Minoria uigur responsável por ataque a embaixada no Quirguistão

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] ataque suicida contra a embaixada da China no Quirguistão, perpetrado na semana passada, foi organizado por militantes da minoria étnica chinesa de origem muçulmana uigur que combatem na Síria, segundo os serviços secretos daquele país. A mesma fonte detalha que o homem que conduziu o carro, que explodiu após embater contra o portão da embaixada chinesa, era membro do Movimento Islâmico do Turquestão Oriental, um grupo que reclama a independência da região de Xinjiang, no oeste da China.
O ataque causou a morte do condutor e ferimentos em dois funcionários da embaixada e numa outra mulher. “A investigação concluiu que o acto terrorista foi ordenado por grupos terroristas uigures, que operam na Síria, e estão filiados com a organização terrorista “Frente al Nosra”, afirmaram os serviços secretos quirguistaneses, citados pela imprensa chinesa. A Frente al Nosra, que em Julho passado anunciou a sua separação da al-Qaeda, é considerada o segundo grupo ‘jihadista’ mais importante na Síria, a seguir à organização extremista Estado Islâmico (EI).
A China reivindica que organizações extremistas recrutam membros na região autónoma de Xinjiang, onde vivem os muçulmanos uigures e culpa estas por fomentarem atentados no país, que causaram nos últimos anos centenas de mortos.
Em Julho passado um estudo elaborado pelo instituto New America Foundation, com base em Washington, considerou que Xinjiang oferece um “alto potencial” para os recrutadores do EI, devido “às significativas disparidades económicas entre a etnia chinesa maioritária han e a população muçulmana local” e a “forte repressão estatal”.
 

8 Set 2016

Concorrência | Protocolo de cooperação assinado com Portugal

Lisboa e Pequim assinaram ontem um protocolo bilateral que visa assegurar condições mais justas de concorrência entre os dois mercados. Esta medida pretende fomentar as trocas comerciais entre os dois países, facilitando as regras de penetração no mercado

[dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]ortugal e China assinaram um documento que pretende fomentar a cooperação sobre segurança alimentar, defesa do consumidor e supervisão, para assegurar condições mais justas de concorrência entre os operadores económicos dos dois países. Este instrumento de cooperação bilateral foi assinado pelo secretário de Estado Adjunto e do Comércio, Paulo Alexandre Ferreira, em nome do Estado português, e o vice-ministro chinês, Ma Zhengqi, que tutela a Administração para a Indústria e o Comércio, entidade homóloga da Autoridade para a Segurança Alimentar e Económica (ASAE).
Em declarações à imprensa o representante português realçou os benefícios do acordo. “Vejo, este protocolo, mais como um primeiro passo no estreitar de um diálogo que é benéfico para Portugal, na medida que cria proximidades relativamente a um mercado que tem 1,3 mil milhões de habitantes”, afirmou.

Mais justiça

O acordo prevê a implementação de um programa de actividades de interesse comum, sobretudo ao nível da segurança alimentar e da protecção dos direitos do consumidores vincula do lado português, a ASAE e, do lado chinês, a Administração para a Indústria e o Comércio. O objectivo é a troca de informações relacionadas com as disposições legais, regulamentares, documentos normativos, assim como boas práticas e outras informações que garantam a concorrência leal e a qualidade.
Sobre o programa comum, o secretário de Estado português explicou que para a China “será muito importante o enquadramento legal da União Europeia”, tendo em Portugal “uma ponte com quem possa dialogar”. Da mesma forma, a Portugal “interessa fomentar o conhecimento do enquadramento legal da China”, de forma a passar esse conhecimento às empresas portuguesas para permitir “uma penetração mais rápida dos produtos portugueses no mercado chinês”.

Reforçar laços

Durante a celebração do protocolo, o vice-ministro chinês, Ma Zhengqi, sublinhou que “é preciso olhar para o futuro no sentido de reforçar a cooperação” com Portugal em áreas como a da energia, tecnologias de informação, agricultura, turismo e segurança alimentar. E Paulo Alexandre Ferreira reiterou, sem mais pormenores: “Confirmo que há uma vontade de ambas as partes em aprofundar o relacionamento entre Portugal e a China, no que diz respeito à cooperação económica. Mais investimento chinês em Portugal e a abertura do mercado chinês às empresas portuguesas”.
A assinatura do protocolo foi precedida por uma reunião bilateral para reforçar as relações económicas e desenvolver a cooperação nas áreas da defesa do consumidor e dos mercados.

8 Set 2016

Comércio entre China e PLP caiu 12,25% até Julho

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] comércio entre a China e os países de língua portuguesa caiu 12,25% nos primeiros sete meses do ano, face ao período homólogo de 2015, indicam dados oficiais ontem divulgados.
Segundo estatísticas dos Serviços da Alfândega da China, publicadas ontem no portal do Fórum Macau, as trocas comerciais entre a China e os países de língua portuguesa totalizaram 51,50 mil milhões de dólares entre Janeiro e Julho.
Pequim comprou aos países de língua portuguesa bens avaliados em 35,73 mil milhões de dólares – mais 0,44% – e vendeu produtos no valor de 15,76 mil milhões de dólares – menos 30,84% face aos primeiros sete meses de 2015.
O Brasil manteve-se como o principal parceiro económico da China, com o volume das trocas comerciais bilaterais a cifrar-se em 38,23 mil milhões de dólares, valor que traduz uma queda de 9,36% em termos anuais homólogos.
As exportações da China para o Brasil atingiram 11,60 mil milhões de dólares, menos 33,79%, enquanto as importações chinesas totalizaram 26,63 mil milhões de dólares, reflectindo uma subida de 8%.
Com Angola, o segundo parceiro comercial da China no universo da lusofonia, as trocas comerciais caíram 27,69%, para 9 mil milhões de dólares.
Pequim vendeu a Luanda produtos avaliados em 942,8 milhões de dólares – menos 60,64% face aos primeiros sete meses de 2015 – e comprou mercadorias avaliadas em 8,05 mil milhões de dólares, menos 19,84%.
Com Portugal, terceiro parceiro da China no universo lusófono, o comércio bilateral ascendeu a 3,14 mil milhões de dólares– mais 23,13% –, numa balança comercial favorável a Pequim, que vendeu a Lisboa bens na ordem de 2,34 mil milhões de dólares – mais 41,21% – e comprou produtos avaliados em 799 milhões de dólares, menos 10,46%.
Em 2015, as trocas comerciais entre a China e os países de língua portuguesa caíram 25,73%, atingindo 98,47 mil milhões de dólares (90,60 mil milhões de euros ao câmbio da altura), a primeira queda desde 2009.
Os dados divulgados incluem São Tomé e Príncipe, apesar de o país manter relações diplomáticas com Taiwan e não participar directamente no Fórum Macau.

Conferência a caminho

China estabeleceu a Região Administrativa Especial de Macau como a sua plataforma para o reforço da cooperação económica e comercial com os países de língua portuguesa em 2003, ano em que criou o Fórum Macau (Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa), que reúne a nível ministerial de três em três anos.
A próxima conferência ministerial – a quinta desde 2003 – vai realizar-se nos próximos dias 11 e 12 de Outubro.
A conferência vai ter por base a iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, estando o foco apontado ao desenvolvimento, “de modo a promover as relações económicas e comerciais entre a China e os países de língua portuguesa”, segundo anunciou na quinta-feira o governo de Macau.
“Uma Faixa, uma Rota” é a versão simplificada de “Faixa Económica da Rota da Seda e da Rota Marítima da Seda para o Século XXI”, o projecto de investimento impulsionado pela China para reforçar a sua posição como centro comercial e financeiro da Ásia.

8 Set 2016

HK | ”Localistas” com 30 assentos no LegCo. Pequim reage

No dia seguinte a terem sido conhecidos os resultados das eleições em Hong Kong, o continente reagiu, e uma vez mais reforçou que a luta pela independência é inconstitucional face à lei da China

[dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]m reacção às eleições de domingo para o LegCo, Pequim reafirmou a sua “resoluta oposição” a qualquer tipo de movimentações que visem a “independência de Hong Kong”, após partidos pró independência terem ganho, pela primeira vez, espaço no parlamento daquela região. Em comunicado, o Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado lembra que a “independência de Hong Kong é contra a Constituição da China, a Lei Básica de Hong Kong e leis relevantes da Região Administrativa Especial (RAE)”.
Na maior votação desde que os protestos pró-democracia de 2014 falharam em conseguir as reformas políticas desejadas, os partidos que exigem maior autonomia em relação a Pequim conseguiram 30 assentos entre 70, contra os 40 da ala conservadora. Esta foi também a primeira vez que defensores assumidos da independência de Hong Kong conquistaram espaço dentro do Conselho Legislativo (LegCo, parlamento).
Para Pequim, o resultado “ameaça a soberania e segurança da China, prejudica a prosperidade e estabilidade de Hong Kong e vai contra os interesses fundamentais dos cidadãos” da região. “Apoiamos firmemente o governo da RAE de Hong Kong a definir penalizações, de acordo com a lei”, conclui o comunicado.

Chapéus há muitos

As eleições de domingo em Hong Kong ficaram marcadas pela entrada de 26 novos rostos na Assembleia legislativa, vindos do chamado grupo de “localistas”, nascidos durante a manifestação dos “chapéus de chuva”.
Em 2014, a Assembleia Nacional Popular chinesa concordou que o Chefe do Executivo de Hong Kong seja eleito por sufrágio directo já a partir de 2017, mas impôs que haja apenas “dois ou três” candidatos, previamente aprovados por um Comité de Nomeação, numa decisão que desencadeou os protestos.
De acordo com a fórmula “um país, dois sistemas”, adoptada em Hong Kong e Macau, as políticas socialistas em vigor no resto da China, não são aplicadas naquelas regiões. Excepto nas áreas da Defesa e Relações Externas, que são da competência exclusiva de Pequim, a antiga colónia britânica goza de “um alto grau de autonomia”, é “governada por pessoas de Hong Kong”, mantém a sua moeda, o HK Dólar e não paga impostos ao governo central chinês.

7 Set 2016

Eleições HK| LegCo com novos rostos pró democracia, mas Pequim mantém maioria

As eleições para o Conselho Legislativo de Hong Kong tiveram uma participação histórica. Mais de dois milhões de cidadãos eleitores esperaram horas nas filas para exercerem o seu direito ao voto

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s urnas abriram às 7h30 e deviam ter fechado às 22h30 mas houve vários atrasos e algumas regiões encerraram as mesas eleitorais duas horas depois do previsto, o que vai prolongar o processo de contagem dos votos. Segundo dados divulgados pela Comissão para os Assuntos Eleitorais, 2,2 milhões de pessoas foram votar – num universo de 3,77 milhões, ou seja 58% do total dos inscritos. Nas anterior eleições, em 2012, o número foi de 53%.
Mais de 200 candidatos distribuídos por 84 listas concorreram para ocupar os 35 assentos dos cinco círculos eleitorais geográficos, os únicos eleitos por sufrágio directo. Ao todo são 70 os lugares disponíveis no LegCo, sendo que os restantes 35 lugares ficam reservados a membros designados pelo sistema de indirectos e de nomeados.
Entre vários movimentos que apareceram nos últimos tempos, alguns rostos são mais marcantes. É o caso de Nathan Law, líder estudantil do movimento ‘Occupy’ em 2014, que conquistou um dos três assentos no Conselho Legislativo a que concorreu com o partido Demosisto. Torna-se assim o mais jovem legislador alguma vez sentado neste hemiciclo. Em declarações à imprensa, Nathan Law disse que “os residentes de Hong Kong queriam realmente uma mudança”.
Eddie Chu Hoi-Dick, o candidato radical pró-independência que centrou a sua campanha sob o pressuposto da equidade do uso das terras nas zonas rurais de Hong Kong, foi um dos candidatos mais votados, conseguindo mais de 84 mil votos nas urnas.
“O resultado mostra que a sociedade de Hong Kong acredita que é precisa uma mudança do modelo dentro do movimento democrático”, disse o político, de 38 anos.
Outro activista eleito é Yau Wai-ching. Com apenas 25 anos recebeu 20,643 votos, garantindo assim um lugar na Assembleia Legislativa. Pertence ao partido “Youngspiration”.
Sixtus “Baggio” Leung tem 30 anos e pertence à facção mais radical, defendendo uma independência do território face à China. “Estamos a perder a nossa liberdade”, disse recentemente numa entrevista ao The Guardian. A frase valeu-lhe 31.344 votos, garantindo uma cadeira no centro de decisão. O Cheng Chung-tai, de 31 anos, foi eleito pelo partido Civic Passion. Leung Kwok-hung, conhecido como “Long Hair”, garantiu a sua reeleição com uma margem de apenas 1051 votos face ao penúltimo deputado a ser eleito, ocupando o último assento dedicado aos deputados directos.
Panorama
Estas eleições para o Conselho Legislativo acontecem num momento em que a sociedade está dividida e onde os movimentos pró-autonomia ganham maior dimensão. A par disso, existe nos cidadãos a ideia de que a China está a exercer uma maior pressão para controlar a antiga província inglesa.
Esta nova geração vem sobretudo dos grupos que em 2014 integraram o “Movimento dos Guarda-Chuva”, que durante dois meses conseguiram fechar bairros inteiros, mas em termos práticos não conseguiu mais do que chamar a atenção da opinião pública para aquilo a que chamam falta de democracia na região. A China manteve-se firme e não houve qualquer concessão em matéria de reformas políticas.
Mas os ventos de mudança começaram a soprar. E esses movimentos acabaram por polvilhar a ideia de que é possível mudar, acabando com as linhas políticas tradicionais e polarizando o debate. Depois disto, nada voltaria a ser como antes.
A registar essa alteração está a primeira manifestação pública alguma fez feita naquele território a defender a independência. Agora, com estas eleições, este é, para muitos, o início de um percurso irreversível que vai mudar a história na região, até porque há bem pouco tempo este era um assunto de que nem se falava. Mas a China não dá tréguas. Ainda recentemente cinco destes defensores da ruptura foram impedidos de se tornarem candidatos, com o argumento de que militar pela independência é ilegal.

Novos rostos

Para Leong Wan Chang, professor no Instituto Politécnico de Macau, a afluência às urnas da região vizinha mostra que, “depois de 20 anos da prática ‘um país, dois sistemas e quatro assembleias’ as pessoas – quanto à eleição e ao aperfeiçoamento do regime político – têm uma preocupação racional”. Um dos marcos, diz, foi também a quantidade de rostos novos, sobretudo ligados à causa pró-independência.
“Isso é uma imagem positiva e também está a  seguir  as regras do desenvolvimento. Quer dizer que há mais pessoas e rostos novos a participarem nos assuntos políticos”, continua. Quanto a conselhos, o professor defende que devem ser firmes com os seus princípios e que não devem esquecer que, enquanto representantes da opinião pública, “devem ser objectivos, não podem tratar dos assuntos de forma leviana”.
Larry So, comentador político, também tem acompanhado as eleições de Hong Kong e refere que, apesar dos novos rostos na senda política, a verdade é que “no final do dia são as forças políticas de sempre que vão ganhar”.
Apesar de concordar que sopram ventos de mudança, So não acredita numa independência para breve até porque “essa não é a solução para Hong kong”. Nestas eleições assistimos ao surgimento daquilo a que se chama “uma terceira força política, que partilha a vontade com a já existente facção contra o Governo de Pequim, que é expulsar CY Leung”, Chefe do Executivo. Larry So reforça ainda que “há uma nova maneira de pensar em Hong Kong”, disso não há dúvida.
Apesar de saber que há muita expectativa nestas eleições, Scott Chiang, presidente da Associação Novo Macau, não alinha pelo mesmo passo.
“Há muitos rostos novos e muitos jovens que se candidatam pela primeira vez, mas a pergunta que se faz é ‘estarão eles à altura do desafio’?” E mesmo que estejam, a verdade é que serão uma minoria na assembleia. “Portanto, na minha opinião, as expectativas vão ser logradas.”
Apesar de as coisas estarem a mudar em Hong Kong, “disso não há dúvida, estará Hong Kong a caminhar na direcção certa?”, questiona. “No futuro veremos o que acontece, mas receio que não estejam a caminhar no bom sentido.”
Para Jason Chao, vice-presidente da Associação Novo Macau, o resultado massivo de afluência às urnas tem que ver “com a deterioração das políticas de direitos humanos e das políticas de protecção e apoio às mulheres em Hong Kong”.
A insatisfação política foi outro factor decisivo que levou as pessoas a saírem para a rua e em consciência escolherem os seus representantes. Em relação aos novos rostos, Jason Chao afirma que “muitos apareceram de repente nestes movimentos mais liberais e nem são conhecidos por actividades comunitárias”. De qualquer maneira, frisa, são a escolha do eleitorado. Há realmente uma mudança a acontecer e as eleições são a “expressão da vontade dos eleitores”, conclui.

6 Set 2016

Cimeira | Xi Jinping em reuniões bilaterais resolve conflitos regionais

A cimeira do G20 tem permitido aos líderes de Estado reuniões bilaterais a fim de resolverem questões regionais. Foi o que aconteceu entre o Presidente chinês, Xi Jinping, e a sua homóloga da Coreia do Sul, Park Geun-hye

[dropcap style≠’circle’]X[/dropcap]i e Park reuniram à margem da cimeira do G20, que decorre na cidade de Hangzhou, costa leste da China, após Seul ter decidido instalar no seu território o THAAD, na sequência dos testes nucleares realizados pela Coreia do Norte. “Uma gestão inadequada do problema não propicia a estabilidade estratégica na região e pode intensificar os conflitos”, afirmou Xi, que considera que o THAAD tem como verdadeiro alvo a China. Durante a reunião, Xi reafirmou o compromisso da China na desnuclearização da península coreana, e insistiu que a única via para resolver a disputa é o diálogo.
O líder chinês pediu que as conversações a seis (China, Japão, Rússia, EUA e a duas Coreias), interrompidas em 2009, sejam retomadas, e que se considere os pontos de vista de cada um dos países implicados.”Os sintomas e a raiz do problema devem ser discutidos”, referiu Xi.
Segundo Washington e Seul, a instalação do THAAD na península coreana visa interceptar projécteis da Coreia do Norte, depois do regime de Kim Jong-un ter alcançado progressos nos seus programas nuclear e de mísseis.
Os Governos da China e Rússia consideram, no entanto, que a finalidade do sistema é aceder a dados das suas bases militares mais próximas, constituindo uma ameaça directa à sua segurança.

Encontro a dois

Xi Jiping tem-se desdobrado em negociações nesta cimeira, assinando acordos bilaterais e até levando a China a aceitar o Tratado de Paris, numa acção conjunta com o Presidente Barack Obama num momento que ficará registado para a história. Na senda dos encontros com os seus homólogos, fica o registo com Mariano Rajoy. Xi agradeceu ao primeiro-ministro espanhol pela sua presença na cimeira, apesar da situação política em Espanha. Os líderes reuniram-se antes do início do segundo dia da cimeira e ambos constataram as boas relações bilaterais, prometendo que continuarão a cooperar em todas as áreas. Reconhecendo que Espanha está bastante ocupada com problemas políticos, numa alusão à ausência de um governo em plenas funções no país, Xi Jinping agradeceu de forma especial a presença de Rajoy em Hangzhou.

Troca de galhardetes

Fontes do Governo espanhol revelaram ainda que o líder chinês felicitou Rajoy pela “evolução positiva” na economia de Espanha. Rajoy aproveitou a reunião para convidar o Presidente chinês a visitar Espanha, e Xi pediu-lhe para transmitir um convite ao rei Filipe VI, visto que Rajoy já visitou a China.
O primeiro-ministro de Espanha disse ainda que o seu Governo tem total disposição para colaborar no sentido de incrementar o ensino do espanhol na China, através, por exemplo, da formação de professores.

6 Set 2016

Coreia do Norte | EUA condenam lançamento de mísseis

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s Estados Unidos condenaram ontem o lançamento de três mísseis balísticos pela Coreia do Norte, considerando-o uma ameaça para os seus aliados e para os voos comerciais, e defenderam uma acção diplomática contra Pyongyang.
“Os lançamentos irresponsáveis da Coreia do Norte são uma ameaça para a aviação civil e para o comércio marítimo na região”, disse uma fonte oficial da administração norte-americana.
O responsável, que falava à margem da cimeira do G20 na China, disse que Washington irá “apoiar uma acção internacional para responsabilizar a Coreia Norte pelas suas acções provocadoras”.
A Coreia do Norte disparou ontem três mísseis balísticos a partir da sua costa leste, cerca de duas semanas depois de testar um míssil balístico a partir de um submarino, noticiou a agência sul-coreana Yonhap.
Os mísseis foram disparados para o Mar do Japão, a partir da região de Hwangju, pelas 04:00, segundo a Yonhap, que cita os chefes de Estado-maior sul-coreanos.
Ainda não se sabe de que tipo são os mísseis disparados, com um porta-voz do Ministério da Defesa de Seul a informar que o exército sul-coreano está agora a analisar o ensaio.

Acção contínua

A Coreia do Norte realizou uma série de testes de mísseis este ano, o mais recente a 24 de Agosto, quando foi lançado um míssil balístico a partir de um submarino que se deslocou 500 quilómetros na direcção do Japão.
Esse lançamento, amplamente condenado, marcou o que analistas de armamento descreveram como um claro passo em frente nas ambições nucleares da Coreia do Norte.
O lançamento de ontem surge horas depois de a Presidente sul-coreana, Park Geun-Hye, e o Presidente chinês, Xi Jinping, se reunirem, à margem da cimeira do G20 em Hangzhou.
A China é o único grande aliado de Pyongyang, mas os laços entre os dois países têm vindo a enfraquecer devido aos testes nucleares da Coreia do Norte, que causaram tensão na península.

6 Set 2016

G20 pede à OCDE uma lista negra de paraísos fiscais

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s dirigentes do G20 encarregaram ontem a OCDE de entregar ao grupo no próximo ano uma lista negra de países que não colaboram na luta contra a evasão fiscal, após a cimeira realizada na China.
“Pedimos à OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) para informar os ministros das Finanças e os governadores dos bancos centrais, até Junho de 2017, dos progressos alcançados em matéria de transparência fiscal”, indicou o G20 na declaração final da cimeira de Hangzhou.
A OCDE poderá “preparar até à cimeira de chefes de Estado e de governo do G20 de Julho de 2017 uma lista de países que não progrediram para atingir um nível satisfatório de aplicação de normas internacionais reconhecidas sobre a transparência fiscal”, indicaram os dirigentes do grupo das 20 principais potências mundiais.
“É uma estreia”, afirmou o ministro da Economia e Finanças francês, Michel Sapin, acrescentando que alguns dos elementos avançados nunca tinham sido mencionados nos comunicados de anteriores cimeiras.
“Mais do que nunca, a luta contra os paraísos fiscais é uma prioridade do G20”, disse à AFP o director do centro de política e de administração fiscal da OCDE, Pascal de Saint-Amans, também presente em Hangzhou.
Esta mensagem “bastante forte” do G20 significa que os países que não cooperam têm até Julho de 2017 “para ficarem em conformidade com os critérios da OCDE”, acrescentou.
“Estar na lista negra terá um impacto devastador na economia dos países citados”, previu, considerando que se trata de uma sanção “extremamente pesada”.

6 Set 2016

Hong Kong elegeu deputados sob fortes medidas de segurança

[dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]ais de três milhões de pessoas votaram ontem nas eleições para o Conselho Legislativo de Hong Kong, sob forte dispositivo de segurança, com pelo menos cinco mil polícias mobilizados, incluindo junto às assembleias de voto. No início da semana, mais de mil polícias participaram num exercício de dois dias, que incluiu a simulação de motim, com recurso a gás pimenta e gás lacrimogéneo, segundo imagens difundidas pelas televisões locais.
A imprensa local noticiou também a vigilância pelas autoridades das páginas de Facebook e fóruns online de grupos ‘localists’ (localistas), formados após o movimento pró-democracia ‘Occupy’ em 2014, e que advogam uma maior autonomia de Hong Kong em relação à China e mesmo a independência.
Analistas vêem nas medidas de segurança uma forma de o governo “jogar pelo seguro”, após a desqualificação de candidaturas nestas eleições, e da radicalização dos protestos em fevereiro, nos primeiros confrontos com a polícia desde o movimento ‘Occupy’, em que um agente efetuou dois disparos com balas reais para o ar.
O elevado número de candidatos a lugares eleitos pelo voto da população é também visto por analistas como motivo para o reforço da segurança junto às assembleias de voto, para evitar altercações.
O Conselho Legislativo (LegCo) da Região Administrativa Especial chinesa é composto por 70 lugares, mas apenas 35 resultam de candidaturas apresentadas individualmente por cidadãos e do voto direto de 3,77 milhões de eleitores, em cinco círculos eleitorais definidos por áreas geográficas. Estes círculos eleitorais vão ser disputados por um recorde de 213 candidatos, distribuídos em 84 listas.
Outros 30 lugares são reservados a círculos eleitorais definidos com base em setores profissionais e corporativos – que vão desde áreas como a agricultura e pescas, à saúde e direito – que estão divididos em 28 categorias, das quais 18 vão ser votadas, por apenas 233 mil eleitores.
Há ainda cinco lugares que são um híbrido dos dois sistemas, com os candidatos a serem previamente eleitos nas eleições distritais, tendo depois de obter o apoio de pelo menos 15 conselheiros distritais, antes de finalmente serem submetidos ao voto de quase todos os eleitores, menos os que votam nos círculos profissionais e corporativos.
As eleições de hoje deverão manter a maioria das forças pró-Pequim no parlamento, mas também o poder de veto da ala pró-democracia, sendo marcadas pela renovação geracional dos dois blocos políticos, e pela disputa de lugares por novos grupos – os ‘localists’–, apesar da desqualificação dos candidatos considerados mais radicais.
Estas são as primeiras eleições depois de revelados os desaparecimentos de cinco livreiros no final de 2015, um caso que gerou forte contestação popular, com acusações a Pequim de desrespeito do princípio “Um país, dois sistemas”, ao abrigo do qual Hong Kong e Macau gozam de ampla autonomia.
Além disso, decorrem numa altura em que permanecem as dúvidas sobre a eventual recandidatura do chefe do Executivo, Leung Chun-ying, bastante impopular desde o início do mandato em 2012.
Pequim chegou a concordar com a eleição do líder de Hong Kong por sufrágio universal, mas impunha que os “dois ou três” únicos candidatos fossem previamente aprovados, uma proposta que levou à ocupação das ruas em 2014, e que acabou chumbada, em junho do ano passado, pelos deputados de Hong Kong.
As próximas eleições para o cargo de chefe do Executivo são a 26 de Março de 2017 e vão decorrer segundo a mesma metodologia. O líder da região administrativa especial vai continuar a ser escolhido por um comité com 1.200 elementos. Em 2012, Leung Chun-ying foi eleito com apenas 689 votos a favor dos membros deste comité.

HK | Governo “atacado por piratas informáticos chineses”

Piratas informáticos chineses, alegadamente, atacaram dois departamentos governamentais de Hong Kong, a poucos dias das eleições na antiga colónia britânica, disse ontem uma empresa de segurança sedeada nos Estados Unidos. O ataque aconteceu em Agosto, durante a corrida para as eleições legislativas de domingo, numa altura em que o receio de um ‘apertar de cerco’ de Pequim a Hong Kong atinge níveis elevados.
A empresa de segurança FireEye, sedeada na Califórnia, disse que um grupo baseado na China, que a firma tem vindo a seguir desde 2011, atacou pelo menos dois departamentos do Governo de Hong Kong em Agosto. O diretor do departamento de tecnologia da empresa para a Ásia Pacífico, Bryce Boland, acredita que o grupo responsável pelos ataques, conhecido como APT3, “é patrocinado pela República Popular da China”.
“Normalmente, quando vemos ataques de governos a outros governos, tem que ver com recolha de informação ou tentativas de aceder a informação que não podem ter por outras vias”, disse Boland à agência AFP. “[Há] muita discussão, muita incerteza sobre o futuro político de Hong Kong. Imagino que estão a tentar formar uma imagem mais clara do que se passa dentro de alguns destes departamentos governamentais”, disse.
Um dos métodos usados pelo grupo APT3 nos ataques recentes foi enviar um email, que alegam ser um relatório sobre os resultados eleitorais, e que contém um ‘hiperlink’ que leva a ‘malware’ (programa malicioso). As autoridades confirmaram os ataques dizendo que “medidas de segurança relevantes foram já adotadas para bloquear os emails suspeitos”.
A empresa de Boland não conseguiu identificar quais os dados recolhidos e não especificou que departamentos foram atacados. Segundo Boland, este tipo de ataques tem aumentado desde o “Movimento dos Guarda-Chuvas”, de protestos pró-democracia, em 2014.

5 Set 2016

Ambiente | Pequim e Washington assinam compromisso fundamental

Agora ou talvez nunca. EUA e China assumiram, finalmente e em conjunto, a responsabilidade por não destruir o planeta. Aleluia ou talvez não

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China e os Estados Unidos, os dois maiores emissores de gases de efeito estufa do mundo, anunciaram conjuntamente na manhã de sábado, dia 3, na China, a ratificação do Acordo de Paris, que estabelece esforços do mundo inteiro para reduzir as mudanças climáticas e controlar o aumento de temperatura. Juntos, os dois países são responsáveis por 38% das emissões do planeta. A China é o actual líder, com cerca de 20%, e os EUA, que historicamente assumiram essa posição, respondem hoje por 18%. São os primeiros grandes países a ratificarem o acordo, o que deve acelerar a sua implementação em todo o planeta.
Para entrar em vigor, o acordo, estabelecido no ano passado na Conferência do Clima das Nações Unidas (COP-21) em Paris, precisa ser ratificado por 55 países, que respondam por 55% das emissões. Até antes do anúncio, 24 países já tinham feito a ratificação, mas correspondiam apenas a cerca de 1% das emissões. Com o anúncio, esta fatia sobe para 39,06%, segundo informações passadas pelos próprios países à ONU. A expectativa é que se alcance o total necessário até ao fim do ano.
O compromisso acordado por 195 nações do mundo é de fazer esforços para reduzir as emissões de gases de efeito estufa para que o aumento da temperatura do planeta não passe muito de 1,5ºC, ficando “bem abaixo de 2ºC”.
Assim como já tinham feito antes, quando também anunciaram conjuntamente os seus compromissos de redução de gases de efeito estufa (cada país do mundo disse quanto pode contribuir para o esforço global), os Presidentes Barack Obama e Xi Jinping fizeram o anúncio na véspera da reunião do G-20 em Hangzhou, na China.
“Assim como eu acredito que o acordo de Paris se vai revelar um ponto de viragem para o nosso planeta, acredito que a História vai julgar os esforços de hoje como fundamentais”, disse Obama, ao lado de Xi Jinping e do secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon.

O mundo agradece

A secretária-executiva da Convenção do Clima da ONU (UNFCCC) saudou o anúncio. “Gostaria de agradecer à China e aos Estados Unidos por ratificarem o acordo, sobre o qual repousa a oportunidade de um futuro sustentável para todas as nações e todas as pessoas”, disse numa nota. “Quanto mais cedo o acordo for ratificado e totalmente implementado, mais seguro o futuro se vai tornar”, acrescentou.
A China comprometeu-se a atingir o pico de emissões de CO2 até 2030, reduzir a intensidade de carbono de sua economia (quanto carbono é emitido por unidade económica produzida), aumentar as fontes não-fósseis de energia e aumentar as reservas florestais. Os Estados Unidos comprometeram-se reduzir entre 26% e 28% suas emissões até 2025, em relação aos valores de 2005.
De acordo com análise feita pelo Climate Interactive, com a escola de economia Sloan do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), as duas metas juntas devem responder por 51% das emissões evitadas entre 2016 e 2100 considerando todas os compromissos anunciados pelos demais países.
Além de ser o maior poluidor histórico, a ratificação por parte dos EUA é simbólica porque o país por anos foi considerado o maior entrave a acordos climáticos. A primeira tentativa de se controlar as mudanças climáticas foi o Protocolo de Kyoto, que estabelecia metas de redução das emissões por parte dos países ricos. Mas os EUA, apesar de o terem assinado, acabaram se recusar a ratificá-lo quando o ex-presidente George W. Bush, do partido republicano, assumiu o governo e o protocolo naufragou. A pressa de Obama justifica-se também porque o actual candidato republicano, Donald Trump, já manifestou que, se eleito, iria rever a assinatura do Acordo de Paris.

Acordo de Paris. O que é?

O acordo de Paris é um tratado no âmbito da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança de Clima (UNFCCC) sigla em inglês e foi aprovado a 12 de Dezembro de 2015 precisamente em Paris. Até 2017 os países podem rectificar o acordo, assumindo uma série de medidas de contenção no que se refere a emissão de gases poluentes. O acordo que foi aprovado por 195 países, impõe o compromisso no sentido de manter o aumento da temperatura média global em menos de 2 graus centígrados acima dos níveis pré-industriais e de encetar esforços para limitar o aumento da temperatura em 1,5 graus centígrados dos níveis pré-industriais.
O ponto central do chamado Acordo de Paris é a obrigação de participação de todas as nações e não apenas países ricos no combate às mudanças climáticas. Até agora, as 23 nações que haviam ratificado o acordo eram responsáveis por somente 1% das emissões. “Com a ratificação da China e dos EUA, só será preciso conseguir mais um par de grandes poluidores para que o total de 55% seja alcançado”, explica o analista de questões ambientais da BBC Roger Harrabin.
Mas mesmo que isso ocorra em breve, ainda há muitos desafios pela frente. A Grã-Bretanha, por exemplo, ainda não ratificou o tratado. O Governo fez saber recentemente à BBC que isso seria feito assim que possível, mas não há datas. No Brasil, o tratado passou pela Câmara dos Deputados, mas ainda precisa do aval do Senado.

5 Set 2016

Xi Jinping | “Ajustamentos dolorosos” para dinamizar economia

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] presidente chinês, Xi Jinping, afirmou que o país está disposto a realizar “ajustamentos dolorosos” para solucionar os problemas da economia, a segunda maior do mundo, e a levar estas reformas “até ao fim”. O chefe do Estado chinês, que falava num encontro com empresários do G20 na cidade de Hangzhou, reconheceu que o modelo económico do seu país levado a cabo nos últimos anos “já não é sustentável” e defendeu a alteração dos motores de crescimento para fazer da China “um país inovador”. “Temos vontade de fazer ajustamentos dolorosos e de abordar os problemas que se criaram ao longo de muitos anos”, sublinhou, na véspera da cimeira do G20, que decorre até esta segunda-feira naquela cidade chinesa.
O Presidente assinalou que a economia chinesa se encontra num “novo ponto de partida” para transformar o seu crescimento, manifestando “confiança” para enfrentar esta transição, uma vez que “o medo de avançar é uma oportunidade perdida”. “As reformas são cruciais para manter uma taxa de crescimento média-alta”, assegurou o Presidente chinês.
Xi Jinping afirmou ainda que a economia chinesa pretende “integrar-se mais no mundo e abrir-se mais ao mundo” e anunciou que a China vai facilitar o acesso do investimento estrangeiro no seu território, acelerar as negociações de tratados de comércio livre com outros países e intensificar os seus esforços para tornar o yuan uma divisa internacional.

5 Set 2016

Corações de atum | Dez nações da Ásia-Pacífico falham acordo

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]ez nações da Ásia-Pacífico terminaram ontem uma reunião de cinco dias sem chegarem a um consenso sobre as medidas a tomar para proteger o atum rabilho do Pacífico (Thunnus orientalis), uma situação já criticada por ambientalistas. Japão, China, Estados Unidos, Fidji, Vanuatu, Canadá, Coreia do Sul, Filipinas, ilhas Cook e Taiwan, membros da Comissão das Pescas do Pacífico Ocidental e Central (WCPFC, na sigla em inglês), “não conseguiram chegar a acordo”, no final de cinco dias de discussões na cidade de Fukuoka (sudoeste), indicou a agência japonesa das pescas num comunicado. Associações ecologistas deram conta da sua frustração, considerando a Greenpeace que este resultado é “extremamente lamentável quando os stocks de atum rabilho estão numa situação de emergência”. Perto de 60% das capturas de atum no mundo são feitas no Pacífico. Face ao declínio das reservas, a comissão decidiu o ano passado regular a pesca, devendo os detalhes ser definidos no encontro que ontem terminou. As discussões deverão ser retomadas em Setembro do próximo ano na Coreia do Sul, disse à agência France Presse um responsável japonês, Kazuya Fukaya. O atum rabilho do Pacífico é reconhecido desde 1999 como uma espécie distinta do atum rabilho do Atlântico (Thunnus thynnus), igualmente ameaçado.

5 Set 2016

Duterte declara “estado de anarquia” após atentado nas Filipinas

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, declarou sábado o “estado de anarquia” no país, após o atentado à bomba na noite de sexta-feira na cidade de Davao, no sul, o qual provocou a morte de pelo menos 14 pessoas e 67 feridas.
“Vivemos tempos extraordinários. Estamos a tentar lidar com esta crise agora. Parece que há um ambiente de anarquia”, disse o Presidente filipino à imprensa no local do atentado, horas depois da explosão.
Segundo o chefe de Estado, a medida implica um aumento da presença de militares e de polícias em todo o país para combater a ameaça terrorista.

Radicais acusados

O grupo radical islamita Abu Sayyaf foi responsável pelo atentado à bomba na terra natal do Presidente filipino, Rodrigo Duterte, disse sábado a presidente da câmara.
“O Gabinete do Presidente enviou uma mensagem de texto para confirmar que foi uma retaliação do Abu Sayyaf. Nós, no município, estamos a tratar este caso como uma retaliação do Abu Sayyaf”, disse à CNN Filipinas Sarah Duterte, que além de autarca é filha do Presidente Duterte.
O ministro da Defesa, Delfin Lorenzana, também atribuiu o ataque de sexta-feira ao Abu Sayyaf, um grupo islâmico que prometeu lealdade ao Estado islâmico.
“Ninguém assumiu a responsabilidade, mas só podemos concluir que foi cometido pelo grupo terrorista Abu Sayyaf, que causou muitas perdas em Jolo nas últimas semanas”, disse Lorenzana.
O Presidente Duterte lançou uma ofensiva militar contra o Abu Sayyaf.
Na segunda-feira, cinco soldados foram mortos em confrontos com o grupo islâmico na ilha de Jolo, um importante reduto do Abu Sayyaf, a 900 quilómetros de Davao.
 A Amnistia Internacional (AI) instou também sábado o Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, a respeitar os direitos humanos na resposta ao atentado de sexta-feira.
“A total indiferença demonstrada pelos atacantes pelo direito à vida não deve respondida com uma acção governamental que não tenha em conta os direitos humanos”, indica em comunicado Champa Patel, investigador para a região do sudeste asiático e Pacífico da AI.

5 Set 2016

Hong Kong | Debate sobre independência está para durar

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] debate sobre a independência de Hong Kong reflecte a frustração política local e, 19 anos após a transição para a China, vai continuar após as eleições de domingo, apesar das tentativas do governo para erradicar o assunto, consideram académicos.
Seis aspirantes a lugares de deputado ao Conselho Legislativo da Região Administrativa Especial chinesa foram impedidos de concorrer às eleições de domingo pelas suas posições pró-independência.
A ideia da independência é considerada ilegal pelas autoridades locais e pelo governo central em Pequim e permanecia um tabu até à recente emergência de novos grupos políticos, designados ‘localists’ (localistas), que apelam para uma ruptura.
Estas formações foram criadas por iniciativa de jovens desiludidos com a “revolta dos guarda-chuvas”, uma mobilização pela democracia que agitou Hong Kong em 2014, mas fracassou na tentativa de obter concessões políticas da China.
“A independência nunca foi seriamente debatida nos anos 1980 ou 1990 [quando se estava a preparar a transferência da soberania da Grã-Bretanha para a China]”, disse à agência Lusa Chung Kim Wah, professor da Hong Kong Polytechnic University.
O académico, então estudante universitário, recorda que apesar de a opção ter sido brevemente mencionada, nessa altura, “até os jovens acreditavam que era chegada a hora de apagar o passado colonial e voltar para a mãe-pátria”.
“Desta vez é diferente porque os jovens têm vindo a perder a paciência com a reforma política de Hong Kong e muitos acreditam que os princípios ‘Hong Kong governado pelas suas gentes’ e ‘Hong Kong, um país, dois sistemas’ falharam totalmente por causa da intervenção de Pequim, por isso querem uma alternativa”, afirmou.

Temores da terra

Desde a transferência da soberania em 1997 que Hong Kong beneficia de um regime de “ampla autonomia” e teoricamente usufrui até 2047 de liberdades que não são aplicáveis no restante território da China, mas nos últimos anos tem aumentado a preocupação com a interferência de Pequim nos assuntos da região administrativa especial.
Em Julho, uma sondagem da Chinese University of Hong Kong indicou que 17% dos cerca de mil inquiridos apoiam a independência.
Observadores como Sonny Lo, da Education University, são, no entanto, cautelosos na análise dos dados, porque o conceito de independência “continua ambíguo” e “apenas uma minoria parece falar da independência territorial, que viola a Lei Básica [miniconstituição] e foi a justificação usada para excluir candidatos às actuais eleições”.
“Não sabemos o significado de independência, porque alguns dos 17% dos inquiridos identificam-na com um elevado grau de autonomia, não sendo uma separação territorial da China, mas mais a autonomia institucional da cidade, ou seja, querem um sistema político relativamente livre da intervenção de Pequim”, observou.

No terreno

No início de Agosto, Hong Kong registou a primeira manifestação a favor da independência, com pelo menos mil pessoas concentradas num parque junto ao Conselho Legislativo, na presença de candidatos desqualificados, como Edward Leung, do grupo Hong Kong Indigenous.
“O facto de o governo ter feito uso de funcionários públicos [da Comissão Eleitoral] para desqualificar candidaturas tornou o tema ainda mais quente nos fóruns eleitorais. (…) É uma reacção por causa da reacção tonta do governo”, disse Chung Kim Wah.
“Mas enquanto os que defendem a independência não tiverem capacidade real para fazer alguma acção concreta, não constituem uma ameaça à soberania e futuro de Hong Kong”, acrescentou.
Nas últimas semanas, estudantes do ensino secundário, incentivados por um novo grupo designado ‘Studentlocalism’, formaram mais de duas dezenas de grupos para discutir a independência, levando as autoridades locais a condenar os debates nas escolas.
Para Phil C. W. Chan, do Institute for Security and Development Policy, a “reacção alarmista” dos governos local e central pode ser justificada pelo facto de o movimento pró-democracia desencadeado nos últimos anos ser liderado por jovens.
Mas mesmo se estes activistas viessem a ser eleitos, o Conselho Legislativo “continuaria a ser dominado por deputados pró-negócios, pró-governo e pró-Pequim”, sublinhou o analista, observando ainda que “não há maior poder instalado em Hong Kong do que o do governo central da China”.
“Hong Kong enquanto Estado independente não vai acontecer”, argumentou Phil C. W. Chan.
“A autodeterminação, como vimos nos debates sobre a Escócia, Catalunha e Kosovo, é uma ideia atractiva, enquanto princípio, para as pessoas em Hong Kong. (…) Mas Hong Kong não é o Kosovo”, afirmou.
“Hong Kong é um centro financeiro internacional rico, enquanto o Kosovo faz-nos lembrar a pobreza e a limpeza étnica”, concluiu.

2 Set 2016

China | Actividade industrial sobe para nível mais alto em dois anos

[dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]m Agosto, e de acordo com as autoridades chinesas, o índice de produção na indústria subiu para o nível mais alto dos últimos dois anos. Os peritos que avaliaram a situação chegaram a este valor associando dois indicadores: procura e produção.
O Purchasing Managers Index (PMI) fixou-se em 50,4%, em Agosto, o nível mais alto desde Outubro de 2014, detalham os dados do Gabinete Nacional de Estatísticas (GNE) chinês. É um forte aumento face ao mês anterior, quando o índice se fixou em 49,9%, e supera largamente a previsão da agência Bloomberg, que apontou para os 49,8%.
Quando se encontra acima dos 50 pontos, o PMI sugere uma expansão do sector, pelo que abaixo dessa barreira pressupõe uma contracção de actividade. O índice é tido como um importante indicador mensal do desenvolvimento da segunda maior economia do mundo.

Economia em alta

O resultado “assinala uma recuperação na procura e produção e uma optimização da estrutura”, refere Zhao Qinghe, um analista do GNE, em comunicado.
A actividade da indústria manufactureira da China, um importante motor de crescimento económico do país, tem vindo a revelar-se volátil desde há vários meses, face à queda na procura global por produtos chineses e o excesso de capacidade industrial no sector secundário do país, após o fim do “boom” no sector da construção.
Zhao apontou ainda para persistentes pressões descendentes nas exportações e importações, devido à frágil recuperação da economia mundial.
Cerca de 40% das empresas inquiridas admitiram enfrentar dificuldades financeiras, enquanto cada vez mais firmas enfrentam a subida dos custos de mão-de-obra e da logística, referiu Zhao.
Após a crise financeira de 2008, a China foi o principal motor da recuperação da economia mundial, mas, no ano passado, cresceu ao ritmo mais lento do último quarto de século , 6,9%, e voltou a abrandar na primeira metade de 2016.
Pequim tem encontrado obstáculos no processo de reconfiguração do seu modelo económico, que visa apostar no consumo interno, em detrimento do investimento em infra-estruturas, como motor de crescimento.
Os dados ontem difundidos pelo GNE revelam que as pequenas e médias empresas têm enfrentado maiores dificuldades do que os grandes grupos que têm acesso mais fácil a crédito e ao mercado.

2 Set 2016

Empresas da UE apelam ao fim de tratamento “desigual”

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Câmara do Comércio da União Europeia (UE) na China criticou ontem o “tratamento” desigual dado ao investimento no país e apelou ao fim das interdições impostas ao capital estrangeiro, ameaçado com o acesso ao mercado europeu.
“Para os chineses, a Europa é um ‘buffet’ variado, onde tudo decorre com facilidade, enquanto [na China], para nós, são quatro pratos e uma sopa”, afirmou o presidente do grupo, Jorg Wuttke, em Pequim.
O comentário surge numa altura em que grupos chineses fazem grandes aquisições em empresas, clubes de futebol, infra-estruturas, aeroportos ou portos europeus.
Em Portugal, por exemplo, o país asiático tornou-se, nos últimos anos, um dos principais investidores, comprando participações importantes nas áreas da energia, dos seguros, da saúde e da banca.
Mas, “enquanto a Europa dá as boas vidas ao investimento estrangeiro, a falta de reciprocidade é insustentável e poderá levar ao proteccionismo e ao aumento das tensões”, lê-se num comunicado difundido ontem pela Câmara do Comércio.
A mesma nota refere que é do interesse da China aliviar as restrições e demonstrar que Pequim “apoia princípios aceites globalmente”.
O investimento chinês na Europa aumentou 44%, em 2015, face ao ano anterior, para 20 mil milhões de euros.
O governo chinês tem encorajado as empresas do país a investir além-fronteiras, como forma de assegurar fontes confiáveis de retornos, face aos sinais de abrandamento na economia doméstica, e adquirir tecnologia avançada, visando tornar as empresas chinesas mais competitivas em sectores como a indústria aeroespacial, agro-industrial e robótica.
No primeiro semestre de 2016, a estatal China National Chemical Corp ofereceu 43 mil milhões de dólares pela gigante suíça de pesticidas e sementes Syngenta, no que será de longe a maior aquisição de sempre da China no exterior.
Entre outros investimentos mediáticos protagonizados pela China constam o banco alemão Hauck & Aufhauser, o fabricante de pneus italiano Pirelli e a fornecedora de sistemas robóticos Kuka.
No mês passado, o grupo de investimento chinês Fosun propôs comprar 16,7% do capital do banco português BCP, por um preço que deverá ser de 236 milhões de euros, e que poderá reforçar posteriormente a sua participação “para entre 20% a 30%”.
Só em Portugal, aquele grupo detém já a Fidelidade, a Espírito Santo Saúde, reconvertida em Luz Saúde, e uma participação de 5,3% na REN (Redes Energéticas Nacionais).

Vantagem de cá

A Câmara do Comércio da UE em Pequim afirma que “seria quase impossível imaginar” que investidores europeus fossem autorizados a investir em empresas chinesas deste calibre, referindo-se ao paradigma actual como um resultado “benéfico para apenas um lado”.
A China surge na 84.ª posição – atrás da Arábia Saudita e da Ucrânia – no ranking do Banco Mundial que avalia a facilidade de fazer negócios em diferentes países.
No relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), a República Popular da China surge em penúltimo, no que toca às restrições impostas ao investimento estrangeiro.
Caso Pequim não reduza as barreiras do mercado chinês, arrisca-se a perder o livre acesso ao mercado europeu, porque o contrário seria “politicamente inaceitável”, frisou Wuttke.
“O contraste absoluto entre [o fluxo de investimento chinês para a Europa] e um mercado chinês vedado levará muitas pessoas a chegar à conclusão de que a China se está a aproveitar de nós”, disse.
“Como vimos com o Brexit (o referendo que ditou a saída do Reino Unido da União Europeia), a globalização também produz perdedores, e os perdedores têm uma voz política”, continuou.
Alguns partidos na Europa poderão vencer eleições com “argumentos contra a China”, notou Wuttke, referindo-se aos protestos de milhares de trabalhadores da indústria do aço, em Bruxelas, contra o impacto negativo do país asiático no sector.
A China produz hoje mais aço do que os outros quatro gigantes do sector – Japão, Índia, EUA e Rússia – combinados, levando à queda dos preços nos mercados internacionais.
No mês passado, a UE aprovou medidas ‘antidumping’ (produção subsidiada) nas importações de aço laminado a frio da China.
As exportações de aço da China para a Europa aumentaram 28%, no primeiro trimestre do ano, enquanto os preços recuaram mais de 30%.

2 Set 2016

Tailândia | Líder de rede de tráfico de migrantes condenado a 35 anos de prisão

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m tailandês acusado de liderar uma ampla rede de tráfico de migrantes, sobretudo pessoas da minoria rohingya (minoria muçulmana existente na Birmânia), foi condenado a 35 anos de prisão, divulgaram ontem as autoridades tailandesas.
O homem, identificado como Sunand Saengthong, foi condenado na quarta-feira por um tribunal de Pak Phanang, no sul da Tailândia.
Com base em testemunhos e nos registos bancários, o tribunal concluiu que o acusado era “um coordenador do tráfico de [migrantes] rohingya”.
Na altura da sua detenção, em Janeiro, várias pessoas da minoria rohingya foram descobertas em veículos sobrelotados, algumas não resistiram e morreram de asfixia, segundo recordou a Comissão asiática de Direitos Humanos, que acompanhou o julgamento.

Ponto chave

O sul da Tailândia, na fronteira com a Malásia, tem sido ao longo dos anos um importante ponto do tráfico ilegal de migrantes, em muito alimentado por pessoas da minoria rohingya que fogem da opressão de que são vítimas há décadas na Birmânia. Também é comum encontrar muitos cidadãos do Bangladesh que tentam fugir da pobreza.
No entanto, desde 2015, a junta militar no poder em Banguecoque decidiu acabar com esta actividade muito lucrativa, na qual elementos das forças de segurança também estavam envolvidos.
Na sequência desta decisão, várias embarcações provenientes da Birmânia e do Bangladesh que transportavam migrantes foram abandonadas por passadores nas costas tailandesas em Maio de 2015. Também foram descobertos campos de transição na selva no sul da Tailândia, com sepulturas de migrantes que não terão resistido à longa viagem.
Mais de uma centena de traficantes, incluindo um general, foram detidos na Tailândia no âmbito do endurecimento das medidas do governo tailandês.
O secretário-geral da ONU pediu esta semana ao governo da líder birmanesa Aung San Suu Kyi para conceder a cidadania aos vários milhares de rohingya que vivem naquele país.
“Transmito as preocupações da comunidade internacional sobre as dezenas de milhares de pessoas que vivem em condições muito duras em acampamentos há mais de quatro anos”, declarou Ban Ki-moon, durante uma conferência de imprensa conjunta com Aung San Suu Kyi em Naypyidaw, capital administrativa da Birmânia.
A minoria rohingya, composta por cerca de um milhão de pessoas, continua ainda a ser considerada como uma comunidade de imigrantes ilegais do vizinho Bangladesh, apesar de alguns viverem na Birmânia há várias gerações.
Muitos deles vivem em acampamentos na região oeste do país, depois dos incidentes intercomunitários de grande violência ocorridos em 2012.

2 Set 2016

Alumínio | Empresa norte-americana comprada por milionário chinês

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m empresário da China decidiu pagar 2,33 mil milhões de dólares pela produtora de alumínio norte-americana Aleris Corporation. A Zhongwang USA, uma firma de investimentos controlada por Liu Zhongtian, anunciou em comunicado que vai pagar 1,11 mil milhões de dólares pela Aleris, que tem sede na cidade norte-americana de Cleveland, e pagar as dívidas da empresa, avaliadas em 1,22 mil milhões.
Liu é o fundador e presidente da Zhongwang China, que está cotada na bolsa de Hong Kong, e é a segunda maior fabricante do mundo de produtos industriais de extrusão de alumínio. O seu património líquido está avaliado em 3,1 mil milhões de dólares, segundo a revista norte-americana Forbes.”Esta aquisição é uma expansão internacional que visa estabelecer uma base de negócios complementares”, afirma o comunicado.
A Aleria tem 13 unidades de produção espalhadas pelos Estados Unidos da América, Europa e China, e é fornecedora de importantes construtoras, como a Airbus, Boeing e Bombardier.
Desde o início do ano, as empresas chinesas já anunciaram mais de 3,9 mil milhões de dólares em aquisições fora do país, nos sectores indústria farmacêutica, biotecnologia e saúde, dez vezes o valor total gasto em 2012, segundo a Bloomberg. O governo chinês tem encorajado as empresas do país a investir além fronteiras como forma de assegurar matérias-primas e fontes confiáveis de retornos, face aos sinais de abrandamento na economia doméstica.
No início do mês, o grupo de investimento chinês Fosun propôs comprar 16,7% do capital do Banco português BCP, por um preço que deverá rondar os 236 milhões de euros, e que poderá reforçar posteriormente a sua participação “para entre 20% a 30%”. Só em Portugal, aquele grupo detém já a Fidelidade, a Espírito Santo Saúde, reconvertida em Luz Saúde, e uma participação de 5,3% na REN (Redes Energéticas Nacionais).

1 Set 2016

China | Bancos alertam para aumento do crédito mal parado

Cada vez mais os chineses têm dificuldade em saldar as suas dívidas. Quem o diz são os gigantes bancários do país que alertam para o aumento do crédito mal parado

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s quatro maiores bancos estatais chineses anunciaram um aumento do crédito mal parado, no primeiro semestre do ano, numa altura em que a economia chinesa cresce ao menor ritmo do último quarto de século. Em comunicado enviado à bolsa de Hong Kong, o ICBC, o maior banco do mundo em capitalização em bolsa e por depósitos, revelou que a taxa de incumprimento entre os devedores em Junho, subiu para 1,55%, acima do valor registado no mesmo mês do ano passado, de 1,50%.
A mesma nota detalha que, no primeiro semestre, os lucros do banco subiram 0,8%, em termos homólogos.
Os três outros gigantes estatais anunciaram também um aumento no crédito mal parado, à medida que Pequim recorre a crédito barato visando impulsionar o crescimento económico.
O Banco da China, o mais utilizado para troca de divisas estrangeiras, disse na terça-feira que a quantidade de crédito malparado subiu para 1,47%, no final de Junho, acima do valor de 1,43% registado em Dezembro 2015.
Na semana passada, o China Construction Bank, o segundo maior credor do país, anunciou um aumento da taxa de incumprimento de 0,05%, para 1,63%, enquanto o Agricultural Bank of China fixou aquela cifra em 2,40%, ligeiramente acima do registado no ano passado.
No final do ano passado, o endividamento da China atingiu os 168,48 biliões de yuan o equivalente a 249% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo estimativas da Academia de Ciências Sociais da China. A mesma fonte diz ainda que o maior risco reside no sector corporativo não financeiro, no qual a proporção da dívida em relação ao PIB é estimada em 156%, incluindo as dívidas contraídas por mecanismos de financiamento dos governos locais.
Em Junho passado, um funcionário da Comissão Reguladora do Sistema Bancário da China revelou que nos últimos três anos, os bancos do país amortizaram mais de 300.000 milhões de dólares em crédito mal parado, mais de três vezes o valor do resgate económico acordado em 2011 entre o Governo português e a “troika”.
A economia chinesa cresceu 6,9%, em 2015, o ritmo mais lento dos últimos 25 anos.

1 Set 2016

Sócia da Uber fecha acordos com 50 empresas de táxis

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] aplicativo de transporte chinês Didi Chuxing, que este mês adquiriu as operações da Uber na China, assinou ontem acordos de cooperação com 50 companhias locais de táxis, prevendo ampliar as suas operações conjuntas.
Os acordos prevêem que o Didi Chuxing disponibilize às empresas os pedidos dos utilizadores do seu aplicativo móvel e a informação recolhida pela sua unidade de ‘big data’ (processamento em massa de dados dos clientes), para melhorarem a sua eficiência.
As 50 empresas que se aliaram ao Didi Chuxing, uma firma na qual a Apple investiu 1.000 milhões de dólares em Maio passado, operam numa dezena de cidades chinesas, entre as quais Pequim e Xangai.
Com este modelo, a empresa chinesa inclui no seu aplicativo os serviços de 1,8 milhões de taxistas, em 380 cidades, e de condutores privados, em 400.
A firma, que tem uma quota de quase 90% do mercado chinês, recebendo por dia cerca de 16 milhões de pedidos, garante que melhorou o sistema para solicitar um táxi, permitindo saber a distância entre os clientes e os condutores, estado do trânsito, e a oferta e procura.

1 Set 2016

China | Demolido um dos maiores altos-fornos do noroeste do país

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m dos maiores altos-fornos do noroeste da China, utilizado na produção de ferro, foi ontem demolido, numa altura em que a segunda maior economia mundial tenta eliminar o excesso de capacidade de produção no sector secundário.
Segundo a agência noticiosa oficial Xinhua, 200 trabalhadores iniciaram a demolição do alto-forno número 2 do Baogang Group, uma estrutura com meio século de existência e 1.800 metros cúbicos de dimensão.
A sua capacidade de produção anual está fixada em 1,33 milhões de toneladas de ferro
No conjunto, a estrutura do forno, oleodutos e outras partes da construção pesam 10 mil toneladas, segundo técnicos responsáveis pela demolição, citados pela Xinhua.
É o maior forno a ser demolido na China, desde que Pequim anunciou um plano designado “reforma do lado da oferta”, que visa reduzir o excesso de capacidade na indústria pesada, refere a agência.
No ano passado, o maior grupo especializado em exploração de carvão, no noroeste da China, anunciou que vai eliminar 100.000 postos de trabalho até 2018, para “tentar minimizar os prejuízos”, num dos maiores despedimentos em massa registados no país nos últimos anos.
De acordo com o Ministério de Recursos Humanos e Segurança Social da China, só nas indústrias do carvão e do aço, a China deverá extinguir 1,8 milhão de empregos.
Depois de três décadas a crescer em média quase 10% ao ano, a China cresceu 6,9%, no ano passado, o ritmo mais lento do último quarto de século, enquanto o rápido processo de urbanização regista sinais de abrandamento.
Pequim quer transformar o sector dos serviços e o consumo interno nos novos motores de crescimento económico.

1 Set 2016

Direitos Humanos | HRW apela ao G20 para pressionar a China

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s líderes dos países membros do G20, que se reunirão na próxima semana na China, devem apelar ao Governo chinês para que acabe com a repressão “implacável” sobre activistas chineses, defendeu a organização não-governamental Human Rights Watch (HRW).
Numa carta dirigida aos líderes das maiores economias do mundo, a organização de defesa dos Direitos Humanos apela ainda para o protesto contra as restrições impostas por Pequim à participação de grupos da sociedade civil na Cimeira do G20.
“O desprezo da China por activistas é evidente na repressão levada a cabo no seu território e nas restrições impostas durante a Cimeira do G20”, afirma em comunicado divulgado ontem Sophie Richardson, directora para a China da Human Rights Watch.
“É importante que os líderes do G20 chamem a atenção, publicamente e em privado, para as práticas abusivas da China, ou então que partilhem da culpa pelo vergonhoso tratamento dado aos activistas durante a Cimeira”, acrescentou.

Controlo apertado

A organização aponta os esforços chineses para reprimir a sociedade civil, incluindo sobre manifestantes anti-corrupção ou activistas pelos direitos dos trabalhadores, recorrendo a ameaças e perseguição, ou a leis restritivas, como a nova directriz que limita a actuação das organizações não-governamentais.
Durante a liderança do actual Presidente chinês, Xi Jinping, as autoridades reforçaram o controlo sob académicos, advogados e jornalistas.
A carta foi enviada para a Argentina, Austrália, Canadá, União Europeia, França, Alemanha, Índia, Indonésia, Japão, México, Coreia do Sul, Reino Unido e Estados Unidos da América.
“Se o G20 quer seriamente ouvir grupos da sociedade civil, os seus líderes devem então visitar as prisões chinesas, e não as salas de conferências de Hangzhou”, apontou Richardson.
“Permitir que a China receba este evento e permanecer em silêncio sobre os abusos irá enviar ao Governo chinês – e às pessoas na China – uma mensagem completamente errada”, apontou.
Ao contrário dos governos e da opinião pública dos países mais ricos, que tendem a enfatizar a importância da liberdade política individual, as autoridades chinesas defendem “o direito ao desenvolvimento” como “o mais importante dos direitos humanos”.

1 Set 2016

China | Trabalhadores de férias e fábricas fechadas para G20

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s autoridades estão a preparar-se para a chegada da cimeira do G20, que reúne 20 potências económicas na China. Ordenaram aos trabalhadores que gozassem férias de 1 a 7 de Setembro e pediram que o fizessem, de preferência, fora da cidade. Algumas fábricas vão fechar durante 12 dias bem como estabelecimentos na baixa do município de Hangzhou, de acordo com informação veiculada em conta oficial nas redes socais. Todos os esforços são no sentido de diminuir os níveis de poluição e permitir um céu azul.
Esta não é a primeira vez que a China tenta aliviar os índices de poluição com o encerramento obrigatório de algumas fábricas em várias das principais cidades. A última vez que tal aconteceu foi no ano passado, por ocasião de uma grande parada militar para assinalar o aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial. Desde esse dia a atmosfera limpa foi baptizada, pelos chineses, como “azul parada” fazendo eco do “azul APEC” que puderam apreciar em 2014, antes da cimeira do grupo de Cooperação Económica Ásia-Pacífico em Pequim
Por estes dias a ordem para encerramento abrange as unidades de produção de químicos, materiais de construção e manufactura de têxteis que se estendem de Xangai a outras quatro províncias, de acordo com páginas oficiais da internet.
Para além de tentar despoluir o ambiente, as autoridades tentam também descongestionar o trânsito e permitir que a circulação seja mais fácil.
A Cimeira realiza-se nos dias 4 e 5 de Setembro.

31 Ago 2016

Anterior chefe máximo do Tibete nomeado para Xinjiang

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Partido Comunista da China (PCC) anunciou a nomeação de Chen Quanguo como novo responsável máximo da organização na região autónoma de Xinjiang depois deste ter ocupado, até à data, aquele cargo no Tibete. Estas são as duas regiões chinesas mais vulneráveis ao separatismo.
O Tibete foi ocupado por tropas chinesas em 1951. A 14 de Março de 2008 várias manifestações degeneraram em violência em Lassa, capital da região autónoma, e em locais onde residem minorias tibetanas, causando 21 mortos, de acordo com Pequim, e mais de 200, segundo o governo tibetano no exílio.
Chen Quanguo que é da etnia chinesa maioritária han, assumiu o cargo de secretário-geral do PCC, o mais importante nas regiões autónomas chinesas, no Tibete em 2011. Desde então, “a região permaneceu estável e alcançou um rápido crescimento económico”, referiu o jornal oficial China Daily.
A sua chegada a Xinjiang, palco dos mais violentos conflitos étnicos registados nas últimas décadas na China, ocorre num período em que Pequim intensifica a luta contra o “separatismo” nesta região habitada pela minoria étnica chinesa de origem muçulmana uigur e a maioria han, predominante em cargos de poder político e empresarial regional.
Peritos e grupos de defesa dos Direitos Humanos consideraram que a política repressiva de Pequim relativamente à cultura e religião dos uigures alimenta as tensões étnicas. O Governo chinês acusa o que considera ser grupos separatistas exilados, como o Movimento Islâmico do Turquestão Oriental, de estar por detrás dos ataques terroristas ocorridos no Xinjiang.”Prevenir actividades terroristas tem sido o maior desafio para os altos funcionários no Xinjiang, que tem sido a linha da frente da China no combate ao terrorismo”, apontou o China Daily.
Chen substituiu Zhang Chunxian que foi nomeado secretário do PCC no Xinjiang, em 2010, meses após terem acontecido tumultos entre uigures e han de onde resultaram cerca de 200 mortos e 1.700 feridos.
O PCC anunciou também a substituição dos secretários gerais das províncias de Hunan e Yunnan no sul do país, por dois aliados do Presidente chinês, Xi Jinping, que trabalhou junto com este na sua época como principal responsável do partido em Xangai, a “capital” económica da China.
 

31 Ago 2016