às casas das pessoas apenas para confirmar os dados.
A DSEC quer promover plenamente o uso do questionário electrónico e diz-se “atenta à segurança”.
Segundo a rádio, foram recrutadas 840 pessoas para os Intercensos, cujos resultados provisórios vão ser divulgados em Setembro.

5 Ago 2016

IPIM aprova 33 pedidos para programa de convenções

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM) recebeu até meados de Julho 48 solicitações para o “The Convention and Exhibition Stimulation Program”, segundo revela o Jornal Ou Mun. Desses pedidos, 33 foram aprovados e envolvem um valor de cerca de 13 milhões de patacas.
O mesmo instituto recebeu também 20 solicitações para o “The International Meeting and Trade Fair Support Program” e aprovou 11, que envolvem aproximadamente nove milhões de patacas.
O Presidente do IPIM, Jackson Chang, disse que as aprovações têm de ser feitas com rigor, isto é, tem de ser feita uma avaliação de forma geral e caso o tema corresponda ao desenvolvimento e à escala de Macau, pode avançar. As autoridades admitiram que o financiamento desceu em comparação ao ano passado, porém de uma forma geral o dinheiro, que pretende apoiar o sector das convenções, mantém-se.
Nos últimos anos, o sector de Convenções e Exposições de Macau tem ganho reconhecimento a nível internacional, de acordo com um relatório do “The Global Association of the Exhibition Industry (UFI)” que indica que Macau foi o melhor mercado de Exposições na Ásia em 2014. “Macau é muito competitivo neste sector dado que os sítios da cidade se encontram próximos”, assegura o presidente.
Foi recentemente criado pelo IPIM o serviço de “One-stop Service” para o sector das feiras, com vista a facilitar aos organizadores o reconhecimento de locais para a realização de exposições.

5 Ago 2016

Água | Pedidos “incentivos” para qualidade nos privados, mas Macau não tem padrão

Macau continua sem um padrão a ser seguido pelos donos de prédios privados para garantir a qualidade da água que sai das torneiras. Beber de lá, sim, mas só se fervida. Entretanto, representantes de Conselhos Consultivos vão pedindo ao Governo mais incentivos para que o problema possa ser resolvido. Até porque Macau não tem um laboratório privado para eventuais pedidos de análise

[dropcap style=’circle’]M[/dropcap]embros do Conselho Consultivo dos Serviços Comunitários da Zona Norte pediram ontem ao Governo “incentivos” para que a qualidade da água nas habitações privadas seja garantida. Mas, o facto de não se conseguir estabelecer um padrão a seguir por proprietários e empresas faz com que beber água da torneira seja ainda uma acção a evitar.
Numa reunião com a Direcção dos Serviços dos Assuntos Marítimos e da Água (DSAMA), Lam U Tou, membro do Conselho, instou o Executivo a fazer mais do que ao que está ao seu alcance para garantir que a água que sai das torneiras seja minimamente potável.
O responsável sugeriu que a RAEM tome como referência o plano “Quality Water Supply Scheme for Buildings – Fresh Water”, de Hong Kong. O projecto permite que os prédios que nele participam possam fazer regularmente análises da água, de forma a que o abastecimento de água secundário atinja os padrões de qualidade definidos pela Organização Mundial de Saúde para a água sob gestão pública. Como a manutenção dos canos é “a principal forma de tal acontecer”, como se pode ler no site que apresenta o esquema, os donos dos prédios que aderirem ao plano podem pedir incentivos monetários para manutenções. Em contrapartida, se cumprirem a qualidade, os prédios recebem certificados que têm como intuito “aumentar a confiança” dos moradores face à água que lhes corre no corpo e para o copo.

Padrão desconhecido

Apesar da água que entra em Macau – e que vem, na sua quase totalidade, de Zhuhai – ser supervisionada e testada pelo Governo, que tem que cumprir padrões de qualidade específicos, não há qualquer lei em Macau que obrigue o Governo ou a Sociedade de Abastecimento de Águas (SAAM) a responsabilizar-se pela água que corre nas habitações privadas.
A água que chega às torneiras dos prédios que não são de habitação pública não é sujeita a qualquer regulação e se é apropriada ou não para beber vai depender da vontade dos proprietários do prédio. Até porque, como explica Tiago Wong ao HM, não há um padrão que os privados tenham de seguir.
“A nossa responsabilidade cinge-se até à rede pública. A responsabilidade de garantir a qualidade da água [nos prédios] privados é dos proprietários. E não há regulamento sobre como o Governo, ou a SAAM, pode garantir a qualidade da água dentro dessas áreas privadas”, começa por dizer o responsável da DSAMA e membro do Grupo de Trabalho para a Construção de Uma Sociedade Economizadora de Água. “Ainda não há qualquer referência sobre critérios ou padrão sobre a água da torneira dos privados e neste momento não é fácil criar um padrão ou lei para esses prédios.”
Um dos problemas que Tiago Wong aponta para a inexistência desse padrão é a necessidade de recolher dados sobre outros locais do mundo “para perceber primeiro como é que se pode estabelecer” essa medida. O outro é que é “difícil chegar a um consenso”: se o Governo definir um padrão muito alto, defende, é difícil para as empresas de gestão de prédios ou proprietários individuais atingirem-no. Se, por causa disso, o padrão for mais baixo também acaba por não merecer a confiança suficiente da população de que a qualidade está garantida.

[quote_box_left]“Ainda não há qualquer referência sobre critérios ou padrão sobre a água da torneira dos privados” – Tiago Wong, responsável da DSAMA[/quote_box_left]

Promoções e pouco mais

Como recorda Lam U Tou, e como o próprio Executivo admite, o Governo consegue garantir que a água potável atinja os critérios mundiais no momento em que chega de Zhuhai e entra em Macau. Na Estação de Tratamento de Águas Residuais “é garantida” a dessalinização e a limpeza. Mas esta água tem um outro percurso pela frente: do reservatório do Governo para o reservatório dos edifícios privados.
E, se bem que alguns prédios, segundo um representante de empresas de gestão predial que preferiu não ser identificado, até tenham os reservatórios dos prédios limpos, os canos não estão.
Essas canalizações, que são da responsabilidade dos proprietários, estão “enferrujadas, corroídas e cheias de bactérias”, como frisa o representante e como a própria SAAM expressou num relatório de contas lançado em Abril deste ano.
Numa visita a um prédio na Taipa, o HM conseguiu comprovar isso mesmo. E, como referiu o responsável desse edifício ao HM, existe a intenção, em alguns edifícios, de substituir as canalizações, mas isso é “um trabalho infindável, especialmente se os prédios forem altos”.
Tiago Wong alinha na mesma opinião. “Por exemplo, se os prédios forem até seis andares, normalmente, o abastecimento de água é directo da rede pública e não faz mal [beber]. O problema são os prédios altos e os canos.”
Lam U Tou quer que o Governo entre em acção, ainda que, na falta de leis, o Executivo não possa obrigar os proprietários a reparar canos e a fazer limpezas dos reservatórios. Então, o que pode fazer, agora, o Governo?

Tiago Wong, aqui no reservatório em Coloane
Tiago Wong, aqui no reservatório em Coloane

A questão das habitações públicas está salvaguardada, como relembra Tiago Wong e como já referiu publicamente Susana Wong, directora da DSAMA, aquando escândalo de chumbo na água que atingiu os prédios públicos em Hong Kong. O Instituto de Habitação (IH) conseguiu chegar a acordos com os gestores das fracções de habitação pública, para que a água que sai das torneiras nos prédios de habitação seja minimamente potável.
Para os que ficam fora da rede de habitação pública, Tiago Wong explica ao HM a solução que o Governo apresenta, para já: promoções e formação técnica. “Agora é o que podemos fazer, prestar informações e formação técnica para melhorar os conhecimentos sobre a manutenção do sistema dentro dos edifícios privados, ajudar a que tenham mais formação para ajudar a que mantenham as boas condições e usem os materiais adequadas [para a construção de reservatórios ou canalizações].
No caso destes prédios privados, como exemplificam ao HM, as taxas de condomínio não contam com a reparação das canalizações: são custos adicionais, que às vezes até obrigam ao aumento da taxa de condomínio em casos onde os prédios querem mesmo reparar as tubagens.

Bebe o chá

Na reunião de ontem do Conselho Consultivo, Choi Tat Meng, membro do grupo, revelou que a intenção do encontro foi pedir ao Governo que impulsione ainda mais a formação de técnicos e que estabeleça também um regime de licença profissional para estes profissionais, de forma a assegura que os reservatórios são bem limpos. O Governo, diz, precisa de tempo.
Para já, portanto, cabe ao público preocupar-se com esta situação. Mas, e se quiser fazer análises à água que tem em casa? Essa pode ser uma situação complexa, porque Macau não tem um laboratório privado para análise.
“Se quiser fazer a verificação sobre a qualidade da água tem de ir para Hong Kong ou outro local. Não há qualquer laboratório da empresa que possa fazer a análise à agua, só o do IACM ou da SAAM, mas não é privado. Não há capacidade para isso, o que é um problema. Os recursos financeiros também podem ser um problema, porque é preciso pagar”, frisa Tiago Wong ao HM.
O IACM explica ao HM que, caso exista uma queixa por parte de um cidadão relativamente à qualidade da água de um edifício privado, o laboratório envia pessoal para verificar as condições do abastecimento de água. E “caso se observe uma situação anormal, o laboratório irá recolher uma amostra da água para análise.”
Mas o responsável da DSAMA alerta: se todos os residentes fizessem isso, o IACM não teria capacidade para tratar do problema. “Se houvesse capacidade, eles fariam”, assegura.
Lam U Tou apela por isso ao público para ter esta consciência e alertar também os proprietários dos prédios privados para o problema. Para já, beber água da torneira só se fervida ou depois de filtrada. Chá, como apurou o HM, é sempre a saída preferida.

E a engarrafada?

Por um preço como 35 patacas consegue comprar um garrafão de cinco litros de água. Mineral, de marca chinesa e com um rótulo onde se pode ler “inspeccionado”, este tipo de garrafões de água é um dos mais comummente utilizado por escritórios e locais públicos. Mas não existe, na realidade, qualquer selo de qualidade que garanta a qualidade do produto.
Questionado sobre o assunto, o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) assegura, ainda assim, a fiscalização.
“Para garantir a segurança da comida, o Centro de Segurança Alimentar tem continuamente fiscalizações de rotina dos alimentos vendidos em Macau, onde se inclui a água engarrafada”, explica ao HM o IACM. “Desde 2014 que o Centro recolheu mais de 224 amostras de garrafões desta água para análises microbiológicos, químicos e de sensibilidade. As amostras incluem diferentes marcas e embalagens.”
De acordo com o IACM, nos testes está incluída a despistagem do E. Coli, a presença de cloro, cianeto, tetracloreto de carbono, nitrato, nitrito e permanganato.
“Até agora, todos os resultados foram satisfatórios e o Centro vai continuar a monitorizar a segurança da água engarrafa. Se houver qualquer anomalia, tomaremos logo acções”, promete ainda o instituto, que não dá, contudo, detalhes sobre a possibilidade de criação de um selo de qualidade.

Revisão de Regulamento de Drenagem em 2017

Tiago Wong, da Direcção dos Serviços para os Assuntos Marítimos e da Água, garantiu ao HM que o organismo está a preparar a revisão do Regulamento de Drenagem de Águas Residuais, sendo que “uma proposta vai ser entregue em 2017”. O regime existe desde 1996, como relembrou Lam U Tou, membro do Conselho Consultivo dos Serviços Comunitários da Zona Norte. O responsável pede, por isso, que o Governo actualize o padrão para a qualidade de água e implemente ainda critérios para assegurar a qualidade “dos tubos de água recém-construídos”.

Sabia que…

A capacidade efectiva dos reservatórios locais é de 1,9 milhões de metros cúbicos de água? E que esta pode satisfazer apenas nove dias de consumo local?

Quase toda a água de Macau é importada e a sua origem é o Rio Xi?

Números

63,4 mil metros cúbicos de água são consumidos anualmente em Macau. Desta, 43% é consumida em casa
96% da água é importada de Zhuhai

Mais infra-estruturas a caminho

Para o próximo ano, segundo a DSAMA, será concluído mais um tubo para o transporte de 200 mil metros cúbicos de água por dia. Este vai ligar Macau e Guangdong, possibilitando o transporte da água directamente da Ilha da Montanha para a Taipa e Coloane. Já em 2018, o Governo prevê a conclusão das tubagens que vão ligar Pingang, em Zhuhai, à estação de transferência que se localiza em Guangchang. Depois a água vai entrar em Macau através das Portas do Cerco. O tubo vai ter um comprimento de 20 km e a quantidade de água transportada por dia conseguirá atingir um milhão de metros cúbicos.

5 Ago 2016

DSEJ | Sistema de avaliação uniforme para alunos em consulta pública

Apesar do decréscimo da taxa de repetentes nas escolas do ensino não superior, a DSEJ avança com a uniformização da avaliação aos alunos. O projecto para a reforma do regime estará em consulta pública até ao final de 2016

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Executivo vai lançar um novo regime de avaliação de alunos, que está marcado para ir a consulta pública até ao fim do ano, garante a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ). A iniciativa está aliada à taxa de reprovação dos alunos do ensino não superior que, ainda que tenha registado uma quebra nos últimos anos, sempre foi alta.
Agora, o regime de avaliação dos alunos tem o objectivo de regular os diferentes padrões utilizados na avaliação de cada escola do território, que ascende, neste momento, a mais de 120. A criação de um só padrão de avaliação para substituir os muitos existentes traz algumas novidades.
A comissão especializada para o regime de avaliação dos alunos e constituída pelo Conselho de Educação para o Ensino Não Superior concluiu, após análise de vários casos, que é necessário impulsionar esforços num sistema diversificado, ao invés do que tem sido feito e em que o foco está num sistema de avaliação sumativo baseado nos resultados obtidos pelos alunos em provas escritas.
Uma sugestão é uma proposta que elimine a possibilidade de chumbo dos alunos durante a escolaridade primária. Para o quinto e sexto ano está em aberto a fixação de uma taxa de estudantes repetentes não superior a 4% e 8% respectivamente.
A DSEJ já está no processo da elaboração dos documentos consultivos e preparação dos trabalhos, de modo a que a consulta pública seja realizada antes do final de 2016.
Em resposta a uma interpelação escrita de Chan Meng Kam, que questiona o Governo acerca das medidas para resolver o problema de alta taxa de repetência e que alerta para a existência em Macau de mais de 120 padrões de avaliação, a DSEJ não parece, contudo, concordar com o deputado. O organismo afirma até que é esta diversidade de sistemas de avaliação que tem contribuído para a diminuição da taxa de alunos repetentes pelo que se constata que “obteve resultados efectivos”, como afirma a entidade.
Em 1999/2000, a taxa de repetição nas escolas primárias, secundárias gerais e secundárias complementares foi de 7,3%, 15,6% e 7,6% respectivamente. Em 2013/2014, a percentagem no ensino primário caiu para 2,5%, sendo que no primeiro ao quarto ano não se registaram chumbos em parte das escolas. A taxa da escola secundária geral foi de 8,5%, e da secundária complementar de 3,4%, indica a DSEJ que vai, contudo, avançar com o plano uniforme.
O desenvolvimento dos currículos também tem lugar a alterações. Devido ao Quadro de Organização Curricular da Educação Regular o ano lectivo passou de um mínimo de 180 dias para 195. A iniciativa tem como objectivo diminuir o número de aulas diárias dos alunos dando aos pupilos mais tempo para entender os conteúdos que vão aprendendo.

5 Ago 2016

BNU com aumento de lucros no primeiro semestre

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]BNU em Macau teve lucros de 278,5 milhões de patacas no primeiro semestre, mais 17% do que no mesmo período de 2015, disse à Lusa o presidente executivo do banco. Pedro Cardoso destacou que este resultado líquido segue “a senda dos últimos quatro anos”, sendo este “o quinto ano consecutivo de subida do volume de negócios e da rentabilidade” do BNU, que pertence ao grupo Caixa Geral de Depósitos (CGD).
Segundo os dados, o volume de negócios cresceu 16,9% no primeiro semestre, um ritmo de crescimento “mais moderado do que no passado” e “mais expressivo nos depósitos do que nos empréstimos” devido, essencialmente, à diminuição da procura de crédito associada à situação da economia local, por causa do ajustamento do sector do jogo. “Neste momento, estamos a crescer [no crédito] a um dígito percentual e no passado crescíamos claramente a dois dígitos”, explicou, acrescentando que “quando este ajustamento começou”, há mais de dois anos, “o banco estava num processo de reestruturação e a colher frutos da segmentação e esse efeito não foi imediato”.
“Por outro lado, também é natural que numa fase do ciclo económico menos favorável” as instituições financeiras sejam “um pouco mais selectivas” em termos “de filtro” quando concedem créditos, disse ainda.
Segundo Pedro Cardoso, a contracção do sector do jogo em Macau – pilar da economia, que fez cair o PIB da região mais de 20% no ano passado e 13,3% no primeiro trimestre de 2016 – tem ainda impacto, na actividade do banco, a nível “de negócio gerador de comissões”, relacionadas, por exemplo, com processamentos de pagamentos com cartões de crédito.
No entanto, a evolução positiva de outras áreas “dentro desse universo”, ligadas às caixas automáticas, emissão de cartões de crédito ou seguros, “têm mitigado” o impacto associado ao jogo, afirmou.
Na generalidade, e face à situação da economia local, o BNU está mais cauteloso “em termos de visto de crédito” e “ainda mais cuidadoso no controlo das despesas”, como “é natural”, explicou.
Pedro Cardoso destacou que as despesas do banco subiram 2,8% em relação ao primeiro semestre de 2015 e sublinhou a “qualidade da carteira de crédito”, com o incumprimento há mais de 90 dias a não ir além dos 0,17%.
Por outro lado, o BNU continuou a aumentar o número de clientes em Macau: no final de Junho eram quase mais nove mil do que há um ano e aproximavam-se dos 220 mil, perto de um terço da população da cidade.

4 Ago 2016

SMG | Prevista revisão do sistema de chuvas, mas não de tufões

Há um medidor de vento avariado na Ponte da Amizade, indicaram ao HM os SMG, que dizem estar a ponderar a reclassificação das chuvas fortes. Quanto ao sistema de tufões, fica como está

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Governo quer melhorar o sistema de emissão do sinal de chuvas intensas, mas não tem intenção de rever o procedimento de medição de tufões. É o que diz Fong Soi Kun, numa resposta à deputada Wong Kit Cheng e ao HM, onde também é confirmada a avaria de um medidor de vento e algumas dificuldades em previsões mais acertadas.
A deputada questionava os Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) sobre as medidas de melhoria na classificação do tempo, evocando “três falhas” só nos primeiros cinco meses do ano e criticando “as faltas de precisão”.
Na resposta, sobre as chuvas, o director dos SMG indica que o organismo está a estudar “os dados de precipitação e a rever a situação do sinal de chuva intensa nos últimos anos, a fim de melhorar o sinal de chuva intensa”.
Os SMG indicam revelam ainda que “tem em conta a necessidade social e de desenvolvimento de técnicas meteorológicas, a fim de prestar um melhor serviço meteorológico à população”. A ideia é que, frisa, todos os sectores sociais se possam preparar atempadamente “para responder ao mau tempo”, sendo que está mesmo a ser repensada a viabilidade de “reclassificação do sinal de chuva intensa”.
Em Hong Kong, Taiwan e interior da China o sinal de chuvas intensas tem vários níveis, algo pedido para o território pela deputada.

E o vento?

Wong Kit Cheng interrogava também os SMG sobre novos equipamentos a introduzir. O HM também quis saber se o organismo tenciona fazer algum tipo de revisão ao sistema depois de, em 2006, o mecanismo de Hong Kong – no qual Macau se baseia – ter sido alterado devido a incidentes. A resposta não foi muito elucidativa, mas indica que não será feita qualquer alteração.
“O sistema de Macau não sofreu, de momento, qualquer alteração pois na sua globalidade os dois sistemas são muito parecidos. Isto é, existem poucas diferenças entre ambos.”
Que o sistema é semelhante, a Novo Macau já tinha referido nesta terça-feira, dia em que entregou uma carta aos serviços dirigidos por Fong Soi Kun a pedir esclarecimentos sobre o facto de não ter sido içado o sinal oito de tufão. Mas a Associação pró-democrata também mencionava a existência de uma revisão no sistema da RAEHK “por incidentes”. Ao que o HM conseguiu apurar, esses incidentes dizem respeito à introdução de um sistema que alerta para a mudança da velocidade do vento de dez em dez minutos, algo que falta a Macau.
Já à deputada, Fong Soi Kun, que respondeu a 28 de Julho, diz existirem novos “wind-profiler” e radiómetros, “destinados à detecção da variação do vector do vento e humidade” e que ajudam nas chuvas intensas e em casos de tufão. Mas o director fala também em limites e “dificuldades grandes” face à previsão quantitativa do tempo “referente a hora e locais específicos”.
Os SMG admitem também na resposta ao HM que há um – entre os 15 medidores de vento em Macau – danificado. “Está localizado na parte sul da Ponte da Amizade. Todos os outros estão em bom estado de conservação e por esse motivo fazem uma avaliação válida”, garantem os serviços.

Mais deputados ao ataque

Ainda no rescaldo do tufão Nida, foram vários os deputados que ontem criticaram os SMG, por “não terem um critério claro de lançamento de sinais e pela sua hesitação”. Ho Ion Sang e Ella Lei juntam-se aos que já expressaram a opinião na terça-feira para “exigir uma auto-avaliação” dos serviços.
O deputado Ho Ion Sang diz que os SMG não conseguiram proporcionar dados meteorológicos correctos e que a sua explicação não foi aceitável. Já Ella Lei fala em falta de critérios e questionou o serviço sobre “se as instalações estão a funcionar bem e se reflectem a actual situação metrológica”.
Pereira Coutinho não exclui a “possibilidade de conluio entre comerciantes e oficiais do Governo e exige a intervenção do Comissariado contra a Corrupção”, tendo marcada para hoje a entrega de um pedido de investigação.

4 Ago 2016

Melco cria salas de aleitamento para trabalhadoras

[dropcap style=’circle’]S[/dropcap]alas de aleitamento “totalmente equipadas, especialmente criadas para dar um ambiente calmo e acolhedor” foram recentemente criadas pela Melco Crown. Os espaços são totalmente dedicados às trabalhadoras do grupo que foram recentemente mães.
Os espaços, localizados no City of Dreams, Studio City, Altira Macau e nos escritórios da sede da empresa, foram ontem inaugurados. Um comunicado da operadora indica que as salas foram especialmente decoradas para terem um ambiente acolhedor e tranquilo, “dispondo de cadeiras confortáveis, fontes de água, luz ambiente, bombas para tirar leite e sistema de refrigeração para armazenamento do leite”.
Sandra Lou, representante do Mocha Club, sala de jogo que fica dentro dos casinos da Melco, admite que “são ainda uma minoria as mulheres que decidem amamentar”, mas o objectivo da empresa é impulsionar nesse sentido, para que seja dado “o melhor” às crianças.
Já Akiko Takahashi , chefe do Gabinete dos Recursos Humanos do grupo, diz que “olhar pelos empregados sempre foi uma prioridade para a empresa”.
Para além das condições físicas, são também, dados mais períodos de intervalos para que as mães possam dar de mamar sempre que for necessário. A implementação destas salas surge depois de Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, ter assegurado a intenção de se criarem salas de aleitamento nos serviços públicos, como forma de promover a amamentação, algo que não é comum em Macau.

4 Ago 2016

TUI dá razão a Melco Crown em caso de dívidas

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Melco Crown conseguiu sair vitoriosa de um recurso, depois do Tribunal de Última Instância (TUI) considerar que a empresa deveria ser compensada por um caso com um promotor de jogo. Mas o caso, que remete a 2011, começou com um processo anterior onde esse mesmo promotor de jogo seria a vítima.
Foi em 2009 que dois promotores de jogo se apropriaram de fichas de jogo no valor de mais de 58,9 milhões de patacas, quando iriam “ajudar” o patrão de uma sala VIP de um casino da Melco a fazer o levantamento de receitas e fichas de uma outra sala. As autoridades ainda conseguiram descobrir parte das fichas furtadas e do dinheiro, tendo o Tribunal Judicial de Base (TJB) condenado os dois promotores a uma pena de quatro ano e três meses de prisão pelo crime de abuso de confiança.
O TJB condenou ainda os homens a pagar uma indemnização ao patrão de mais de 42,6 milhões de dólares de Hong Kong, a restituição de fichas de casino no valor de 11 milhões de dólares de Hong Kong e dinheiro no valor de 130 mil.
Ainda que estes bens tenham sido todos apreendidos nos autos, de acordo com o tribunal, o patrão da sala VIP celebrou, ainda enquanto o caso decorria, um acordo com um. Nesse acordo reconhecia que devia de mais de dez milhões de dólares australianos, tendo prometido, como o pagamento, o envio das fichas de jogo e dinheiro apreendidos no processo crime para a empresa.
“Assinou ainda uma procuração, conferindo irrevogavelmente poderes à companhia, para que esta pudesse levantar directamente junto do Tribunal as fichas e o montante em dinheiro apreendidos nos aludidos autos do processo-crime”, pode ler-se no acórdão analisado pelo HM.

Ao ataque

Mas, em 2013 a Melco entra em acção e intenta um procedimento cautelar de arresto contra esse mesmo patrão. O juiz declara o arresto das fichas de jogo no valor de 11 milhões de dólares de Hong Kong e do montante em numerário, no sentido de garantir o cumprimento da obrigação no montante de 40,8 milhões de patacas que o patrão da sala deveria à Melco.
Uma ordem do Tribunal de Segunda Instância, contudo, permitia que a empresa a quem eram devidos mais de dez milhões de dólares australianos ficasse com esses bens, considerando que estes já não pertenciam ao patrão e, por consequência, “não deveria ser decretado o arresto”. A Melco, por sua vez, interpôs recurso dessa decisão para o TUI. Este tribunal acabou por dar-lhe razão.
O facto “de as fichas de casino não poderem ser objecto de direito de propriedade, já que constituem apenas um direito de crédito” foi uma das razões. “É de dizer que, na data em que foi decretado o arresto, os referidos bens não pertenciam à empresa, mas sim ao [patrão], podendo os mesmos ser arrestados. Face ao exposto, o tribunal julgou procedente o recurso interposto pela Melco Crown”, termina o acórdão.

Croupier condenado por peculato

O TUI condenou um arguido acusado de roubo de fichas por peculato com pena de três anos e nove meses de prisão. O processo decorreu entre Outubro de 2013 a Janeiro de 2014, altura em que o suspeito foi julgado pelo Tribunal Judicial de Base e foi dado como culpado pela prática em autoria material de 76 crimes de peculato. O arguido, juntamente com uma série de cúmplices, apropriava-se de fichas pertencentes ao casino onde trabalhava. O tribunal condenou-o a uma pena de sete meses por cada crime de que era acusado perfazendo uma pena única de seis anos de prisão, mas um recurso para o TSI resultou numa diminuição penal para um total de quatro anos e três meses de prisão. Ainda não conformado, o arguido recorre ao TUI que fixou a pena em três anos e nove meses de prisão.

4 Ago 2016

UM | Descoberta “ajuda a entender” influência da Ciência Ocidental na China

Um estudo recentemente descoberto por um professor da UM pode dar um novo entendimento sobre como a Ciência Ocidental foi introduzida na China durante a Dinastia Ming. O documento foi descoberto na Biblioteca Real da Ajuda, em Lisboa

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]ntónio Vasconcelos de Saldanha, professor da Universidade de Macau (UM), descobriu um documento que poderá ajudar a perceber como é que Ciência Ocidental chegou à China. A recente descoberta foi anunciada durante uma conferência na Universidade de Tubingen, na Alemanha, e remete para um diário pessoal do jesuíta Sabatino Ursis.
Este padre foi um dos sucessores do Padre Matteo Ricci, geógrafo, cartógrafo e cientista renascentista italiano que esteve em Macau e que era considerado uma importante figura da corte na dinastia Ming. Sabatino Ursis trabalhou em parceria com Matteo Ricci e chegou mesmo a escrever um livro em Chinês.
O manuscrito recém descoberto reforça como Sabatino Ursis discutia já problemas práticos e questões teóricas relacionadas com a Hidrologia e a gestão hídrica na sua obra. Aliás, o mesmo já tinha publicado em Pequim, em 1612, um tratado dedicado ao tema, intitulado “Hydromethods of the Great West”. Na altura, a divulgação foi patrocinada por “importantes figuras da dinastia” Ming, como indica um comunicado da UM, tendo mesmo um prefácio de Xu Guangqi – importante figura no intercâmbio cultural – antes de ser apresentado ao imperador Wanli.
Segundo a UM, este estudo pode dar uma perspectiva mais abrangente de como os padres jesuítas influenciaram a introdução dos conhecimentos científicos ocidentais deste lado do mundo.

De Portugal para cá

Este manuscrito pertencia aos arquivos jesuítas em Macau, mas encontrava-se agora caído no esquecimento na Biblioteca Real da Ajuda, em Lisboa, onde foi redescoberto e identificado pelo professor António Vasconcelos de Saldanha.
O académico é especialista na História de Macau e da Companhia de Jesus, na China. O seu trabalho está a ser desenvolvido em associação com outros projectos de pesquisa “importantes e inovadores”, como indica a UM, sobre Ciência, Tecnologia e Medicina na dinastia Ming.
Os jesuítas são tidos como uma referência no mundo das ciências e na divulgação de artigos científicos. Existem nomes sobejamente conhecidos, como é o caso de João Rodrigues, na área da Geografia, e Manuel Dias com o estudo “Uma explicação da Esfera Celestial”, datado de 1615. H.M.

4 Ago 2016

Impressão a 3D | Revolução que começou há mais de 30 anos

Foram criadas há mais de 30 anos, mas só agora estão a saltar para as luzes da ribalta. As impressoras 3D vêm com um carimbo de “revolução”, em descobertas que estão, essencialmente, a ajudar a melhorar a nossa vida. Em Londres, abriu esta semana o primeiro restaurante que recorre a impressão 3D

[dropcap style=’circle’]P[/dropcap]ode pensar que as impressoras 3D chegaram agora, mas o facto é que estes objectos que começam a tornar a nossa vida mais fácil foram inventados já na década de 1980. Esta técnica de impressão está a revolucionar a indústria permitindo a criação rápida de chocolates e brinquedos, de casas e próteses, entre tantos outros produtos. Mas aquilo que aparenta ser uma tecnologia revolucionária completa, este ano, 32 primaveras.
O que fez as impressoras 3D ascenderem à ribalta? Apesar da longa existência destes engenhos, a revolução aconteceu devido especialmente aos preços e à evolução dos aparelhos. A lentidão e imperfeição não ajudavam à utilização dos mecanismos na indústria e os equipamentos e produtos caros restringiam a criação: artigos simples eram a opção, apenas para completar grandes construções.
Mais de três décadas depois, contudo, a tecnologia parece estar ao alcance do mercado, tendo aumentado a sua concorrência: de pequenas peças, passa-se agora a imprimir produtos inteiros, com algumas grandes marcas a prever que mais de 20% dos seus produtos sejam exclusivamente fabricados recorrendo a estas impressoras, segundo estudos de mercado e diversas notícias internacionais.
Ainda ontem, foi notícia a abertura do primeiro restaurante exclusivamente dedicado à comida feita a 3D (ver texto ao lado). Mas as invenções sucedem-se e podem ser mais úteis do que nunca.

As jóias, o carro e a casa

Em 2011, vestidos da holandesa Iris van Herpen figuraram entre as 50 melhores invenções da revista americana Time. A estilista utilizou computador e impressora para criar roupa, sapatos e acessórios, mas já há quem venda biquínis e peças feitas com nylon, vidro, acrílico e até cerâmica.
O mesmo tem acontecido com carros: em 2011, o Urbee foi lançado como o primeiro automóvel cuja carroçaria foi feita em 3D. Areion, um carro de corrida feito por um grupo de estudantes de engenharia belgas, foi o seguinte, podendo atingir uma velocidade até 140km/h. As impressões servem ainda para o fabrico de peças antigas, para carros que já não estão à venda. impressão 3d
As casas foram também alguns dos itens que, assim que a evolução se deu, integraram a lista de produtos a fabricar por estas impressoras. Enrico Dini foi, de acordo com a revista Superinteressante do Brasil, um dos pioneiros, quando em 2007 criou uma mega-impressora 3D que usa areia e cola à base de magnésio para fazer casas. Não há nada de cimento, aço ou metal na obra, com a máquina – A D-Shape – a conseguir fazer casas em quatro vezes menos o tempo necessário normalmente. As ideias são inúmeras e podem passar por construir abrigos para sobreviventes de catástrofes e casas para população mais pobre.
Comida é outra das grandes apostas, com algumas impressoras pioneiras a conseguir imprimir bombons de chocolate, nozes e avelãs. Agora, um novo mundo se abre com restaurantes dedicados especialmente a este tipo de cozinha.

Na sala de operações

Próteses, ossos, tecidos e até órgãos têm sido os bens mais falados recentemente no que à impressão a 3D diz respeito. Como relembra o jornal O Globo, os profissionais da área da Saúde, em particular, têm sido os mais rápidos a adoptar esta tecnologia, como uma forma de reduzir custos e melhorar os resultados. Os objectivos passam, por exemplo, por acabar de vez com a necessidade de transplantes.
Implantes e próteses foram dos primeiras a ser fabricados. Mas há quem esteja já de olho na produção de tecido humano e órgãos.
Anthony Atala, da Universidade Wake Forest, na Carolina do Norte, nos EUA recriou em laboratório a bexiga de sete voluntários, portadores de um grave defeito congénito. Segundo a Superinteressante, Atala usou células das próprias bexigas dos pacientes, injectou-as num molde e voltou a colocá-las nas pessoas. A experiência teve sucesso e a ideia é avançar com a criação de rins.
A complexidade dos órgãos ou tecidos humanos criou um impasse. Mas a pergunta “como pôr a funcionar algo que é vivo?”, foi rapidamente respondida por uma equipa da Universidade de Harvard, que desenvolveu um método que permite a construção de tecidos formados por múltiplos tipos de células e com estrutura vascular. “A construção de grandes órgãos ainda está distante”, mas a evolução aponta para este sentido.
Bio-impressão é o nome dado à técnica de impressão 3D que reproduz partes do corpo, como veias, cartilagens e pele. “A impressão 3D já provou o seu valor ao recriar uma variedade de tecidos anatomicamente idênticos aos naturais”, diz Michael Renard, vice-presidente da Organovo, empresa responsável pela criação da primeira bioimpressora 3D, em 2010. “Em pouco tempo, esses tecidos vivos funcionais poderão fazer a diferença no estudo de patologias ainda pouco conhecidas e, principalmente, na avaliação da eficácia e segurança de drogas ainda em fase de testes”, prevê, de acordo com a revista Superinteressante. A tendência é que a bio-impressão acabe também com a utilização de ratos, coelhos e outros animais nas investigações clínicas.

Pais babados

A criação da primeira impressora 3D é atribuída a Charles “Chuck” Hull, em 1984, mas uma investigação mais a fundo remete-nos para alguns anos antes. Em 1981, o japonês Hideo Kodama, do Instituto Industrial de Investigação de Nagoya foi pioneiro na criação de um modelo sólido idêntico ao que, três anos depois, Chuck Hull cria, em conjunto com a estereolitografia, que permite a criação de modelos 3D recorrendo a dados digitais.
Poucos anos depois, Chuck Hull funda a 3D Systems Corp. e patenteia a sua criação. A empresa, que abriu portas à comercialização do produto, continua como uma das líderes de mercado actualmente.

E o futuro?

O que nos fazia querer estar a viver no futuro foi, afinal, um processo evolutivo que começou há mais de três décadas. Com base na invenção de Nagoya, Hull criou uma nova máquina e é com base nesta sua invenção que mais e mais investigadores se juntam ao processo de continuar a simplificar a impressão tridimensional.
Mas, se enquanto a evolução é vista com bons olhos por uns, há outras criações que deixam alertas, mesmo que sem intenção. Como em todas as histórias, há um lado negro da impressão a 3D: “Liberator” é exemplo disso -uma arma de fogo completamente funcional, que utiliza balas reais e cuja “receita” está disponível na internet.
Mas, os materiais já não se limitam ao plástico e a produção em massa está a bater à porta, bem como a utilização destas impressoras na casa de cada um de nós. Nas escolas. Nos hospitais. E em tantos outros lados. Para o bem e para o mal.

Londres abre primeiro restaurante

Em Londres abriu o primeiro espaço a servir exclusivamente pratos confeccionados a partir de uma impressora 3D. A notícia é avançada pelo Público, que explica que o Food Ink recorre pura e simplesmente à técnica de impressão a três dimensões para confeccionar toda a sua comida. Todo o processo acontece em frente aos clientes e, de acordo com a empresa, até os próprios talheres e mobília do restaurante foram construídos através de máquinas de impressão 3D.
Segundo o Público, os ingredientes chegam em tubos e a impressora só consegue produzir sob a forma de uma pasta. Caviar de azeite, sobremesas de chocolate, biscoitos, ou humus são as possíveis opções do menu, com a cozinha a contar com a experiência de arquitectos, engenheiros, designers, artistas e “inventores e entusiastas de indústria e tecnologia”, afirma a empresa fundada por Antony Dobrzensky e Marcio Barradas.
O restaurante quer passar por cidades como Berlim, Dubai, Seul, Roma, Tel Aviv, Barcelona, Paris, Amsterdão, Toronto, Nova Iorque, Las Vegas, Tóquio, Singapura e Los Angeles. Segundo alguns especialistas citados pelo Le Monde, há quem acredite que a impressão de comida em três dimensões poderá ser uma das soluções no combate às crises alimentares e fome.

Como funciona?

Modelo: antes de se criar um objecto, é preciso ter um modelo digital, que pode ser desenhado a 3D com um programa que, depois, o divide em diferentes camadas.

Material: É aplicada uma fina camada da matéria-prima derretida sobre uma plataforma no interior da impressora. A matéria-prima, que pode ser resina ou plástico, por exemplo, endurece e forma a base do objecto, sendo depois sucessivamente colocadas mais e mais camadas do mesmo material.

Produto: Com a sobreposição das matérias-primas, o objecto começa a formar-se. A impressão pode levar de poucos minutos a algumas horas e há até máquinas que, após a criação do produto, passam-no por uma fase de polimento

Sabia que…

A primeira réplica de um coração em 3D ajudou, em Março, ao planeamento de uma cirurgia num bebé de nove meses?
A impressão em 3D é utilizada em diversos filmes para a produção de acessórios e decoração?
A Estação Espacial Internacional tem uma impressora 3D a bordo para substituir eventuais partes danificadas de forma mais rápida, mas também para comida?
Há uma impressora 3D no mercado (a Photonic Professional GT) que é capaz de criar objectos tão finos quanto um cabelo humano?

4 Ago 2016

Secretário acusado de “confundir” conceitos no inquérito sobre o Estoril

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]deputado democrata Ng Kuok Cheong apontou ontem o dedo a Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, criticando o responsável por “deliberadamente confundir” a população no inquérito que fez sobre o Hotel Estoril. Na base da acusação do deputado está o uso das palavras “reconstrução” e “reaproveitamento” no inquérito de opinião, que fez “com que a base das opiniões recolhidas fosse falsa”.
Em declarações ao Jornal do Cidadão, Ng Kuok Cheong disse que é aceitável Alexis Tam expressar o seu próprio ponto de vista, mas o inquérito incumbido pelo Governo começa por perguntar se a pessoa “sabe o conceito do Governo sobre o reaproveitamento do Hotel Estoril e a sua piscina”. O deputado critica que, na altura, o Executivo estava a confundir “reconstrução” e “reaproveitamento” e, depois, nos discursos de Alexis Tam este continuou deliberadamente a confundir as duas palavras.
“O inquérito que se baseia no seu próprio desejo queria obter apoios do público, não lhe apetecia a explicar o que é reaproveitamento e o que é reconstrução”, critica o deputado.
Ng Kuok Cheong explica que o “reaproveitamento” pode ser a reconstrução ou a decoração do prédio em si e a demolição será um acto mais extremo do “reaproveitamento”. “Forçar a explicação de reaproveitamento para apoiar a reconstrução foi um engano óbvio. Se não houvesse transferência de interesses dele, não deveria acontecer erro deste tipo”, atirou mesmo o deputado.
Ng Kuok Cheong diz que as opiniões recolhidas vão ser “tendenciosas” para o lado de Alexis Tam. O Secretário, recorde-se, lançou consultas públicas, colocou a questão no Conselho do Planeamento Urbanístico e pediu às associações o envio de opiniões. Mas, para Ng Kuok Cheong, Alexis Tam está apenas a insistir nos seus próprios erros, sem querer saber da opinião verdadeira e sem alguma vez ter mencionado “quais são os efeitos negativos de se manter a piscina e a fachada do Hotel Estoril”.

*por Angela Ka

3 Ago 2016

Nida | “Ventos de baixa intensidade” levaram a sinal mais baixo, dizem SMG

* com Angela Ka e Cláudia Tang

O impacto que os SMG pensaram que o tufão Nida iria ter em Macau fez os serviços alertar para a possibilidade de se içar o sinal 8. Um alerta que, afinal, estava errado, como admitiu o Governo. É que, para o território, bastou o sinal 3, garantiu ontem Fong Soi Kun, assegurando que os dados foram “científicos”. Polícia e bombeiros não tiveram mãos a medir

[dropcap style=’circle’]D[/dropcap]urante mais de 24 horas o tufão Nida fez o tempo mudar em Macau, mas nem a chuva intensa, os ventos fortes e a quase impossibilidade de atravessar pontes e estradas, como muitos testemunhos demonstraram, levou a que os Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) içassem o sinal 8 de alerta de tufão, como aconteceu em Hong Kong e na China. A justificação dada pelos serviços é de que em Hong Kong os ventos “eram de intensidade significativamente mais forte” e Zhuhai, onde também foi içado o sinal 8, “tem parâmetros de classificação diferentes” dos de Macau, o que leva Fong Soi Kun a dizer que “não se deve comparar com a China”. tufão nida
O director dos SMG convocou ontem uma conferência, depois da manifesta contestação popular face à ausência de sinal elevado no território. Fong Soi Kun até admitiu erros na sinalização do tufão, mas não relativamente ao sinal 8: as imagens de satélite pouco nítidas e um erro na localização do tufão foram justificações dadas pelo director para o facto dos SMG terem indicado que o sinal 8 poderia ser elevado. Algo que, para Fong Soi Kun, afinal não era preciso. “Quando vimos as imagens com nitidez resolvemos não aumentar o sinal.”
Os ventos não ultrapassaram, segundo os SMG, intensidade entre os 40 km/h e os “60 e poucos km/hora”, tendo havido rajadas que andaram à volta de 90km/h. “O sinal 3 compreende intensidade que vai até aos 110 km por hora”, avisou Fong Soi Kun. Medidas que, segundo o responsável, não apresentam “qualquer perigo para a circulação na RAEM”.

Casos “isolados”

Confrontado com as imagens que circularam na internet de pessoas em apuros a conduzir motociclos na ponte da Amizade, Fong Soi Kun afirma que o sistema de classificação de perigosidade só “reflecte de um modo geral o que vai acontecer no território e alguns pontos são mais perigosos que outros”. Compete às pessoas, frisou, gerirem a sua própria segurança.
Também o HM questionou um condutor sobre por que decidiu conduzir a sua mota se o sinal 3 estava içado. A resposta foi simples: “quando saí de casa, na minha zona, não se notava o perigo que era e tinha mesmo de chegar ao trabalho cedo. A minha namorada avisou-me que era impossível apanhar autocarros e foi por isso”, referiu Jony Leong ao HM, acrescentando que tentou apanhar táxi mas que estes estavam a cobrar tarifas mais altas.
Diversos vídeos entretanto postos a circular nas redes sociais mostram condutores de motociclos a ser empurrados com a força do vento, na ponte. Quase não aguentam as motas, alguns deles mesmo caindo ao chão.
Foram também muitos os cidadãos que ligaram ao programa Macau Talk do canal chinês da Rádio Macau, a queixar-se por ter de ir trabalhar com o tempo como estava de manhã: ou porque os autocarros estavam cheios, ou porque os guarda-chuvas não aguentavam, ou porque os próprios veículos em que seguiam ficaram em risco na travessia da ponte.
“Os motociclistas não conseguiam atravessar a ponte. O vento soprava e eles iam caindo ao chão”, contou um ouvinte do programa.
A contestação popular foi sentida em força, com algumas pessoas a contactar não só os SMG, como a imprensa e as associações civis.
“Fiquei surpreendido com o facto de não terem içado o sinal. Surpreendido não é bem a palavra, porque esta não é a primeira vez que Macau não iça o sinal superior de tufão mesmo que Hong Kong o faça. Mas estava de facto muito vento, mais do que noutros casos em que o sinal estava mais alto”, refere António Silva ao HM.
O residente indica que esteve “mais de meia hora” à espera do autocarro com a esposa, ontem de manhã, e o cenário não era favorável. “Os guarda-chuvas não sobreviveram, como de costume, e havia montes de caixotes do lixo, tabuletas, árvores e [sinais] das obras a voar e pelo meio da rua, mesmo em frente ao Jockey Club.”

Científico

No programa Fórum Macau houve também quem considerasse que não se pode decidir o sinal de acordo com o “sentimento pessoal” e que se deve acreditar na análise dos aparelhos profissionais. Fong Soi Kun também pediu o mesmo.
O responsável sublinhou ontem que a decisão de não içar o sinal 8 foi baseada “na ciência, nos dados e no conhecimento [dos SMG], sem ser de forma nenhuma influenciada pelo jogo”. 13686760_1130590526999808_7496862080255834209_n
Desde ontem à tarde que o Nida se começou a afastar de Macau. As autoridades não chegaram a elevar o alerta, mantendo hasteado o sinal 3 desde o final da tarde de segunda-feira. Durante a madrugada e manhã não foram realizados voos no aeroporto, tendo sido cancelados ou adiados para a tarde de ontem, tendo acontecido o mesmo com as ligações marítimas entre Macau, continente e RAEHK, que foram interrompidas pelas 20h00 de segunda-feira, levando a que pessoas ficassem a dormir nos terminais.
O tufão tocou terra às 03h35 de ontem na Península de Dapeng, na cidade de Shenzhen, em Guangdong. Mais de 220 voos a partir dos aeroportos das cidades chinesas de Guangzhou, Shenzhen e Zhuhai foram cancelados antes da chegada do tufão, segundo o portal de notícias Sohu.
Cerca de dois mil trabalhadores envolvidos na construção da ponte que vai ligar Hong Kong, Macau e Zhuhai foram retirados, segundo a Xinhua. Na zona do Delta do Rio das Pérolas, o tufão é tido como “o pior desde 1983”.

Novo Macau e deputadas pedem explicações

A Associação Novo Macau exigiu ontem, numa carta entregue aos SMG, explicações para os residentes. A Associação diz que recebeu várias queixas e pede esclarecimentos sobre a forma como funciona o sistema de alerta de tufão. Também duas deputadas escreveram ontem ao Governo.
Para a Associação, os SMG só forneceram as últimas velocidades do vento que se fez sentir sem ter sido apresentado um gráfico ou informações adicionais sobres possíveis mudanças. O grupo quer, por isso, saber quais os critérios para içar o sinal de tufão e como é que é determinada “a velocidade dos ventos”. A Novo Macau diz mesmo que o sistema, baseado no de Hong Kong mas sem ter sofrido a revisão que o da região vizinha sofreu em 2005, talvez precise de ser revisto.
A carta solicita ainda que os SMG respondam a um cidadão que terá entrado em contacto com os serviços e que lhe foi dito por “um funcionário dos SMG que os serviços estavam prontos para içar o sinal 8, mas que, lamentavelmente, não recebeu indicações no mesmo sentido dos seus superiores hierárquicos”.
Melinda Chan pede também explicações e exige que seja dada aos residentes uma listagem detalhada dos critérios e fundamentos científicos que estão na base da classificação de sinal 3.
Já Angela Leong refere que já não é a primeira vez que os SMG fazem “uma previsão do tempo que não estava em conformidade com a situação exacta”. A deputada considera que os residentes não têm confiança nos aparelhos dos SMG, que custam “milhões” ao Governo, e diz que o organismo necessita de fazer uma auto-avaliação para perceber se está a tomar as decisões correctas.

Hong Kong parado

Hong Kong continuou parada depois de as autoridades terem içado um alerta de nível 8 que fechou escolas e serviços públicos e cancelou as ligações marítimas e aéreas, na segunda-feira. As ruas de Hong Kong estavam ontem de manhã desertas, com alunos e funcionários públicos em casa, a Bolsa de Valores encerrou o dia todo e muitos autocarros e comboios operaram, mas com serviços limitados. O sinal oito foi içado pouco depois das 16h00 de segunda-feira e foi alterado para o número três ontem, depois das 13h00. Ventos de 151 quilómetros por hora foram registados durante a noite, com as autoridades a alertarem para a possibilidade de inundações ou derrocadas. Mais de 150 voos foram cancelados na noite de segunda-feira e cerca de 200 voos levantaram ontem, num aeroporto que costuma operar mais de mil. Em toda a cidade, mais de 200 pessoas procuraram refúgio nos abrigos do Governo. Mas alguns dos fãs mais dedicados do jogo Pokemon Go equiparam-se com impermeáveis para continuar a caçar monstros durante a tempestade.

Quatro ilegais salvos do mar

Os Serviços de Alfândega salvaram ontem quatro imigrantes ilegais do mar. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, os quatro foram resgatados pelo barco de patrulha da Alfândega na noite do tufão. Às 21h00, os barcos dos SA encontraram um barco que estava a afundar-se devido ao Nida. Os três homens e a mulher que seguiam no barco já tinham caído ao mar e, depois do resgate, os SA descobriram que os quatro eram imigrantes ilegais do interior da China. Um deles é de Henan e será a segunda vez que tenta entrar ilegalmente em Macau. O caso já está a ser seguido pelo Ministério Público.

Quando o telefone toca – Residente portuguesa queixa-se ao HM

“Escolhi o vosso jornal como porta-voz da minha indignação e de outras pessoas que conheço por esta noite terem içado o sinal 3. Primeiro porque o tufão foi realmente forte. Já estou há muitos anos em Macau e sei identificar perfeitamente. Lá em casa dormimos mal e falei com outras pessoas que me disseram o mesmo. [Depois as pessoas tiveram de se] deslocar para o trabalho com condições terríveis, atendendo nomeadamente ao facto de neste momento existirem imensas obras a decorrer, pelo que podia ter havido objectos e pedras a obstruir ou mesmo a cair. (…) Houve pessoas que tiveram que utilizar motociclos na ponte e sei de um caso específico que a pessoa teve que parar várias vezes devido às rajadas.
Há imensas coisas que podem ser postas em causa por não ter sido içado o sinal 8. (…) Já houve ainda um caso em que houve um sinal 10 em Hong Kong e nós que estávamos muito mais perto não tivemos o mesmo sinal. Já na altura disseram que isto tem a ver com a força dos casinos.
Agora a questão que eu coloco é: é menos importante a segurança das pessoas? Os interesses dos casinos são mais importantes? Não está em causa o ir ou não ir trabalhar mas sim as condições em que as pessoas o fizeram. (…) Nós sabemos quais são as razões. Com um sinal 8 os acessos são fechados e os pagamentos são maiores e há muita gente a dizer isto.
Outro factor a ter em conta é o facto de agora a escolas estarem fechadas e por isso não havia crianças para transportar e então pronto, fica o sinal 3. Foi uma grande irresponsabilidade por parte dos serviços competentes. Tiveram muita sorte por não ter havido alguma caso grave de acidentes.”

Números:

32 objectos que caíram (inclui janelas, publicidade, etc)
26 árvores caídas
7 acidentes rodoviários
4 vítimas de acidentes que deram entrada nos hospitais
3 inundações
1 painel de ferro deitado abaixo pelo vento
1 incêndio

3 Ago 2016

SJM cria programa para parcerias com PME locais

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Sociedade de Jogos de Macau (SJM) e a Câmara do Comércio de Macau anunciaram ontem o lançamento de uma parceria com vista a apoiar as pequenas e médias empresas (PME). O “Macau SME Procurement Partnership Programme”, assim se chama, foi anunciado na segunda-feira e contou com a participação de várias entidades promotoras, bem como de representantes de PME locais. O objectivo é dinamizar e promover os negócios do território.
Chan Tze Wai, directora substituta dos Serviços de Economia, disse que as “pequenas e médias têm crescido a par da indústria do turismo e do jogo, naquilo que tem sido uma estratégia que se complementa, gerando benefícios mútuos”, algo que a responsável vê como benéfico para todos.
A parceria visa continuar a promover actividades locais com a Câmara do Comércio de Macau e apostar na promoção de actividades económicas entre o comércio local e os resorts integrados, com a SJM a frisar que vai continuar a apoiar as PME.
Angela Leong, directora-executiva da operadora, adiantou que os espaços da empresa continuam “à procura de mais negócios locais, para criar novas parcerias e apostar na qualidade da imagem de Macau”. Depois de ter criado um supermercado exclusivo para funcionários, a empresa salienta que “80% dos negócios” da operadora são feitos com PME locais.
A propósito desta ideia, Ambrose So, director-executivo da SJM, apontou a “importância de empresas e marcas que representam Macau, contribuindo para uma imagem internacional, competitiva” do território.

Concurso aberto

Bayley Sin, director de Marketing da SJM, anunciou que no dia 19 de Setembro, os representantes das PME locais poderão ter um encontro de negócios no Grand Lisboa, onde estará uma equipa especializada nesta área. Entretanto, a SJM uniu esforços com a Câmara de Comércio de Macau e o Centro de Productividade e Tecnologia para o lançamento do concurso de design de uniformes para os dealers do casino do Grand Lisboa Palace, com o objectivo de promover a indústria criativa e cultural e mostrar a importância do “made in Macau”. Todos os que tenham mais de 21 anos são convidados a participar.

3 Ago 2016

Toi San | Habitação pública construída a partir de Julho de 2017

O concurso para a construção da nova habitação pública em Toi San arranca no final deste ano e as obras começam a partir do terceiro trimestre de 2017. O prédio que deveria estar pronto em 2013 atrasou-se devido a problemas com o solo, que agora contam com especialistas para os resolver

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]A obras de habitação pública em Toi San deverão começar em 2017, depois de um concurso público novo ser lançado ainda este ano. A notícia é avançada pelo Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-Estruturas (GDI), numa resposta a uma interpelação escrita de Chan Meng Kam.
A situação de Toi San já se arrasta há mais de cinco anos. A habitação pública deveria estar concluída em 2013, mas o projecto original incluía três andares subterrâneos, algo que criou impacto nos edifícios antigos vizinhos. Face a diversas questões dos deputados sobre os atrasos, o GDI respondia já no ano passado que se deviam a problemas inesperados com o solo, mas também com conflitos com a própria construtora do projecto, que poderiam chegar até a tribunal.
Agora, o GDI anuncia novos desenvolvimentos, que passam também pela alteração do projecto, que já começou em Janeiro deste ano, devido a medidas de segurança.
“Actualmente estão a ser promovidos, de acordo com o calendário, os diversos trabalhos destinados ao lançamento de um novo concurso público, previsto para o final de 2016. Os trabalhos de execução da empreitada estão previstos para o terceiro trimestre de 2017”, refere o Gabinete, numa resposta assinada por Tomás Hoi, coordenador substituto.
A zona da Rua Central de Toi San, estreita e com grande aglomerado de casas, fez o GDI desistir da construção de cave no edifício que vai nascer. E vai também obrigar a que sejam feitos trabalhos de “preparação geotécnica”, que contam com especialistas da área.
“Dadas as circunstâncias [do projecto] e da sua periferia, o empreendimento deve ser executado de forma técnica, pragmática e prudente, razão pela qual [o edifício] não terá cave. Além disso, antes de iniciar a execução da obra, vai incumbir-se uma entidade independente para proceder à recolha e análise de dados geológicos do terreno e da sua periferia”, frisa o GDI, explicando que o objectivo é melhorar o planeamento dos trabalhos da próxima fase e também minimizar ao máximo o impacto sobre os edifícios em redor do prédio que vai nascer. O solo vai ser preparado antes sequer das fundações serem inseridas.

Custos e mercado

No mesmo documento, Tomás Hoi indica ainda que o mercado que actualmente existe no local vai ser transferido, algo que está a ser coordenado com o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), mas sobre o qual o responsável não se alargou nos detalhes.
No início deste ano, o Governo anunciou a concessão da alteração do projecto de habitação pública de Toi San à JPC Consultadoria de Arquitectura Limitada. O serviço custou ao Governo 8,89 milhões de patacas, que serão pagos até 2019. Os últimos dados do Instituto de Habitação apontavam para atrasos com cerca de outras oito obras de habitação pública além da de Toi San, onde se incluía Mong Há e Fai Chi Kei.

3 Ago 2016

Droga | Teste escolar obrigatório não é solução, dizem agentes sociais

O sector dos assuntos sociais parece ser unânime: testes obrigatórios de despistagem de droga nas escolas pode ser mais negativo do que positivo. A solução apontada está na promoção de actividades de lazer promotoras de uma vida sem drogas, algo defendido também pelo IAS

[dropcap style=’circle’]T[/dropcap]estes obrigatórios ao consumo de droga nas escolas não é a resolução mais eficaz para diminuir os casos, considera o Instituto de Acção Social (IAS). O organismo diz que a solução pode ter mais efeitos negativos do que positivos e agentes sociais ouvidos pelo HM partilham da opinião.
Paul Pun, responsável da Caritas, vê como mais produtivo o investimento de tempo e recursos na prestação de serviços auxiliares do que na detecção de consumos de estupefacientes nas escolas. Ao HM, Paul Pun disse que não é adequado impulsionar o teste de drogas obrigatório nas escolas porque as instituições poderiam, ao invés disso, aproveitar o tempo para prestar formação a professores e funcionários no sentido destes detectarem sinais de consumo.
“Quando há alguém a tentar equilibrar-se ou que vá à casa de banho frequentemente, os funcionários podem, por exemplo, aproximar-se dos alunos e perguntar o que se passa”, afirma o responsável da Cáritas. “É necessária sim, uma observação cuidadosa e evitar ignorar as reacções dos alunos” para que se proceda à informação aos pais e a quem de direito, “de modo a promover um acompanhamento posterior adequado.”
O responsável considera que a realização de actividades de lazer em vez da “caça à droga” é mais eficaz porque é nestas actividades que os possíveis consumidores podem “encontrar motivações que evitem os consumos”.

Não ao rótulo

Vong Yim Mui, directora do IAS, tinha reforçado, à margem de uma actividade contra a droga, que o organismo não vai impulsionar o teste de droga obrigatório nas escolas, assunto que se levantou porque Hong Kong já promove este exame. O director-geral da Associação dos Assistentes Sociais, Ng Wan Fong, considera que é importante acompanhar a situações dos jovens. E como Macau é um território pequeno, nomeadamente quando comparado com a região vizinha, lança um alerta se o teste fosse implementado: correr-se-ia o risco de “etiquetar” e estigmatizar alunos que possam ter contacto com estupefacientes e com isso trazer efeitos mais negativos que positivos.
Ng Wan Fong revelou ainda ao HM que, embora os casos de consumo de droga pelos jovens da RAEM sejam cada vez mais “escondidos”, o teste deve ser considerado com muito cuidado. “Muitos exemplos das regiões vizinhas já nos mostraram que o teste obrigatório não tem grande efeito e por isso, a meu ver, a promoção de recursos e a maior formação do sector educativo será mais eficaz” afirma o director.

*por Angela Ka

3 Ago 2016

Ataque à facada por “descontentamento com barulho de portas”

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]homem que atacou dois outros à facada, levando à morte do mais velho, fê-lo por estar descontente com o barulho de abrir e fechar das portas na casa dos vizinhos.
O caso, que teve lugar no domingo no edifício Vai Chun do Fai Chi Kei, conheceu novos desenvolvimentos. O autor do ataque, um homem com cerca de 51 anos e de apelido Cheang, estaria alcoolizado no momento em que decidiu utilizar uma faca para desferir golpes nos dois vizinhos, um homem de 59 anos e outro de 23, pai e filho. Tanto o jovem, como o irmão mais velho são agentes da PSP. O mais jovem tentou defender o pai e o outro, que se encontrava a descansar, conseguiu parar o ataque ao irmão, que sofreu ferimentos no pescoço, cara e mãos, mas nenhum conseguiu impedir que o pai viesse a falecer, depois de entrar em coma devido aos ferimentos.
A imprensa chinesa cita depoimentos que indicam que o atacante, de apelido Cheang, “estava com olhar extremamente zangado e escondia duas facas”, quando foi bater à porta dos vizinhos supostamente para falar sobre o barulho das portas. O homem terá deixado a filha de dez anos em casa e, quando a porta do vizinho se abriu, terá lançado imediatamente o ataque. Os vizinhos indicam que Cheang é “agressivo” e que mora no local com a mulher e a filha há três anos. O homem tem atitudes “estranhas”, dizem os moradores do prédio, que os levam a “ter medo e a evitar encontrá-lo no corredor”. Uma dessas atitudes, diz o Ou Mun, seria a de gritar às janelas quando está alcoolizado. Por outro lado, a família da vítima era tida como “bastante simpática”. A mulher da vítima mortal necessitou de ser hospitalizada.
A PSP já apresentou as condolências à família dos dois agentes e assegura que vai apoiar no que for preciso. O perpetrador do ataque está detido e pode ser condenado a 25 anos de cadeia.

*por Cláudia Tang

2 Ago 2016

Renovação Urbana | Sugeridas parcerias privadas para acelerar processo

[dropcap style=’circle’]F[/dropcap]oram ontem sugeridas parcerias público-privadas para acelerar a renovação urbana, que vai ter lugar nos bairros antigos. Outra das sugestões é a inclusão das famílias que habitam nestes locais em prédios de habitação pública.
O debate teve lugar ontem no programa Fórum Macau da TDM, onde Kou On Fong, presidente da Macau Tri-Decade Action Union, colocou em cima da mesa a hipótese de o Governo se unir com empresas privadas, de forma a avançar com as obras que pretendem trazer uma nova vida aos bairros antigos da cidade. O responsável considera que se todos os projectos da renovação urbana forem impulsionados por investidores privados, vai haver preocupações face à forma como é feita a recuperação das fracções, “com ameaças ou persuasão com fornecimento de interesses”. Por outro lado, “se for presidida plenamente pelo Governo, os procedimentos administrativos complexos vão tardar o desenvolvimento”, o que leva Kou On Fong a sugerir uma cooperação de ambas as partes.
Um dos principais problemas com a renovação urbana é a necessidade legal de haver concordância entre todos os donos de um prédio para que este possa sofrer reconstrução ou ser alvo de reparações. Face a isto, Wong Chung Yuen sugere ajustamentos.
“Deveria baixar-se a proporção e haver uma separação conforme a escala do prédio”, frisou o membro do Conselho de Renovação Urbana (CRU) no mesmo programa. “Para os prédios baixos, sugiro [que seja necessário] só 80% de concordância e nos prédios com mais de cem fracções deveria chegar aos 90%.”

Alojamento? Onde?

Chui Sai On adiantou a semana passada no hemiciclo que iria colocar as famílias destes bairros antigos em alojamento temporário, de forma que as suas casas pudessem ser restauradas. Contudo, o membro do CRU Wong Chung Yuen revelou que ficou a saber desta notícia através dos jornais e frisa mesmo que esta nunca foi discutida no CRU.
Já Kou On Fong sugere a inclusão destes alojamentos temporários em prédios de habitação pública, algo que considera ser mais viável do que a construção de alojamentos nas suas zonas originais. “Depois de se acabar a reconstrução, a habitação pública poderia ser retirada e depois serviria a sua função original”, reiterou.

À porta fechada

O Conselho de Renovação Urbana foi estabelecido em Março e já teve duas reuniões que versaram sobre o estatuto e o planeamento para os futuros trabalhos de renovação urbana. Hoje, o CRU tem a sua terceira reunião, mas todas elas são à porta fechada.
Questionado sobre isto, Wong Chun Yuen disse ser necessário que algumas informações não sejam passadas cá para fora. “Alguns conteúdos podem ser abertos, mas quando se envolvem conteúdos confidenciais ou de grande impacto, não será adequado revelar-se ao público”, disse, exemplificando com a determinação da zona para a futura renovação, que pode causar impacto nas vendas de apartamentos.
O Governo discute esta questão há mais de uma década, tendo retirado da Assembleia Legislativa uma lei que permitia o reordenamento dos bairros antigos, por esta não se adequar mais às necessidades reais de Macau.
 
* por Angela Ka

2 Ago 2016

Saúde | MTC ganha adeptos mas ainda é “preciso mais”

Medicinas tradicionais de todo o mundo ganham terreno nos países ocidentais e a Medicina Tradicional Chinesa não é excepção. Mas o trabalho ainda tem que ser muito e transformar Macau numa plataforma de transmissão de conhecimentos é algo importante mas ainda longínquo, diz um profissional da área

[dropcap style=’circle’]”[/dropcap]Medicinas tradicionais e ocidentais podem e devem ajudar-se mutuamente.” É esta a opinião do deputado e médico Chan Iek Lap. As declarações são feitas ao HM depois de Macau ter recebido mais um colóquio sobre cooperação no domínio da Medicina Tradicional Chinesa (MTC) nos Países de Língua Portuguesa. O médico e deputado considera que a promoção da MTC nestes países é viável, mas alerta que há uma necessidade efectiva de partilha de informação com os países do Ocidente.
Os resultados já conseguidos com a MTC são efectivos, mesmo no tratamento de doenças crónicas, e a investigação científica na área é prova disso. Por outro lado, e se Portugal pensa neste momento na inclusão da MTC na medicina comum, Macau enquanto plataforma é uma circunstância que Chan Iek Lap vê como “muito positiva”, mas que não chega. “É necessário investir muito mais esforços” nesse sentido, refere ao HM. “Se calhar ainda é difícil para outros países [ocidentais] aceitarem o convívio com a MTC.”

Portas entreabertas

Já há muitos países do Ocidente a mostrar cada vez mais abertura às técnicas da MTC, com a abertura de cada vez mais clínicas especializadas no tratamento de doenças através de técnicas deste tipo de medicina nos mais diversos cantos do mundo, dos quais se destacam o Canadá ou a França.
Mas a forma como a própria MTC passa a existir é algo também a ter em atenção, adverte Chan Iek Lap. Isto, porque esta medicina já conta com uma história com cerca de cinco mil anos.
“Vem do conhecimento popular que foi transmitido de geração em geração. É necessário ainda o constante aperfeiçoamento desse conhecimento de modo a dar cada vez mais contributos válidos para o aumento do conhecimento e da promoção da MTC.”
A medicina tradicional da China que tem vindo a ganhar adeptos e terreno no meio ocidental é uma área interpretativa desta própria medicina, que parte dos sinais dados pelo doente.
“Após observar a situação de saúde interna do doente este é encaminhado para o melhor tratamento”, explica Chan Iek Lap. “Na medicina ocidental são necessários equipamentos muito complexos, enquanto que para nós os instrumentos aos quase recorremos são mais simples e viáveis”, afirma, dando o exemplo da acupunctura que, como precisa de agulhas, a faz ser também mais viável em determinados contextos, passando a ser um instrumento a ter em conta seja onde for.
O médico destaca ainda o crescimento do número de especialistas de origem africana que têm, cada vez mais, vindo para a China realizar os seus estudos.

À procura da plataforma

Entre 18 e 31 de Julho, em Macau, teve lugar o colóquio sobre cooperação neste domínio. O evento, que contou com a presença de pessoas de renome na área da saúde, teve como objectivo principal a disponibilização de uma plataforma aos participantes dos diferentes países para aprendizagem e intercâmbio, como afirma a organização, o Fórum Macau, em comunicado de imprensa.
O colóquio serviu “para melhorar o conhecimento dos Países de Língua Portuguesa sobre o desenvolvimento da cooperação entre a China continental e Macau” no que respeita à medicina tradicional chinesa, sendo que é destacado o posicionamento da RAEM enquanto plataforma privilegiada entre os PLP e a China continental, até pela construção do futuro Parque Científico e Industrial de MTC na Ilha da Montanha.
No âmbito de uma visita a este mesmo parque, liderada por Wu Zhen, vice-director da Administração de Alimentação e Drogas da China, foi dado a conhecer o interesse de 46 pequenas e médias empresas em ingressar no parque, estando de momento a ser processados os trabalhos de entrada.

2 Ago 2016

UM | Curso de Verão de Português atrai 400 alunos

Cada vez mais são os jovens interessados em frequentar os cursos de Verão de Língua Portuguesa da Universidade de Macau. A edição deste ano trouxe 390 alunos de todo o lado e o programa, pelas suas características, tende a continuar e a crescer, 30 anos depois de ter sido criado

[dropcap styçe=’circle’]O[/dropcap]s cursos de Verão dedicados à Língua Portuguesa existem na Universidade de Macau (UM) há 30 anos. Foram “um dos filhos mais velhos da instituição”, como afirma Ana Nunes, coordenadora da iniciativa, e este ano juntam cerca de 400 alunos vindos de todo o mundo.
“É um curso de sucesso”, expressa a coordenadora com orgulho e um sorriso. Na sua maioria, os participantes são jovens vindos da China continental, mas não só. Contam-se ainda com “muitas pessoas” da Coreia do Sul e há quem venha de Timor, Hong Kong, Austrália, Estados Unidos, Tailândia e mesmo Áustria para passar cerca de três semanas das férias estivais em Macau a consolidar os conhecimentos de Português e ir um pouco mais além na língua de Camões, que traz consigo uma carga cultural indissociável.

Além da língua

Apesar de ser um curso de Língua Portuguesa, parece ser o que a língua traz associado que mais atrai os participantes. A curiosidade pela cultura lusa aparenta ganhar pontos e constituir um factor de peso na decisão de frequentar os cursos da UM.
“Para mim é importante conhecer a cultura portuguesa”, diz ao HM Rui, um jovem chinês de 20 anos e que vem de Pequim. Já vai no terceiro ano de presença neste curso e considera que “Macau é o laço entre a China e o mundo lusófono e aqui há ainda uma mistura interessante de culturas”, sendo esta formação de Verão uma forma de aceder a essas culturas.
Já Ana vem da Universidade de Xi’An e já conhecia Macau, mas é a primeira vez que frequenta o curso. Depois de três vindas à RAEM, e considerando que por cá “o ar é bom para aprender Português”, a jovem resolveu aperfeiçoar a língua este Verão. Mas não só. “É [também] uma possibilidade de encontro com pessoas de outros lados do mundo, um lugar mais internacional e mais aberto”, frisa, acrescentando que como a Língua Portuguesa é oficial, Macau é o “melhor sítio para estudar Português”.

Coordenadora do programa
Coordenadora do programa

As características deixadas pelos portugueses são também notadas pelos jovens estudantes.
“A arquitectura e outros traços que encontramos em Macau são símbolos históricos que nós devemos conhecer e respeitar e que nos ajudam a entender o que dizemos e aprendemos”, frisa Ana.

Amigos lusitanos

“Durante a minha presença neste curso não só aperfeiçoei a língua, como aprendi coisas que não sabia relativamente à cultura portuguesa”, afirma com entusiasmo estampado no rosto Amado de Jesus dos Santos. O jovem de Timor sente que este curso vai além da língua e que inclui conhecimentos fundamentais para quem a estuda. “Aprendi ainda um pouco da História, o que ajuda a entender a língua e a cultura”, afirma ao HM.
O curso que junta gente com várias formas de expressão une os participantes numa língua só, factor também muito apreciado por Amado. “O convívio com outros colegas de curso em que a única forma de comunicar é o Português”, visto ser a língua comum para comunicar com os colegas chineses, é também uma mais valia que o curso acaba por proporcionar.
“Temos que falar Português uns com os outros para nos entendermos”, remata o jovem, que vê nesta única forma de comunicação uma das grandes vantagens que leva desta experiência.
Macau foi uma surpresa em que “tudo é completamente diferente”, mas é através da Língua Portuguesa que se reúnem pessoas de vários países para se concentrarem, aprenderem e aprofundarem em conjunto. É também um espaço e partilha de ideias e tudo em Língua Portuguesa.

Professores que encantam

A escolha de Macau não foi ao acaso. Fala-se em Pequim, Xi’An e Xangai neste curso e, para os alunos chineses, nada como estar num local onde o Português integre os idiomas oficiais para promover os seus conhecimentos linguísticos. Por outro lado, e dada a sua particularidade multicultural tanto nos estudantes como nos professores, o curso da UM parece atrair os participantes à repetição.
“Aqui os professores ensinam de uma maneira diferente que nos permite compreender outras coisas e ter muitas traduções para a mesma expressão”, afirma Rui, que diz que o curso tem uma vertente prática muito boa.
“Em Pequim raramente temos oportunidade de fazer interpretação simultânea e aqui temos aulas em que o fazemos, o que é muito bom principalmente para um estudante que aprende a língua por três anos”, afirma, antes de deixar o HM e ir a correr para a aula de Português avançado. Rui já está pela terceira vez a passar o Verão na UM.
Os professores são também referidos pela qualidade e dedicação por Sammy, jovem estudante que vem de Xangai e fala um Português perfeito.
“É uma boa oportunidade para aprofundar conhecimentos com o convívio com os professores nativos. [Os professores] vão além do estudo de textos. Ensinam-nos a contextualizar os conteúdos, a ver para além deles e a saber interpretar de outra forma”, afirma a aluna com um sorriso. “Contexto cultural, político e social são temas que passam pelo curso e que nos ajudam muito porque na China as aulas de Português são dadas em Chinês e não desenvolvemos tanto a língua.”
Mas a chegada até aqui é também uma oportunidade de entrar em contacto com outras realidades que não se vivem no continente. A possibilidade de debate acerca do mundo contemporâneo em liberdade e no ambiente de aula é uma novidade para Afonso, que vem também de Xi’An.
“Aqui temos Youtube”, afirma em tom de brincadeira, ao mesmo tempo que diz que “os professores são sábios e com muitos conhecimentos acerca de aspectos diferentes”, conferindo a esta experiência pedagógica um factor “muito produtivo”.
“Discutimos sobre tópicos da sociedade contemporânea como por exemplo a eutanásia, censura ou regimes autoritários”, diz. Coisa que não se passa no continente. Para Afonso, a possibilidade de se expressar é “muito positiva”.
As visitas agendadas pela UM para dar a conhecer Macau aos estudantes estivais também são uma mais valia. “Dá a oportunidade de ver coisas de outros lados”, afirma Afonso, e concretamente de Portugal e “assim compreendemos melhor a língua que estamos a aprender”.

Mas porquê?

A origem das motivações para o estudo da Língua Portuguesa é diversa e varia conforme os estudantes. Entre alunos de origem chinesa e um timorense que optaram por aprender o domínio do idioma de Pessoa, a poesia ficou mais para traz, mas não foi esquecida. Mas, e à semelhança da realidade, são as perspectivas de emprego e “ganhar muito dinheiro” que movem as ambições dos futuros homens e mulheres que ali estão.
Rui vê no exercer da profissão de intérprete um descanso económico e, para isso, tenciona no final da licenciatura ir para Portugal tirar o grau de mestrado. Já Ana considera que “é uma língua muito procurada na China” e pretende ser colega de profissão de Rui, por “se poder ganhar muito dinheiro”. Afonso quer utilizar a língua que escolheu por ser umas das mais faladas no mundo, para vir a ser empresário de ligação comercial entre a China e os países de expressão portuguesa.
Mas há quem tenha outros sonhos. O poder desfazer barreiras linguísticas capazes de aproximar culturas é o sonho de Sammy. A aluna quer ser professora de modo a poder fazer parte da “aproximação entre culturas”, afirma com convicção a jovem de 20 anos.
Dar azo à boa tradição lusa de grandes escritores está no horizonte de Amado. O jovem timorense sonha em ser tradutor e escritor, por serem profissões com uma “função socialmente importante”.
Lola, que ainda dá os primeiros passos na língua, escolheu o Português pela sua beleza e origem histórica e espera poder ter portas abertas para ir para a Europa. É de lá quem vêm os filmes e livros que mais gosta e não descura o objectivo de poder vir a trabalhar nos média e, quem sabe, em Portugal.

Futuro que não passa ao lado

A aprendizagem do Português é vista com bons olhos não só pelos que frequentam o curso, mas por quem os orienta. É uma possibilidade de futuro promissor, como afirma Ana Nunes.
“Se um aluno, neste momento, souber falar Inglês, Português e Chinês terá muitas portas abertas no mundo actual e eles têm noção disso.”
Sabendo Português, o leque de saídas profissionais também se pode alargar visto proporcionar uma oportunidade de escolha. “Podem ficar na China ou escolher com facilidade outro destino.”

De vento em popa

O curso vai bem e de boa saúde e “é para manter”, afirma com satisfação Ana Nunes. Faz este ano 30 anos e nasceu após cinco anos da abertura da UM. Não é uma formação estática e todos os anos é alvo de aperfeiçoamento, sendo que há condições para aumentar o número de alunos, visto as instalações da UM o permitirem e apesar do trabalho que implica, como refere a coordenadora.
Quanto aos custos que implica para os alunos, “os preços são pensados tendo em conta que estamos a falar de jovens estudantes”, sendo que o valor de cerca de 5700 patacas para os alunos estrangeiros inclui “tudo”: alojamento, alimentação, material didáctico e ainda despesas relacionadas com visitas de estudo na RAEM.
Os alunos locais têm benesses, com o pagamento da propina a ficar a cargo da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude. Neste momento, 390 alunos frequentam o curso.

2 Ago 2016