Economia | Vice-primeiro-ministro em Washington na próxima semana

[dropcap style=’circle’] O [/dropcap] vice-primeiro-ministro chinês Liu He desloca-se “na próxima semana” a Washington, para retomar as negociações com as autoridades norte-americanas, visando evitar uma guerra comercial entre as duas maiores economias do planeta, informou a Casa Branca.

Liu He, principal encarregado da política económica do país asiático, liderou na semana passada uma primeira ronda de negociações com uma delegação norte-americana chefiada pelo secretário do Tesouro, Steven Mnuchin.
As conversações não terminaram, no entanto, com um acordo que permita pôr fim às crescentes disputas comerciais.
“O responsável pelas questões económicas do executivo chinês, o vice-primeiro-ministro, virá a Washington na próxima semana para continuar as discussões” com a administração de Donald Trump, anunciou a porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders.
Liu He, antigo aluno da universidade norte-americana de Harvard, é conhecido pelo seu domínio da língua inglesa.
O Presidente dos EUA quer reduzir o deficit na balança comercial com a China e exige que Pequim garanta às empresas norte-americanas uma melhor protecção dos direitos de propriedade intelectual. Segundo um documento divulgado pela agência Bloomberg, e apresentado como ponto de partida para as negociações em Pequim, Trump exige uma redução do deficit comercial dos EUA com a China de “pelo menos” 200.000 milhões de dólares, até 2020. Trump exige ainda que as taxas alfandegárias chinesas sejam reduzidas para os valores praticados pelos EUA e o fim de subsídios estatais para certos sectores industriais estratégicos.

Em recuperação
As exportações chinesas recuperaram no mês passado, depois de caírem em Fevereiro, segundo dados ontem divulgados, que revelaram ainda um aumento no superavit com os Estados Unidos, fonte de uma intensa disputa comercial com Washington.
As alfândegas chinesas anunciaram uma subida das exportações de 21,5 por cento, face a Abril de 2017, depois de terem recuado 2,7 por cento, em Março.
As importações medidas em dólares aumentaram 12,9 por cento, fixando o superavit chinês em 28,8 mil milhões de dólares. No mês passado, a balança comercial chinesa registou um raro deficit de 5 mil milhões de dólares.
No mesmo mês, o superavit da China nas trocas comerciais com os EUA fixou-se em 22,2 mil milhões de dólares, depois de em Março se ter fixado nos 15,4 mil milhões.
Os dados ontem anunciados surgem numa altura de crescente tensão entre Washington e Pequim, em torno do crónico deficit norte-americano nos negócios com a China. Entre Janeiro e Abril, a China registou um superavit de 80,4 mil milhões de dólares nas trocas comerciais com os EUA.
Pelas contas do Governo chinês, no ano passado, a China registou um superavit de 275,8 mil milhões de dólares no comércio com os EUA. As contas de Washington fixam o superavit chinês ainda mais acima, em 375,2 mil milhões de dólares.

9 Mai 2018

Empresa de telecomunicações ZTE, da China, apela aos EUA que suspendam sanção na compra de componentes

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] gigante de telecomunicações chinesa ZTE entrou com um recurso nos Estados Unidos que visa suspender a sanção que proíbe a empresa de comprar componentes norte-americanos, numa altura de crescentes disputas comerciais entre Pequim e Washington.

A ZTE, responsável pelo desenvolvimento da infraestrutura 5G na China, anunciou no domingo que solicitou ao Departamento de Comércio dos EUA a suspensão da sanção. Pequim criticou também a decisão junto das autoridades norte-americanas, durante as negociações da semana passada, em Pequim, em torno das disputas comerciais, com uma delegação dos EUA chefiada pelo secretário do Tesouro norte-americano, Steven Mnuchin.

Segundo um comunicado do ministério do Comércio da China, a delegação prometeu repassar os protestos da China ao Presidente norte-americano, Donald Trump.

No mês passado, Washington decidiu pôr fim às exportações de componentes destinadas ao grupo chinês ZTE, devido a declarações fraudulentas num inquérito sobre a investigação ao embargo imposto ao Irão e à Coreia do Norte. Os Estados Unidos já tinham aplicado, em Março de 2017, uma multa de 1,2 mil milhões de dólares ao grupo chinês das telecomunicações ZTE por ter violado o embargo aos dois países.

Em 2016, o grupo chinês assumiu a responsabilidade por ter adquirido equipamento aos Estados Unidos e os ter reexportado para o Irão e a Coreia do Norte, apesar das sanções impostas aos dois países devido aos seus programas militares e a violações dos direitos humanos. A decisão de Washington ameaça a sobrevivência da gigante das telecomunicações, que depende de tecnologia norte-americana, como chips e o sistema operacional Android, para fabricar dispositivos móveis.

A sanção surge num período de crescentes disputas comerciais entre Pequim e Washington. Na raiz desta disputa está o plano de Pequim, designado “Made in China 2025”, para transformar o país numa potência tecnológica, com capacidades nos sectores de alto valor agregado, incluindo inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros eléctricos.

Segundo o banco de investimento CICC, a ZTE tem em stock componentes para um ou dois meses, antes que a sanção comece a afectar os seus negócios. A negociação de títulos da ZTE nas Bolsas de Valores de Hong Kong e Shenzhen foram, entretanto, suspensas desde a decisão dos EUA.

8 Mai 2018

Diplomacia | Singapura acolherá em Junho cimeira Kim-Trump

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] histórica cimeira entre o Presidente norte-americano, Donald Trump, e o líder norte-coreano, Kim Jong-un, realiza-se em meados de Junho em Singapura, noticiou ontem o diário sul-coreano Chosun Ilbo. Trump disse na sexta-feira que a data e o local do encontro tinham sido definidos e seriam em breve anunciados.

A cimeira decorrerá “em meados de Junho”, afirma o Chosun Ilbo, citando fontes diplomáticas que obtiveram a informação do conselheiro norte-americano para a Segurança Nacional, John Bolton. A agência de notícias sul-coreana Yonhap também tinha indicado, no fim de semana, que o local favorito para o encontro Trump-Kim era Singapura.

Trump tinha anteriormente dado a entender que a Zona Desmilitarizada (DMZ), onde se realizou no final de Abril a terceira cimeira entre as duas Coreias, poderia ser apropriada para o seu encontro com Kim Jong-un. A Mongólia e a Suíça foram igualmente apontadas como locais possíveis.

8 Mai 2018

PCC | Membros provam lealdade em teste de realidade virtual

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s membros do Partido Comunista da China (PCC) da cidade de Binzhou, na província oriental de Shandong, serão os primeiros do sistema político chinês a demonstrar a sua lealdade ao partido por meio de testes de realidade virtual. Nos testes, avaliam-se, entre outras coisas, a vontade de contribuir para o bem do povo e do próprio partido e se são ou não um modelo ético para a sociedade, segundo o diário Global Times, próximo do Governo de Pequim.

Para fazerem o teste de quase 30 perguntas, que tanto inclui temas de teoria política como questões da vida pessoal, os examinados devem colocar óculos de realidade virtual e entrar numa divisão levando um comando de controlo remoto. As instalações onde decorrem os exames situam-se num centro local do PCC de Binzhou, custaram 92.000 euros e começaram a funcionar em Abril.

Entre as perguntas do teste, há algumas formuladas de forma complexa, como “Estás de acordo que, se não fores corrupto, serás marginalizado?”, à qual os avaliados deverão responder escolhendo a opção “não”, das cinco respostas possíveis.

O objectivo destes testes é determinar os pontos frágeis dos membros do PCC, segundo o Global Times, para que depois possam ser assessorados por especialistas do partido de forma presencial ou remota para os melhorarem.

Contudo, como advertiu Cai Zhiqiang, professor da Escola do Partido, centro de formação dos altos responsáveis do regime, estes exames precisam de ter uma base mais científica para reforçar a fiabilidade dos resultados, que deverão ser utilizados para fomentar a qualidade dos membros do PCC.

8 Mai 2018

Taiwan | Pequim desvaloriza críticas dos EUA

Pequim desvalorizou ontem as críticas de Washington, que classificou como “absurdo orwelliano” as exigências chinesas de que as companhias aéreas estrangeiras não se refiram a Taiwan como um país, por respeito à soberania da China

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] ministério dos Negócios Estrangeiros chinês afirmou que “independentemente do que os Estados Unidos dizem, isso nunca mudará o facto objectivo de que existe apenas uma só China, e que as regiões de Hong Kong, Macau e Taiwan são parte inalienável do território chinês”. “As empresas estrangeiras a operar na China devem respeitar a soberania e integridade territorial da China, cumprir a lei chinesa e respeitar os sentimentos do povo chinês”, afirmou em comunicado Geng Shuang, porta-voz do ministério.

Companhias aéreas norte-americanas e a empresa têxtil espanhola Zara foram forçadas a pedir desculpa à China por se referirem a Taiwan como um país nos seus portais electrónicos ou em publicidade.

Este fim-de-semana, a Casa Branca condenou os esforços chineses em controlar a forma como as companhias aéreas norte-americanas se referem a Taiwan, Hong Kong e Macau. O Governo norte-americano classificou a postura chinesa como “absurdo orwelliano”. Sarah Huckabee Sanders, porta-voz da Casa Branca, afirmou em comunicado que o Presidente norte-americano, Donald Trump, vai “apoiar os americanos que resistem aos esforços do Partido Comunista Chinês em impor as suas noções de politicamente correcto às empresas e cidadãos norte-americanos”.

No ar

Segundo a Casa Branca, a Administração de Aviação Civil da China pediu uma alteração, nas referências a Taiwan, a 36 companhias aéreas estrangeiras.

“Trata-se de um absurdo orwelliano e parte de uma tendência crescente do Partido Comunista Chinês de impor as suas visões políticas aos cidadãos e às empresas americanos”, afirmou Sanders.

A porta-voz disse que a Administração de Donald Trump apelou à China para que “pare de ameaçar e coagir as companhias aéreas e cidadãos norte-americanos”.

O comunicado da Casa Branca surge depois de uma delegação norte-americana, liderada pelo secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, ter regressado de Pequim, onde na semana passada reuniu com as autoridades chinesas para encontrar uma solução para as crescentes disputas comerciais entre as duas potências. Também o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, falou este fim-de-semana por telefone com Yang Jiechi, membro do Politburo do PCC, que “afirmou a importância de uma relação bilateral construtiva e orientada para resultados”.

8 Mai 2018

Economia | Grupo que quer comprar seguros do Montepio enfrenta grave crise

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] grupo chinês CEFC Energy, que quer comprar o ramo segurador do Montepio, atravessa uma grave crise, suscitada pelo desaparecimento do seu presidente e o fracasso do negócio para comprar 14,16 por cento da petrolífera russa Rosneft

As agências de rating chinesas reduziram a classificação do crédito da empresa para nível “lixo”, tornando mais difícil o seu financiamento, numa altura em que os credores processam a firma, visando assegurar activos.

O jornal chinês China Business News escreve que dezenas de instituições que adquiriram obrigações do grupo reuniram-se, este fim-de-semana, num hotel em Xangai, a “capital” financeira da China, para exigir informações sobre a situação financeira do grupo e garantias de reembolso da dívida.

Mais duas reuniões de investidores foram agendadas para ontem e dia 15 de Maio, com um total de 263 milhões de euros em obrigações do grupo a expirar em 21 de Maio.

Com sede em Xangai, o CEFC está no processo de compra das seguradoras do Montepio, enquanto a Fundação Calouste Gulbenkian decidiu pôr termo à negociação que decorria com o grupo para a venda da petrolífera Partex, devido à “incapacidade desta empresa em esclarecer cabalmente” uma investigação ao seu presidente.

O presidente da Associação Mutualista, Tomás Correia, afirmou também já que duvida que a venda do ramo segurador do Montepio ao CEFC se concretize, mesmo que obtenha luz-verde do regulador.

Ye Jianming, fundador e presidente da empresa, está desaparecido desde Março passado, quando a imprensa chinesa avançou que se encontrava “sob investigação” das autoridades na China. Na altura, a empresa negou que o seu presidente estivesse a ser investigado e afirmou que aquelas notícias “não têm fundamento”.

Salada russa

O jornal de Hong Kong South China Morning Post avança também que o governo do município de Xangai tentou assumir o controlo do grupo, através da estatal Shanghai Guosheng, mas a empresa acabou por retroceder, após avaliar a situação financeira do CEFC.

A firma tornou-se mundialmente famosa no ano passado, quando acordou pagar 7,4 mil milhões de euros por 14,16 por cento da petrolífera russa Rosneft. O consórcio que detinha aquela participação, composta pelo fundo soberano do Qatar e a gigante da mineração Glencore, no entanto, anunciaram na sexta-feira que suspenderam o negócio.

Já no ano passado, uma proposta de 92 milhões de euros do CEFC pela empresa financeira norte-americana Cowen Group foi travada pelo governo dos Estados Unidos por motivos de segurança nacional.

Também nos EUA, uma investigação anticorrupção chamou a atenção para o grupo, após Chi Ping Patrick Ho, que geria uma organização não-governamental em Hong Kong financiada pelo CEFC, ter sido acusado por um tribunal de Nova Iorque por corrupção e lavagem de dinheiro. O Departamento de Justiça norte-americano acusa Ho de ter subornado funcionários do Chade e do Uganda em troca de contratos para uma empresa de energia chinesa. Registos públicos indicam que Ho representava a CEFC China’s China Energy Fund, em 2011.

8 Mai 2018

Coreia do Norte acusa EUA de provocar com sanções e ameaças militares

[dropcap style=’circle’] A [/dropcap] Coreia do Norte adverte que a postura da Casa Branca não contribui para a desnuclearização, nem para a paz na região.

Pyongyang lançou essas críticas contra Washington através de um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, num momento em que ambos os países se preparam para a realização de uma cimeira, que irá tratar da desnuclearização, entre o líder norte-coreano, Kim Jong-un, e o Presidente norte-americano, Donald Trump.

O porta-voz acusou os Estados Unidos de “manipular a opinião pública”, afirmando que a vontade de desnuclearizar Pyongyang expressa na Declaração de Panmunjom, “é o resultado da pressão e de sanções”, referiu o responsável norte-coreano, citado pela agência de notícias estatal KCNA. O responsável norte-coreano referia-se à declaração conjunta assinada pelos líderes das Coreias Norte e do Sul na cimeira realizada em 27 de Abril, na fronteira entre os dois países, antes da reunião prevista entre Kim e Trump, prevista para o final de Maio ou início de Junho.

“Os Estados Unidos afirmam que não relaxarão as sanções e a pressão até que a Coreia do Norte abandone completamente as armas nucleares, actuando para agravar a situação na península, deslocando activos estratégicos com a intenção de utilizar a questão dos direitos humanos contra a Coreia do Norte”, disse.

O porta-voz acrescentou que isto tudo é “uma provocação deliberada” contra Pyongyang, “num momento em que a península coreana está a mover-se em direcção à paz e à reconciliação graças à histórica cimeira Norte-Sul”. O responsável norte-coreano enfatizou que os Estados Unidos “não devem interpretar como fraqueza” a vontade pacifista expressada por Pyongyang e adverte que “não seria propício” continuar com a “pressão e ameaças militares”.

Na Declaração de Panmunjom, as Coreias do Norte e do Sul concordaram em trabalhar para alcançar a “completa desnuclearização” da península e comprometeram-se a conseguir a assinatura de um tratado multilateral para acabar com o estado de guerra técnico na região que existe desde a Guerra da Coreia (1950-1953). Espera-se que essas questões também sejam os pontos fulcrais da cimeira entre Kim e Trump, o primeiro encontro da história entre os líderes de Pyongyang e Washington.

7 Mai 2018

Comércio | “Grandes diferenças” no prevalecem entre Pequim e Washington

[dropcap style=’circle’] P [/dropcap] equim e Washington acordaram estabelecer um mecanismo que permita lidar com as crescentes disputas comerciais, mas reconheceram que prevalecem “grandes diferenças” entre os dois países, noticiou a agência oficial chinesa.

A agência noticiosa oficial Xinhua, que cita o ministério chinês do Comércio, afirma que os dois lados abordaram um aumento das exportações norte-americanas para a China, comércio de serviços, protecção de propriedade intelectual e como resolver as disputas em torno da implementação de taxas alfandegárias.

Os dois lados “chegaram a um consenso em algumas matérias”, refere a agência, sem avançar com mais detalhes.

Também o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Steven Mnuchin, deu um sinal positivo sobre as negociações com as autoridades chinesas, que decorreram em Pequim. “As conversas estão a correr bem”, disse, num breve comentário aos jornalistas.

O Presidente dos EUA, Donald Trump, quer reduzir em 100.000 milhões de dólares o deficit na balança comercial com a China e exige que Pequim garanta às empresas norte-americanas uma melhor protecção dos direitos de propriedade intelectual. A sua administração ameaçou subir as taxas alfandegárias sobre um total de 150.000 milhões de dólares em exportações chinesas para o país, incluindo produtos do sector da aeronáutica, tecnologias de informação e comunicação ou robótica.

Em retaliação, Pequim ameaçou subir as taxas alfandegárias sobre uma lista de produtos norte-americanos, cujas exportações para a China se fixaram, no ano passado, no mesmo valor.

 

 

 

Expectativas vs realidade

Continua a não ser claro se as negociações desta semana vão levar as autoridades de ambos os países a anular aquelas medidas, que perturbaram as praças financeiras em todo o mundo, temendo uma guerra comercial entre as duas maiores economias do planeta.

Analistas consideram ser difícil China e EUA chegarem a um consenso, tendo em conta a forte incompatibilidade entre as estratégias de ambos para o sector tecnológico, no qual Pequim ambiciona competir com Washington.

O jornal oficial China Daily lembra que é normal que existam diferenças entre os EUA e a China em torno de questões comerciais, mas que os recentes “ataques mostram o quão acesas se tornaram as disputas e o quão difícil será para os dois lados ficarem satisfeitos”. Um acordo é apenas possível se os “dois lados tiveram expectativas realistas”, acrescentou o jornal.

Na raiz desta disputa está o plano de Pequim, designado “Made in China 2025”, para transformar o país numa potência tecnológica, com capacidades nos sectores de alto valor agregado, incluindo inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros elétricos.

A China fabrica 90 por cento dos telemóveis e 80 por cento dos computadores do mundo, mas depende de tecnologia e componentes oriundos dos EUA, Europa e Japão, que ficam com a maior margem de lucro.

Washington queixa-se de que as autoridades chinesas estão a subsidiar empresas locais e a protegê-las da concorrência, enquanto forçam firmas estrangeiras a partilhar tecnologia com potenciais futuros rivais chineses, em troca de acesso ao mercado do país.

A delegação norte-americana incluiu ainda o secretário do Comércio, Wilbur Ross, o representante comercial da Casa Branca, Robert Lighthizer, e o assessor económico máximo de Trump, Larry Kudlow.

Do lado chinês, as discussões foram lideradas pelo vice-primeiro-ministro Liu He, principal encarregado da política económica e financeira do país asiático e visto como próximo do Presidente da China, Xi Jinping.

7 Mai 2018

Ideologia | Xi enaltece ideais de Marx apesar de abertura do país ao capitalismo

[dropcap style=’circle’] O [/dropcap] Presidente chinês, Xi Jinping, enalteceu os ideais de Karl Marx, que teoricamente continuam a reger o país, onde milhares de operários morrem anualmente em acidentes laborais, numa celebração do bicentenário do nascimento do filósofo alemão.

“Como um espectacular amanhecer, o marxismo ilumina o caminho da humanidade”, afirmou Xi, no Grande Palácio do Povo, local que acolhe os mais importantes eventos políticos da China, situado junto à Praça de Tiananmen.
Durante um discurso de uma hora e meia, proferido perante personalidades militares e civis da China, Xi classificou Marx como “o maior pensador dos tempos modernos”. “Duzentos anos depois, apesar das enormes e profundas mudanças na sociedade humana, o nome de Karl Marx continua a ser respeitado em todo o mundo e a sua teoria continua a ser iluminada pela luz da verdade”, lembrou Xi.
Um enorme retrato do filósofo alemão, nascido em 5 de Maio de 1818, ocupou o espaço normalmente reservado aos símbolos do regime chinês no Grande Palácio do Povo.
Desde que ascendeu ao poder, em 2013, Xi Jinping tem vindo a promover o estudo do marxismo entre os altos quadros do Partido Comunista, visando um “regresso às raízes”. O segundo centenário do nascimento de Karl Marx foi comemorado na China com várias actividades, incluindo a organização de exposições ou a reedição de clássicos marxistas como o “O Capital” ou “O Manifesto Comunista”. Segundo a sua Constituição, a China é “um Estado socialista, liderado pela classe trabalhadora e assente na aliança operário-camponesa”.

O reverso da moeda
Em 1979, no entanto, o país abriu-se à iniciativa privada e ao investimento estrangeiro e é hoje a segunda maior economia do mundo, após quatro décadas a crescer, em média, quase 10 por cento ao ano. Desde então, centenas de milhões de chineses saíram da pobreza extrema, num “milagre” sem precedentes na História moderna.
No entanto, segundo contas da Organização Internacional do Trabalho, o operariado chinês regista, em média, cerca de 70.000 mortes por ano devido a acidentes no trabalho – 192 óbitos por dia.
A desigualdade social é também uma das principais fontes de descontentamento popular no país. O rendimento ‘per capita’ em Pequim ou Xangai, as cidades mais prósperas do país, é dez vezes superior ao das áreas rurais, onde quase metade dos 1.750 milhões de chineses continua a viver.

7 Mai 2018

China | Pequim nega ter “subornado” República Dominicana

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China recusou ontem as acusações de Taiwan de que conseguiu que a República Dominicana rompesse as relações diplomáticas com Taipé a troco de empréstimos no valor de 2.500 milhões de euros àquele país.

“Não fizemos qualquer acordo e não há essa necessidade”, afirmou ontem Hua Chunying, porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros.

Os ministros dos Negócios Estrangeiros da China e República Dominicana, Wang Yi e Miguel Vargas, respectivamente, assinaram na terça-feira, em Pequim, o estabelecimento das relações bilaterais, o que supõe um corte de Santo Domingo com Taipé.

O Ministério taiwanês dos Negócios Estrangeiros assegurou, entretanto, que Pequim prometeu empréstimos ao país do Caribe.

Em Pequim, Hua Chunying assegurou que o “estabelecimento das relações diplomáticas tem apenas uma premissa, que a República Dominicana respeite o princípio de uma só China”.

Também o senador norte-americano pela Florida Marco Rubio acusou a China de “subornar” a República Dominicana e pediu ao Congresso do EUA que faça mais para travar a crescente influência de Pequim na América Latina.

3 Mai 2018

ONU | Pedida investigação a crimes contra minoria rohingya na Birmânia

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] missão das Nações Unidas pediu uma investigação aos crimes cometidos contra a minoria rohingya na Birmânia e defendeu que se criem condições para o regresso de centenas de milhares de refugiados que foram para o Bangladesh.

“É muito importante melhorar as condições para o regresso dos refugiados”, que a Birmânia considera imigrantes do Bangladesh, sujeitando-os a todo o tipo de discriminações, afirmou o diplomata peruano Gustavo Meza-Quadra, no fim da visita ao país da missão criada pelo Conselho de Segurança.

Defendeu ainda que é preciso investigar os assassinatos, violações, tortura e outros crimes de que os rohingya acusam as autoridades birmanesas, que intervieram num estado no oeste do país e que o Alto Comissariado para os Direitos Humanos da ONU acusa de genocídio e de limpeza étnica. Cerca de 700.000 pessoas fugiram de lá para o Bangladesh.

A chefe do Governo, Aung San Suu Kyi, e o líder das Forças Armadas, general Min Aung Hlaing, negam que tenham sido cometidos crimes.

Mas a delegação da ONU sobrevoou áreas do país em que “vista de cima, a escala da devastação se torna clara”, como afirmou a embaixadora britânica Karen Pierce, que com os seus colegas diplomatas testemunhou aldeias queimadas e arrasadas na campanha militar contra rebeldes rohingya.

E a própria justiça birmanesa já condenou sete militares a 10 anos de prisão com trabalhos forçados por terem assassinado dez rohingya, cujos cadáveres foram enterrados numa vala comum.

3 Mai 2018

Coreias | Tratado de paz não implica retirada das tropas norte-americanas

A possível assinatura de um acordo de paz definitivo entre as Coreias não pressupõe a retirada das tropas norte-americanas da península, garantiu ontem o Governo sul-coreano, sublinhando a “importância estratégica” da presença militar

 

[dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]m comunicado, o Presidente sul-coreano destacou que as Forças dos Estados Unidos na Coreia do Sul (USFK, na sigla inglesa) são “uma questão da aliança entre a Coreia do Sul e os EUA, não têm nada a ver com a assinatura de um tratado de paz”.

Um porta-voz do Governo de Seul também sublinhou o “papel mediador” desempenhado pelas tropas norte-americanas na Coreia do Sul para outras potências, como a China e o Japão, e “a necessidade” de manter essa presença, em declarações divulgadas pela agência noticiosa sul-coreana Yonhap.

As declarações do Governo sul-coreano surgiram em resposta a comentários de analistas e académicos sul-coreanos, que apontaram que o destacamento dos EUA no sul não se justificaria no caso de um acordo de paz.

Washington mantém 28.500 soldados destacados na Coreia do Sul desde o conflito civil.

Embora a retirada das tropas americanas da península seja uma reivindicação comum de Pyongyang, o líder norte-coreano, Kim Jong-un, não mencionou essa questão durante a reunião que teve com Moon na fronteira intercoreana, segundo o gabinete presidencial sul-coreano.

Exercitar nos céus

Seul e Washington vão realizar novos exercícios aéreos conjuntos com caças furtivos F-22 Raptor na Coreia do Sul, apesar do apaziguamento com os vizinhos do Norte, anunciou ontem o Governo sul-coreano.

Os caças F-22 Raptors já voaram sobre a Coreia do Sul em Dezembro, quando os dois aliados organizaram o mais importante exercício aéreo conjunto, manobra que Pyongyang considerou uma “provocação total”, alguns dias após o disparo de um novo míssil norte-coreano. O anúncio surgiu depois da imprensa sul-coreana já ter informado, no domingo, que oito F-22 haviam desembarcado na base militar em Gwangju, no sul da península.

“‘Max Thunder’ é um exercício regular, planeado bem antes do projecto para a cimeira EUA-Coreia do Norte”, frisou o Ministério de Defesa da Coreia do Sul, em comunicado, no qual pediu aos ‘media’ para não especularem sobre as intenções desta acção.

Os exercícios aéreos “Max Thunder” têm início a 11 de Maio e devem prolongar-se por duas semanas. O jornal conservador Chosun Ilbo disse que a medida visa aumentar a pressão sobre a Coreia do Norte antes do encontro histórico entre o Presidente dos EUA, Donald Trump, e o líder norte-coreano, Kim Jong-un.

Na segunda-feira, Trump sugeriu que a cimeira com o homólogo norte-coreano possa ser realizada em Panmunjom, na fronteira entre as duas Coreias, palco na passada sexta-feira da histórica cimeira intercoreana.

O F-22 Raptor, um caça de elevada importância estratégica para o exército norte-americano, possui as mais avançadas tecnologias e alta capacidade de ataque, sendo também dificilmente detectável nos radares.

3 Mai 2018

Diplomacia | MNE chinês em Pyongyang para reforçar posição no diálogo

O ministro chinês dos Negócios Estrangeiros chegou ontem a Pyongyang e deverá reunir-se com o líder norte-coreano, Kim Jong-un, visando garantir um papel mais importante para a China nos esforços para a desnuclearização do país

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] visita de Wang Yi surge poucos dias após Kim e o Presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, prometerem que vão trabalhar juntos para alcançar a “completa desnuclearização” da península coreana, apesar de não terem avançado com mais detalhes.

Ambos concordaram ainda trabalhar para terminarem formalmente a Guerra da Coreia (1950-53), que culminou com a assinatura de um armistício e não um tratado de paz, através do diálogo com os Estados Unidos e, possivelmente, a China. Kim deve reunir com o Presidente norte-americano, Donald Trump, ainda este mês ou em Junho.

Com esta visita, Wang Yi deverá tentar garantir que Pequim não é secundarizado, numa altura em que Pyongyang se aproxima de Seul e Washington. Analistas sul-coreanos consideram que Wang vai procurar que Kim se comprometa a incluir a China no processo de terminar formalmente com a guerra na península coreana.

Ombro amigo

O encontro entre Kim e Moon, na aldeia de Panmunjom, na fronteira entre os dois países, ocorreu um mês depois de Kim se deslocar a Pequim e de se reunir com o Presidente chinês, Xi Jinping. A visita de Kim foi vista como uma tentativa de assegurar o apoio chinês, visando ter maior margem de negociação com Trump.

Analistas consideram que Kim terá pedido à China, o maior aliado diplomático e parceiro comercial da Coreia do Norte, que relaxe a aplicação das sanções económicas contra o país, impostas pelas Nações Unidas. O líder norte-coreano deverá também ter pedido à China que se oponha contra uma intervenção militar, caso o diálogo com Trump falhe e o país recomece com os seus testes nucleares e com mísseis balísticos.

Seul afirma que Kim expressou um interesse genuíno em abdicar do seu programa nuclear, mas durante décadas Pyongyang tem exigido que Washington retire as suas tropas da Coreia do Sul e Japão e remova as armas nucleares que protegem aqueles dois países.

A decisão de reinserir a China nas negociações é vista como um sinal de que a Coreia do Norte irá manter a sua postura original.

Pequim tem apelado a uma suspensão do programa nuclear norte-coreano, em troca do fim dos ensaios militares conjuntos entre a Coreia do Sul e os Estados Unidos.

3 Mai 2018

Economia | Banco internacional proposto pela China inclui dois novos membros

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Banco Asiático de Investimento em Infraestruturas (BAII), a primeira instituição financeira internacional proposta pela China, anunciou ontem a inclusão do Quénia e da Papua-Nova Guiné, alargando o número de países membros para 86.

“O BAII tem agora 86 membros de seis continentes”, anunciou o vice-presidente da instituição Danny Alexander, citado pela agência oficial Xinhua.

Com uma participação de 65 milhões de dólares, Portugal é um dos 57 países fundadores do BAII. O Brasil é o nono maior accionista, com uma quota de 3.181 milhões de dólares.

Proposto pelo Presidente chinês, Xi Jinping, em 2013, aquela entidade é vista como uma reacção do Governo chinês ao que considera o domínio norte-americano e europeu em instituições globais como o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial. Entre as grandes economias do planeta, apenas Estados Unidos da América e Japão não fazem parte.

Com sede em Pequim, o BAII tem um capital inicial de 100.000 milhões de dólares (30,34 por cento pertence à China) e é assumido como o principal instrumento de financiamento da iniciativa chinesa “Uma Faixa e Uma Rota”, um gigante plano de infraestruturas, que pretende reactivar a antiga Rota da Seda entre a China e a Europa através da Ásia Central, África e Sudeste Asiático.

3 Mai 2018

Coreias desmantelam altifalantes de propaganda da altura da Guerra Fria

[dropcap style=’circle’] A [/dropcap] s coreias do Norte e do Sul anunciaram ontem o desmantelamento dos altifalantes instalados na época da Guerra Fria para difusão de propaganda junto à fronteira. O anúncio aconteceu no dia em que o Presidente da Coreia do Sul pediu à Organização das Nações Unidas (ONU) que verifique o plano dos norte-coreanos para o encerramento do local dos testes nucleares, segundo a agência de notícias norte-americana Associated Press (AP).
A retirada de dezenas de altifalantes estava prevista no acordo de reconciliação assumido pelos líderes das coreias, no encontro da última sexta-feira.
Contudo, ainda não está claro se estas medidas podem trazer paz permanente, uma vez que não houve, na cimeira, nenhum grande avanço no impasse relativo à questão nuclear da Coreia do Norte.
Soldados sul-coreanos desmontaram os altifalantes em várias áreas da linha de frente, na presença de jornalistas, antes de os retirar da fronteira, disse o ministro da Defesa.
Um oficial militar da Coreia do Sul, que pediu anonimato, afirmou ontem que a Coreia do Norte também começou a retirar, ao início do dia, os seus altifalantes de propaganda. Ambas as Coreias cancelaram as emissões de propaganda ao longo dos 248 quilómetros da fronteira, na semana passada, antes do encontro entre os dois líderes.
Na sexta-feira, o líder norte-coreano, Kim Jong-un, e o Presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, concordaram tomar medidas para a “completa desnuclearização” da península coreana e procurar pôr permanentemente fim à guerra, de acordo com a declaração conjunta que os dois dirigentes assinaram.
A Guerra da Coreia (1950-53) terminou com a assinatura de um armistício que nunca foi substituído por um tratado de paz, o que significa que os dois países continuam tecnicamente em guerra.
A cimeira, realizada na cidade fronteiriça sul-coreana de Panmunjom, foi a primeira entre líderes coreanos em 11 anos e Kim Jong-un foi o primeiro dirigente norte-coreano a pisar solo da Coreia do Sul desde o fim da guerra que separou os dois países.

2 Mai 2018

Brasil | Michel Temer cancela pela segunda vez uma deslocação oficial à Ásia

[dropcap style’circle’] O [/dropcap] Presidente do Brasil, Michel Temer, cancelou pela segunda vez uma deslocação oficial que estava programada para Maio a vários países do sudeste asiático.

Michel Temer tinha previsto visitar, entre os dias 7 a 14 de Maio, Singapura, Tailândia, Indonésia e Vietname. A primeira viagem, que chegou a estar prevista para Janeiro, foi cancelada porque o chefe de Estado brasileiro enfrentava problemas de saúde. Michel Temer, de 77 anos, havia sido hospitalizado um mês antes para corrigir um problema urinário após fazer uma cirurgia à próstata e uma angioplastia em três artérias coronárias.

Desta vez, fontes do Palácio do Planalto alegaram que o Presidente precisou de adiar a deslocação porque nas próximas semanas vai “concentrar-se” na “agenda legislativa” do país.

As mesmas fontes acrescentaram que a viagem será feita mais tarde, mas, por enquanto, não há uma data definida.

A decisão de cancelar pela segunda vez uma deslocação ao sudeste asiático coincide com o aparecimento de novas informações sobre uma investigação contra o chefe de Estado brasileiro. O jornal Folha de São Paulo publicou na passada sexta-feira que há suspeitas de que Michel Temer branqueava dinheiro de suborno através da compra de bens adquiridos em nome da mulher e do filho, de 9 anos.

 

Dinheiro branco

Perante esta notícia, o Presidente fez uma declaração à imprensa em que protestou contra a investigação, que classificou de “mentiras” que afectaram a sua honra e a da família. Actualmente, a Polícia Federal do Brasil está a investigar se um decreto sancionado pelo Presidente para o sector dos portos beneficiou a empresa Rodrimar e se a mesma empresa pagou suborno para o partido de Temer, o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), mudar esta lei.

A abertura da investigação contra Michel Temer foi autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em Setembro de 2017 a pedido do antigo procurador-geral do Brasil Rodrigo Janot, que acusou o Presidente de actos de corrupção em duas ocasiões.

Em ambas as ocasiões o Congresso, responsável por decidir se deve ou não abrir um julgamento contra um Presidente com mandato em exercício, rejeitou as acusações impedindo a abertura dos processos contra Michel Temer.

2 Mai 2018

Taiwan | Taipé afirma que não vai ceder à pressão de Pequim

[dropcap style=’circle’] A [/dropcap] Presidente de Taiwan afirmou ontem, numa cerimónia militar, que a ilha não vai ceder “à pressão de Pequim”, na sequência do corte de relações diplomáticas entre Taipé e a República Dominicana.

O Gabinete da Presidência de Taiwan instou a China a “suspender de imediato” todas as acções que afectem negativamente as relações bilaterais e a paz e a estabilidade na região. Taiwan acusou a China de prejudicar “a paz e a estabilidade” da região, num momento em que na península coreana se procura a reconciliação através do diálogo, de acordo com um comunicado.
Pequim está a aumentar a intimidação militar e a manipular a política de “uma só China” para obrigar Taipé a aceitá-la, e as suas acções “aumentaram as tensões no estreito de Taiwan”, indicou a Presidência, o que na opinião das autoridades da ilha “não deve ser o comportamento de uma parte interessada responsável”.
Taipé disse que “lamenta profundamente” a decisão da República Dominicana de reconhecer a China, mas não cederá à ameaça ou à pressão de Pequim. “O Governo não cederá à pressão de Pequim, e fará tudo o que é possível para salvaguardar os interesses da nação, defender a soberania e a dignidade da República da China (Taiwan) e trabalhar com amigos da comunidade internacional para garantir a paz e a estabilidade regionais”, segundo o comunicado.
Deputados da oposição e peritos afirmaram que a pressão diplomática chinesa vai continuar até que a Presidente Tsai rejeite o “consenso de 1992”, o que significa aceitar que a ilha é parte da China. “É de esperar que a China continue a conquistar aliados de Taiwan até que haja um sinal de mudança na posição da Presidente”, disse a professora do Instituto da América Latina da Universidade Tamkang, Elisa Wang.
Outros especialistas consideraram que a China não vai lançar uma campanha para conquistar muitos dos 19 aliados diplomáticos de Taipé, mas poderá tentar que o Paraguai, ou outro país de maior importância económica ou estratégica, deixem de reconhecer Taiwan.

Sem efeito
Nas últimas semanas, Taipé entregou ajuda à República Dominicana no valor de 29 milhões de euros, dois helicópteros, 90 camiões militares e 100 motociclos, para consolidar os laços bilaterais, lembrou na edição de ontem o diário Jinji Ribao.
Em conferência de imprensa, na manhã de ontem, em Taipé, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Joseph Wu, anunciou o fim das relações diplomáticas com a República Dominicana “para manter a dignidade nacional” e “a suspensão imediata de todos os projetos de cooperação e ajuda”.
O ministro atribuiu a responsabilidade pela ruptura à China e às ofertas de “incentivos financeiros”, promessas de investimento e ajuda ao país das Caraíbas, destinadas a levar ao corte diplomático com Taiwan. Em Pequim, o chefe da diplomacia da República Dominicana, Miguel Vargas, anunciou o fim das relações diplomáticas com Taiwan, em conferência de imprensa, na presença do homólogo chinês, Wang Yi. “Anunciamos à nação dominicana que decidimos estabelecer relações diplomáticas com a República Popular da China, com a convicção de que esta decisão será extraordinariamente positiva para o futuro do nosso país”, declarou o executivo, em comunicado. O acordo foi formalizado em Pequim, na segunda-feira, pelo ministro dos Negócios Estrangeiros dominicano, Miguel Vargas.
Ao mesmo tempo, o consultor jurídico do Governo dominicano, Flavio Dario Espinal, fazia o mesmo anúncio no palácio da presidência, em Santo Domingo. Dario Espinal disse que o Governo dominicano apoiava, a partir de agora, o princípio de “uma só China”, passando a reconhecer Taiwan como parte do país.
“A República Dominicana reconhece que, no mundo, existe apenas uma única China e Taiwan é parte inalienável do território chinês”, de acordo com o comunicado, que agradece a Taipé a cooperação mantida ao longo dos anos e a realização de numerosos programas.
Mas “a história e a realidade socioeconómica obrigam agora a uma mudança”, indicou. “O Governo está confiante de que a nova situação resultante desta decisão será gerida da forma mais construtiva e mais harmoniosa possível”, referiu o comunicado.

Reacção em cadeia
Com esta ruptura, Taiwan mantém apenas 19 aliados, dez dos quais na América Latina e Caraíbas.
Em Dezembro de 2016, São Tomé e Príncipe cortou as relações diplomáticas com Taipé e passou a reconhecer Pequim. Na mesma altura, o Presidente norte-americano, Donald Trump, decidiu dar protagonismo à ilha, com um telefonema a Tsai Ing-wen, o que agravou o relacionamento entre Pequim e Taipé.
Depois da vitória de Tsai nas presidenciais, Pequim interrompeu as negociações e contactos oficiais com Taipé, enviou navios e aviões militares para zonas mais próximas da ilha Formosa, e tem procurado isolar o Governo de Tsai.
O Vaticano, único Estado europeu com relações diplomáticas com Taiwan, está a negociar uma aproximação com Pequim, o que pode resultar numa mudança de apoio.
O número de países que reconhecem Taiwan caiu consideravelmente nas últimas décadas, tendo permanecido estável apenas durante a governação de Ma Ying-jeou, nos últimos oito anos, quando as relações entre Pequim e Taipé entraram num período de desanuviamento sem precedentes.

2 Mai 2018

Xi Jinping apela à cooperação com a Índia

O Presidente chinês, Xi Jinping, apelou à cooperação intensa com a Índia durante uma cimeira informal na sexta-feira com o primeiro-ministro indiano Narendra Modi, numa altura em que ressurgem tensões fronteiriças e rivalidades no domínio da influência local

 

[dropcap style≠‘circle’]X[/dropcap]i cumprimentou Modi no museu da cidade de Wuhan, no início de dois dias de encontros entre os líderes das duas nações mais populosas do mundo.

“Concretizar uma grande cooperação entre os nossos dois grandes países pode gerar influência mundial”, afirmou Xi, segundo a emissora estatal CCTV. Xi disse esperar que a reunião “introduza um novo capítulo nas relações China-Índia”.

Após a conversa, os dois líderes jantaram à beira do lago num dos ‘resorts’ preferidos do ex-líder chinês Mao Zedong, que estabeleceu fortes laços com a Índia independente antes de as relações se deteriorassem devido a disputas territoriais.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Índia, Raveesh Kumar, descreveu na rede social Twitter que os dois líderes “iriam rever a evolução das relações bilaterais numa perspectiva estratégica e de longo prazo”. As relações China-Índia datam de séculos, mas nas últimas décadas foram ensombradas pela corrida à liderança na Ásia.

Os países travaram uma guerra fronteiriça em 1962 e, no ano passado, envolveram-se num impasse de 10 semanas no Estado vizinho do Butão. Nova Deli ficou também alarmada com as iniciativas chinesas de construir laços estratégicos e económicos com países do Oceano Índico, incluindo o Sri Lanka, as Maldivas e o rival de longa data da Índia, o Paquistão.

A China, por sua vez, ressente-se do facto de a Índia acolher o líder espiritual tibetano exilado, o Dalai Lama, bem como o seu controlo de um território que Pequim diz pertencer-lhe.

 

Disputas territoriais

A China reivindica cerca de 90.000 quilómetros quadrados de território no nordeste da Índia, enquanto a Índia diz que a China ocupa 38.000 quilómetros quadrados e terras no planalto de Aksai Chin, no oeste dos Himalaias. As autoridades de ambos os países reuniram-se pelo menos 20 vezes para discutir as respectivas reivindicações fronteiriças, sem avanços significativos.

Após um impasse de anos, a Índia concordou, no ano passado, retirar as tropas do disputado planalto de Doklam (Himalaias) onde as tropas chinesas haviam começado a construir uma estrada. A China reclama esta região estrategicamente importante, mas a Índia diz que pertence ao seu aliado Butão.

Apesar dessas diferenças, Modi espera que a China possa ajudar a impulsionar o crescimento económico indiano antes das eleições nacionais de 2019. No entanto, seu governo tem-se mostrado relutante no apoio à iniciativa chinesa “Uma Faixa, Uma Rota” com a qual Pequim quer ligar a sua economia às da Ásia, Médio Oriente, África e Europa, através de empréstimos e avultados investimentos.

Tendo em conta as actuais relações, a cimeira de Wuhan está a ser encarada como uma tentativa consciente de conduzir os laços numa nova direcção, disse Wang Lian, professor da Escola de Relações Internacionais da Universidade de Pequim.

Independentemente do resultado da visita actual, Modi parece ter a intenção de construir um forte relacionamento pessoal com Xi, que será o líder da China nos próximos anos. Modi viajará novamente até à China em Junho para uma cimeira da Organização de Cooperação de Xangai, com oito membros, dominada por Pequim e Moscovo

Juntamente com a China, a Rússia e a Índia, esse grupo inclui os Estados da Ásia Central do Cazaquistão, do Quirguistão, do Tadjiquistão, do Uzbequistão e do Paquistão.

1 Mai 2018

Diplomacia | Encontro entre líderes coreanos traz esperança de paz à península

O que parecia impensável aconteceu mesmo. Kim Jong-un atravessou a fronteira do Paralelo 38 para um memorável aperto de mão. Um momento histórico que marcou a cimeira da passada sexta-feira entre os líderes dos países da península coreana. O encontro resultou na assinatura de uma declaração conjunta para a desnuclearização da Coreia do Norte e ficaram ainda promessas de mais visitas e de uma paz permanente. Trump e Abe estão confiantes no compromisso firmado
Com agências

[dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]stá assinado e prometido. Os líderes das Coreias assinaram um acordo para a “completa desnuclearização da península”. Além disso, está no horizonte o fim de um conflito que manteve a região em clima de guerra permanente. É o que se lê no comunicado conjunto divulgado no final da cimeira histórica entre os dois líderes, 65 anos após o conflito armado ter terminado.

“O Sul e o Norte confirmaram a sua meta comum de conseguir uma península livre de armas nucleares através da completa desnuclearização”, refere a declaração conjunta, assinada por ambos os líderes no final da cimeira histórica.

Naquele que foi o primeiro encontro entre os dois líderes em mais de uma década, os dois responsáveis comprometeram-se com um acordo para estabelecer uma paz “permanente” e “sólida”, um objectivo que pretenderá ser alcançado em parceria com os Estados Unidos e talvez também com a China, refere o texto.

Para já ficou estabelecido, com o encontro entre Kim Jong-un e Moon Jae-in, o compromisso de elaborar medidas para a “completa desnuclearização” .

Kim Jong-un prometeu fazer com que o acordo com Moon Jae-in seja implementado, ao contrário do que aconteceu com compromissos anteriores.

O líder norte-coreano admitiu que possam existir “dificuldades e frustrações no caminho”, mas adiantou que as duas Coreias se concertarão estreitamente para evitar “repetir o passado”.

Maduro Maio

O líder norte-coreano “disse na cimeira (…) que procederá ao encerramento do local de testes nucleares em Maio”, referiu o porta-voz sul-coreano, citado pela France Press.

Segundo a mesma agência, Pyongyang vai convidar peritos dos Estados Unidos e da Coreia do Sul para verificar o encerramento do centro de testes, de modo a “revelar o processo à comunidade internacional de forma transparente”.

A Associated Press refere, por seu lado, que Kim Jong-un afirmou que Trump irá perceber que ele “não é pessoa” para apontar mísseis contra os Estados Unidos e que a Coreia do Norte planeia ainda reajustar os seus relógios com os da Coreia do Sul, que se encontram, desde 2005, com uma diferença horária de 30 minutos.

Visitas entre a vizinhança

Foi agendado para Outubro um novo encontro, desta feita com a ida do presidente sul-coreano a Pyongyang. Paralelamente, ficou ainda acordado que os dois líderes se encontrarão regularmente e falarão ao telefone através de uma linha criada para o efeito. Norte e Sul concordaram ainda com a abertura de um escritório de comunicação permanente na cidade norte-coreana de Kaesong.

Foi acordado também o recomeço das reuniões temporárias entre famílias separadas pela guerra da Coreia (1950-1953). “A Coreia do Sul e a Coreia do Norte decidiram continuar o programa de reunião das famílias separadas por ocasião do Dia da Libertação Nacional a 15 de Agosto”, indicaram, referindo-se ao dia que assinala a rendição japonesa no final da Segunda Grande Guerra.

Na final da histórica cimeira na cidade fronteiriça sul-coreana de Panmunjom, Kim e Moon comprometeram-se ainda a aumentar os intercâmbios e a realizarem conjuntamente iniciativas desportivas e culturais.

A cimeira foi a primeira entre líderes coreanos em 11 anos e Kim Jong-un foi o primeiro dirigente norte-coreano a pisar solo da Coreia do Sul desde o fim da Guerra da Coreia. As duas cimeiras anteriores inter-coreanas, em 2000 e 2007, decorreram em Pyongyang.

Entretanto, Donald Trump reagiu ao encontro entre os líderes coreanos com optimismo. No sábado, o presidente norte-americano, disse a Moon, num telefonema, que estava satisfeito com a completa desnuclearização, de acordo com as autoridades de Seul.

“Trump disse que foi uma boa notícia, não só para as duas Coreias, mas para o mundo inteiro, afirmar o objectivo de conseguir uma península coreana livre de armas nucleares através de uma completa desnuclearização”, disse Kim Eui-kyeom, porta-voz da Casa Azul.

País aberto a inspecções

De acordo com a agencia Reuters, Kim disse a Moon que vai convidar especialistas e jornalistas para “mostrarem à comunidade internacional” o desmantelamento das instalações, informou a Casa Azul.

“Os Estados Unidos, apesar de serem um país hostil à Coreia do Norte, vão saber, de uma vez por todas, que não sou o tipo de pessoa que usa armas nucleares contra o sul ou contra os Estados Unidos do outro lado do Pacífico”, disse o secretário de imprensa de Moon, Yoon Young-chan, citando o líder norte coreano.

“Não há nenhuma razão para que tenhamos armas nucleares se a confiança mútua com os Estados Unidos for construída através de reuniões frequentes a partir de agora, e o fim da guerra e da não-agressão forem prometidos”.

A promessa de Kim mostra sua disposição de “preventiva e activamente” responder aos esforços de inspecção a serem feitos como parte do processo de desnuclearização, disse Yoon.

Para facilitar a futura cooperação transfronteiriça, Kim prometeu também eliminar o fuso horário exclusivo criado por Pyongyang em 2015. O presidente norte coreano referiu que adiantaria os ponteiros do relógio 30 minutos para estar em sincronia com o sul.

Ventos nipónicos

O primeiro-ministro japonês Shinzo Abe também já se pronunciou acerca da cimeira da passada sexta-feira, referindo que espera que daí resultem “acções concretas”, de acordo com a Reuters.

“Quero saudar este passo positivo em direcção a uma resolução conjunta de várias questões relacionadas com a Coreia do Norte”, declarou Abe à comunicação social, classificando as conversações como “discussões sinceras sobre a desnuclearização da Coreia do Norte”.

O Japão, que foi recentemente sobrevoado por dois mísseis norte-coreanos, mantém há muito tempo uma posição dura face às negociações com Pyongyang, pedindo que não se “discuta por discutir”.

Antes da histórica cimeira intercoreana e de um encontro entre Kim Jong-un e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Abe surgiu com declarações mais positivas. “Quero manter uma estreita coordenação entre o Japão, os Estados Unidos e a Coreia do Sul em direcção a uma solução abrangente sobre os problemas dos raptos (japoneses), e dos misseis”, disse Abe.

A questão dos japoneses raptados pelo regime norte-coreano nos anos 1970 e 1980 continua a ter uma forte carga emocional no Japão, salientou. A Coreia do Norte admitiu em 2002 ter raptado 13 japoneses nas décadas de 1970 e 1980 para treino de espiões. Cinco deles regressaram ao Japão, mas Tóquio suspeita que existam centenas ainda por voltar ao país.


Notícias atrasadas

Os meios de comunicação social norte-coreanos classificaram como um “novo marco”, o resultado da cimeira entre as duas Coreias ocorrido na sexta-feira na zona desmilitarizada que separa os dois países.

Depois de um silêncio de praticamente 24 horas em torno do assunto, a comunicação social estatal norte-coreana mencionou o compromisso incluído na declaração conjunta de alcançar a “completa desnuclearização” da península.

Na sua notícia, a agência assegura que os dois países partilham a ideia de que “as medidas adoptadas pelo Norte e pelo Sul são significativas para a desnuclearização da península da Coreia”, pelo que ambos “acordaram cumprir com as respectivas responsabilidades no futuro”.

Os meios de comunicação de Pyongyang sempre louvaram o programa nuclear do país, considerando-o motivo de orgulho para os cidadãos e uma garantia de sobrevivência do regime.

Noutra notícia, a agência KCNA classifica como “um novo marco” os esforços conjuntos para a prosperidade e a reunificação das Coreias.


Direitos ainda pouco humanos

A questão dos direitos humanos continuou a ser um assunto tabu na cimeira entre os líderes das duas coreias, apesar dos apelos da ONU. O relator especial da ONU para a situação dos direitos humanos na Coreia do Norte, Tomás Ojea Quintana, disse na passada quarta-feira (25) aos Estados envolvidos nas negociações para a desnuclearizada do país que evitar o tema dos direitos humanos pode comprometer futuros acordos sustentáveis. “A Coreia do Norte tem provado ser um negociador difícil, e se os direitos humanos não forem sequer mencionados neste primeiro estágio de negociações, seria um passo em falso e uma oportunidade perdida”, declarou. De acordo com o responsável, “qualquer acordo de desnuclearização que marginalize os direitos e as necessidades da população norte-coreana será frágil. A paz e a segurança não podem ser alcançadas somente sob a forma de acordos intergovernamentais, mas também, e sobretudo, sob a forma de políticas domésticas que garantam os direitos humanos, sem discriminação”, disse o especialista em comunicado. “Em linha com o que o secretário-geral da ONU, António Guterres, tem defendido, peço que todos os governos interessados defendam os direitos humanos como um mecanismo para a prevenção de conflitos e um dispositivo para a construção da paz”, disse.


Intenções desconhecidas

A promessa de desnuclearização anunciada pelo presidente norte coreano Kim Jong-Un pode ser uma estratégia para ganhar tempo e reduzir as sanções que o país vive. A ideia é lançada por vários analistas, refere o New York Times. “Analistas da região estão profundamente divididos sobre os motivos de Kim”, lê-se na publicação americana. “Alguns argumentam que Kim só quer usar as negociações para ganhar tempo e aliviar as sanções internacionais, nunca pretendendo abandonar suas armas nucleares”, refere a mesma fonte. Por outro lado, há quem acredite que Kim acabaria por desistir de seu arsenal nuclear se tivesse os incentivos certos, como garantias de segurança, um tratado de paz, laços normalizados com Washington, e ajuda financeira que necessita para reconstruir a economia.

30 Abr 2018

As duas Coreias vão procurar um “regime de paz permanente” – declaração

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s duas Coreias vão procurar este ano acabar com a guerra de modo permanente, segundo um comunicado conjunto divulgado hoje no final de uma cimeira histórica, 65 anos após o conflito ter terminado com um armistício.

Os dois vizinhos procurarão com os Estados Unidos e talvez também com a China – ambos signatários do cessar-fogo, na ausência de um tratado de paz – “declarar o fim da guerra e estabelecer um regime de paz permanente e sólido”, refere o texto.

Os líderes das duas Coreias, Kim Jong-un e Moon Jae-in, acordaram hoje tomar medidas para a “completa desnuclearização” da península coreana.


Líderes das duas Coreias acordam “completa desnuclearização” da península

Os líderes das duas Coreias, Kim Jong-un e Moon Jae-in, acordaram hoje tomar medidas para a “completa desnuclearização” da península coreana, durante a histórica cimeira realizada na fronteira entre os dois países.

“O Sul e o Norte confirmaram a sua meta comum de conseguir uma península livre de armas nucleares através da completa desnuclearização”, refere a declaração conjunta, assinada por ambos os líderes no final da cimeira.

O Presidente da Coreia do Sul anunciou ainda que vai visitar a Coreia do Norte no outono deste ano.

27 Abr 2018

Reunião histórica inter-coreana centrada em actos simbólicos de amizade

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] líder norte-coreano vai hoje atravessar a pé a fronteira das duas Coreias e ao chegar ao Sul será recebido pelo Presidente sul-coreano para uma reunião histórica, marcada por simbolismos, afirmaram ontem fontes sul-coreanas.

Kim Jong-un e Moon Jae-in vão caminhar juntos cerca de 10 minutos, até uma praça onde vão passar em revista uma guarda de honra sul-coreana, afirmou o porta-voz da presidência sul-coreana, Im Jong-seok, em conferência de imprensa.

Im Jong-seok afirmou que os dois líderes vão tirar fotografias, juntos, na “Casa da Paz”, local onde se realiza a reunião, na parte sul-coreana da zona desmilitarizada, na fronteira entre os dois países.

As reuniões formais vão começar às 10:30, seguindo-se depois um cerimónia em que vão plantar um pinheiro, de 1953, ano em que a guerra entre os dois países terminou, com terra tirada do solo das montanhas dos dois países e de água dos respectivos rios, explicou o porta-voz. A árvore vai ter uma gravura de pedra ao lado, onde se poderá ver a seguinte frase: “Paz e prosperidade são plantadas”, bem como as assinaturas dos líderes. As reuniões prosseguem depois à tarde e à noite vai ser realizado um banquete.

A reunião entre Kim Jong-un e Moon Jae-in vai estar repleta de simbolismo, pois é a primeira entre líderes coreanos em 11 anos, sendo que Kim Jong-un vai ser primeiro dirigente norte-coreano a pisar solo da Coreia do Sul desde o fim da Guerra da Coreia (1950-53). As duas anteriores cimeiras intercoreanas, em 2000 e 2007, decorreram em Pyongyang.

Resultados práticos

Os principais temas a tratar na reunião serão a desnuclearização da península, a melhoria dos laços intercoreanos e a paz entre os dois países, tecnicamente em guerra desde o final do conflito, que terminou com um simples armistício.

“O mais complicado será perceber como os dois líderes vão chegar a acordo sobre as intenções de desnuclearização norte-coreanas e de que forma é que isso será firmado na prática”, afirmou Im Jong-seok. “O objectivo de Seul é que o documento assinado entre Kim Jong-un e Moon Jae-in, vá além dos acordos anteriores firmados [1992 e 2000] entre os dois países em relação à desnuclearização”, argumentou o porta-voz sul-coreano.

A delegação norte-coreana terá nove altos funcionários, incluindo a irmã de Kim, Kim Yo-jong, que já havia sido delegada nos Jogos Olímpicos de Inverno, que decorreram em Fevereiro no Sul e que desempenharam um papel importante no actual processo de apaziguamento entre os dois vizinhos.

Não é claro que os líderes coreanos anunciem os resultados da cimeira de sexta-feira.

27 Abr 2018

Tibete | Macron propõe ser mediador entre China e Dalai Lama

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente francês, Emmanuel Macron, propôs ontem agir como mediador entre o Dalai Lama e a China para solucionar a crise do Tibete. “Se a França puder ser útil para resolver a situação entre o Dalai Lama e o seu povo e a China, eu farei o meu melhor”, afirmou Macron, durante uma conversa com estudantes na Universidade George Washington, na capital federal norte-americana.

“Pressinto os primeiros sinais de que o Presidente [chinês] quer agir, espero”, prosseguiu. O chefe de Estado francês afastou, contudo, a ideia de um encontro em França com o líder espiritual dos tibetanos. “Se me reunir com ele, isso criará uma crise com a China”, observou, embora recordando que se encontrou com o Dalai Lama durante a campanha eleitoral em França. Recebê-lo em Paris “sem condições prévias, só para enviar um sinal, penso que seria inútil e contraproducente”, sustentou.

27 Abr 2018

Filipinas | Boracay encerrada aos turistas por seis meses devido à poluição

As autoridades Filipinas fecharam ontem, por seis meses, a ilha mais popular do arquipélago, vítima do turismo de massa e que a tornou numa “fossa séptica”, segundo o Presidente Rodrigo Duterte

 

[dropcap style≠’circle’]B[/dropcap]oracay, uma ilha paradisíaca com águas cristalinas, está a sofrer com a repercussão do desenvolvimento acelerado. O seu polémico encerramento visa a limpeza do local e, em particular, a construção de estações de tratamento de esgotos.

A Guarda Costeira está a patrulhar as águas e cerca de 600 polícias fortemente armados colocaram-se nos pontos de entrada da pequena ilha. Segundo o chefe de polícia regional, Cesar Binag, o encerramento entrou em vigor à meia-noite.

Os turistas não tiveram acesso à balsa, que é o principal meio de chegar à ilha de dez quilómetros quadrados, que fica a 300 quilómetros ao sul de Manila.

“Boracay está oficialmente fechada para turistas. Nós não fechamos os estabelecimentos, mas os turistas não podem entrar. Estamos a implementar a decisão do Presidente”, disse Binag.

Um representante do Ministério do Interior filipino, Epimaco Densing, disse à agência de notícias AFP que a mobilização das forças de segurança era “apenas parte dos preparativos para evitar o pior”.

Sem rede

O Presidente Duterte ordenou o encerramento no início deste mês, depois de chamar a ilha de “fossa séptica”, acusando hotéis e bares de despejar os seus esgotos directamente no mar. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente filipino, grande parte dos estabelecimentos da ilha não tem sistemas de esgotos.

Apenas os cerca de 30.000 habitantes da ilha poderão embarcar em ferries que servem Boracay durante este período.

A polícia começou a patrulhar as praias para impor o regulamento, proibindo os banhos no mar fora de uma área específica designada para esse fim.

Os barcos estão proibidos de navegar a menos de três quilómetros da costa e apenas os habitantes podem pescar.

27 Abr 2018

Seul | Cimeira vai servir para verificar compromisso para desnuclearização

A ministra dos Negócios Estrangeiros sul-coreana afirmou ontem que a cimeira de sexta-feira entre Seul e Pyongyang vai servir para verificar “o compromisso da Coreia do Norte relativamente à desnuclearização”

[dropcap style≠‘circle’]D[/dropcap]ois dias antes do histórico encontro, Kang Kyung-wha disse esperar que “a cimeira Sul-Norte seja um fórum de discussão do tema da desnuclearização com franqueza e no qual se verifique o compromisso da Coreia do Norte relativamente à desnuclearização”, indicou a ministra dos Negócios Estrangeiros a agência de notícias sul-coreana Yonhap.

A responsável explicou que os principais temas a tratar serão a desnuclearização da península, a melhoria dos laços intercoreanos e a paz entre os dois países, que se mantêm tecnicamente em guerra desde o final da Guerra da Coreia (1950-53).

Seul e Pyongyang não anunciaram uma agenda oficial para a cimeira do Presidente sul-coreano, Moon Jae-in, e do líder norte-coreano, Kim Jong-un, embora o destaque vá para o tema da desnuclearização e o Sul tenha referido apresentar uma fórmula que ponha fim ao estado de guerra técnica. A cimeira intercoreana vai ser a primeira entre líderes coreanos em 11 anos.

Kang considerou que através da criação de um “regime de paz” (termo usado por Seul para se referir a um hipotético tratado que substitua o atual armistício) será possível restabelecer a cooperação económica entre os dois países, tema que poderá estar presente na cimeira.

“Um regime de paz tornará possível a prevenção de potenciais conflitos militares e permitirá uma cooperação económica próspera”, explicou.

Questão nuclear

O último projecto de cooperação económica intercoreana foi suspenso por Seul em 2016, em resposta aos ensaios atómicos do regime norte-coreano e, embora o actual governo do liberal Moon Jae-in tenha retomado a ajuda humanitária ao Norte, os níveis actuais de cooperação bilateral continuam a ser muito reduzidos relativamente a épocas anteriores.

Kang considerou também que, além de servir como “base para a futura desnuclearização da península”, o êxito da cimeira será um roteiro para a futura reunião entre a Coreia do Norte e os Estados Unidos, a primeira entre líderes destes dois Estados.

A cimeira entre Kim Jong-un e o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ainda não tem uma data, mas deverá realizar-se entre final de Maio e início de Junho.

26 Abr 2018