Hoje Macau EventosBienal de Veneza | José Pedro Croft apresenta seis esculturas [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] projecto de Portugal para a Bienal de Arte de Veneza 2017, com seis esculturas criadas pelo artista José Pedro Croft, teve ontem a pré-inauguração naquela que é uma das maiores montras internacionais de arte contemporânea. A representação oficial portuguesa é feita através do projecto “Medida Incerta”, instalado na Villa Hériot, na Ilha de Giudecca, que abriu ao público especializado esta quarta-feira e ao público em geral no sábado, dia em que a organização anuncia os prémios da Bienal de Arte de Veneza. Nesta 57.ª Exposição Internacional de Arte – Bienal de Veneza, o projecto de Croft, com curadoria do historiador de arte João Pinharanda, consiste em seis esculturas de grandes dimensões, em vidro, espelho e ferro, que evocam a obra do arquitecto Álvaro Siza Vieira em Veneza. José Pedro Croft disse à agência Lusa que todo o processo de trabalho e preparação deste projecto foi documentado e será também objecto da exposição apresentada no interior da Villa Hériot, com maquetas, projecção de vídeos e fotografias. A obra de José Pedro Croft está representada em diversas colecções públicas e privadas, nomeadamente no Banco Central Europeu, em Frankfurt (Alemanha), no Museu Rainha Sofia, em Madrid (Espanha), no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (Brasil) e na Colecção Albertina, em Viena (Áustria). Em Portugal, está presente nas colecções da Caixa Geral de Depósitos, da Fundação Calouste Gulbenkian e do Museu Berardo, em Lisboa, na colecção António Cachola, no Museu de Arte Contemporânea de Elvas, e na Fundação de Serralves, no Porto, entre outras. Ontem na Villa Hériot, Ilha de Giudecca, em Veneza, o ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, e o secretário de Estado da Cultura, Miguel Honrado, estiveram presentes na pré-abertura do Pavilhão de Portugal na 57.ª Exposição Internacional de Arte.
Sofia Margarida Mota EventosIIM | Inscrições abertas para concurso de fotografia local O Instituto Internacional de Macau já abriu as inscrições para mais uma edição do concurso de fotografia dedicado ao território, “A Macau que eu mais amo”. Este ano há novidades: a organização quer imagens capazes de registar uma cidade além dos edifícios [dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]ma Macau além do cimento e dos monumentos. Um território além do visível à primeira vista e mesmo do palpável é o desafio que o Instituto Internacional de Macau (IIM) faz na edição deste ano do concurso de fotografia. “Ao contrário das edições anteriores desta iniciativa, este ano, o IIM pretende aproximar os concorrentes dos valores culturais e tradicionais do território”, explicou António Monteiro ao HM. A ideia é alargar os motivos de interesse dos participantes e convidar à exploração de características do território capazes de ir além do interesse comum pelos edifícios ligados ao património local. “Queremos aproximar os jovens e, de forma geral, os residentes, a participar num concurso em que registem imagens que não se resumam ao património físico e em que espelhem também os valores tradicionais da comunidade local”, refere o responsável. O objectivo é preservar a dinâmica social e cultural do território de modo a que sejam registadas características “que possam estar em risco de desaparecer ou de serem esquecidas”. Como exemplo, António Monteiro sugere que seja dada mais atenção a situações que envolvam pessoas, gastronomia, lojas ou letreiros que caracterizem Macau, “visto serem também elementos inerentes à cultura local”, diz. “É preciso ver mais do que as Ruínas de S. Paulo e o Farol da Guia. As pessoas geralmente tendem muito a fotografar o património físico, mas não focam aspectos que tenham que ver com festividades, por exemplo, com as culturas tradicionais, e é isso que estamos a querer fazer nesta edição”, esclarece. O próprio nome, sublinha António Monteiro, remete para este objectivo, ou seja, para a procura de situações que envolvam também a emoção. “A Macau que eu mais amo” pretende que “as pessoas se dirijam a assuntos que as façam sentir mais o lugar onde vivem, sendo que é uma forma de colocar a população a olhar para a Macau invisível”. Imagens de todos O concurso é dirigido a dois tipos de participantes, tendo uma componente geral e uma outra orientada para os mais jovens. “O evento foi sempre mais aberto para a vertente jovem, não só crianças, mas principalmente estudantes universitários”, refere o responsável. O foco nos estudantes tem também como objectivo chegar a pessoas que tenham na sua formação a componente de imagem e da fotografia, de modo “a usarem esse conhecimento e poderem com ele, fazer os seus registos de Macau”. Os prémios dividem-se entre montantes em dinheiro e certificados de participação. Para as três melhores imagens há prémios de cinco mil, três mil e duas mil patacas. Há também uma menção honrosa que é composta por um certificado e a oferta do montante de 500 patacas, “o que é uma novidade”. Há ainda o prémio especial para o melhor trabalho apresentado pelo sócio da Associação de Fotografia Digital de Macau, que co-organiza a iniciativa com o Instituto Internacional, com o valor de mil patacas. As candidaturas estão abertas a todos os residentes até 31 de Agosto. António Monteiro não deixa de referir o crescente número de participações, principalmente da faixa mais jovem da população. A razão, aponta, é o investimento na divulgação tendo em conta este tipo de público. “Temos tentado fazer uma maior promoção junto das escolas, tanto do ensino secundário, como nas universidades”, explica. “Além disso, tentamos promover a iniciativa de modo a abranger um público mais geral e temos investido, por exemplo, na divulgação via Facebook, onde conseguimos chegar a mais pessoas”, remata.
Hoje Macau EventosMostra de cinema lusófono estreia-se no fim-de-semana [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Lusophone Film Fest, uma mostra de cinema lusófono que teve a primeira edição em 2014 no Quénia, estreia-se em Macau no próximo fim-de-semana, com cinco filmes e o desejo de manter presença permanente na cidade. A mostra acontece nos dias 13 e 14, com curtas e longas-metragens, de Cabo Verde, Macau, Moçambique, Portugal e Timor-Leste. O moçambicano Inusso Jamal, co-fundador e coorganizador do evento, disse à Agência Lusa que a ideia nasceu quando ele e o amigo português Pedro Matos viviam em Nairobi, no Quénia, onde trabalhavam em ajuda humanitária. Inicialmente pensaram em exibir os filmes no jardim de uma das suas casas, mas recearam que acabasse por só chegar a “expatriados, pessoal privilegiado”, e acabaram por fazer uma parceria com o Instituto Goethe, que cedeu a sala. “Aí demos início à primeira mostra de cinema lusófono”, contou. Na altura, o objectivo de “cativar a audiência queniana” foi bem-sucedido. “Era essa a ideia, queríamos que um queniano soubesse o que se faz em Maputo, em Luanda, queríamos criar essa ponte”, explicou. Depois de Nairobi seguiu-se Zanzibar (Tanzânia), Banguecoque (Tailândia), Sydney (Austrália) e Phnom Penh (Camboja). Agora é a vez de a mostra chegar a Macau. “Estando aqui na Ásia, era uma das prioridades, pela língua, pela cultura. Por isso apostámos em Macau”, disse. A mostra quer continuar a expandir-se e chegar também aos “países de origem”, ou seja, aos países lusófonos, com o desejo de uma passagem por Lisboa em Julho. Inusso Jamal frisou que a ideia é estabelecer em cada um dos locais uma mostra permanente, regular, onde filmes de toda a geografia lusófona sejam exibidos. Numa próxima sessão em Macau, a organização gostaria de mostrar produções – curtas e longas-metragens, documentários e animação – de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe. O cartaz No sábado, a Casa Garden da Fundação Oriente vai exibir o filme “Feral”, de Daniel Sousa (Cabo Verde), “Macau sâm Assi”, de Sérgio Perez (Macau) e “A Ilha dos Espíritos”, de Licínio Azevedo (Moçambique). No domingo será a vez de “Dodu, O Rapaz de Cartão”, de José Miguel Ribeiro (Portugal) e “A Guerra da Beatriz”, de Luigi Acquisto e Bety Reis (Timor-Leste). “A ideia é fazer da mostra algo permanente, ter um Lusophone Film Fest Macau. Em Nairobi continua a decorrer, em Banguecoque continua a decorrer, em Sydney continua a decorrer. Cada mostra, dependendo dos acordos que temos com os parceiros, pode ser numa base mensal, ou trimestral – que é o que a gente vai ver se consegue fazer em Macau”, explicou.
Sofia Margarida Mota EventosRui Rasquinho, artista plástico: “Não quero limitar esta exposição a uma teoria” “Tentative Notebook” é a exposição de Rui Rasquinho que será inaugurada no próximo sábado na Art for All Society (AFA). Trata-se de um conjunto de trabalhos realizados durante o último ano, em livros de esboços, e que explora o próprio processo de desenhar De que trata “Tentative Notebook”? Esta exposição é uma espécie de representação do processo de desenhar. Comecei por desenhar em cadernos de esboços, os chamados “sketchbook”, uma prática sem objectivo e de alguma forma obsessiva. Pensava mais no processo que envolvia o que estava a fazer e não pensava em objectivos. Esta é a origem da exposição. A ideia geral é esta: em vez de estar a fazer estudos para produzir uma obra final, uma conclusão, este trabalho fala do caminho, do processo que pode levar a um resultado. Aliás, não há sequer obra final, nem nunca haverá. Cheguei à conclusão de que seria mais interessante expor esta perspectiva. Comecei com desenhos nos livros de esboços e depois passei a utilizar os cadernos desdobráveis. Uma outra coisa interessante quando se desenha todos os dias compulsivamente é o facto de não existir um objectivo final. O que existe é provocar o destino. Uma das condições para o fazer, apesar de difícil concretização, é a não racionalização e deixar que as coisas aconteçam. Passado um tempo, o desenho começa a ter uma vida quase própria. A mão, de uma forma quase inconsciente, começa a ir para sítios a que não estou a prestar atenção. Esse acidente e esse acto de provocar a prática dá resultados. Depois de meses de desenho compulsivo, de repente pego numa folha de papel e as coisas saem de uma forma inacreditável. O hábito faz o monge. Surpreendo-me. Mas não é uma coisa pensada. É o saber e descobrir onde é que esta obsessão vai e fazer as coisas de uma forma intuitiva. Limpar as coisas e, depois, a prática transforma-se em destreza. É daquelas coisas que se deixar de fazer também desaparece. A exposição vai integrar vários livros de esboços, os desdobráveis e desenhos em vários tipos de folhas. No entanto, em vez de ter as coisas geometricamente ordenadas nas paredes para facilitar a leitura do público, trata-se mais de uma representação do estúdio onde tudo acontece. Não se trata de uma representação literal, não estou colocar o meu estúdio ali, é uma alegoriazinha, uma encenação da coisa. Vai também incluir vários objectos. Trata-se de uma instalação? Sim, mas queria evitar essa palavra. No entanto, e infelizmente, a nomenclatura é essa. Mas não se trata de uma instalação, é uma exposição de desenhos. A instalação acaba por acontecer por acaso. A ideia-chave é que esta exposição seja uma encenação não literal do processo de estúdio e de ensaio. A prática inicial para este trabalho começou no ano passado, numa altura em que comecei a desenhar compulsivamente. Outro aspecto importante é a existência de uma certa compulsão na prática do desenho, um resultado que deriva um pouco da escrita automática e tem um ponto de catarse que também não queria que fosse muito empolgado. A exposição também integra um vídeo. É só uma peça, mas tem duas imagens que têm que ver com o próprio tema, a paisagem. São imagens abstractas que evocam paisagens. Por outro lado, neste trabalho há sempre uma hesitação entre a figuração e o abstracto. É uma acção propositada porque o abstracto em si é ininteligível e o que interessa no processo é perceber o que lhe está nos interstícios. É como se imaginássemos uma ideia em que se quer atingir a abstracção em que se sabe que isso também é impossível. Por isso, continuamos a fazer tentativas. O vídeo incorpora também essa ideia em imagens. No que respeita a suportes, utilizo o papel e o vídeo. Carvão, tinta e grafite são os materiais. Existe ainda outra palavra de que não gosto, que é a interacção, mas que também existe na “Tentative Notebook”. As pessoas vão ter, de alguma forma, de explorar e navegar naquele espaço. Estamos a falar de um trabalho acerca da paisagem. O tema em si é muito abstracto e está ligado à ideia de paisagem. Apesar de usar alguns materiais chineses, não é uma “cena” chinesa de maneira alguma. Este tema da paisagem, obviamente, não se refere só à paisagem física, é uma temática que tenho vindo a desenvolver. Na última exposição o tema era idêntico e dirigido as paisagens físicas e não físicas. Desenvolver um trabalho acerca deste tema foi uma grande surpresa, mesmo para mim. Quanto estudava na universidade a paisagem era considerada a coisa mais afastada, menos interessante. Na altura tínhamos coisas que achávamos muito mais interessantes como a arte conceptual, por exemplo. A paisagem aparecia muito como uma coisa do séc. XVIII e os pintores de séc. XX que a faziam eram considerados os pintores de domingo. Mas é um tema muito interessante e que abrange muitos aspectos. Há também várias tradições. Há uma tradição mais ocidental que é a realista, ou pelo menos que tenta imitar a natureza, e há a oriental que é mais interior em que é pintado um estado de espírito, mais do que propriamente a paisagem em si. Pintam a paisagem com o filtro do espírito. Como é que apareceu o interesse pela temática? Nunca pensei nisso. Foi acontecendo de forma gradual, talvez, e pode ter tido que ver com a busca da abstracção. Não é busca da abstracção, mas sim do resultado que a busca da abstracção pode trazer. Explicar este tipo de coisas, penso, é desnecessário. Não gosto de as explicar. Há dois tipos de linguagem. O meu trabalho é num deles e depois não faz sentido explicar numa outra. Há uma certa qualidade misteriosa que as coisas têm de conter, sobretudo nestas práticas, e que não podem ser completamente explicadas. O que falo e que tem que ver com os meus desenhos em geral é a busca e o importante é o espaço de leitura das pessoas. As pessoas vêm o que querem consoante as suas referências e essa liberdade para mim é fundamental. Tem de existir um espaço de interpretação e de mistério. É esse espaço de incompreensão que, às vezes, partilho e que, às vezes, não quero dissecar. Não quero limitar esta exposição a uma teoria. Tenho desenvolvido este tema nas minhas duas últimas exposições. É um trabalho entre o figurativo e o abstracto. É uma espécie de investigação que vai acontecendo. Já utilizei vídeo, fotografia e desenho. São investigações à volta da paisagem e acho que vou continuar por aqui. É um tema que precisa de, pelo menos, mais uma investida, porque não está ainda totalmente resolvido. Precisa de ser apurado. Tem um trajecto marcado entre a produção de trabalhos diferentes que vão desde projectos pessoais a ilustrações. Onde se sente melhor? É como se fosse bipolar. São duas coisas diferentes. Obviamente que não são estanques. Numa delas tenho um pré-texto que é um texto que serve de base ao meu trabalho e que considero ser também interessante. Nos meus projectos pessoais não tenho nada. Sou eu que invento tudo. São também duas linguagens diferentes. Numa delas tenho de ter em atenção o outro porque são ilustrações editoriais. Nos meus projectos tenho liberdade total. Gosto e preciso de ambas as áreas.
Hoje Macau EventosUSJ | Carlos Morais José fala sobre Camilo Pessanha [dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]a Universidade de São José, fala-se hoje ao final da tarde sobre Camilo Pessanha. A sessão é da responsabilidade do jornalista e editor Carlos Morais José, e é aberta a todos os que queiram conhecer melhor a obra do poeta português, natural de Coimbra, que morreu em Macau em 1926. “A curta obra de Pessanha rescende, na esteira de Antero, a uma intensa reflexão filosófica, na qual se imiscui a sabedoria oriental, não como elemento exótico mas desempenhando, a par com o ópio, o papel de entorpecente, de leve bálsamo, ainda assim capaz de mitigar uma dor incurável”, escreve-se na apresentação da sessão, intitulada “Camilo Pessanha: Um resto de batel”. É ao início da carreira poética de Pessanha, ao “Soneto de Gelo”, que se vai buscar o mote para a aula aberta de hoje. “Um resto de batel (…) para não afundar na treva imensa” espelha a dor metafísica de Camilo Pessanha, observa Carlos Morais José, “ao dar por si num universo sem Deus e entregue a uma vida não glorificada por um Destino”. Carlos Morais José vive em Macau desde 1990. É director do jornal Hoje Macau e fundou duas editoras: a COD e a Livros do Meio, que publica obras sobre a China. É ainda autor de vários livros, de crónicas a poesia, passando também pela ficção. No ano passado, publicou o seu primeiro romance, “O Arquivo das Confissões – Bernardo Vasques e a Inveja”. A sessão “Camilo Pessanha: Um resto de batel” começa às 19h, na Biblioteca 2 da Universidade de São José.
Isabel Castro EventosMúsica | Conferência em Lisboa sobre instrumentos chineses A capital portuguesa recebe, a partir de hoje, especialistas em etnomusicologia para dois dias de sessões sobre instrumentos e música chinesa. Pretende-se sensibilizar a academia do país para a importância das sonoridades que nasceram a Oriente [dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]elo segundo ano consecutivo, por iniciativa do Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM), Lisboa é palco de uma conferência sobre música chinesa e instrumentos chineses. A série de palestras começa hoje e conta com a participação de etnomusicólogos e investigadores de renome internacional. Entre os convidados está o presidente do Instituto Cultural de Macau, Leung Hio Ming, antigo director do conservatório local e músico de formação. Na edição deste ano, há dois instrumentos homenageados: o ‘sheng’ e o ‘guqin’. “São dois ícones da música clássica chinesa, da música imperial, duas espécies que sobrevivem há mais de três mil anos na sua forma original”, contextualiza ao HM Enio de Souza, responsável pelo serviço educativo do Museu do CCCM. “O gujin, de cordas dedilhadas, é Património da Humanidade desde 2010.” A história destes dois instrumentos chineses é um dos temas da conferência, que abrange outras questões, da notação musical da China antiga ao xamanismo e ao taoísmo. Vai ainda falar-se da produção discográfica durante o período da Revolução Cultural e do património cultural intangível na República Popular da China. Macau também é motivo de reflexão, com intervenções sobre as infra-estruturas culturais do território nas décadas de 1980 e 1990, e o ensino e a performance da música chinesa em Macau. Aberta a todos os interessados, a iniciativa tem como principal alvo a academia portuguesa. Procura-se, sobretudo, criar um debate em torno da importância da música chinesa. “Um dos grandes objectivos é sensibilizar a academia portuguesa para a importância de ter como disciplina a música e a organologia chinesa, e também a música asiática”, explica Enio de Souza. Do outro mundo Residente em Macau entre 1983 e 1999, Enio de Souza tem entre as suas principais metas, no trabalho no Museu do CCCM, a sensibilização para a música e os instrumentos chineses. Em 2003, o responsável criou um ateliê de instrumentos musicais chineses para escolas e público em geral. Na altura, contava com “algum domínio” na matéria que adquiriu durante os anos passados em Macau e com um acervo museológico de 42 espécies de instrumentos musicais chineses. Rapidamente se apercebeu do quão invulgar era a iniciativa, num país em que a música chinesa era uma realidade desconhecida. “Comecei a aperceber-me de que não havia estudos sistemáticos sobre organologia chinesa em Portugal. Não há nenhuma cadeira nas universidades que têm departamentos de música ou de etnomusicologia relacionada com música e instrumentos chineses”, observa. Quando começou a investigar o tema, chegou à conclusão de que em Portugal não havia, de facto, “nenhum musicólogo ou etnomusicólogo que alguma vez se tivesse debruçado sobre música e instrumentos musicais chineses”. Foi precisamente para colmatar esta falha que Enio de Souza decidiu avançar com estas conferências de Lisboa, a par do restante trabalho que vai desenvolvendo no CCCM. Hoje em dia, começa a haver algum interesse no âmbito da musicologia histórica e da etnomusicologia viradas para Oriente. “Já há alunos de doutoramento a trabalharem, já há teses de mestrado sobre a Orquestra Chinesa de Macau, outros estudantes universitários que também se começam a debruçar sobre esta matéria”, aponta. Preparar público Depois do “grande sucesso” das palestras do ano passado, a iniciativa deste ano serve ainda para preparar terreno para o que aí vem: em Maio do próximo ano, o Centro Científico e Cultural de Macau recebe a edição 21 da Conferência da European Foundation for Chinese Music Research (CHIME). “Para uma conferência desse nível, com mais de uma centena de participantes internacionais, tem de haver um público minimamente preparado. Vêm musicólogos e etnomusicólogos do mundo inteiro”, avança o responsável. Enquanto o encontro da CHIME não se realiza, debate-se por estes dias em Lisboa a importância e a razão social dos instrumentos musicais chineses, porque é que fizeram determinado tipo de composições, a quem eram destinadas e como surgiram. A conferência de Lisboa é uma organização conjunta do CCCM, do Instituto de Etnomusicologia – Música e Dança da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, e do Instituto Confúcio/Universidade de Lisboa, com o apoio científico garantido pela CHIME. A iniciativa conta ainda com o apoio do Museu Nacional da Música e do Instituto de Medicina Tradicional, sendo que tem como patrocinador principal a Fundação Jorge Álvares.
Andreia Sofia Silva EventosFAM | Hu(r)mano acontece hoje e amanhã no Teatro D. Pedro V Estreia hoje em Macau o espectáculo português Hu(r)mano, coreografado por Marco da Silva Ferreira. No Teatro D. Pedro V, o público poderá assistir a diversas expressões da dança urbana de uma forma teatral, onde as ferramentas de cada bailarino foram usadas como complemento de um todo [dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]o tecido urbano somos um todo e temos a nossa individualidade, com as nossas expressões, os nossos ritmos. Em Hu(r)mano, a peça que estreia hoje no Teatro D. Pedro V, no âmbito do Festival de Artes de Macau (FAM), Marco da Silva Ferreira quis fazer a sua própria interpretação da dança urbana, pegando nas capacidades e potencialidades de cada um dos bailarinos com quem trabalhou. Há o real e o imaginário, que parte do todo e que se cria a partir de cada um dos bailarinos que pisam o palco. “É uma peça de dança a partir de um universo urbano, ao nível do corpo, do ritmo ou da energia, e também da sonoridade”, disse ontem o coreógrafo, em conferência de imprensa. Marco da Silva Ferreira quis ir além do óbvio, trabalhando ritmos e linguagens já conhecidos. “Existe um novo trabalho sobre as linguagens urbanas do ponto de vista coreográfico, sobre o seu ritmo, o seu tempo, o seu desenvolvimento. Em vez de me concentrar tanto na mensagem ou nos símbolos que as danças urbanas tinham em si, peguei nelas e trabalhei-as num contexto teatral. A peça é tão simples quanto isso. É o corpo no espaço e no tempo, com estas premissas”, explicou. Novas roupagens Hu(r)mano chega pela primeira vez a Macau, depois de passagens por salas de espectáculo icónicas em Portugal, como é o caso do Teatro Municipal do Porto ou o Teatro Municipal São Luiz, em Lisboa. O coreógrafo assume ter ido buscar inspiração aos movimentos de dança urbana tanto de Portugal, como de outros países, mas não esqueceu as outras formações dos seus bailarinos (Anaísa Lopes, Duarte Valadares e Vítor Fontes). Jogou com elas e com as diversas ferramentas de que dispunha para fazer este projecto. “Pegamos em coisas que aconteciam em Portugal, os bailarinos são portugueses nesta cultura de que estou a falar. São bailarinos que têm um cruzamento com danças contemporâneas, através da improvisação, da dança clássica ou de outras técnicas que se constroem em contexto académico. Estes bailarinos são particulares por isto: não são apenas bailarinos de dança urbana.” Esta junção aconteceu porque Marco da Silva Ferreira não quis fazer do Hu(r)mano uma espécie de documentário em palco. “Não me interessava fazer uma peça documental, sobre o que está a acontecer no contexto urbano. Foi a construção de uma ficção minha, existe um filme do Marco nisto.” “Peguei em coisas que eles [bailarinos] já têm no corpo e que não consigo tirar. Eles não vão responder com o corpo às propostas que eu lhes dou. Essa reacção do corpo intuitiva era boa para mim”, acrescentou o coreógrafo, referindo-se aos três bailarinos que se encontram em palco. Vítor Fontes falou da sua experiência de trabalhar com o mentor de Hu(r)mano. “Tem sido um processo gratificante, o de acompanhar todo o processo de crescimento da peça e estar envolvido nesta nova criação. [Tem sido importante] perceber os pontos de ligação, contribuir também para o desenvolvimento da Insucesso. Tem sido uma montanha russa de emoções”, apontou. A importância das parcerias Em Portugal, Marco da Silva Ferreira trabalhou com várias entidades durante o processo de criação do Hu(r)mano. Uma delas foi o Espaço do Tempo, entidade dirigida pelo coreógrafo português Rui Horta, em Montemor-o-Novo, e que promove residências artísticas. Marco da Silva Ferreira recorda que o Espaço do Tempo “foi a casa” que os acolheu já na fase final de concepção e produção, incluindo uma antestreia do espectáculo. “A partir daí conseguimos entrar numa plataforma internacional e isso fez com que a peça se disseminasse um pouco. O Espaço do Tempo foi um espaço de concretização do trabalho e de pontos de fuga para a Europa. Existiam parceiros do Espaço do Tempo que passaram a conhecer-nos”, disse o coreógrafo. Esta residência artística “fez um trabalho de comunicar o que estava a acontecer de Portugal para fora”. “Se calhar a peça não tinha tido o 2014 que teve, só teria o 2015, com o trabalho no Teatro Municipal do Porto. Foi importante porque nos permitiu fechar o trabalho, filmá-lo e enviá-lo para determinados sítios”, concluiu Marco da Silva Ferreira. Hu(r)mano acontece hoje e amanhã no Teatro D. Pedro V às 20h, tendo a duração de 50 minutos.
Hoje Macau EventosFelipe Fontenelle apresenta novo álbum em Portugal [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] músico brasileiro Felipe Fontenelle, radicado em Macau, acaba de lançar um novo trabalho discográfico. Intitulado “M de Memória”, o disco tem como single de lançamento “Deus Também Sorri”, sendo, no seu todo, “um trabalho recheado de surpresas [onde] não faltam detalhes com ecos do seu percurso de vida entre o Brasil, Portugal e Macau”. A música “Deus Também Sorri” será apresentada na próxima quarta-feira em Lisboa, estando já agendados espectáculos noutras cidades do país. O single de estreia do novo trabalho conta com letra de António Ladeira, tendo sido produzido no Rio de Janeiro, Brasil. “Gravado com a velha guarda do Samba e da Bossa Nova, traz-nos um ‘cheiro’ moderno de outros tempos. Essa foi também a inspiração para o videoclip de apresentação de ‘Deus Também Sorri’, realizado por Pedro Varela (Os Filhos do Rock e A Canção de Lisboa)”, aponta um comunicado enviado pelo músico e compositor. O novo trabalho de Felipe Fontenelle, que em Macau tem estado ligado a projectos da Casa de Portugal em Macau, constitui “uma viagem ao passado entre memórias de infância”, onde existem “os vinis dos seus pais no apartamento da Paulista, em São Paulo, e os textos de autores que marcam a literatura portuguesa”. “M de Memória” tem o poeta Fernando Pessoa, “que dá corpo a cinco músicas originais”, tendo ainda participações de nomes como Cristina Branco, Joana Espadinha e António Ladeira (letrista de Stacey Kent). O disco conta com a colaboração de diversos músicos que já tocaram com Chico Buarque ou Cesária Évora. É, portanto, “um disco melodioso e cheio de emoções que nos surpreende com conversas de família e, até, algum dialecto macaense”. Após um percurso musical em Portugal e no Brasil, Felipe Fontenelle gravou, em Macau, em 2015 e 2016, os discos “Tributo a Macau”, “Pessoa” e “Rua 25 de Abril”, este último com a banda Sunny Side Up.
Andreia Sofia Silva EventosCafé na Taipa acolhe “Zoom Pop Up Bazar” esta sexta-feira É já esta sexta-feira que o Lax Café, na Taipa, acolhe um bazar com fotografia, comida e produtos artesanais. Andreea Apostol fala de um projecto que está a começar do zero e que pretende mostrar o que existe de diferente no território [dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]ugir do habitual e do previsível e fazer diferente. Foi com esta ideia em mente que Andreea Apostol decidiu organizar o Zoom Pop-Up Bazar, que decorre esta sexta-feira no Lax Café, na Taipa. Com entrada gratuita, o público poderá ter acesso a produtos diferentes, que passam pela fotografia, artesanato ou mesmo pelas sobremesas que não vão ao forno ou ao fogão, segundo o movimento gastronómico Raw. “O Zoom Bazaar foi uma ideia que eu e a minha amiga Roxana tivemos a partir do projecto intitulado “Script of Memories” [serviço de fotografias]. Decidimos fazer um bazar porque achamos que Macau precisa deste tipo de eventos, algo diferente daquilo que habitualmente encontramos”, contou Andreea Apostol ao HM. Andreea Apostol sempre trabalhou na área da culinária, mas desta vez quis ir um pouco mais além. “Será um pequeno bazar onde as pessoas poderão desfrutar de um bom momento com comida e bebida, experimentar sobremesas especiais (raw e vegan) e olhar para a exposição do projecto Script of Memories. Há ainda a possibilidade de comprar alguns produtos artesanais, bem como lindas jóias.” A mentora da iniciativa garante que sempre quis garantir a originalidade por detrás de cada projecto. “Queremos promover os pequenos negócios. Todos os participantes foram cuidadosamente escolhidos tendo em conta o conceito do bazar. A ideia era que trouxessem produtos criativos e inovadores”, explicou. Doce sem pecado “Rawlicious” é um dos projectos participantes no Zoom Pop-Up Bazaar e surgiu recentemente na vida de Andreea Apostol. “As sobremesas sempre fizeram parte da minha vida, pois sou pasteleira desde 2013. Sempre comi bolos, mas nos últimos meses tenho estado mais atenta ao que como e à forma como alimento o meu corpo.” Foi então que Andreea Apostol descobriu o lado de bom de poder fazer tartes e bolos sem recorrer ao forno e a ingredientes como farinhas ou açucares. “Fazer sobremesas cruas deu-me a possibilidade de desfrutar das sobremesas sem comprometer a minha saúde. Comecei a criar cada vez mais receitas e descobri que criar sobremesas cruas é fácil e decidi concentrar-me neste projecto.” Vão também estar presentes negócios como o Yayo Craft Collection, com produtos feitos à mão, ou ainda a Luv & Bart jewelries, que se dedica a fazer jóias “de boa qualidade” a preços mais baixos. O público poderá ainda ver os produtos vintage da Mementos of Macau. “Com este evento queremos promover a criatividade, a iniciativa e coisas genuínas. Os participantes do bazar são verdadeiramente criativos e têm algo de novo, que não encontramos em Macau”, concluiu Andreea Apostol.
Hoje Macau EventosFestival de Artes de Macau | Três estreias para o fim-de-semana [dropcap style≠’circle’]É[/dropcap] já esta sexta-feira que arrancam três novos espectáculos inseridos na 18ª edição do Festival de Artes de Macau (FAM). ANECKXANDER decorre no edifício do antigo tribunal até à próxima segunda-feira, tratando-se de um solo criado pelo bailarino belga Alexander Vantournhout. É, segundo o Instituto Cultural, “uma autobiografia trágica do corpo”, que procura garantir “o equilíbrio na linha ténue entre a tragédia e a comédia”. Neste espectáculo, o bailarino “reexamina o seu próprio corpo num cenário minimalista”. Outro espectáculo que também arranca já no dia 5 é “Hu(r)mano”, uma peça de dança urbana coreografada pelo português Marco da Silva Ferreira. Este espectáculo visa explorar “a tensão entre homens e cidades nos nossos dias”. Por sua vez, “Rusty Nails & Outros Heróis” é apresentado pela companhia teatral holandesa TAMTAM objektentheater, sendo um “divertido teatro através de objectos, imagens, música e vídeo”. Na segunda-feira, dia 7, estreia “A Lenda da Senhora General”, um uma ópera cantonense protagonizada por um grupo de adolescentes. No domingo é também apresentado o trabalho do grupo alemão Protokoll, intitulado “Macau Remoto”. Este projecto “convida indivíduos a passear pela cidade ao som de instruções recebidas através de auscultadores”. A performance decorre no Cemitério de São Miguel Arcanjo.
Hoje Macau EventosMacau vai ter museu dedicado à literatura [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo vai criar um Museu da Literatura de Macau. A ideia foi discutida na última reunião do Conselho para as Indústrias Culturais, tendo sido referido, segundo um comunicado, que a criação desse museu “continuará a promover o progresso da cena literária local e a apoiar o aparecimento de jovens escritores de Macau”. Além disso, foi anunciado que o Governo vai lançar, a partir de Maio e até final deste ano, o “Serviço de Coordenação de Pedidos de Filmagens”. A iniciativa vai estar sob alçada do Instituto Cultural (IC). Na prática, caberá ao IC a coordenação da recepção dos pedidos de filmagens e consultas sobre o assunto, ficando encarregue de encaminhar os pedidos para os diversos departamentos, que depois darão uma resposta ao candidato ou entidade requerente da filmagem. O serviço tem, para já, carácter experimental, mas, “depois de revisto e melhorado”, será lançado oficialmente em 2018. Para implementar esta medida, o IC irá trabalhar em conjunto com nove entidades públicas. Gastronomia e outras indústrias Na mesma reunião do Conselho, o secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, explicou ainda que o processo de candidatura de Macau a “Cidade Gastronómica” da Rede das Cidades Criativas da UNESCO “está a avançar”, tendo sido proposta a criação de um grupo especializado para “analisar este assunto e pronunciar-se no que respeita a recomendações”. Os três grupos de trabalho que compõem o Conselho defenderam ainda uma “revisão do actual quadro da política para o desenvolvimento das indústrias culturais”, tendo sido pedido ao Governo que disponibilize “um número adequado de recursos para desenvolver as indústrias, com potencial para se desenvolverem como tal”. Neste âmbito, o Instituto Politécnico de Macau apresentou “uma estratégia para desenvolvimento de talentos no que respeita a cultura e a criatividade”, através da Escola de Artes e do Centro Pedagógico e Científico para as Indústrias Culturais e Criativas da instituição de ensino superior. No encontro, Alexis Tam apontou que “o reconhecimento do desenvolvimento das indústrias culturais ajudará na reabilitação dos bairros antigos da cidade e a disponibilização de recursos para a cultura e histórias locais”, sendo “um meio de estimular os turistas a melhor conhecerem a comunidade local e a optimizar recursos turísticos”. Os três grupos de trabalham recomendam ainda que o Executivo “estabeleça um mecanismo regulatório relativamente ao leilão de antiguidades e obras de arte, de modo a permitir que esta indústria cresça em ambiente harmonioso”.
Andreia Sofia Silva EventosPerformance | Soda City junta Yubing Luo e Candy Kuok nas ruas A associação Soda City Experimental Workshop promove este fim-de-semana a iniciativa “Crosswork – Off Site”, que inclui duas performances na zona de Lam Mau e Praça Ponte e Horta. Este ano, e pela primeira vez, participa uma artista fora de Macau, Yubing Luo [dropcap style≠’circle’]H[/dropcap]á cinco anos que a associação cultural Soda City Experimental Workshop mostra os lugares de Macau de uma maneira diferente, através de performances desenvolvidas por artistas em contacto directo com a rua. Este ano a iniciativa “Crosswork – Off Site” decorre no próximo sábado e domingo nas zonas da doca de Lam Mau e Praça Ponte e Horta, respectivamente. A entrada é gratuita e entre as 12h00 e 18h00 o público poderá ver a performance da artista Candy Kuok. A acompanhá-la estará a artista chinesa Yubing Luo, actualmente a viver na Alemanha. Ambas as performances terão a duração de seis horas. Ao HM, Óscar Cheong, da associação Soda City, explicou o conceito por detrás da actividade. “Temos vindo a desenvolver nos últimos cinco anos a iniciativa ‘Off Site’, sempre com diferentes conceitos. Este ano decidimos mostrar os conceitos de ambos os artistas, e de como se pode relacionar o corpo com os cenários escolhidos para esta performance.” “Em termos individuais, como serão performances mais prolongadas, os artistas vão utilizar alguns materiais para enfatizar essa relação ou a história que estão ligados ao local onde essa performance vai acontecer”, explicou um dos mentores do projecto. A ideia deste tipo de performance é mostrar ao público as características de cada bairro ou lugar. “O objectivo do projecto é sempre fomentar a consciência da história dos bairros de Macau, para mostrar ao público em geral. Vamos tentar não apenas promover mas mostrar o desenvolvimento desses lugares em específico”, acrescentou Óscar Cheong. “Os locais seleccionados já foram escolhidos antes por nós para a realização de performances. Mas a escolha dos locais também foi feita com base nas ideias dos artistas para aquele espaço em específico.” Novas expressões O membro da associação Soda City explica porque é que este ano decidiram ir mais longe e convidar uma artista de fora para mostrar o seu trabalho no território. “Achamos muito interessante [o trabalho de Yubing Luo] e decidimos que iria fazer parte da nossa iniciativa este ano. Nos últimos anos convidamos artistas locais para participar, mas esta é a primeira vez que convidamos uma artista chinesa para colaborar connosco”, acrescentou. Óscar Cheong explicou que a associação olhou sobretudo “para o seu trabalho individual, com um perfil de performance muito rico, com uma forma de expressão alternativa, com muito foco no corpo”. A associação Soda City explica que as duas artistas começam as suas performances a partir de locais diferentes, para se separarem e depois voltarem a encontrar-se de novo. “Vão traçar percursos com os seus corpos, alocando as suas posições e direcções na cidade”, explica o comunicado. A ideia é cada artista estabelecer a sua própria ligação com o lugar onde se encontra, mostrando ao público o significado que cada local tem para si. O objectivo é “aumentar a percepção do público em relação ao equilíbrio necessário entre o rápido desenvolvimento da cidade e a preservação cultural”, aponta o mesmo comunicado. Além desta iniciativa, a associação Soda City promove workshops em escolas, de forma a “levar os estudantes a compreender melhor as suas comunidades e os seus ambientes, para reforçar o seu sentido de identidade, amor e cuidado em relação à sua própria cultura local”.
Sofia Margarida Mota EventosFAM | Companhia de Bill T. Jones pela primeira vez em Macau O 29.º Festival das Artes de Macau começa hoje. O palco do Centro Cultural de Macau vai acolher a companhia Bill T. Jones/Arnie Zane numa coreografia dupla. Promete-se uma noite de música e movimento a abrir mais uma edição do evento [dropcap style≠’circle’]“P[/dropcap]lay and Play” é o espectáculo que marca a abertura da edição deste ano do Festival da Artes de Macau (FAM). É com o espectáculo de estreia que, pela primeira vez, a companhia nova-iorquina Bill T. Jones/Arnie Zane pisa um palco do território. O espectáculo vai mostrar ao público, num mesmo serão, duas peças em que os compositores escolhidos foram Ravel e Schubert. À semelhança do que é habitual nos trabalhos da companhia nova-iorquina, trata-se de uma coreografia em que a música é interpretada ao vivo e os instrumentistas são convidados locais. Neste caso, sobe ao palco um quarteto com músicos da Orquestra de Macau. A ideia é trocar sinergias com as pessoas dos locais por onde os espectáculos vão passando. “Play and Play” foi escolhido por ser um título capaz de dar às peças uma interpretação mais abrangente, “uma espécie de guarda-chuva que abarca vários trabalhos que fizemos a pensar no seu acompanhamento ao vivo com música de câmara”, explicou ontem a directora artística associada, Janet Wong. Os bailarinos da Bill T. Jones/Arnie Zane vão dançar a peça de Maurice Ravel, “Quarteto de Cordas em Fá Maior”, sendo que o espectáculo de dança tem como nome “Paisagem ou Retrato”. “O tema é composto por quatro movimentos com dinâmicas, sentimentos cores e vida própria, e a coreografia é o seu acompanhamento e interlocutor”, apontou a responsável. O conceito do espectáculo é, de uma forma geral, a capacidade do repensar um trabalho feito. “Por detrás do ‘Play and Play’ há o conceito de ter alguma coisa, fazer alguma coisa com isso e depois fazer algo de novo mais uma vez”, referiu. Para conseguir alcançar o objectivo, a companhia foi à procura de material que já tinha produzido, sujeitou-o a uma nova análise e fez uma nova contextualização. Schubert e John Cage A história da segunda peça, “Story”, que conta com a música de Schubert, saiu de uma outra feita muito antes, tendo sido refeita com base na inspiração de um trabalho de John Cage. A dança, a forma de contar a história, a iluminação e os próprios adereços foram todos feitos de raiz. “Quando decidimos fazer esta coreografia, que inicialmente se chamava ‘Story/Time’, decidimos tirar a parte do tempo e ir buscar o material de dança que tínhamos usado na peça inspirada pelo John Cage. Há material com mais de 37 anos e que fazia parte do nosso repertório, antes mesmo da companhia existir. [Esse repertório] inclui alguns duetos que acabaram por tornar Bill T. Jones e Arnie Zane famosos”, disse Janet Wong. Dentro da história, o público pode encontrar quase um flash retrospectivo do trabalho da Bill T. Jones/Arnie Zane, com a introdução de peças mais antigas e de outras acabadas de preparar. No entanto, e de acordo com a responsável artística, o que é feito ao nível da dança, neste espectáculo, não é o mais importante. Trata-se acima de tudo de um diálogo com a música que sustenta a parte do movimento. Na primeira noite de espectáculo, “Play and Play” promete proporcionar um serão mais “tradicional” que inclui um concerto para que as pessoas tenham um momento de descanso e para que possam, também, olhar para o “vocabulário do movimento, para a composição, para a forma e para as pequenas sintaxes que entram e saem do próprio movimento”, sublinhou. Um espectáculo diferente O segundo espectáculo da companhia tem lugar a 1 de Maio. “A Letter to My Mathew” é, de acordo com a também bailarina, um espectáculo muito diferente do da abertura. “É muito mais desafiante. Estávamos no processo de produção de uma trilogia em que a segunda parte era sobre o sobrinho de Bill T. Jones”, conta. Do trabalho resultou uma peça em que os bailarinos assumiam várias funções, entre elas, a de actores. “Era uma coreografia com texto e que ia além da dança”. No entanto, quando convidada a ir a Paris em 2015, a companhia teria de apresentar uma coreografia sem palavras. “Apercebemo-nos que não podíamos fazer esta parte da trilogia e decidimos usar o material que estava dentro desta peça, tirar-lhe o texto e voltar a olhar para ela sob um outro ângulo.” As palavras deram lugar à expressão musical: “Fomos também à procura de música mais pop e mesmo do hip hop como vocabulário ao movimento”, esclareceu Janet Wong. Se, por um lado, é uma peça mais desafiante, por outro, e muito devido à música que a acompanha, a directora artística pensa que é um espectáculo mais acessível, principalmente a um público mais jovem. É também uma referência ao trabalho homónimo de James Baldwin publicado no New Yorker, numa altura em que os direitos humanos, as questões raciais e a violência policial eram assuntos quentes, apontou.
Andreia Sofia Silva EventosTurtle Giant actuam no festival Indie Lisboa [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] banda local Turtle Giant será protagonista do evento “Macau by Night”, que integra a edição deste ano do festival de cinema Indie Lisboa. O concerto do grupo composto por António Vale da Conceição, Beto Ritchie e Fred Ritchie acontece no próximo dia 4 de Maio na Casa Independente, em Lisboa. “Vamos fazer um concerto com as músicas do nosso último álbum”, disse ao HM Beto Ritchie. “Estamos bastante apertados em termos de tempo para preparar uma coisa mais comprida”, acrescentou o músico, que falou também na possibilidade de realização de um concerto no Porto. Tocar em Lisboa vai ser uma experiência inédita. “É gratificante, porque antes da entrada do António na banda, em 2012, eu e o meu irmão começámos o projecto em Barcelona, onde morámos um ano. Chegámos a fazer concertos em Vigo e na Corunha, em Espanha. Chegámos muito perto da fronteira com Portugal, mas nunca tocámos lá”, notou Beto Ritchie. “Estamos muito felizes por finalmente tocarmos em Portugal. Também nunca tocámos no Brasil, são esses dois lugares que faltam. Já fomos ao Canadá, China, Taiwan, Tailândia, faltam essas duas casas nossas”, acrescentou o músico. Intitulado “Many Mansions I”, o último álbum dos Turtle Giant foi lançado em 2015 e desde então que os concertos têm sido esporádicos, devido ao facto de Fred Ritchie se encontrar a viver em Los Angeles. O facto de um dos elementos da banda não viver em Macau faz com que os Turtle Giant estejam num momento de pausa. “Tocamos o que conseguimos fazer. Em Dezembro conseguimos organizar cá um concerto [no âmbito do festival This is My City], o meu irmão veio, mas estamos assim até organizarmos uma tournée nos Estados Unidos. Aí fica mais fácil, porque o meu irmão está morando lá há algum tempo. De momento, estamos muito em standby, fazemos concertos quando há oportunidade e fazemos gravações em separado, os três.” Beto Ritchie adianta que a preparação do próximo disco já está em marcha, sendo que os fãs poderão esperar o segundo volume de “Many Mansions”. “Já estamos a trabalhar no próximo disco e acho que, para o próximo ano, vamos conseguir lançá-lo. É provável que façamos a segunda parte do ‘Many Mansions’, mas ainda é um pouco cedo para avançar algo mais, ainda não decidimos nada”, disse Beto Ritchie.
Andreia Sofia Silva EventosConcerto | Festival “Hush!” acontece a partir de domingo Vem aí mais uma edição do festival “Hush!”, que começa no próximo domingo e prolonga-se até ao feriado do 1º de Maio. O areal da praia de Hac-Sá, em Coloane, acolhe um punhado de bandas locais e estrangeiras, onde se inclui o grupo português 80 e Tal [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] festa começa logo à hora de almoço no próximo domingo. Bandas de Macau vão dar vários concertos na praia de Hac-Sá, em Coloane, até ao dia 1 de Maio. A iniciativa é organizada pelo Instituto Cultural (IC) e, pela primeira vez, conta com a presença da banda portuguesa 80 e Tal, que toca no Dia do Trabalhador. O cartaz é composto por bandas locais, mas também por grupos vindos de Hong Kong ou de Singapura. “É a primeira vez que participamos neste festival e as expectativas são elevadas, porque desde que chegámos a Macau fomos vendo a evolução do evento e cada vez se tem tornado maior, e com maior projecção. Estamos ansiosos para que chegue o dia”, contou ao HM Tomás Ramos de Deus, um dos membros da banda. Devido a problemas pessoais do baixista, os 80 e Tal sobem ao palco com outro músico, Ivan Pineda. Com esta presença, os 80 e Tal, que têm uma ligação com a Casa de Portugal em Macau, esperam vir a ser mais conhecidos no seio da comunidade chinesa. “A nossa música é um pouco desconhecida no meio chinês mas, com este tipo de exposição, vamos ter mais visibilidade, sem dúvida.” Ao tocarem com bandas vindas de géneros musicais tão diversos, os 80 e Tal esperam uma troca de sonoridades e mútua aprendizagem. “Espero que consigamos inspiração artística das outras bandas, assim como elas consigam uma inspiração da nossa música. Vai ser um bom intercâmbio.” Novos discos Gabriel Stanczky vai subir ao palco com a sua banda, os WhyOceans, que farão também a apresentação do seu novo álbum de originais. “Somos uma banda de rock e a nossa música tem um grande foco nos instrumentos, então é uma música mais emotiva. Temos um novo álbum que será lançado nesse dia, e é sobre algumas coisas que acontecem na cidade”, contou ao HM. Os WhyOceans encaram a música como sendo um meio para “ultrapassar um dia de trabalho”. “Na banda, podemos expressar outras emoções sobre a família, o próprio trabalho e a cidade. O álbum tem vários tópicos sobre estes temas, as letras têm algo que ver connosco”, disse ainda o músico. O cartaz conta também com a presença de grupos locais como os Forget the G, Catalyser ou Wat de Funk, que foram convidados pelo IC. De fora vêm nomes como Supper Moment, de Hong Kong, ou Break the Rules, com músicos de Macau e de Zhuhai, China. Para Tomás Ramos de Deus, é preciso apostar mais neste tipo de eventos para mostrar a música que se produz localmente. “É este tipo de festival que dá mais credibilidade à música que é feita aqui. Tem uma grande produção e um grande palco, isso ajuda a que a música seja ouvida de outra maneira. Se houvesse mais eventos deste género em Macau, a música era mais ouvida.” Na segunda-feira serão ainda concedidos os prémios da competição de vídeo “Hush! 300 Segundos”, cujo prazo para a entrega dos trabalhos terminou ontem. A entrada no festival é gratuita.
Sofia Margarida Mota EventosNatália Gromicho, artista plástica: “Macau foi um sonho realizado” Depois de ter estado em Macau no ano passado, para uma exposição exclusivamente produzida com pinturas ao vivo inspiradas na Ásia, Natália Gromicho avança agora para o lançamento do seu primeiro livro. “Do Ocidente para o Oriente” é uma representação, na linguagem da artista, dos sítios por onde passou. O livro é apresentado a 25 de Maio em Lisboa O lançamento da obra “Do Ocidente para o Oriente” resulta de uma série de exposições que, por seu turno, deram origem a uma apresentação global no Museu do Oriente em Lisboa. Como surgiu a ideia de fazer este livro? O livro surge como um passo quase natural na sequência de um trabalho realizado ao longo de vários anos. As obras reúnem todas a influência oriental em que me inspirei na Índia, em Singapura, em Timor-Leste e no último destino por onde passei, Macau. Foi um conjunto de trabalhos cuidadosamente preparados e seleccionados, inicialmente para integrar a exposição do Museu do Oriente de Lisboa. Com o resultado conseguido, pensei que seria um trabalho merecedor de ser mostrado ao público através de um outro meio. Para isso, optei por um formato que nunca tinha utilizado antes, o do livro. O que vamos ver nesta edição? Tratando-se de uma primeira edição em livro, espero que consiga retratar, através da minha linguagem, algumas das obras que, penso, foram de maior relevo dentro do percurso a que chamo do Ocidente para o Oriente. É uma selecção criteriosa dentro do material que foi exposto. O que conta “Do Ocidente ao Oriente”? De que “viagens” fala ou que “viagens” quer contar? A minha ideia é que o leitor percorra as várias fases e influências que senti ao longo das viagens que fiz e experiências por que passei durante cerca de quatro anos. A distância que separa o Oriente do Ocidente foi a base de todo este projecto. É lá, longe, que se encontra uma cultura que considero extremamente vasta e muito rica. Tentei abordar aquilo que, para mim, fazia mais sentido e que me era mais querido. Do que mais admiro no Oriente e mais me tocou foi a noção de disciplina, o vestuário usado e a arquitectura também tão diversa. Espero que, de alguma forma, tenha conseguido homenagear de forma correcta algumas características destes povos que me serviram de inspiração. Mas tudo começa em Nova Deli, com o primeiro contacto a Oriente. “Humanidade” foi o nome da exposição onde apresentei obras já inspiradas em ambientes, monumentos e na própria cultura indiana. A ideia era já dar a minha interpretação do que senti. Depois veio Singapura. Penso que podemos considerar que Singapura representa a grande mudança da minha expressão plástica. Na prática, o que aconteceu foi o abolimento do traço e a incursão num expressionismo abstracto profundo. O objectivo é também levar o espectador a criar a sua própria linha de pensamento. Desta passagem em Singapura nasceram algumas das obras que considero mais icónicas e de maior relevo dentro do meu espólio. Penso que o contacto com aquela arquitectura teve também um papel fundamental e sinto-o como marcante. Os edifícios emergiam. Depois temos Timor Leste. É ainda uma presença constante no meu processo criativo, um lugar onde encontrei um povo extremamente inteligente e sensível. Pintar em Timor foi um grande desafio, principalmente para conseguir explicar o que me leva a pintar desta forma. Ali a pintura abstracta é uma forma de arte que os timorenses não contemplam. Macau é o marco de uma nova era, é o regresso à cor e à minha “Nova Linguagem Pictórica”. Foi em Macau que escolhi a produção em grande formato que até agora utilizo de forma permanente. É uma alteração radical da forma de comunicar com o público que se mantém. Macau foi um sonho realizado. Mas não fica por aí, além da minha grande admiração por Macau, que sentia já há muito, antes mesmo de ter tido oportunidade de cá estar. A exposição “Nova Linguagem Pictórica” representa também um novo início para mim: marca o começo de uma nova fase minha e da minha pintura. Por outro lado, coincidiu com uma data assinalável: os 20 anos de carreira. Juntando tudo, o livro pareceu-me uma boa forma para dar destaque a todo um conjunto de situações de relevo para mim. Começa com a obra “Lusíadas” e termina com “Torre de Macau”. Os “Lusíadas” é a minha homenagem a Luís Vaz de Camões, pai da língua portuguesa. Em que critérios se baseou para chegar à selecção final? Foram trabalhos cuidadosamente seleccionados de entre os trabalhos produzidos no período de 2012 a 2016. São “expressões” das minhas influências orientais. Tive em atenção que fosse uma abordagem global, desde trabalhos que foram exibidos em Nova Deli e em Singapura. Tive ainda em atenção o que produzi in loco, com as pinturas ao vivo que fiz em Díli ou aquando da minha passagem por Macau. Depois, e no Ocidente, está sempre Lisboa, a minha cidade. O que espera que o público veja neste livro? Espero que o público tenha contacto com a minha obra, com a minha linguagem, e que percorra o caminho que preparei para que o leitor sinta na pintura algumas das experiências que eu vivi, não só a Oriente, como a Ocidente.
Hoje Macau EventosJazz | Dia Internacional celebrado sábado na Casa Garden [dropcap style≠’circle’]É[/dropcap] já este sábado que se celebra o Dia Internacional do Jazz com um concerto na Casa Garden, da Fundação Oriente. O evento começa às 20h30 com uma projecção de vídeo de alguns momentos do Concerto Global de comemoração da efeméride, que no ano passado decorreu em Washington, nos Estados Unidos. Segue-se um concerto, a partir das 21h30, com duas bandas da Associação de Promoção do Jazz de Macau, uma das organizadoras da iniciativa, juntamente com a Associação de Promoção de Actividades Culturais. A partir das 23h, há uma jam session, aberta a todos os músicos que queiram participar. O Dia Internacional do Jazz foi criado em 2011 pela UNESCO e celebra-se anualmente com um grande concerto, levado a cabo por artistas internacionais. Este ano o Global Concert terá lugar na cidade de Havana, em Cuba. O lema destas iniciativas é “Celebrar, Educar e Participar” e tem como objectivo mobilizar amantes da música e músicos num só sentido, para que a música estabeleça uma ligação entre todos.
Hoje Macau EventosKura | DJ português observa grande evolução na China [dropcap style=’circle’]D[/dropcap] Desde que actuou pela primeira vez na China, em 2014, o DJ português Kura (Ruben de Almeida) observou uma “evolução muito grande” na forma como o público local reage à chamada EDM (Electronic Dance Music). “Inicialmente, as pessoas ainda não se sabiam comportar em relação à música”, disse Kura à Agência Lusa em Pequim. “Não sabiam se haveriam de saltar, meter os braços no ar. Não estavam habituados”, conta. “Hoje em dia, já reagem de uma maneira completamente diferente”. A nível de cachés, também houve mudanças. “Ao início pagava-se mais aqui. Também pelo desconhecimento da indústria. Mas agora, como os chineses já estão a par dos cachés que se praticam lá fora, já não estão para pagar mais do que os outros”, revela o DJ. Nos últimos três anos, Kura já viajou “umas 30 vezes” para a China. O DJ de 28 anos é um dos dois portugueses entre os 100 Top DJs do mundo seleccionados pela revista britânica da especialidade DJ Mag. Na classificação mais recente, divulgada este mês, estava no 51.º lugar, subindo dez lugares em relação há um ano. Kura actuou este fim-de-semana em Pequim, no Sirteen, um clube nocturno com capacidade para mais de mil pessoas. Público acolhedor No espaço VIP, que compõe cerca de um terço da discoteca, era constante o fluxo de garrafas de champanhe e whiskey para mesas ocupadas por chineses na casa dos 20 anos. Os carros topo de gama estacionados à porta serviam de presságio ao luxo lá dentro. “Eles fartaram-se de torrar dinheiro na discoteca”, observou o assistente de Kura sobre a qualidade do espaço. Como outras actividades, a chamada “vida nocturna” é uma indústria nova na China, mas que tem vivido um boom nos últimos anos, com nightclubs e bares a surgir em todas as grandes cidades do país. Em Pequim, a maioria das discotecas está concentrada em torno do Estádio dos Trabalhadores, ícone da arquitectura socialista, erguido em 1959 para celebrar o 10.º aniversário da República Popular da China. Kura diz já ter tocado em cidades do norte ao sul do país, mas as deslocações são quase sempre muito rápidas e com pouco tempo para descanso ou lazer. Desta vez, o DJ aterrou em Pequim poucas horas antes de actuar e, logo após o fim do espectáculo, apanhou um voo para a ilha de Bali, na Indonésia, onde foi pôr música antes de voltar para Portugal. “A vida de DJ é muito cansativa”, confessa. “Mas faço o que gosto”. Kura garante que o público chinês é muito acolhedor. No final da actuação, o artista conta que é sempre solicitado pelo público para tirar fotografias. O DJ já actuou por todo o mundo, mas diz que continua a “gostar muito” de tocar em Portugal.
Sofia Margarida Mota EventosFan Sai Hong | Taipa Art Village apresenta a primeira exposição do artista [dropcap style=’circle’]S[/dropcap]ão mais de 100 os desenhos de Fan Sai Hong que vão forrar as paredes da galeria da Taipa Art Village. O artista de Macau vê, assim, pela primeira vez o seu trabalho exposto. “Vamos ter os esquiços do acervo pessoal de Fan Sai Hong”, explica ao HM João Ó, curador da exposição. A selecção para “Simple Things” partiu de um trabalho conjunto entre curador e artista. “Estivemos a rever os esboços e resolvemos expor aqueles que fazem um retrato autobiográfico, e que foram feitos em blocos de desenho”, explica. No total, a mostra representa cerca de 15 anos da vida de Fan Sai Hong que cobrem o período de criação de 2002 a 2016. No entender de João Ó, o facto de não ter ainda exposto os seus trabalhos prende-se com a falta de convencionalismo dentro do que normalmente está associado à obra de arte e à sua exibição. No entanto, é esta passagem ao lado da norma que cativa o curador num trabalho “pouco convencional, em que a forma de expor não faz parte dos cânones de emoldurar uma pintura, uma aguarela ou seja o que for”. “Vamos pôr os esboços directamente na parede, de modo informal, e ordenados por séries e épocas num continuum que mostra o percurso pessoal de Fan Sai Hong, sem barreiras entre obra e observador”, sublinha. Paisagens internas Enquanto autobiografia, são desenhos realizados em várias fases da vida do artista. Passam pelo Japão e pela Nova Zelândia. No entanto, nunca são trabalhos realistas. Da Nova Zelândia saem paisagens, mas interiores. “São das peças mais coloridas do seu trabalho, mas são sempre de mundos interiores. Fala-me daquela paisagem espectacular, mas transforma-a num desenho interno”, diz João Ó. Também no que respeita à técnica, o curador dá destaque à variedade utilizada por Fan Sai Hong. “A vida não é mecânica. Numa vida orgânica passa-se por várias experiências e, como tal, também se experimentam várias técnicas. Aqui, cada período recorre a um meio diferente de expressão.” Para João Ó, “esta riqueza técnica revela de modo particular o estado mental do artista e, sendo desenhos autobiográficos, não são repetíveis”. É nesta cristalização do tempo e na sua impossibilidade de repetição que está, de acordo com o curador, um dos pontos de reflexão da própria exposição. O primeiro livro A par da exposição, o evento de inauguração serve também de mote para o lançamento do primeiro volume de um conjunto de quatro de um trabalho de banda desenhada do artista de Macau. A banda desenhada foi iniciada em 2006 e tem o nome de “No Name”. A ideia, explica João Ó, “era encontrar um nome suficientemente abrangente para dar liberdade de interpretação”. Trata-se mais uma vez de um percurso de vida, “um percurso solitário de um indivíduo sobre uma paisagem, da descoberta sobre si próprio dentro de uma ideia de passagem ritual da juventude para o estado adulto”, explica. Para o curador, que encontrou Fan Sai Hong através do Facebook, o interesse pelo seu trabalho foi inevitável. “Mesmo os desenhos mais reais são muito naïfs, no sentido de uma observação da realidade distorcida. De acordo com o artista, esta distorção flui na lógica do próprio desenho, sem se converter ao realismo.”
Hoje Macau EventosAvião que faz volta ao mundo aterrou ontem em Macau [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] mais antigo avião a realizar uma volta ao mundo aterrou ontem em Macau, procedente das Filipinas, no âmbito de uma digressão iniciada em Março e que inclui paragens em 55 cidades de todo o mundo. O percurso de volta ao mundo O “Breitling DC-3”, que efectuou o primeiro voo inaugural há 77 anos, quando ainda era conhecido por “Douglas DC-3” antes de ser adquirido pela marca de relógios, iniciou a volta ao mundo na Suíça, país ao qual deve regressar em Setembro, depois de cumprir uma série de escalas e de participar em eventos e em espectáculos aéreos. O “Breitling DC-3” pode ser visitado ao longo do dia de hoje num hangar do Aeroporto Internacional de Macau, de onde parte amanhã com destino a Taiwan. O avião de propulsão bimotor realizou o voo inaugural a 9 de Março de 1940 nos Estados Unidos, onde esteve ao serviço de companhias aéreas norte-americanas até ser recrutado pelo exército entre 1942 e 1944 durante a Segunda Guerra Mundial. Ao longo da vida, teve uma série de usos: foi bombardeiro, avião de combate e até avião hospital e de turismo e utilizado para o transporte de pára-quedistas. O Douglas DC-3 utilizado nesta aventura Em 2008, o “DC-3” foi adquirido pelo piloto Francisco Agullo e um grupo de amigos, com o apoio da Breitling. Restaurado para poder voltar a voar, o aparelho tem estado, desde então, em várias exibições aéreas da marca de relógios. O fabrico dos “DC-3” terminou em 1945. Actualmente, existem menos de 150 modelos operacionais em todo o mundo, dos quais 15 na Europa. “A escala em Macau está prevista para ser o maior evento da aviação na cidade, atraindo uma série de seguidores que têm acompanhado o início do ‘tour’ desde Março. Além disso, acreditamos que a chegada do ‘Breitling DC-3’ irá trazer inspiração às futuras gerações de Macau”, refere um comunicado da marca de relógios. “A volta ao mundo do ‘DC-3’ vai permitir a muitas pessoas, entusiastas da aviação e crianças, estabelecer laços com a cultura e património aeronáutico, fomentar o interesse pela aviação e levar inspiração à próxima geração de pilotos”, conclui. > Seguir a página oficial no Facebook
Hoje Macau Eventos25 de Abril | Memorial a Zeca Afonso inaugurado em Lisboa [dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m memorial dedicado ao músico Zeca Afonso vai ser inaugurado no dia 25 de Abril no Jardim das Francesinhas, junto à Assembleia da República, em Lisboa, numa cerimónia que vai contar com o presidente da Câmara Municipal da capital portuguesa, Fernando Medina. O Memorial a José Afonso “nasce de uma proposta de Orçamento Participativo e foi desenvolvida em parceria com a Associação José Afonso – AJA”, referiu em comunicado a Câmara Municipal de Lisboa. “Este memorial reúne um conjunto de elementos biográficos patentes na sua construção e na sua localização: o jardim encontra-se junto ao poder político da Assembleia da República, do Ensino e da Juventude (aqui corporizado pelo ISEG) e da própria AJA, entidade que promove o conhecimento e a valorização da vida e obra do cantautor”, destacou a autarquia. O município acrescentou que “a esta simbologia acresce o facto de o memorial, propriamente dito, ter sido concebido como parte do trabalho de curso dos alunos de Escultura da Faculdade de Belas-Artes, sob orientação do professor Sérgio Vicente, e a placa em bronze concebida por Luísa Barros Amaral”. Segundo a Câmara, o Memorial a José Afonso, recuado no espaço do jardim, pretende, no futuro, ser ponto de encontro para leituras de poesia e outros momentos de celebração cultural dinamizados pela AJA. José Manuel Cerqueira Afonso dos Santos nasceu a 2 de Agosto de 1929, em Aveiro. Estudou em Coimbra, no curso de Ciências Histórico-Filosóficas da Faculdade de Letras, foi professor em vários pontos do país e também viveu em Moçambique. Ao longo da sua carreira como cantor e músico interpretou o fado de Coimbra, mas ficou mais conhecido pelas suas canções de intervenção, contra o regime ditatorial. Morreu, aos 57 anos, a 23 de Fevereiro de 1987.
Andreia Sofia Silva EventosLusophone Film Fest | Mostra de cinema lusófono chega em Maio A primeira edição local do Lusophone Film Festival chega à Casa Garden nos dias 13 e 14 de Maio. O público poderá ver de forma gratuita um total de cinco filmes feitos e falados em português. O moçambicano Inusso Jamal conta como começou esta iniciativa [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] ideia de mostrar filmes feitos no universo lusófono começou, por ironia, fora desse mundo. Foi em Nairobi, no Quénia, que o moçambicano Inusso Jamal e o amigo, português, Pedro Matos, tiveram a ideia de mostrar filmes portugueses no jardim de uma casa, para a comunidade residente na capital queniana. Mas depressa a ideia saiu desse limite imaginário e chegou a outros locais. “Em 2014 tivemos a ideia de projectar filmes lusófonos num dos jardins da casa, mas achamos que seria uma vez mais muito restrito ao grupo privilegiado de sempre, o da comunidade expatriada. Então optou-se por estender [o projecto] a toda a comunidade local, numa parceria com o Goethe Institute of Nairobi, com a realização de sessões mensais”, explicou Inusso Jamal ao HM. Nascia assim o Lusophone Film Festival (mostra de cinema lusófono), que já conseguiu sair de Nairobi e que actualmente marca presença em Banguecoque, Sidney, Phnom Penh e Zanzibar. A primeira edição da mostra em Macau decorre já nos próximos dias 13 e 14 Maio, com os filmes “Feral” de Cabo Verde; “Macau Sã Assim”; “A Ilha dos Espíritos”, realizado em Moçambique; “Dodu, O rapaz de cartão”, feito em Portugal, e ainda “A Guerra de Beatriz”, vindo de Timor-Leste. A iniciativa tem o apoio da Fundação Oriente e todos os filmes irão passar na Casa Garden entre as 19h00 e as 21h00. Inusso Jamal fala de como Macau surgiu no horizonte desta mostra de cinema. “É uma região que faz parte da nata da lusofonia e possui uma grande comunidade lusófona vinda dos vários cantos do mundo”, contou. “Não podemos descurar o papel que Macau desempenha como o centro de vários interesses do Governo da República Popular da China, de e para os países da CPLP”, acrescentou. Os cinco filmes seleccionados para a exibição no território “são parte da representatividade geográfica dos países lusófonos”, explicou Inusso Jamal. “Obviamente que também buscamos dar a conhecer o que se produz em Macau, com o filme “Macau Sâm Assi”, e a riqueza que é a mestiçagem linguística, como resultado da mistura de povos e culturas no extremo oriente”. O filme “A Guerra de Beatriz” representa a “oportunidade de dar a conhecer e revisitar a história recente do povo irmão timorense, que possui uma grande comunidade de estudantes e residentes em Macau, através da sua primeira longa metragem”. Inusso Jamal assume que este evento não é um festival de grande dimensão mas sim uma mostra de cinema, e que ele e Pedro Matos apenas querem fazer uma “singela contribuição para dar a conhecer o que se produz no universo cinematográfico lusófono”. “Vários filmes são produzidos anualmente, nos países de expressão portuguesa, e não são conhecidos ou divulgados pelo mundo fora. Há que agradecer a diversas produtoras e instituições, que se predispuseram a abraçar esta ideia, fazendo parcerias num espírito não comercial, para que a mesma seja possível”, apontou. Uma aproximação Para Inusso Jamal, a realização desta mostra de cinema em Macau, na Casa Garden, é apenas um início de uma outra coisa. “Espero que seja um bom início para a construção de pontes e para aproximar ainda mais as diferentes culturas dos diferentes cantos do mundo. [Tudo para] despertar interesses pela rica história que a lusofonia abarca de um modo global, mas em Macau em particular.” Para o moçambicano de 43 anos, a viver em Banguecoque, mostrar filmes lusófonos tem o efeito positivo da “divulgação da língua portuguesa e da cultura dos países da CPLP, através do que se produz ao nível do cinema”. Também aqui Macau tem uma palavra a dizer, segundo o mentor desta mostra de cinema. O cinema feito no território “vem enriquecer ainda mais a comunidade, com a forma peculiar de apresentar e preservar a sua cultura, e elevando a presença da língua na região do extremo oriente”. A presença dos filmes feitos em Macau servem “acima de tudo para mostrar o quão culturalmente ricos e diversificados são os povos da CPLP”. Brasil é rei Questionado sobre as diversas produções cinematográficas do universo lusófono, Inusso Jamal garante que o Brasil “é o expoente máximo”, enquanto Portugal “tem produzido excelentes animações e curtas-metragens de enorme qualidade”. Ainda assim, “é nos PALOP que se têm realizado grandes avanços a nível de produções cinematográficas, numa parceria enriquecedora com várias produtoras brasileiras e portuguesas”. “Há que potenciar e acarinhar estas equipas que trabalham arduamente, contra muitas adversidades, para que de uma ou outra forma ganhem o reconhecimento merecido”, adiantou Inusso Jamal. Sobre os desafios nesta área, o responsável pede mais acesso “a mais material cinematográfico dos diferentes países de cultura lusófona, não só os da CPLP, mas os de sua influência nas diferentes partes do globo, como Goa, Malaca, Japão e outros, sempre numa perspectiva de maior abrangência possível das culturas e língua que nos une”. “Não diria que há dificuldades, mas sim desafios, que é o facto de estarmos representados em muitos mais países. Queremos ainda que as parcerias criadas resultem numa consolidação, [com a intenção] de mantermos as sessões de forma regular nos países onde decorre a mostra, e também nos futuros países”, concluiu.
Hoje Macau EventosMúsica | João Caetano apresenta novo álbum em Londres [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] percussionista português João Caetano apresentou ontem o seu álbum de estreia no clube de jazz Ronnie Scott’s, quase uma década depois de se ter radicado na capital britânica. Para hoje à noite está marcado um novo concerto. “É fantástico apresentar o meu trabalho numa sala onde fui a primeira vez há quase 10 anos, paguei bilhete e onde vi artistas instigadores como Wynton Marsalis a Jeff Beck”, afirmou à Agência Lusa. João Caetano lançou o projecto a solo em 2016, onde cruza música tradicional portuguesa e oriental, e em que “os bombos portugueses são uma peça fundamental”, além da sua própria voz. “É um projecto assente na vertente tradicional, onde se destacam os ritmos dos bombos e do fado. Mas faço questão de cantar. Sou assumidamente um percussionista cantor”, vincou. Os concertos em Londres contam com a presença especial de Ângelo Freire na guitarra portuguesa e Ângelo Mateus na viola, e ainda Joe Sam no baixo e Giacomo Smith no clarinete. Na próxima semana, João Caetano inicia uma digressão de duas semanas em Portugal em vários espaços da FNAC em Lisboa e no norte de Portugal. Segue-se um concerto em Macau, onde nasceu a 2 de Junho, e outro no Fundão, a 16 de Junho, cuja tradição de música de bombos inspirou o músico. O percussionista reside no Reino Unido desde 2006, onde completou os estudos superiores, passando depois a acompanhar artistas e grupos e a participar em sessões de gravação em estúdio. Entre os músicos com quem tocou incluem-se Chaka Khan, Mario Biondi, Anastasia, Leona Lewis, Jessie J e Dionne Bromfield. Faz parte da banda britânica de acid jazz Incognito e dos Basement Project, com quem actuou regularmente no Ronnie Scott’s.
Andreia Sofia Silva EventosFestival de Beishan | Músicos internacionais tocam este fim-de-semana em Zhuhai É já este fim-de-semana que Zhuhai acolhe a sétima edição do Festival de Música do Mundo de Beishan. Jane Tang, organizadora do evento, fala das oito bandas que trazem sons de outros lugares e das expectativas de uma iniciativa que deverá receber cinco mil pessoas [dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]os próximos dois dias, a felicidade vive do outro lado da fronteira. Com um tema que, em chinês, remete para a ideia de que cada um deve viver a felicidade aqui e agora, a sétima edição do Festival de Músicas do Mundo de Beishan prepara-se para abrir portas na vila com o mesmo nome, localizada na cidade chinesa de Zhuhai. Os concertos arrancam amanhã, a partir das 17h, com a dupla brasileira Verónica Nunes e Ricardo Vogt, seguindo-se a actuação do italiano Boris Savoldelli e Zhe Lai, cantora de folk. O Tonelc Trio, uma banda vinda da argentina, também sobe ao palco amanhã, seguindo-se os Alvarinis, oriundos da Lituânia. No domingo é a vez de actuar o trio Soul Sangam, que junta sons da África Ocidental e da Índia, sem esquecer o quarteto Han Ta, vindo da Mongólia. Há ainda espaço e tempo para a actuação dos franceses Celtic Social Club. Diego Perez, vindo da Argentina, encerra o rol de concertos. Em declarações ao HM, Jane Tang, uma das organizadoras do festival, fala da importância de trazer tantos artistas internacionais a uma pequena cidade da China. “Todos os anos temos vários músicos estrangeiros diferentes que são convidados para tocarem no nosso festival. Através desses convites, os músicos locais podem trocar várias ideias com os músicos internacionais, e dessa forma queremos que todos saiam beneficiados [desse contacto]. Este festival pode trazer diferentes sentimentos à população de Zhuhai”, explicou. Desde o arranque do festival, em 2010, que a ideia é estabelecer este intercâmbio. “Já então convidávamos bandas de países diferentes, e o nosso lema é ‘música ocidental toca no Oriente’, que usamos para promover o festival. Este lema está connosco desde a primeira edição”, acrescentou Jane Tang. Criatividade além da música O Festival de Músicas do Mundo de Beishan oferece ainda outro tipo de actividades além dos concertos. Vão estar disponíveis no recinto diversas tendas com actividades para crianças, bem como espaços ligados às indústrias culturais e criativas. “O objectivo é termos estruturas adequadas para que todas as pessoas possam usufruir do festival, incluindo as crianças”, adiantou Jane Tang. Este ano decorre ainda o evento “Rock Paper Scissors”, um evento ligado à moda e ao design com ligação a criadores de Macau e Hong Kong (ver texto nesta página). “A vila de Beishan fica perto do parque ligado às indústrias culturais e criativas, e esperamos conseguir fazer o intercâmbio nesta área com outras regiões. Convidámos várias empresas e nomes de Macau para fazerem esta exposição, e esperamos poder trocar algumas ideias”, frisou Jane Tang. Para este festival, a organizadora espera a participação de cerca de cinco mil pessoas, número semelhante à edição do ano passado. Em Setembro será a vez da vila de Beishan acolher outro festival semelhante, mas desta vez ligado ao jazz. “No festival de Setembro o número de participantes poderá ser maior, porque vamos mudar-nos para outro local [com maior dimensão]”, concluiu Jane Tang. Os bilhetes já estão disponíveis e custam, em regime de pré-venda, 99 yuan, sendo que no local serão vendidos pela quantia de 129 yuan. “Rock, papers, scissors”: Moda, design e tecnologia juntos no festival de Beishan Além dos concertos, a edição deste ano do Festival de Músicas do Mundo de Beishan vai contar com uma mostra de marcas oriundas de Zhuhai, Macau e Portugal. O evento “Rock, Paper and Scissors” (pedra, papel e tesouras) vai apresentar os trabalhos de Fortes Pakeong Sequeira, as colecções da Cocoberry Eight, da estilista Bárbara Barreto Ian, e ainda a Lines Lab, de Clara Brito e Manuel Correia da Silva, entre outros autores. O evento, criado pela primeira vez pela plataforma Munhub, em parceria com a ZM Cultural Comunication, visa estabelecer sinergias ao nível das indústrias criativas, conforme explicou Clara Brito ao HM. “Amanhã e domingo, no espaço do teatro, entre as 16h e as 22h, vai acontecer um showcase onde vão ser apresentadas várias marcas ligadas a diversos universos criativos, que passam pela moda ao design, tecnologia, artesanato”, apontou. Para Clara Brito, é importante “poder estar a participar num evento na zona do Delta do Rio das Pérolas, estender um pouco para aquela zona”. “É interessante estarmos integrados num evento maior, com maior solidez e bastante internacional, e para levarmos as marcas ao lado de lá.” A mostra que decorre nos próximos dias em Zhuhai, sublinha, é sinal de que “começa a haver cada vez mais uma multidisciplinaridade das artes criativas, em vez de ser tudo segmentado”. “Temos todos a ganhar uns com os outros com essa ligação, desde as sinergias com a indústria da música ou da moda, e vamos aproveitar este momento para aproveitar um óptimo evento, que tem imenso peso histórico, e fazer uma confluência das várias áreas”, acrescentou a designer. A partir da primeira edição do “Rock, Papers and Scissors” a ideia é mostrar outros mundos, expandir horizontes criativos. “Queremos estar mais activos, não só nesta zona, mas queremos estender-nos um pouco para o lado de lá e solidificar essa presença. Queremos também estabelecer uma rede de contactos, conhecer pessoas, para depois se poder desenhar um futuro que a nós, Munhub, nos interessa particularmente, por forma a criarmos mais ligações nesta zona.”