Metro Ligeiro | Painéis solares descartados pelo GIT

O caderno de encargos do Metro Ligeiro previa a instalação de painéis solares para a produção de energia, mas o projecto acabou por ser descartado pelo Governo devido à baixa popularidade e pouca “eficácia de custos”. O contrato de concessão com a CEM terá sido um dos factores

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s 11 estações do segmento da Taipa poderiam vir a ter painéis solares para a produção de energia, mas tal não vai acontecer. O HM sabe que essa intenção constava no caderno de encargos do projecto, mas a vontade de enveredar por uma iniciativa mais amiga do ambiente acabou por cair por terra, confirmou o próprio Gabinete de Infra-estruturas de Transportes (GIT).
“Na fase inicial da elaboração do projecto da linha da Taipa do Metro Ligeiro foi avaliada a possibilidade de introdução de instalação para geração de electricidade solar. No entanto, considerando o desenvolvimento da respectiva técnica, a popularidade e a eficácia de custos, entre outros factores, acabou por não ser colocada nas estações da linha da Taipa”, disse o GIT numa resposta escrita enviada ao HM.
Apesar disso, o Governo garante que as estações serão um sítio agradável para se estar e que se tentou, na mesma, reduzir o impacto ambiental do projecto. “Com o objectivo de poupar energia e proteger o ambiente, as estações localizadas na linha da Taipa do Metro Ligeiro foram projectadas por forma a criar um espaço aberto, tornando possíveis a ventilação e a iluminação naturais”, refere ainda a mesma resposta.
O HM sabe ainda que o contrato de concessão da Companhia da Electricidade de Macau (CEM) foi um dos factores para a não instalação dos painéis solares, pelo facto da empresa ter a exclusividade da produção e fornecimento de energia. Confrontado com esta questão, o GIT nada disse sobre o assunto. Já a CEM confirmou que não teve, até à data, qualquer informação sobre a intenção de instalar painéis solares, referindo que o Governo só teria de contactar a concessionária após a referida instalação nas estações do Metro Ligeiro.

Da exclusividade

Olhando para a revisão do “Contrato de concessão do exclusivo da produção, importação, exportação, transporte, distribuição e venda de energia eléctrica”, datado de 2007 e publicado em Boletim Oficial (BO), conclui-se que “durante o período de concessão, só a concessionária tem o direito de utilizar as vias públicas, bem como os respectivos subsolos, com o fim de fornecer energia eléctrica”. Contudo, são excepção “os casos autorizados pela RAEM, depois de ouvida a concessionária”.
O mesmo documento revela que “o regime de exclusivo não abrange nem prejudica as instalações particulares que sejam ou venham a ser alimentadas por energia eléctrica de produção própria e as redes de distribuição para tracção eléctrica, desde que devidamente autorizadas pela RAEM”.
O HM contactou ainda André Ritchie, antigo coordenador-adjunto do GIT, o qual não quis fazer comentários sobre este assunto.

23 Set 2016

Mong Há | Construção recomeça em 2017 com custos mais altos

Com um orçamento mais alto, a segunda fase das obras de habitação pública e pavilhão de Mong Há vão recomeçar em 2017. O Governo assegura que resolveu os litígios com o empreiteiro original, mas não menciona a que preço

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-Estruturas (GDI) apresentou ontem o novo plano do Complexo Desportivo e da habitação pública de Mong Há, que deverá começar as obras no primeiro semestre do próximo ano. O organismo confirmou ao HM que o Governo conseguiu chegar a acordo com o empreiteiro que estava originalmente encarregue do projecto, a quem pagou parte das infra-estruturas construídas, e que lança agora um concurso público.
As obras da 2ª fase da habitação social e do complexo desportivo de Mong Há foram suspensas há mais de quatro anos, por litígios entre o empreiteiro e o Governo. Agora, com concurso público aberto, o GDI prevê que as obras recomecem no próximo ano e durem 1470 dias úteis. É estimado também que o custo total, devido à inflação, vá aumentar 20% comparando com o original, que foi de 685,4 milhões de patacas.

Incógnitas financeiras

Era a Companhia de Construção Hobbs a responsável pela construção, que assinou o contrato em 2011 e que deveria ter as obras prontas em 2014. O GDI admite que “o Governo já efectuou pagamento sobre as despesas de construção efectivamente concluídas pelo empreiteiro original”, mas não adianta, ainda que questionado pelo HM, quanto é que foi esse valor. Lam Wai Hou, Chefe funcional de obras do GDI, também não revelou a quantidade de dinheiro envolvida no litígio com a ex-empreitada, mas garantiu que iria fornecer à comunicação social os conteúdos da resolução em breve.
Foi através de uma terceira parte que o Governo “chegou a acordo sobre a resolução do contrato com o empreiteiro original”, tendo sido posteriormente revertido “o local de obra”.
O GDI diz que a escolha dos materiais de construção já foi ajustado de forma a acabar com os problemas encontrados nas outras habitações públicas. No total foram entregues sete propostas para as obras e a vencedora terá de acabar o que ficou por fazer, que é quase toda a estrutura.
A segunda fase da Mong Há tem uma área de construção total de 87.500 metros quadrados e vai contar com 37 pisos e 768 fracções, 512 são T2.

23 Set 2016

Operação Trovoada | Resultados “reforçam necessidade” de mais acções em casinos

A “Operação Trovoada 16” terminou com 1085 indivíduos a caminho do Ministério Público e com o enfâse na necessidade de reforço de fiscalização nos casinos, onde ocorre a grande maioria dos crimes de usura associados ao Jogo. O combate aos delitos relacionados com a droga é também prioridade das autoridades

[dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]m dois meses foram detectados 103 crimes associados ao sector do Jogo, e que compreendem essencialmente a usura, e mais 50 associados a burlas. De um total de 824 crimes distribuídos por 87 categorias, dez são directamente relacionadas com esta indústria, mas muitas há no que respeita a crimes violentos que podem ter a sua génese em dívidas mal paradas no sector.
Os dados são resultado da Operação Trovoada 16 que envolveu as autoridades policiais das regiões de Guandong, Hong Kong e Macau. A mega operação de combate a actividades criminosas decorreu durante dois meses, entre 22 de Julho e 21 de Setembro, e abrangeu dez áreas associadas a actividades criminosas.
Não sendo os crimes do jogo cometidos no seio da sociedade, os números vêm constatar a necessidade de reforçar as acções de fiscalização nos casinos e nas zonas periféricas porque “acabam por afectar a sociedade”, referiu João Augusto da Rosa, Adjunto do Comandante-geral dos Serviços de Polícia Unitários, na conferência de imprensa para a apresentação dos resultados.
O encontro, que se baseou essencialmente em números, deu ainda a conhecer que foram encaminhados para o Ministério Público 1085 indivíduos e expulsas da RAEM 967 pessoas acusadas por “crimes diversos” (774), imigração ilegal, excesso de permanência ou porque a sua estadia não “se coaduna com a qualidade de turista”.
Comparativamente aos valores apresentados no ano passado referentes à operação equivalente de combate ao crime, os números desceram, tanto em delitos como em agentes destacados. A justificação não é porque a criminalidade terá diminuído, mas sim porque o período de tempo foi menor. Em 2015 a “Trovoada” decorreu durante três meses e agora apenas dois e “por isso houve uma descida significativa de agentes disponibilizados e de casos descobertos”, justifica João Augusto da Rosa.

Coacções e apreensões

Quanto às medidas de coacção aplicadas aos envolvidos em actividades criminosas, 234 casos ficaram com termo de identidade e residência e 152 proibidos de entrar em casinos. Com pena de prisão imediata ficaram cinco indivíduos. Em números foram apreendidos quase cinco milhões de dólares de Hong Kong e quase 200 mil patacas. Ficaram ainda nas mãos das autoridades documentos falsos, notas falsas, armas, essencialmente facas e bastões extensíveis, cartões de débito, telemóveis, quatro motociclos e um veículo.
Dos artigos apreendidos, o topo da tabela vai para os estupefacientes com a retenção de cerca de 35 gramas de cocaína, 120 de ketamina e mais de 100 gr de Ice, uma metanfetamina. Outra apreensão de relevo foi a de “chá com leite”, uma nova droga que está a ganhar popularidade em Macau, com mais de cem gramas apreendidas.
Questionado acerca do possíveis casos detectados na Escola Portuguesa de Macau (EPM), João Augusto da Rosa garante que “não há dados de alunos da EPM associados a actividades criminosas nomeadamente associadas ao consumo de drogas”, salientando que este é um combate a ter permanentemente.
No total, e sob a coordenação dos Serviços de Polícia Unitários (SPU), o Corpo de Polícia de Segurança Pública (PSP) e a Polícia Judiciária (PJ) foram realizadas 760 acções de fiscalização que tiveram como alvo operações em casinos, casas de massagens e clubes nocturnos, bares, cafés, espaços de diversão e estabelecimentos hoteleiros. Paralelamente, foram reforçadas acções de identificação e verificação de viaturas bem como aumentados os patrulhamentos nos pontos mais críticos no que respeita à segurança.

23 Set 2016

Demência | Inaugurado novo centro de diagnóstico no São Januário

O Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, inaugurou ontem o Centro de Diagnóstico e Tratamento de Demência, que vai funcionar junto às novas urgências do São Januário. Terá capacidade para atender até 30 doentes por dia, com uma lista de espera de um mês. Não estão previstas novas contratações

[dropcap style=’circle’]É[/dropcap]a segunda inauguração dos Serviços de Saúde (SS) no espaço de meses, mas desta vez a pensar nos mais velhos que sofrem de perda de memória progressiva. No novo Centro de Diagnóstico e Tratamento de Demência há mesmo uma sala que parece saída do século passado, com sofás e bordados brancos e fotografias de uma Macau que já não existe espalhadas pelos corredores. Na sala da nostalgia, a pequena caixa de música com a bailarina, o ábaco e o velhinho bule ajudam a buscar pedaços de uma memória já frágil, mas que precisa de ser tratada.
A pensar no Dia Mundial do Alzheimer, que se celebrou ontem, o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, inaugurou o Centro que vai funcionar bem junto às novas urgências do São Januário e que terá capacidade para tratar entre 20 a 30 doentes por dia. Ali serão tratados os pacientes encaminhados a partir dos centros de saúde, sendo que no espaço haverá uma concentração dos serviços já existentes.
“Os casos encaminhados para aqui poderão levar cerca de um mês [a serem analisados]. Esperamos reduzir o mais possível no futuro”, disse Alvis Lo, médico pneumologista que trabalha no hospital na área da Geriatria e que vai coordenar o novo Centro.
O espaço terá salas de avaliação de funções cognitivas, salas de diagnóstico e tratamento médico e médicos especialistas em Geriatria, Psiquiatria e Neurologia. Contudo, segundo Alvis Lo, não está prevista a contratação de mais profissionais de saúde para este novo local. “Estamos bem preparados em termos de recursos humanos. Temos três consultas profissionais – Geriatria, Psiquiatria e Neurologia – e estes médicos vão continuar com os trabalhos. Não recrutamos novos médicos mas continuamos com os médicos que temos, vamos redistribuir os trabalhos.”
O novo Centro chega mais de um ano depois da inauguração das novas urgências, sendo que não terá sido necessário um grande investimento, garantiu Alvis Lo. “O espaço estava destinado para as consultas da urgência, já tínhamos os equipamentos. Não tivemos um grande investimento.”

Quatro mil doentes

Não será fácil chegar até ali e admitir as doenças da perda de memória. Segundo Alvis Lo, nem todos aceitam ser avaliados. “Desde que a pessoa não recuse a avaliação no centro de saúde, da nossa parte o tempo pode ser bastante reduzido. Muitas vezes as pessoas recusam receber a avaliação dessa doença no centro de saúde.”
Hoje existirão cerca de quatro mil doentes em Macau, mas continuam a faltar dados oficiais. “Há cinco anos já tínhamos uma consulta externa sobre a perda de memória. Mas em Macau não sabemos exactamente quantos são os doentes com demência, ainda que se estime que haja cerca de quatro mil doentes e mil casos confirmados”, acrescentou o coordenador do Centro.
Alexis Tam garantiu no seu discurso que estes números têm tendência a subir. “Com o envelhecimento da população e com o aumento da esperança média de vida, prevê-se que este número vá aumentar.” salanostalgiahm
Para isso já estão a ser pensadas medidas, como a criação de uma base de dados, como já tinha avançado o HM numa reportagem sobre o assunto. “Pretendemos estudar a viabilidade da constituição de um sistema de registo de dementes que possa ser útil na elaboração de políticas e na gestão de pacientes e dos serviços de acompanhamento necessários”, referiu o Secretário.
Para além disso, “será criado um grupo de prevenção e tratamento da demência no âmbito da Comissão de Prevenção e Controlo das Doenças Crónicas, a quem é incumbida a função de estabelecer laços de colaboração com associações e organizações da sociedade, por forma a promoverem os trabalhos de sensibilização”, concluiu Alexis Tam.

Secretário visita centro que apoia 230 utentes

O Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura visitou ontem o Centro de Cuidados Especiais Longevidade, na Taipa. A funcionar desde 1998, o espaço está desde o ano passado a prestar cuidados a doentes que sofrem de várias patologias ligadas à demência. É, aliás, a única unidade na RAEM a fazê-lo.
No dia em que a demência foi o tema, e em que se assinalou o Dia Mundial do Alzheimer, Alexis Tam chegou pontualmente às 15h00 para fazer a visita. Uma visita guiada, onde foi possível visitar várias salas para acompanhamento de idosos. Aqui, são estimulados a fazer várias actividades para ocupar os seus dias, mas sobretudo para continuar a exercitar o cérebro e prevenir doenças degenerativas do foro psiquiátrico.
“Actualmente esta instituição tem capacidade para prestar cuidados a 230 utentes, todos em regime externo. Vinte e cinco vagas são destinadas a portadores de demências, sendo que neste momento existem 18 casos já identificados”, disse Paul Pun, Secretário Geral da Cáritas, que também esteve presente durante o encontro.
A Instituição, que funciona com apoios do Governo, da Cáritas e também graças a trabalho voluntário, presta também apoio domiciliário, estando neste momento a acompanhar 80 casos.
Alexis Tam, acompanhado do seu chefe de Gabinete, Ip Peng Kin, e da Presidente do Instituto de Acção Social (IAS), Vong Yim Mui, começou a visita pela sala de escrita. Munidos de pincéis e grandes folhas de papel, alguns idosos pintavam caracteres chineses. Tam esteve à conversa com alguns deles e questionou-os se estavam satisfeitos com as políticas de saúde levadas a cabo pelo Governo. A resposta foi positiva e veio pela boca de uma voluntária que ocupa os seus dias na instituição a ajudar quem mais precisa. A mulher estudou Medicina Chinesa durante seis anos e esteve mais quatro a aprender medicina ocidental. Entretanto, o filho teve uma doença e acabou por morrer, pelo que se dedica agora a ajudar quem mais precisa.
Continuando a visita, o Secretário mostrou-se surpreendido com as instalações, nomeadamente o refeitório que, “apesar de ser um espaço pequeno é arejado, bem ventilado e com muita luz”, disse.
Alexis Tam reforçou que as necessidades da população mais velha são uma preocupação para o actual Governo. “Com uma esperança de vida cada vez maior, Macau tem já uma população envelhecida e com ela vêm as dificuldades cognitivas”, daí a importância de serem criados mais espaços para diagnóstico precoce e tratamento das demências.
Alexis Tam garantiu que uma nova unidade vai abrir na zona da Areia Preta, mas ainda não tem data marcada.

22 Set 2016

Reumatologia | Especialidade assegurada ainda que sem mais contratações

Rui Melo está de saída do hospital Conde de São Januário mas os Serviços de Saúde não vão contratar mais médicos para o serviço de Reumatologia. O serviço de Radiologia, no entanto vai contar com novas contratações

[dropcap style=’circle’]”[/dropcap]A Reumatologia no Hospital Conde de São Januário continua a ser assegurada por duas médicas.” Esta é a garantia dada pelo porta-voz dos Serviços de Saúde (SS), depois de uma notícia da TDM que dava conta que Rui Melo, médico do hospital público, não terá renovado o seu contrato de trabalho, após um ano a exercer a especialidade em Macau.
Ontem, à margem da cerimónia de inauguração do Centro de Avaliação e Tratamento da Demência, o director dos SS, Lei Chin Ion, confirmou que, para já, não vão ser recrutados mais médicos para o serviço de Reumatologia, sendo que apenas a Radiologia, que este ano sofreu com a saída de dois médicos, terá novos rostos.
“Em termos de recrutamento de médicos depende muito das nossas necessidades”, apontou. No geral vão ser contratados mais 51 médicos especialistas, 55 médicos de clínica geral e 82 internos do internato complementar.
Kuok Cheong U, director do São Januário, disse que o hospital simplesmente “deixou de ter a necessidade da prestação do serviço (por parte do médico Rui Melo)”, por isso “não foi renovado o contrato”.
Em declarações à TDM, o médico disse ter sido alvo de um boicote e garantiu “que os doentes vão sair prejudicados pela falta de especialistas na área”. A TDM noticiou que Rui Melo chegou a Macau, em Novembro do ano passado, e veio implementar um serviço de especialidade que há mais de 17 anos se encontrava extinto nos SS, no entanto o porta-voz do organismo garantiu que a “Reumatologia não é nenhuma especialidade no São Januário e quer antes quer depois da saída do referido médico, a especialidade esteve sempre inserida na medicina interna”. O mesmo garante ainda que os cuidados médicos prestados nesta área da Medicina vão continuar a ser assegurados. O caso da saída do médico acabou por ser “um namoro que não deu em casamento”, exemplificou o porta-voz.
Mário Évora, director clínico do Hospital, já tinha afirmado que não vai haver lacunas. “Continuaremos a ter todas as condições para resolver os problemas que nos surjam”, disse à TDM, referindo-se à prestação de cuidados e acrescentando que pode haver contratações futuras para reforçar o serviço de Reumatologia.
Rui Melo diz ter sido apanhado de surpresa quando soube que o seu contrato de trabalho não seria renovado. Foi então que em declarações ao Canal Macau alegou ter sido alvo de um boicote do director dos serviços de medicina interna, Ng Hou. O referido clínico acusou ainda o responsável dos serviços de discriminação e de falta de competência.

Lei Chin Ion quer menos doentes enviados para o exterior

O director dos Serviços de Saúde (SS), Lei Chin Ion, pretende reduzir o número de doentes enviados para tratamento no exterior. A garantia foi dada à margem da cerimónia de inauguração do Centro de Avaliação e Tratamento da Demência. “Estamos a trabalhar no sentido de reduzir, no futuro, o envio de doentes”, apontou, quando questionado sobre um artigo recente do jornal South China Morning Post, que relatava os milhões que já foram gastos pelos SS para o envio de doentes.
“A capacidade de equipamento e recursos é maior em Hong Kong do que em Macau, temos de admitir esta realidade. Mas em Macau temos de tomar conta de 600 mil pessoas, embora tenhamos temos plena capacidade para disponibilizar os serviços médicos fundamentais. Há casos pontuais de doenças que raramente ocorrem em Macau, e por isso enviamos os doentes para o exterior”, disse ainda Lei Chin Ion, adiantando que o número de doentes enviados foi muito baixo o ano passado.
“Em termos de técnicas e equipamentos, se tivermos insuficiências, não temos outra opção, teremos de enviar doentes para Hong Kong, mas o número é muito baixo. Em 2015 o número de doentes enviado ao estrangeiro foi muitíssimo baixo, em cada mil doentes só uma média de 1,6 pessoas foi enviada para o exterior. Depois de tratados os nossos médicos acompanharam a situação, tal como o transplante de órgãos e outras cirurgias complexas”, concluiu. A.S.S.

22 Set 2016

Hovione | Avaliação de fumos em actualização

Começou com queixas por parte dos moradores do Edifício do Lago e a discussão já passou para a internet. Qual a composição dos fumos que saem da chaminé da fábrica da Hovione na Taipa? Neste momento nem a própria empresa sabe e mais informações só para o ano

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Hovione não tem passado despercebida na comunidade virtual. A empresa de produtos farmacêuticos situada na Taipa tem sido alvo de críticas online, nomeadamente no que respeita à emissão de fumos. As queixas juntam-se ao já anunciado descontentamento expresso pelos moradores do Edifício do Lago, que receiam que os conteúdos do fumo sejam prejudiciais à saúde.
Agora, na rede social Facebook, não só a imagem da chaminé da empresa a emitir fumos durante a noite, como também a referência a maus cheiros eventualmente daí advindos, têm causado alguma polémica.
Ao HM Eric Ng, coordenador de Emergência da Hovione Macau, fez saber que se encontra em curso um estudo que divulgará a composição química dos fumos emitidos pela empresa. A resposta que acabou por ser dada pessoalmente, visto os esclarecimentos pedidos por correio electrónico andarem a ser progressivamente adiados, não adianta nada acerca dos gases que chegam aos ares daquela zona. São ou não inofensivos? Eric Ng não responde, mas refere que a actualização desta informação será dada atempadamente estando agendada para o próximo ano, altura em que a empresa realiza o dia aberto e convida elementos da comunicação social para conhecerem as entranhas da indústria farmacêutica local.

Nem sim, nem sopas

Confrontado com as notícias relativamente recentes de que a Hovione havia dado a conhecer de que estes fumos seriam resultado do sistema de abastecimento de gás sem que contivessem qualquer valor tóxico, Eric Ng não confirma nem desmente.
“Não estamos autorizados em dar essa informação neste momento”, afirma o coordenador de Emergência, ao mesmo tempo que diz que apesar da informação dada anteriormente ser válida, não pode ser considerada actual, visto o processo que indica o conteúdo dos fumos da Hovione estar ainda a ser realizado.
“Não podemos adiantar qualquer informação.”
Há cerca de três meses, o HM anunciava que os moradores do Edifício do Lago, complexo de habitação pública na Taipa situado em frente à fábrica, estavam já preocupados com os fumos que diariamente saem das chaminés. Contudo, e segundo o canal chinês da Rádio Macau, a empresa descartou qualquer toxicidade dos fumos expelidos.
Eddy Leong, director-executivo da fábrica da Hovione, explicou que o fumo é oriundo “do sistema de abastecimento de gás”, sendo que nos dias em que os valores de humidade relativa no ar são mais elevados “é normal sair algum fumo branco”.
Na altura, o responsável avançou que “passa-se o mesmo nos hotéis de luxo. Já apresentamos várias explicações junto do público e o Governo tem conhecimento disto”.
Johnny Cheong, responsável pela parte de produção, referiu que é normal que o fumo contenha maus cheiros devido à utilização de alguns materiais, sendo que a Hovione faz testes antes da emissão dos fumos. Johnny Cheong também confirmou que os fumos não são tóxicos nem perigosos para a população.
O director-executivo frisou que é feita uma fiscalização rigorosa das instalações, sendo que a inspecção de segurança é feita por uma entidade de Hong Kong. A Hovione mantém ainda contactos estreitos com a Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA), enviando relatórios de forma regular ao Executivo, disse Eddy Leong.

Alargamento para breveCimento com menos pó

Após a polémica gerada à volta da poluição gerada pelas poeiras da fábrica de cimento de Ka Hó, a Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental confirma que as medidas que em 2014 prometeu colocar em vigor estão, na generalidade, concretizadas, de modo a proporcionar uma maior bem estar a trabalhadores e população. Em resposta ao HM, a DSPA afirma que “continua a realizar inspecções e supervisões aos estabelecimentos industriais, os quais têm, gradualmente, melhorado as suas instalações interiores”. Actualmente, já foi plenamente implementada a utilização do tapete rolante para descargas de materiais, os veículos estão equipados com caixas integralmente cobertas, a lavagem de carros é automática e já são utilizados veículos de limpeza também automáticos. A DSPA adianta ainda que estas medidas de melhoramento “já cumprem de forma geral as exigências definidas pelo regulamento administrativo” e vão ao encontro do que foi prometido há dois anos.

22 Set 2016

Corrupção | Empresa envolvida em caso da DSAT sabia horários de inspecções

Continuou o julgamento de Lou Ngai Wa, chefe de departamento da DSAT acusado de corrupção. Uma testemunha admitiu que uma das empresas envolvidas sabia dos horários de inspecção e até recebeu visitas dos funcionários da DSAT para ajudar na elaboração da proposta que lhe deu parques para gerir

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]ma funcionária de uma das empresas de gestão de auto-silos públicos que está envolvida no caso de corrupção que tem Lou Ngai Wa como principal suspeito admitiu ontem que sabia dos horários em que eram feitas as inspecções pela Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT). O julgamento do ex-Chefe do Divisão da Gestão de Tráfego da DSAT continuou ontem no Tribunal Judicial de Base (TJB).
O caso de alegada corrupção envolveu um funcionário e o ex-Chefe de Divisão do organismo – acusado de ter recebido subornos para atribuir a gestão de parques públicos a empresas. Já anteriormente, um funcionário da Companhia de Gestão de Estacionamento de Lun Hap tinha admitido subornos pagos a Pun Ngai, ex-funcionário da DSAT, para que a gestão de alguns auto-silos públicos ficasse com a empresa. Agora, uma funcionária diz que os parques de estacionamento administrados pela Companhia tinham todos falta de pessoal , quando a DSAT chegava para fazer inspecções, a companhia chamava pessoal de outros parques. A empresa, diz, sabia todos os horários da inspecção.
A funcionária indica ainda que, durante a elaboração da proposta para a candidatura da gestão, foi-lhe ordenado por Leong Ion Fai, arguido e gerente, que fizesse alterações ao preço proposto face aos salários dos funcionários. Mais ainda, acrescentou, o segundo arguido, o ex-funcionário da DSAT Pun Ngai, foi à companhia durante a mesma altura de elaboração da proposta.
Lou Ngai Wa é acusado de corrupção por ter alegadamente ajudado três empresas de auto-silos a obter 54 contratos para a gestão de parques de estacionamento sem necessidade de concurso público. As empresas envolvidas são a Companhia de Serviços de Limpeza e Administração de Propriedades San Wai Son, a Empresa de Gestão Predial de Lam Fung e a Companhia de Gestão de Estacionamento de Lun Hap.

22 Set 2016

Fundação Macau | Mais de metade dos apoios foi para a Educação em 2015

São milhões disponibilizados, tantos que mereceram cinco reforços orçamentais. Mas o relatório da Fundação Macau assegura que mais de 50% dos apoios atribuídos foi para talentos e Educação: entre bolsas de estudo e dinheiro para equipamentos e reparação de escolas, mais de dois mil milhões de patacas saíram dos cofres do organismo em 2015

[dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]ais de metade dos apoios financeiros da Fundação Macau (FM) foram, em 2015, para o sector da Educação. Dados do relatório anual da entidade apontam para a entrega de diversas bolsas de estudo e dinheiro para projectos de investigação, que não esqueceram alunos dos Países de Língua Portuguesa.
Ao todo, a concessão de apoios financeiros da FM ascendeu aos 2,39 mil milhões de patacas. Mais de metade (57,04%) foram para projectos de “educação e investigação”, área a que se seguiu a cultura, desporto e lazer (com 17,37% dos pedidos) e acções filantrópicas e de voluntariado, que valeram 10,62% dos subsídios. Apoios internacionais e a indivíduos não chegaram sequer a 1%.
No relatório analisado pelo HM, pode ver-se que a Fundação atribuiu 384 bolsas de estudo a alunos locais do ensino superior e a mais de 9800 estudantes dos ensinos primário e secundário. Ao todo, foram 53 milhões de patacas em bolsas de estudo, divididos em diferentes graus. Por exemplo, todos os 9883 estudantes do ensino básico que receberam apoios foi na forma de “bolsas de mérito”. Outros 150 receberam bolsas de mérito especiais e 94 estudantes foram agraciados com apoios para as licenciaturas que frequentam.
Das 31 vagas disponibilizadas pela FM para subsídios para estudantes bilingues do curso de Direito Chinês – Português todas foram preenchidas, mas ao nível das bolsas para intercâmbio no exterior apenas 26 – de mais de 40 – foram atribuídas.
Outro das secções para que a Fundação Macau atribui dinheiro é a continuação de estudos em Portugal para alunos que completem o ensino secundário. Em 2015, 82 das 148 vagas foram preenchidas. No ensino do Português houve ainda mais seis bolsas atribuídas para alunos que frequentaram as aulas de Língua Portuguesa do Instituto Português do Oriente e o concurso de eloquência de Português.

Para todos

Os estudantes de fora não foram esquecidos: mais de uma dezena de pessoas de S. Tomé e Príncipe, Timor e Moçambique receberam apoios da Fundação, aos quais se juntaram 15 de Cabo Verde e Guiné Bissau. Para o interior da China foram quase uma centena de bolsas de estudo: a maioria (47) para cursos de licenciatura e para filhos de trabalhadores da indústria aeroespacial da China (33).
O relatório mostra ainda que a FM assegurou mais apoios ao nível da Educação, ainda que logísticos. “Ter boas instalações de ensino e equipamentos modernos constitui uma das chaves para assegurar a qualidade e sucesso da aprendizagem escolar ou universitária. Assim, com vista a cooperar com a política do Governo, a FM tem vindo a atribuir subsídios a instituições de ensino de Macau para a realização de obras de ampliação e remodelação dos edifícios escolares e renovação das instalações e equipamentos de ensino, de modo a criar melhores condições na área da Educação. Em 2015, subsidiamos a construção de prédios para escolas dos ensinos, primário e secundário e a aquisição de novos equipamentos pedagógicos, no valor de 430 milhões de patacas”, indica a Fundação.
Os apoios financeiros atribuídos a instituições privadas do ensino superior para a melhoria das instalações e equipamentos e construção dos campus foram no valor mais de 1,1 milhões de patacas, com a Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau, Universidade São José e a Universidade da Cidade de Macau a liderar o grupo dos subsidiados. A FM apoiou ainda a aquisição conjunta de um banco de dados de acervos de biblioteca de nove instituições de ensino superior, algo que custou dez milhões de patacas.
Num ano em que a palavra-chave para as políticas do Governo foram os talentos, a Fundação Macau focou-se também em projectos de formação de novos profissionais, tendo criado em 2014 os “Prémios para Talentos de Macau” destinados a premiar os residentes da RAEM que se distinguem em competições ou acções de abrangência nacional e/ou internacional. Em 2015, foram atribuídos dez prémios destes.
O organismo atribuiu ainda subsídios para apoiar mais de 140 projectos de estudos e investigação, num valor que atingiu 46 milhões de patacas.

Análises tantas

A liderança divide-se entre dois Conselhos – o de Curadores e o de Administração. O Conselho de Curadores fez quatro reuniões para apreciar mais de uma centena de pedidos. Aprovou 82, que obrigaram ao pagamento de mais de 1,8 mil milhões de patacas. A este número juntam-se mais 67,3 milhões de patacas que foram atribuídos por aprovação do Conselho de Administração. Este grupo, que analisa os pedidos de subsídios superiores a 500 mil patacas, reuniu 55 vezes para apreciar 939 pedidos – aprovou 716.
Em 2015, a FM assegura que continuou a reforçar os apoios atribuídos a instituições médicas, a lares de idosos e instituições de solidariedade social. Por exemplo, mais de 20 milhões de patacas foram para os hospitais privados e a Cruz Vermelha de Macau adquirirem equipamentos médicos e fazerem obras de manutenção.
A FM é constantemente criticado pelos apoios que dá, especialmente porque muitos deles são atribuídos a entidades que também fazem parte do corpo da Fundação. O dinheiro da Fundação, recorde-se, vem directamente das receitas dos casinos, sendo que a entidade recebe cerca de 2% do total dos lucros do Jogo.

MUST tem mais vagas para bolsas que duas públicas

A Universidade de Ciência e Tecnologia (MUST, na sigla inglesa) teve mais vagas para bolsas destinadas a alunos finalistas do que o Instituto Politécnico de Macau e o Instituto de Formação Turística. Dados de 2014 e 2015 mostram isso mesmo, ainda que não seja possível recuar mais. Por exemplo, em ambos os anos a Universidade de Macau conseguiu dez vagas para “bolsas destinadas aos alunos finalistas com melhor aproveitamento escolar”, que foram totalmente preenchidas. A MUST conseguiu preencher seis das sete vagas abertas para si, enquanto o IPM preencheu seis das seis que tinha disponíveis e o IFT duas das quatro reservadas para os seus alunos.

Números

2,762,468 mil milhões de patacas eram as receitas da FM no final de Dezembro de 2015, sendo que as despesas ascenderam quase ao total desse número: 2,762,253,200 mil milhões. As “necessidades” levaram a cinco “reforços orçamentais”, num total que ascendeu a mais de 600 milhões de patacas

21 Set 2016

Turismo | Sector hoteleiro alerta para quebra nos preços e maior competição

Há uma ligeira crise a instalar-se no sector hoteleiro e os alertas foram deixados ontem por presidentes de associações, na reunião do Conselho para o Desenvolvimento Turístico. O excesso de oferta de quartos de hotel face ao igual número de turistas a pernoitar em Macau faz com que os preços estejam a baixar. Analistas falam, contudo, de uma crise passageira

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] sector hoteleiro afirma estar a passar por uma ligeira crise, numa altura em que os empreendimentos no Cotai vão sendo inaugurados aos poucos e há uma maior oferta em termos de quartos de hotel. O problema é que o número de turistas que pernoitam em Macau tem-se mantido igual, o que faz com que a elevada competição comece a chegar ao sector, algo que o obriga a baixar os preços. Dados divulgados esta semana mostram que as receitas dos hotéis baixaram em relação a 2014.
Ontem, em mais uma reunião do Conselho para o Desenvolvimento Turístico, alguns membros, que representam associações, expressaram os seus receios ao Governo.
“Houve um aumento de 15% no número de quartos, mas o número total de visitantes que cá pernoitam permanece o mesmo. Verificámos uma descida bastante visível no preço dos quartos. Estamos preocupados que o número de quartos aumente, pois deverão ser mais quatro mil nos próximos meses. Com tanta oferta o preço dos hotéis pode descer e afectar o sector”, referiu um dos membros. “Houve investimentos de milhões e milhões de patacas por parte dos hotéis, para conseguirem determinado número de visitantes, mas têm surgido muitas dificuldades, porque há mais concorrência e competitividade”, disse outro.
Num encontro que serviu para apresentar os mais recentes projectos da tutela dos Assuntos Sociais e Cultura, os membros do Conselho apoiaram a renovação das Casas-Museu da Taipa, do Museu do Grande Prémio e ainda da povoação de Ka-Hó, defendendo que o turismo local precisa de maior diversidade para sair de uma situação de impasse.
“O sector do turismo precisa de mais elementos e um conteúdo mais enriquecido. O Governo tem de lançar um calendário para que a população saiba o desenvolvimento dos trabalhos e para que Macau tenha uma maior competitividade”, afirmou outro representante.
Quanto ao responsável pela Associação dos Hoteleiros de Macau, falou da necessidade de ter “um maior foco nos elementos culturais”. “Faltam novos elementos e esses três projectos estão de acordo com as necessidades de Macau.”
Já outro membro do Conselho adiantou que também as pequenas empresas, nomeadamente o sector da restauração, estão a sofrer com este panorama. “Se o Governo conseguir trazer mais turistas ao centro da cidade só assim o sector pode beneficiar. Espero que os projectos avancem rapidamente para vermos os efeitos o mais depressa possível.”
O próprio Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, admitiu que se não forem lançados novos projectos não haverá novos elementos turísticos, o que “significa que o sector do turismo vai recuar”.

Uma crise passageira

O economista Albano Martins confirma ao HM o panorama de elevada competição e de quebra de preços. “Vão aparecer mais hotéis, mais camas, e vai haver muito mais competição. Existindo mais oferta, e se a procura não crescer significativamente, o que vai acontecer é que os preços vão descendo até chegar a uma altura em que a crise se pode instalar. Mas isso vai depender do mercado, pela maneira como o Jogo vai reagir daqui a diante. Vamos ter de ver se o Jogo vai continuar a crescer ou se vai recuperar a partir do próximo ano. Vai haver ainda a oferta do MGM e do Lisboa Palace e a concorrência vai acontecer.”
Contudo, o economista afirma que será uma crise passageira, com resolução a partir de 2018, data em que o empreendimento da Sociedade de Jogos de Macau (SJM), o Lisboa Palace, deverá ser inaugurado.
“Só a partir de 2018, altura em que se prevê uma expansão da economia de Macau, haverá efeitos directos e indirectos a nível dos hotéis. A verdade é que até lá (os hotéis) vão passar um mau bocado, porque há uma oferta brutal”, acrescentou.
Se para o sector a queda dos preços constitui um problema, o mesmo não acontece com os hóspedes, defendeu o economista. “É bom que a concorrência se faça a preços mais baixos, porque todos sabem que os preços em Macau são altíssimos. Não vejo isso com grande preocupação, mas claro que as pessoas que estão no sector olham para a sua carteira. Mas quem está fora do sector olha para isso de forma perfeitamente natural. É o sinal de uma economia livre.”

Quebra suave

Anthony Wong, docente de Turismo na Universidade Cidade de Macau (UCM), lembrou que a quebra nas receitas foi modesta, desvalorizando a existência de uma crise mais grave. “Penso ser razoável este ajustamento na indústria hoteleira. Teremos um número semelhante de turistas mas teremos mais quartos de hotel, então a oferta será superior à procura, é razoável que haja um decréscimo da taxa da ocupação e também dos lucros.”
Tal como os representantes do sector, também o docente acredita que só com mais atracções é possível fazer com que os turistas pernoitem mais tempo no território.
“A única forma de aumentar as receitas e também a ocupação hoteleira prende-se com a oferta de mais atracções turísticas. Então o primeiro desafio será aumentar as atracções turísticas, mas também será um desafio para operadores turísticos e hotéis manterem os hóspedes e fazer com que eles regressem. Haverá vários quartos de hotel a ser construídos nos próximos tempos e isso trará pressão no sector, porque a competição será muita.
Albano Martins recorda que “é provável” que, com a nova oferta dos casinos, com os novos centros de diversão que estão a ser criados, as dormidas aumentem e possa haver uma melhoria. “O que é preciso é que haja gente a ficar mais tempo e não a entrar em Macau. A taxa de ocupação dos hotéis deverá cair nesta fase, o sector vai ter dificuldade e a única hipótese é baixarem os preços”, rematou o economista.

Os números da crise

– Lucros de 2,76 mil milhões de patacas, menos 44,4% face a 2014
– Segmento dos hotéis de quatro estrelas teve um prejuízo de 171 milhões de patacas, porque as receitas das novas unidades obtidas no ano passado foram inferiores às despesas desse ano, incluindo as operacionais anteriores à sua entrada em funcionamento
– Receitas do sector dos hotéis e similares chegaram às 26,04 mil milhões de patacas, menos 6,6%
– Existe um total de 107 estabelecimentos hoteleiros, mais oito face a 2014
– O número de trabalhadores no sector também aumentou, sendo mais 14,7% face a 2014
– Os turistas continuam a pernoitar, em média, uma noite em Macau
– Em Agosto, Helena de Senna Fernandes, directora dos Serviços de Turismo, disse esperar um aumento de turistas internacionais na ordem dos 10%, embora o número de turistas se deva manter igual aos anos anteriores, na ordem dos 30,7 milhões de pessoas. Os turistas da China registaram uma quebra de 0,4% nos primeiros seis meses do ano

Helena de Senna Fernandes desvaloriza queda das receitas

A directora dos Serviços de Turismo desvalorizou ontem a queda das receitas na hotelaria, destacando que está a aumentar o número de hóspedes e o tempo de estadia na cidade. “O número de hóspedes tem subido e o número de pessoas a pernoitar em Macau também subiu”, disse Helena de Senna Fernandes, sublinhando que em Junho e Julho deste ano, ao contrário do que é frequente, o número de turistas “que ficaram mais do que um dia em Macau” foi maior do que o de pessoas que visitaram a cidade em menos de 24 horas.
Senna Fernandes sublinhou que abriram novos hotéis em Macau e, “com mais quartos disponíveis”, o preço dos quartos, naturalmente, baixa. “Ao mesmo tempo, a taxa média de ocupação está na ordem dos 80% (…). Se calhar estivemos muito acostumados a taxas de ocupação na ordem dos 90%, mas acho que não há muitos destinos no mundo que tenham este tipo de taxa de ocupação”, afirmou. “Tem de haver equilíbrio entre os preços dos quartos e a taxa de ocupação”, acrescentou, em declarações aos jornalistas à margem da apresentação da quinta edição do Fórum de Economia de Turismo Global de Macau.

21 Set 2016

Lisboa Palace recontrata trabalhadores despedidos

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]a sequência das manifestações por parte dos trabalhadores dos estaleiros do Lisboa Palace, que dizem ter sido demitidos injustamente, a operadora inverteu a medida e o responsável pela empreitada prometeu que iria recontratar estas pessoas. A celebração do novo contrato tem lugar hoje e o início de funções também.
A medida é tomada após uma reunião entre representantes da empreitada do Lisboa Palace e representantes da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), em que a deputada Ella Lei frisou, após o encontro e segundo comunicado divulgado à imprensa, que este caso veio demonstrar que o regime de contratação de trabalhadores não residentes ainda tem muitos problemas.
“Se o Governo mantiver a fraca supervisão que tem tido vai, com certeza, prejudicar os residentes, sobretudo nesta fase da economia do território, pelo que tanto o Executivo como a sociedade devem prestar uma atenção especial a estes assuntos”, remata a deputada.

21 Set 2016

Jornal chinês associa declínio das receitas com campanha de Pequim

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] principal jornal oficial chinês de língua inglesa, o China Daily, publicou ontem um artigo em que volta a associar directamente o declínio das receitas de jogo em Macau à campanha contra a corrupção lançada por Pequim.
“A Las Vegas da Ásia começou a perder algum brilho desde 2014 (…), quando o combate contra a corrupção e extravagância, por parte de Pequim, aliado à economia da China em ‘corda bamba’, assustou os grandes apostadores, afastando-os para outros destinos de jogo regionais”, refere o China Daily, destacando que o Camboja surge como “um rival emergente”.
As receitas do jogo encetaram em Junho de 2014 uma trajectória descendente, com o mês de Agosto a colocar termo a 26 meses consecutivos de quedas anuais homólogas. Essa curva descendente – a mais longa de sempre – tem vindo a ser imputada por analistas a um cocktail de factores em que os efeitos da campanha anti-corrupção lançada por Pequim surgem à cabeça. No entanto, tal associação por parte da imprensa oficial chinesa tem sido muito pontual.
Mesmo com uma forte queda de 34,3% em 2015, as receitas de jogo de Macau ainda são três vezes superiores às de Las Vegas, seis vezes superiores às de Singapura e dez vezes superiores às da Coreia do Sul e às Filipinas, segundo salienta o China Daily, citando o Chefe do Executivo, Chui Sai On.
Na semana passada, a Fitch prognosticou uma diminuição de 5% das receitas dos casinos para o cômputo de 2016.

21 Set 2016

Fórum de Turismo Global | Nova edição aborda tendências de consumo

O 5º Fórum de Economia de Turismo Global vai acontecer nos dias 15 e 16 de Outubro no Studio City e tem por tema “As Novas formas de Consumo- Transformar a Indústria Turística”. É a resposta do Governo à geração mais nova que procura novas rotas, tem novos interesses e tem um novo aliado: a internet

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo quer adaptar a indústria às gerações mais novas. E vai começar já com a quinta edição do Fórum de Economia de Turismo Global, que acontece nos dias 15 e 16 de Outubro no Studio City. Numa conferência de imprensa que ontem decorreu, o Executivo centrou-se na necessidade que o turismo de Macau tem de se adaptar às novas necessidades de mercado.
Uma nova geração de turistas emergiu e com ela a necessidade de novas respostas deste sector. Macau é conhecido pelos casinos, mas há muito mais para ver. “Macau não é só jogo”, disse Ip Peng Kin, chefe do Gabinete do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura.
Para Helena de Senna Fernandes, directora dos Serviços de Turismo, e Pansy Ho secretária-geral do Fórum de Economia de Turismo Global, é esta nova mensagem que importa passar junto dos operadores e representantes turísticos que vão participar durante os dois dias do Fórum.
“Vivemos numa época de revolução ao nível do consumo, com as novas gerações de consumidores a apresentarem grandes mudanças em relação aos padrões de consumo. Esta nova tendência tem um forte impacto na economia de turismo”, frisou Ip keng Kin. “E é por isso que é necessário adaptar os modelos de gestão desta importante indústria.”
Na mesma linha de pensamento, Pansy Ho sublinhou que o ecossistema de consumo se transformou, “passando do antigo modelo económico gerado pela oferta para um novo modelo económico orientado para o consumidor”. Esta edição, assegura, vai explorar como é que esta nova classe consumidora está a influenciar a indústria turística mundial e como é que os seus comportamentos de consumo e uso das novas tecnologias têm trazido mudanças sem precedentes para a indústria turística global.

Portugal ausente?

Com uma lista de vários participantes ligados ao sector do Turismo de todo o mundo, destacou-se a ausência de Portugal. Helena de Senna Fernandes avançou que “foi dirigido um convite ao Ministério da Economia, que é quem tutela o Turismo, mas até ao momento não foi recebida qualquer confirmação”.
China e França são os grandes convidados deste Fórum, com quem se pretende a troca de sinergias no sentido de trazer e levar turistas.
“A China por ter capacidade de difundir três mil anos de história e ser a cidade parceira do evento, com a Exposição das Cidades e Províncias Parceiras do Fórum. França porque continua a ser um importante pólo de atracção turística no mundo inteiro”, referiu a directora da DST. A cidade das luzes estará representada no Fórum com o tema “França: Arte e Cultura como impulsionadores do Turismo”.
O Orçamento para esta edição é de 45 milhões de patacas, sendo que 21 milhões são pagos pelos operadores turísticos e os restantes divididos entre os patrocinadores, onde estão incluídas as operadoras de autocarros, empresas e casinos de Macau, disse Ip Peng Kin.
O Governo tem como parceiros a Organização Mundial do Turismo e a Câmara do Turismo da China e do Centro de Pesquisa de Economia de Turismo Global. Durante a iniciativa será ainda lançado um guia com as atracções locais para facilitar a “venda” da RAEM aos operadores do turismo.

Cedência de vistos

Questionado sobre a questão de facilitar a cedência de vistos com vista a fomentar a entrada de mais turistas no território, o chefe do Gabinete para os Assuntos Sociais e Cultura disse apenas que não se pode continuar a aumentar este tipo de entradas. “Não podemos aumentar a atribuição dos vistos porque existem limites e temos de aprender a conviver com isso”, frisou Ip Peng Kin. Ainda assim, fez saber “que estão a ser levadas a cabo conversações a esse respeito”, ainda que seja “preciso mais trabalho governamental”. A esse propósito foi salientada a “participação pela primeira vez de uma delegação de Cantão, com oficiais do turismo, para consolidar e facilitar a relação regional”, concluiu Ip Peng Kin.

21 Set 2016

Novo museu do Grande Prémio poderá vir a funcionar 24 horas por dia

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] novo museu do Grande Prémio de Macau poderá vir a funcionar 24 horas por dia, prevendo-se a ocupação de todo o edifício do Centro de Actividades Turísticas. A garantia foi dada ontem pelo Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, na reunião do Conselho para o Desenvolvimento Turístico.
“Temos a perspectiva de que o museu possa vir a funcionar 24 horas por dia, para que o público possa sentir a sua importância”, referiu o Secretário sobre o projecto anunciado recentemente e que terá cerca de 16 mil metros quadrados. Alexis Tam mostrou ainda abertura para a participação de nomes internacionais que já estiveram no Grande Prémio de Macau, para que possam contar e partilhar as suas histórias sobre as competições no território. A sugestão foi feita por um membro do Conselho.
Coube à directora dos Serviços de Turismo, Helena de Senna Fernandes, a apresentação do projecto e das actividades que este vai conter. “Teremos zonas de exposição para vários tipos de veículos e queremos adicionar mais espaços para a realização de actividades, como a projecção de filmes e zonas para as indústrias culturais e criativas. Também queremos abranger uma zona de actividades para pais e filhos. Gostaríamos de construir mais elevadores e escadas rolantes para facilitar o acesso”, apontou.
Alexis Tam respondeu ainda às muitas críticas já feitas publicamente sobre o orçamento do novo museu, que custará 300 milhões de patacas. “Não vamos apenas renovar o museu mas todo o Centro de Actividades Turísticas, que se vai transformar num museu internacional, e por isso o orçamento tem esse valor. Já fizemos mais de 60 edições do Grande Prémio mas continuamos a ter um museu muito humilde”, concluiu.

21 Set 2016

Parque Central | Bombas da piscina responsáveis por inundação no estacionamento

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] inundação constante no parque de estacionamento do Parque Central da Taipa deve-se a problemas nas bombas de drenagem da água da piscina. A reparação, diz o Governo em comunicado, já foi feita, depois de uma avaria.
“Relativamente à fuga de águas residuais na cave 2 do auto-silo do Parque Central da Taipa, após uma vistoria, verificou-se uma avaria das bombas para águas residuais da piscina, o que originou um entupimento causado pelos produtos higiénicos e outros produtos constituídos por materiais de tecidos”, começa por indicar a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT). “Deste modo, contactamos a entidade utente para acompanhar os trabalhos de reparação das bombas para águas residuais, bem como esclarecer as observações referentes à manutenção e reparação quotidiana. Neste momento, ficaram concluídos os trabalhos de reparação pela entidade utente.”

Sempre a somar

Esta é mais uma das polémicas a envolver o espaço, aberto há menos de três anos. Este ano, uma avaria no sistema de filtragem levou a piscina a encerrar temporariamente para a execução de “obras urgentes de reparação”. O ano passado, e depois de um relatório do Comissariado de Auditoria, Li Canfeng, director da DSSOPT, teve mesmo de pedir desculpa publicamente por causa dos problemas na construção do Parque e instalações. Na altura, foi criado um grupo de trabalho inteiramente dedicado à fiscalização do espaço.
Isto depois de, como avançado pelo HM, a abertura da piscina ter atrasado porque a Chon Tit, empresa responsável por toda a construção, estava a fazer alterações ao nível estético e da iluminação por “sugestões dos cidadãos”. Cidadãos que, contudo, ainda não tinham sequer estreado a piscina.
A Sociedade de Investimentos e Fomento Imobiliário Chon Tit (Macau) chegou a ser visada pelo Governo devido a “falhas” na construção. Diversos deputados queixam-se da empresa, com capital do interior da China e cujo director foi condenado por estar envolvido no escândalo de corrupção Ao Man Long, por falhas de segurança.
No comunicado agora enviado, o Governo não especifica se a entidade que fez a reparação das bombas é a empresa ou o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), mas assegura que, após tomada de conhecimento sobre as fugas de água através das bombas, tanto a Chon Tit como o IACM foram ao local.
“Verificou-se que o entupimento foi causado pelos lixos, produtos constituídos por materiais de tecidos e produtos higiénicos, o que originou a avaria das mesmas e sem condições de funcionamento. Na sequência da análise, constatou-se que o motivo de avaria das referidas bombas para águas residuais se deve ao uso indevido. Além de contactar com a entidade utente para acompanhar os trabalhos de reparação, a DSSOPT entendeu que a mesma deve reforçar a manutenção e reparação”, remata.

21 Set 2016

Macau | Aberto mais um centro para tratamento de dependências

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Associação de Reabilitação dos Toxicodependentes de Macau (ARTM) inaugurou ontem um novo centro para tratamento de dependências como droga, álcool e jogo, com capacidade para acolher um total de 80 pacientes.
“É um projecto antigo. Na ARTM temos estado sempre lotados e havia necessidade de aumentar o espaço, a capacidade de apoio. É um projecto que vem desde há muito tempo, desde 2008 sensivelmente que o temos em mente, e agora finalmente concretizou-se”, explicou o presidente da ARTM, Augusto Nogueira.
O centro tem capacidade para acolher 50 homens e 20 mulheres, estando reservadas dez camas para pessoas de ambos os sexos que “requeiram cuidados intensivos” ou que “estejam em grave situação de saúde”.
Trata-se da primeira valência da ARTM – fundada há mais de década e meia – direccionada em particular para diferentes tipos de dependências, apesar de os vários centros da organização não-governamental terem lidado no passado com casos de outras adições.
“Já temos vindo a trabalhar com pessoas com álcool e uma ou outra com problemas de jogo, apenas não estávamos focalizados para isso e agora vamos estar”, sublinhou Augusto Nogueira à agência Lusa.

Frentes diversas

Localizada em Ka-Hó, na ilha de Coloane, a nova unidade de reabilitação da ARTM conta com 28 funcionários, incluindo colaboradores que estiveram recentemente na Austrália a receber “formação intensiva”.
Das três dependências, Augusto Nogueira salienta que a droga constitui a que “exige maior atenção”, por ser aquela em que a organização que fundou e preside é “especializada” e por “requerer maior atenção, tanto a nível do tratamento como da prevenção”.
Segundo dados do Sistema de Registo Central do Instituto de Acção Social (IAS) estavam referenciados, no final do ano passado, 617 toxicodependentes em Macau.
Um número calculado com base na declaração voluntária de quem solicita ajuda, junto das instituições oficiais ou organizações não-governamentais, ou em dados da polícia ou dos tribunais, pelo que, como observa o presidente da ARTM, estima-se que “o número real seja superior”.
A ARTM opera em diversas frentes, contando com centros ou unidades de tratamento, incluindo com metadona, além de um programa de distribuição ou recolha de seringas e serviços de aconselhamento e apoio e ainda prevenção e sensibilização.

21 Set 2016

USJ | Novo mestrado inclui Educação Especial e Inclusiva

Um plano curricular que inclui o ramo de Educação Especial enquanto opção de mestrado foi ontem aprovado para a Universidade de S. José. O objectivo é colmatar a lacuna de profissionais na área e formar para uma atitude capaz de incluir a diferença

[dropcap style=’circle’]F[/dropcap]oi ontem aprovado um novo mestrado em Educação, a ser ministrado pela Universidade de S. José (USJ), que inclui especialização na área de Educação Especial e Inclusiva. A aprovação do novo plano curricular foi publicada ontem em Boletim Oficial e foi recebida com alegria pela professora Ana Correia, responsável pelo curso e directora da Faculdade de Psicologia e Educação da USJ.
Ana Correia explica ao HM que “o facto de se dividir e especializar o grau académico teve a ver com áreas que foram identificadas com uma grande necessidade de formação de professores educadores e profissionais no geral”. A área da Educação Especial “é uma área muito querida” pela USJ e o estabelecimento tem vindo a desenvolver trabalho, nomeadamente no que respeita à investigação.
Mas não só. “É uma área que necessita de muita atenção por parte das políticas da educação em Macau”, adianta ainda a académica. “De um ponto de vista legal é também uma área que está em fase de transição e mais do que educação especial estamos a falar aqui de educação inclusiva, pelo que o presente grau pretende melhorar a formação dos professores que trabalham em escolas que aceitam crianças com dificuldades de aprendizagem, deficiências ou outras características que as tornam ‘excepcionais’.”
As aulas já começaram mas o facto do plano de estudos ter sido aprovado vai permitir a entrada de alunos que assim o desejem ainda neste ano lectivo. “Isto é possível porque o módulo inicial do presente mestrado ainda é idêntico ao antigo, o que vai permitir aos alunos uma sequência normal e depois, sim, poderão ter as opções agora aprovadas”, explica Ana Correia.
A Universidade vai transferir directamente os alunos do módulo antigo para o agora aprovado e esta possibilidade já estava.
Neste momento, o mestrado em Educação tem “uma turma pequenina constituída por 12 alunos”, mas Ana Correia espera que esta abertura a novos conhecimentos possa acrescentar alunos já nos próximos dias. Os professores serão “de topo na área da Educação Especial”, afirma a professora, na medida em que o corpo docente foi previamente preparado para a possibilidade de integração no ensino deste novo grau académico. Dos elementos destacados está a australiana Chris Forlin, especialista em Educação Especial e Inclusiva e que já trabalha com a USJ enquanto consultora.

É preciso atitude

O caminho ainda é longo para uma maior inclusão da diferença, mas já está a ser feito. Passa efectivamente pela educação, não só a escolar mas, “e sobretudo”, por educar as famílias, quer as que têm crianças especiais, quer as restantes que, por vezes, mostram alguma preocupação em relação à possibilidade de que os seus filhos “partilhem a escola e a sala de aula com meninos com necessidades educativas especiais”.
Por outro lado, é preciso formar as escolas e professores e ter profissionais que adicionem à formação experiência e, acima de tudo, atitude. “É necessário retirar medos e preconceitos”, afirma a professora enquanto adianta que “a desculpa de ‘eu não sei nada disto, ou de não é a minha área ou não tenho conhecimento científico’, apesar de ser elemento importante não é o fundamental”. Para Ana Correia é claro que é atitude com que se desempenha esta função na área da Educação Especial e Inclusiva é “meio caminho andado para um bom desempenho”.

20 Set 2016

Obras na Casa de Vidro começam em Outubro

[dropcap style=’circle’]V[/dropcap]ão ter início as obras de remodelação da chamada Casa de Vidro do Tap Seac. Foi ontem oficialmente autorizada a celebração do contrato com a Companhia de Construção Urbana J & T Limitada que, de acordo com despacho publicado em Boletim Oficial, recebe 30,3 milhões de patacas pelo serviço.
Foi em Fevereiro que mais de uma dezena de empresas concorreram ao concurso público para a remodelação do Centro Comercial. A obra, posta a concurso pela Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), pretende transformar o espaço em algo multifuncional dedicado às indústrias criativas, “onde os empresários da indústria criativa poderão expor as suas obras”.
Em 2014, o Governo já tinha anunciado a ideia, tendo inclusive dito que em Novembro desse ano o edifício da autoria de Carlos Marreiros iria sofrer obras de restauração. Mas o espaço, que tem estado vazio desde que ficou concluído em 2007, só agora vai ver iniciadas as alterações. A obra de modificação do Centro Comercial compreende cinco pisos, com uma área total de cerca de 5200 metros quadrados. Todo o espaço será projectado para lojas para a indústrias criativas, estúdios e oficinas para fins educativos.
As obras começam em Outubro e duram 330 dias, podendo vir a criar, estima a DSSOPT, cem postos de trabalho. O Governo assegura que o ambiente vai ser tido em conta, com as obras a usarem produtos amigos do meio natural.
“Na obra será utilizado tinta de baixos compostos orgânicos voláteis, equipamentos de iluminação eco-eficientes, dispositivos para a economia de água e aparelhos de ar-condicionado que utilizem gás refrigerante ecológico, de modo a firmar assim os princípios da protecção ambiental”, refere o Governo.

20 Set 2016

Focos no turismo cultural não reúnem consenso

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] área do turismo cultural não reúne consenso entre académicos do território. A atenção a ser dada diverge, com diferentes analistas a defenderem a preservação de diferentes aspectos.
Para Lam Fat Iam, presidente da Associação de História Oral de Macau, é fundamental que a tarefa principal seja “a conservação dos edifícios históricos e espaços comunitários construídos em diferentes épocas no território”. O responsável diz que a preservação do património cultural e a adição das novas actividades não “deverão ser opostos, mas sim compatíveis”, como frisou em declarações ao Jornal de Cidadão.
Lam Fat Iam considera que o princípio de desenvolvimento tem que ser a manutenção do património cultural e dos costumes tradicionais que actualmente existem e, de modo a operacionalizar esta sugestão, o presidente da Associação de História Oral de Macau sugere que em primeiro lugar deverá ser feita “a protecção da textura da cidade que inclui as ruas, becos, calçadas e travessas”.
Paralelamente, diz, deverão ser conservadas as demarcações das diferentes zonas tendo em conta a linha litoral e do horizonte do território. “Fazendo bem a integração destes elementos, sob uma visão macro, a história, a cultura e as construções de Macau poderão usufruir de um controlo e protecção favoráveis”, conclui.
A académica e presidente da Associação Energia Cívica e membro do Conselho para as Indústrias Culturais Agnes Lam considera que um aspecto de relevo é a atenção dirigida aos monumentos contemporâneos. O Governo continua a “colocar mais ênfase no passado do que o presente e aqueles que já entraram na lista do património são tratados generosamente”, considera, acrescentando que o património contemporâneo e datado do séc. XX não está a ser devidamente tido em conta.
Agnes Lam ilustra a situação com o exemplo das instalações dos estaleiros de Lai Chi Vun que integram “um vasto espectro da história do território”.
Já a dedicação ao espaço criado pela fusão oriental e ocidental ao longo de 500 anos é, para o presidente da Associação para Protecção do Património Histórico e Cultural, Cheang Kok Keong, a prioridade a ter em conta no âmbito da exploração do turismo cultural de Macau, dada a sua raridade, especialmente na China. Por outro lado Cheang Kok Keong defende que o Governo tem que procurar um equilíbrio entre o espaço turístico cultural criado pelo investimento de capital e as novas tecnologias características das grandes empresas sendo que ambas fazem parte do turismo cultural da região.
“O património mundial é outro cartão para atrair turistas e não se deve ceder a projectos demasiado comerciais”, defende.

20 Set 2016

Participação cultural de residentes a aumentar

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s residentes participam cada vez mais em actividades culturais e na ida ao cinema. É o que indica um inquérito sobre a participação dos cidadãos em actividades culturais divulgado ontem pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). O objectivo do inquérito era a recolha de informações sobre a participação em actividades culturais de indivíduos, com idade igual ou superior a 16 anos.
Os dados mostram que 257.900 residentes participaram em actividades culturais no segundo trimestre de 2016 e a taxa de participação nestas actividades foi de 59,2%, uma subida de 1,2% em termos anuais.
A actividade que registou um maior número de participação foi a ida ao cinema. Um total de 169.800 residentes optou pela sétima arte, concretizando um aumento em 7,6%, em termos anuais. Dos filmes escolhidos, 35.100 residentes assistiram a filmes/vídeos produzidos em Macau, um número que cresceu 58,5%. Este aumento tem na sua origem, segundo o DSEC, a promoção da produção local de filmes/vídeos e de se ter organizado uma série de eventos para os exibir.
A ida às bibliotecas também aumentou, com cerca de 114.400 residentes a frequentarem estes espaços, o que representa mais 3,1% em termos anuais. A taxa de participação dos residentes nesta actividade foi de 26,3% e a dos estudantes de 68%, sendo superior à aderência dos não estudantes, que foi de 22%.
O número de residentes que visitaram museus ou locais do património mundial aumentou 19,1%, em termos anuais e cada participante efectuou em média 2,8 visitas a museus ou locais do património mundial, números idênticos aos do segundo trimestre de 2015. De entre os residentes que participaram nesta actividade, 72,4% visitaram locais do património mundial, com cerca de 82.500 visitantes, e 65,9% foram aos museus, num total de 75.100.
Assistiram a espectáculos 90.500 residentes, menos 0,7% em termos anuais. Cada participante assistiu em média a 2,3 espectáculos, média idêntica à do segundo trimestre de 2015. De entre os vários espectáculos, os mais populares foram os musicais ou os de dança, com a participação de 65.500 pessoas que representam 72,3% do total. A opção pelo teatro foi feita por 45.200 residentes.
O número de residentes que assistiram a exposições de arte foi de 38.300, registando uma subida de 5,2% em relação ao trimestre homólogo de 2015. Destaca-se ainda o facto de que 95,7% destes participantes estiveram presentes em diferentes tipos de actividades culturais e 51,6% participaram em quatro ou mais tipos de actividades.

20 Set 2016

Turismo | Número de hotéis aumentou, mas receitas desceram

[dropcap style=’circle’]D[/dropcap]ados oficiais dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) revelam que o território tem mais oito hotéis em relação ao ano passado, mas isso não significa um aumento das receitas. Face a 2015, as receitas do sector hoteleiro baixaram cerca de 6,6% para 26,04 mil milhões de patacas. Estes números devem-se à quebra das receitas do alojamento, na ordem dos 12,21 mil milhões de patacas, as quais representaram quase metade das receitas do sector, ou seja, 46,9%.
Em termos anuais, trata-se de uma quebra de 10,6%. Em relação às receitas do sector da restauração foram de 5,49 mil milhões de patacas, menos 2,4%.
Os hotéis de cinco estrelas registaram uma quebra nas receitas de 7,1%, ou seja, conseguiram 21,43 mil milhões de patacas. Já os hotéis de categorias mais baixas, de três e duas estrelas, registaram uma maior quebra, na ordem dos 9,7%, totalizando 1,83 mil milhões de patacas em lucros.
Apesar da quebra nas receitas, as despesas do sector aumentaram, sobretudo com o pessoal, um aumento de 44,6%, mais 8,9% face a 2015. Neste momento o sector hoteleiro possui mais de 45 mil trabalhadores, um aumento de 14,7%. Só 12 destes hotéis possuem 64% dos trabalhadores.
Contudo, as despesas de exploração e as compras de mercadorias e comissões pagas diminuíram 1,4% e 11,6%, respectivamente, em termos anuais. Por seu turno, as despesas não operacionais, como sejam, a depreciação e os juros pagos, cifraram-se em 8,83 mil milhões de patacas, tendo aumentado 21,9%, em termos anuais.
Com a quebra das receitas, também o sector hoteleiro acabou por ter uma menor contribuição para a economia local. A contribuição foi de 13,2 mil milhões de patacas, menos 9,2% em termos anuais. Quanto ao excedente bruto foi de ,76 mil milhões, uma “queda significativa” de 44,4%.

20 Set 2016

Painéis solares | Pedidos de instalação junto do Governo continuam a ser raros

Há três anos foi implementada a legislação para a instalação de painéis solares nos edifícios, mas desde então que os pedidos têm sido quase inexistentes. À DSSOPT, responsável pela aprovação dos projectos, chegou apenas um pedido de informações. Maria José de Freitas e Joe Chan pedem que sejam criadas medidas de incentivo

[dropcap style=’circle’]S[/dropcap]ão raros, muito raros os edifícios em Macau que tenham instalados painéis solares, que produzem energia solar fotovoltaica. A lei existe desde 2014, mas a verdade é que a adesão de construtores, casinos, famílias e até do próprio Governo tem sido quase nula. A Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), entidade responsável pelo tratamento dos pedidos de instalação, confirmou ao HM que nestes três anos apenas recebeu um pedido sobre o assunto, no âmbito do Regulamento de Segurança e Instalação das Interligações de Energia Solar Fotovoltaica. Apesar de confirmar que já existe este tipo de tecnologia instalada, não há números oficiais.
“Alguns edifícios concluídos recentemente já incluem os sistemas de produção de electricidade com recurso a energia solar fotovoltaica, como escolas, habitação pública ou edifícios dos serviços públicos, por isso essas informações não são integradas na estatística individual referente aos pedidos de instalação”, confirmou o organismo.
O HM tentou ainda saber quais os projectos públicos que contêm este tipo de tecnologia, mas, segundo o Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas (GDI), “não foi recebido nenhum pedido apresentado pelo utilizador para colocar as instalações de energia solar no empreendimento de habitação pública ou outros projectos”.
Numa apresentação pública feita em 2014, Lei Chun San, do Gabinete para o Desenvolvimento do Sector Energético (GDSE), falou da instalação de projectos piloto em alguns edifícios públicos, como é o caso do edifício que alberga o Instituto da Habitação. Lei Chun San falou ainda das dificuldades na promoção dos painéis solares, por existir uma “falta de investimento de capital”, um “longo período de retorno” e uma “falta de motivação”.

Pacote precisa-se

Para a arquitecta Maria José de Freitas, não basta a existência de um regulamento administrativo. É necessário estabelecer um pacote de medidas para garantir a construção de edifícios amigos do ambiente, à semelhança do que já acontece na Europa.
“Essa situação deveria ser pensada como um pacote de medidas destinadas a melhorar a performance energética dos edifícios. Há outras medidas que deveriam ser tomadas em conjunto com a introdução dos painéis solares para melhorar a resposta dos edifícios, tal como a instalação de vidros duplos ou triplos e a espessura das paredes exteriores. Não havendo uma legislação que obrigue a que haja uma carta energética, como já acontece na Europa, as pessoas não estão muito preocupadas em fazer essas instalações porque vão traduzir-se num maior investimento”, disse ao HM.
Também o ambientalista Joe Chan considera que o Governo poderia fazer mais nesta matéria. “O maior problema em Macau é que o Governo não tem uma direcção firme em relação a esta matéria e as empresas e construtores não vão assumir o risco, porque não vêem quaisquer benefícios. O Governo poderia criar algum tipo de encorajamento, como subsídios, para esta instalação.”

Construtores desinteressados

Joe Chan alertou para o facto de Macau estar muito próximo da China e Tailândia, dois grandes produtores de painéis solares. O maior problema é que a maior parte dos construtores não estão interessados em investir numa tecnologia que não traz retorno imediato.
“Muitos dos construtores estão mais interessados em obter lucros o mais depressa possível, porque o Governo não tem uma política para forçar as empresas a construírem edifícios mais amigos do ambiente. Os construtores não têm qualquer motivação, enquanto que não é fácil para as famílias fazerem este tipo de instalações, porque precisam de espaço”, disse o ambientalista e responsável pela associação Macau Green Student Union.
Também a arquitecta Maria José de Freitas fala do pouco interesse por parte dos construtores. “Em Macau há muitos edifícios em altura e colocar painéis solares na cobertura pode ser uma medida eficaz, mas talvez só vá beneficiar as pessoas que vivem nos apartamentos do último piso. É muito difícil e seria necessária uma grande extensão para rentabilizar a instalação dos painéis solares. Isso não acontece nos edifícios do Governo nem a nível particular, porque o que os empreiteiros querem é minimizar os custos de construção e maximizar o custo de venda.”
Para a arquitecta, o Governo podia ter esse tipo de iniciativas, para dar o exemplo. “Não basta falar e dizer que se organizam as feiras do ambiente, é preciso que nos seus próprios edifícios o Governo tenha esse tipo de preocupações”, acrescentou.
Maria José de Freitas tenta, com grande parte dos projectos que realiza, que haja o lado da protecção ambiental, mas muitas vezes é difícil que a DSSOPT aprove os projectos, dadas as burocracias existentes. “Mesmo que, como arquitectos, queiramos proteger o ambiente, não vamos conseguir implementar nada. Temos sempre a preocupação de, nos nossos projectos, introduzirmos materiais recicláveis e com boa performance energética, mas isso é porque é a nossa consciência profissional, não porque existe um carácter de obrigatoriedade.”
Também Joe Chan acredita que o próprio conceito de energia renovável está muito atrasado. “O Governo não considera que esta seja um grande mercado e há a ideia de que não se consegue fazer muito dinheiro com isso, mas este tipo de tecnologia irá trazer benefícios para as futuras gerações. Tem de haver um papel mais activo para promover estas tecnologias”, concluiu.

“Casinos têm imenso potencial”

A vaga mais recente de inovação em termos de painéis solares mostra que é possível construir edifícios cujas fachadas têm incorporado este tipo de tecnologia. Para Joe Chan, os casinos “têm imenso potencial” para este tipo de construção, para além das “muitas vantagens no seu uso”.
“O maior problema é que têm de pagar um montante inicial e demora tempo até que se possam ver resultados. Os casinos apenas estão preocupados com os seus interesses e o Governo só se preocupa com os impostos que recebe. Não há qualquer ligação em como os casinos podem contribuir mais para que tenhamos uma região amiga do ambiente”, acusou o ambientalista.
Joe Chan defende ainda a criação de um subsídio para incentivar este tipo de instalações. Este poderia ser atribuído nos primeiros cinco anos, para depois ser retribuído caso houvesse a produção de energia solar.
“Os casinos são responsáveis por um terço do consumo de energia de todo o território, então têm o dever de contribuir para que haja uma redução”, apontou Joe Chan.

20 Set 2016

UM | Instituto de Zhuhai sob alçada da instituição. Fundação com novos Estatutos

Já está a ser controlado pela Universidade de Macau o Instituto de Investigação Científica Tecnológica de Zhuhai. Depois de falhas apontadas pelo Comissariado de Auditoria, também a Fundação para o Desenvolvimento tem quase prontos os seus novos Estatutos, onde os dirigentes passam a ser da UM

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Instituto de Investigação Científica Tecnológica da Universidade de Macau em Zhuhai já está sob alçada da Universidade. É o que garante a instituição de ensino ao HM, frisando na mesma resposta que também a revisão dos Estatutos da Fundação da UM está numa fase final. O objectivo é trazer legalidade à existência das duas infra-estruturas, que foram alvo de várias críticas do Comissariado de Auditoria (CA) no ano passado.
Devido a problemas na obtenção de fundos da Fundação Nacional de Ciências Naturais da China, o Instituto teve de mudar a forma jurídica sob a qual foi criado, tendo passado a ser pessoa colectiva. A infra-estrutura “comportou graves riscos”, segundo o CA, porque foi estabelecida nessa modalidade de entidade privada não empresarial, situação que impedia a “fiscalização eficaz e controlo”.
Depois das críticas, Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, assegurou que a UM não descartava a possibilidade de fechar o Instituto de Investigação caso não houvesse alterações, de forma a “tomar medidas para eliminar eventuais riscos”. Estas parecem ter, finalmente, chegado.
“A situação do Instituto [como] pessoa colectiva já foi alterada de acordo com as exigências referidas no relatório do CA. Ou seja, a titularidade do Instituto já foi transferida para a Universidade de Macau”, começa por dizer a UM. “[A universidade] agora controla totalmente o referido instituto.”
A UM diz ainda estar “a tomar medidas para melhorar a gestão e supervisão do mesmo Instituto”, mas não adianta pormenores. Recorde-se que, como avançava o HM em 2015, a UM não teria pedido autorização às autoridades da RAEM ou de Pequim para a criação do Instituto e, apesar de muito do dinheiro ser da Fundação Nacional de Ciências Naturais da China, os recursos financeiros para a criação do Instituto foram provenientes de transferências do orçamento da RAEM para a UM. Advogados chegaram a defender que essa transferência de fundos de Macau para a região vizinha sem autorização violava também a Lei Básica mas, quando questionado, o Executivo diz que houve uma interpretação diferente e não haveria indícios de tal.

Fundação V.02

Quem não escapou também à análise do Comissariado de Auditoria foi a Fundação para o Desenvolvimento da UM, constituída como uma pessoa colectiva de direito privado, um modelo que, mais uma vez, “não permitia à UM fiscalizar nem controlar, nem intervir no seu funcionamento”. “Contrariamente, deixa que os donativos destinados ao seu desenvolvimento sejam entregues a uma fundação de direito privado e com a qual não mantém qualquer relação jurídica”, apontava o CA.
No ano passado, o Governo assegurou ao HM que estava a ser criada, então, uma nova fundação para a Universidade de Macau, denominada “por Fundação da Universidade de Macau”, que viria a substituir a Fundação para o Desenvolvimento da UM. Actualmente, os Estatutos ainda estão a ser revistos.
“Indo ao encontro das opiniões expressas no relatório do Comissariado da Auditoria, a UM está a rever os Estatutos da Fundação para o Desenvolvimento da UM. Os respectivos cargos da Fundação passarão a ser desempenhados por dirigentes da UM”, revela a instituição ao HM.
A revisão dos Estatutos está “numa fase final” e estes serão publicados no Boletim Oficial depois de analisados e aprovados.
“No futuro, o modo de funcionamento e o sistema de supervisão da Fundação serão melhorados e poderão satisfazer as exigências do Comissariado da Auditoria e de todas as partes envolvidas”, assegura a HM.
A universidade não respondeu, contudo, face ao património da FDUM, que seria supostamente “transferido para a nova Fundação”. Até Fevereiro de 2015 mais de 800 milhões de patacas pertenciam a este organismo, mas o HM não conseguiu perceber se os valores aumentaram.

19 Set 2016

Desporto | Centro de alto rendimento concluído em três anos

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] centro de alto rendimento há muito prometido pelo Governo vai estar concluído, depois de sucessivos atrasos, dentro de três anos, revelou o presidente do Instituto do Desporto (ID), Pun Weng Kun. O centro destina-se a acolher os atletas de alto rendimento que participam no plano de formação e, numa fase posterior, “caso haja condições”, atletas estrangeiros.
“A elaboração do projecto já está na última fase (…). Esperamos que esteja concluído dentro de três anos”, disse Pun Weng Kun à agência Lusa, referindo-se ao Centro Polivalente de Estágio, que deveria ter sido inaugurado no ano passado, à luz das previsões de 2012.
Actualmente, há mais de uma centena de atletas de elite incluídos no programa de apoio financeiro concebido pelo Governo em 2014. Contudo, apenas dez se dedicam em exclusivo a uma modalidade, com formação especializada.
No nível mais elevado do programa – reservado a medalhados com ouro em Mundiais ou Jogos Asiáticos – está apenas Huang Junhua, praticante de Wushu, que recebe 25 mil patacas mensais, segundo dados do ID.
Nas modalidades praticadas pelos restantes nove, incluindo portadores de deficiência, há sobretudo artes marciais – Wushu, Karaté e Taekwondo. Estes encontram-se numa categoria inferior, que também exige a conquista de pódios em competições internacionais, recebendo um financiamento menor.
Os dez atletas de elite treinam pelo menos cinco dias por semana ou um mínimo de 25 horas. O programa divide os atletas em três grandes níveis, subdivididos em diversas categorias, às quais correspondem por conseguinte distintos financiamentos.
O presidente do ID reconheceu que “no passado, o número era maior”, pelo que a ideia passa por “sensibilizar os atletas para que adiram ao programa de modo a passarem para um nível semi-profissional ou profissional”.
Apesar do plano não exigir a prática de uma modalidade específica, admitiu a vontade de “aumentar o nível desportivo”, em particular das artes marciais – com especial destaque para o Wushu –, por permitirem uma “formação mais sistemática”, como disciplinas individuais.
O ID pretende melhorar a formação em outros desportos como ténis de mesa, barcos-dragão ou futebol: “Não é por se ter bons ou maus resultados, é porque são as modalidades favoritas e as mais praticadas pela população”.

Alta competição confusa

Manuel Silvério, presidente do ID de 1996 a 2008, considerou “inconsequentes” os planos ao nível da alta competição. Por um lado, encontra-se centralizada nas associações desportivas – subsidiadas – marcadas por “puro amadorismo” e, por outro, “há um corte entre o desporto escolar e o desporto federado ou associativo”, uma ligação que seria fundamental para “haver um verdadeiro desenvolvimento para se chegar à alta competição”, defendeu o ex-dirigente do ID.
Apesar de reconhecer que “não existe nenhuma fórmula”, considerou que a “falta de hábitos dos técnicos, dos dirigentes, dos atletas, de instalações ou os calendários de competições confusos” impedem o fomento da alta competição.
Em paralelo, a falta de instalações desportivas é um dos grandes entraves à prática de determinadas modalidades em Macau, como o futebol.
Para Manuel Silvério, o “Desporto para Todos”, que promove actividades e eventos com o objectivo de divulgar as vantagens do exercício físico, contribui para agravar o problema, pois entra em conflito com o desporto associativo, apesar de reconhecer que essa política – também vigente enquanto esteve à frente do ID – foi relevante no passado.
“Sei de equipas da I divisão [de futebol] que não conseguem campos para treinar. Muitas vezes é por causa do ‘Desporto para Todos’. Os campeonatos são interrompidos por causa de uma efeméride, para uns joguinhos de idosos, para o festival das mulheres, para as competições dos deficientes. (…) Num espaço tão exíguo, já com tantos atritos entre modalidades, estarmos ainda a insistir nesse tipo de campanha é chover no molhado”, considerou.

Família para sempre

Manuel Silvério defende que a região “deve continuar a batalhar” para integrar a família olímpica, uma ambição que remonta ao final da década de 1980.
“Macau deve continuar a batalhar para filiar-se nesta grande família olímpica. A filiação no COI [Comité Olímpico Internacional] é um direito e até é um dever das gentes de Macau de lutar por ela”, afirmou.
Manuel Silvério, que foi dirigente do ID desde 1996 até 2008 e integrou a direcção do Comité Olímpico de Macau (COM) até 2008, mantém que o território não está a ser tratado “em pé de igualdade” com Hong Kong, que integra o COI e se estreou nos Jogos Olímpicos de Helsínquia, em 1952, então como colónia britânica. Além disso, depois de 1999, “Macau deu mais contributo do que outros comités olímpicos nacionais” para o desenvolvimento do movimento olímpico, mais acentuadamente na Ásia, organizando e participando nos mais diversos eventos sob a égide do olimpismo.
O pedido de adesão “nunca foi recusado formal ou informalmente” e isso “é importante”, sublinhou, destacando ainda que “apesar de Macau não ser membro do COI, continua a ser membro de pleno direito do Conselho Olímpico da Ásia (COA)”.
“É a única janela que Macau ainda tem para participar nessas competições internacionais a nível da Ásia” e permitiu, aliás, a Macau organizar os Jogos da Ásia Oriental (2005), os Jogos da Lusofonia (2006) e os Jogos Asiáticos em Recinto Coberto (2007).
Em 1996, o COI alterou os estatutos, clarificando que apenas os “Estados independentes” podem ser membros do COI, razão pela qual “Macau não reúne condições”.
As dúvidas persistem, no entanto, por, segundo Silvério, nunca ter chegado um “não”, mas também por o pedido de adesão ser anterior às mudanças dos estatutos do COI.
Tanto que, em 1997, aquando de uma visita a Macau, o então presidente do COI, Juan António Samaranch, – que garantiu que Macau teria em si um “advogado de defesa” – afirmou que a participação do então enclave português em provas internacionais e o facto de ter solicitado a sua adesão ainda durante a vigência do artigo que permitia o reconhecimento de territórios poderia “funcionar como um reforço das aspirações de Macau”.

19 Set 2016

IPM | Laboratório de tradução automática para breve

É a revolução que pode ajudar a diminuir as dificuldades da tradução no Governo: o IPM quer inaugurar em breve um laboratório de tradução automática de Chinês e Português e já tem colaboradores prontos

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Instituto Politécnico de Macau (IPM) vai inaugurar, em breve, um laboratório de tradução automática de Chinês e Português, projecto de “grande importância” que tem como parceiro o Politécnico de Leiria, disse à agência Lusa o presidente da instituição. O laboratório vai ser inaugurado, em princípio, no próximo mês, por ocasião da V Conferência Ministerial do Fórum para a Cooperação entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Fórum Macau), a 11 e 12 de Outubro, indicou Lei Heong Iok.
Esse laboratório, que vai funcionar no IPM, contará com três equipas, versadas em particular na área da Informática e da Interpretação/Tradução, em que membros de Macau, de Portugal e do interior da China vão trabalhar em conjunto para conceber uma “máquina” capaz de traduzir de Chinês para Português e de Português para Chinês.
“É um projecto difícil, mas de grande significado”, observou, explicando que o laboratório conjunto das duas instituições de ensino superior – parceiras de longa data – vai contar com outros reforços de Portugal e do interior da China.
“Tem o apoio da Universidade de Coimbra. E, do outro lado, conta com o apoio técnico da maior empresa de tradução da China, porque eles já têm tecnologia na área da tradução Chinês-Inglês/Inglês-Chinês”, e da Universidade de Línguas Estrangeiras de Cantão, explicou Lei Heong Iok.
A porta não está, contudo, fechada à entrada de novos parceiros, com o presidente do IPM a referir que outras universidades portuguesas e/ou chinesas com interesse ou cursos de tradução automática podem vir a contribuir, no futuro, para o projecto.
“Se conseguirmos [conceber] um computador intérprete/tradutor automático quem ganhará com isso é a Administração de Macau. Hoje em dia fala-se muito de dificuldades, da falta de intérpretes/tradutores, de bilingues, há queixas de burocracia, lentidão. Se conseguirmos um computador que saiba traduzir Português-Chinês e Chinês-Português vai ser um grande instrumento”, afirmou o presidente do IPM, deixando claro que a ideia não é criar uma máquina para substituir o homem, mas apoiá-lo e reduzir o volume de trabalho que enfrenta, reiterou Lei Heong Iok, dando o exemplo que lhe serviu de inspiração: o sistema usado pela União Europeia.
“Visitei a União Europeia e eles mostraram-me a máquina de Português-Inglês ou Francês. Eu pensei: por que não [utilizar um sistema idêntico] em Macau? Temos duas línguas oficiais e há tantas dificuldades e queixas”, explicou Lei Heong Iok, indicando que na área da conversão assistida há “pouca coisa”.
“De facto, outras instituições também pensaram nesse sentido mas não conseguiram resultados satisfatórios”, apontou Lei, indicando que a primeira meta a atingir é até 2020.
Esse objectivo passa por “resolver problemas que existem neste momento na área da tradução na administração pública”, podendo depois evoluir para outras áreas, como a da Educação ou mesmo Medicina.

Qualidade e orçamentos

Lei Heong Iok reconheceu, porém, que a qualidade é um importante factor a ter em conta: “É sempre um problema, a gente tem sempre de se esforçar pela excelência. Depende também das áreas, a da ciência e tecnologia não é tão difícil.”
Sobre o financiamento do novo laboratório, com uma área de 200 metros quadrados, indicou que o IPM “começou com alguns milhões”, sem especificar.
Este projecto é financiado pelo IPM e a empresa de Pequim. Para o próximo ano, o orçamento do laboratório é de seis milhões de patacas, indicou, dando conta de que foi pedido apoio à Fundação Macau e encetados contactos com a Fundação de Ciência e Tecnologia de Macau.

Bodas de prata

Uma das principais metas do Instituto Politécnico de Macau (IPM) é dar o salto académico, oferecendo mais mestrados e doutoramentos, quando celebra, na próxima sexta-feira, 25 anos de existência, disse o presidente da instituição. O IPM cruzou o milénio com seis escolas, tantas quantas tem hoje: Língua e Tradução (a mais antiga), Saúde, Administração Pública, Educação e Desporto, Gestão e Artes. A Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior de Portugal validou, até ao momento, dois – o de Administração Pública e o de Tradução/Interpretação português-chinês/chinês-português –, sendo que o IPM pretende pedir ajuda para mais cursos, incluindo na área da Saúde, de forma “a garantir a [sua] qualidade e reconhecimento internacional”.

Português Global lançado em Outubro

O manual de ensino “Português Global”, publicado pelo Instituto Politécnico de Macau (IPM), vai ser lançado oficialmente no próximo mês e depois distribuído na China graças a um inédito acordo com uma editora de Pequim. O lançamento vai ter lugar por ocasião da V conferência ministerial do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Fórum Macau), marcada para 11 e 12 de Outubro, embora a data em concreto ainda esteja por decidir, adiantou à agência Lusa o presidente do IPM, Lei Heong Iok.
O acordo alcançado no ano passado com a Commercial Press constitui o primeiro do tipo em que uma editora chinesa vai difundir manuais de ensino de Português produzidos fora do interior da China, como explicou, em Abril, o coordenador do Centro Pedagógico e Científico da Língua Portuguesa do IPM, Carlos André. O manual é essencialmente o mesmo, com ligeiras variações, a fim de o moldar ainda mais ao público-alvo.
Em princípio, no mesmo dia do lançamento oficial do manual, vai ser lançado um outro livro, editado pelo IPM, da autoria de Carlos André, adiantou Lei Heong Iok.
“Uma língua para ver o mundo: olhando o português a partir de Macau” é o título da “colectânea de ensaios”, todos inéditos à excepção de dois, escritos ao longo do tempo, em particular nos últimos dois anos. “Reflexões” que incidem principalmente sobre o actual ponto de situação, mas “apontam obviamente perspectivas ou caminhos”.

19 Set 2016