Armamento | Queda de importações sinaliza auto-suficiência militar

A tendência de crescimento da indústria chinesa de armamento acentuou-se significativamente nos últimos anos e assim deverá continuar, segundo um grupo de reflexão sueco

 

As importações chinesas de armamento caíram 64 por cento nos últimos cinco anos, à medida que o país desenvolveu a sua própria tecnologia, indicou ontem um grupo de reflexão sueco. Num relatório, o Instituto Internacional de Investigação para a Paz de Estocolmo (SIPRI) afirmou que houve uma queda de 64 por cento nas entregas à China entre 2020-24, em comparação com os cinco anos anteriores.

A mudança foi impulsionada pelo crescimento da indústria de armas doméstica da China, com sistemas projectados e produzidos localmente substituindo equipamentos que antes eram comprados sobretudo à Rússia – uma tendência que provavelmente continuará, indicou o relatório.

Siemon Wezeman, investigador do programa de transferência de armas do SIPRI, afirmou que foram necessários 30 anos para que a China substituísse progressivamente as armas de alta tecnologia importadas por tecnologias desenvolvidas localmente. “Nos últimos cinco anos, as principais coisas que a China ainda importava da Rússia eram basicamente duas: helicópteros e motores – que são extremamente difíceis de produzir se não se tiver experiência no assunto – e foi aí que a China se destacou”, disse.

“A China fabrica actualmente os seus próprios motores para aviões de combate, aviões de transporte e navios. O mesmo se passa com os helicópteros, em que a China desenvolveu os seus próprios helicópteros, totalmente chineses, e está a eliminar gradualmente as importações de helicópteros da Rússia e também de modelos europeus”, frisou Wezeman, no relatório.

A diminuição das importações chinesas contribuiu para uma redução global de 21 por cento no conjunto das remessas de armas para os países da Ásia e da Oceânia. A quota-parte da região nas importações mundiais de armas também diminuiu de 41 por cento em 2015-19 para 33 por cento.

A Ásia Oriental, em particular, viu as importações de armas diminuírem 22 por cento, não só devido à queda da procura por parte da China continental, mas também graças a reduções nas compras de Taiwan e da Coreia do Sul de 27 por cento e 24 por cento, respectivamente. O Japão foi o único país da região a aumentar a quantidade de armamento importado, registando um aumento de 93 por cento, de acordo com o relatório do SIPRI.

A China também saiu do top 10 dos importadores de armas pela primeira vez desde 1990-94, enquanto quatro países da região da Ásia e da Oceânia – Índia, Paquistão, Japão e Austrália – entraram na lista dos maiores receptores de armas do mundo. A tendência reflecte as crescentes preocupações entre alguns dos países vizinhos face à ascensão da China.

Cliente favorito

No leste da Ásia e no sul do Pacífico, Pequim tem adoptado uma postura mais assertiva alargando a sua influência às pequenas nações insulares da região.

No que diz respeito às exportações de armas, o SIPRI afirmou que 44 Estados receberam armas chinesas no período entre 2020 e 2024, a maioria dos quais na Ásia e na Oceânia, que representaram uma quota de 77 por cento, seguidos de África, que recebeu 14 por cento. No entanto, 63 por cento das armas exportadas pela China tiveram como destino um único cliente, o Paquistão.

Os fornecedores de armas chineses tornaram-se ainda mais dominantes nas aquisições e compras de Islamabade, representando 81 por cento das armas recebidas entre 2020 e 2024, em comparação com 74 por cento nos cinco anos anteriores.

Embora a China tenha sido o quarto maior exportador de armas, registou-se uma diminuição de 5,4 por cento nas suas remessas de armas em comparação com 2015-19, bem como uma queda na sua quota de vendas globais de armas, de 6,2 por cento para 5,9 por cento.

11 Mar 2025

Doca dos Pescadores | Aniversário da RUC celebra-se este sábado

A discoteca DD3 Verandah, na Doca dos Pescadores, prepara-se para acolher este sábado a festa de aniversário da RUC – Rádio Universidade de Coimbra. O evento, que arranca às 23h, conta com um DJ Set com nomes locais ligados à rádio, nomeadamente “Bate-Ficha”, o “DJ Sleppy” e ainda “Tongrim”. Margarida Sajara, locutora da TDM Rádio Macau, é a convidada especial.

Os bilhetes custam 180 patacas e dão direito a três bebidas. A RUC celebrou 39 anos de existência no passado dia 1 de Março, sendo que em Portugal o programa de celebrações está recheado com diversas emissões nos estúdios da rádio universitária.

O ano de 1986 marca a data em que o Centro Experimental de Rádio passou a ser RUC, sendo, até aos dias de hoje, uma rádio local de Coimbra, mas também um espaço de aprendizagem para jovens radialistas e locutores, muitos deles saído dos cursos superiores de jornalismo ou comunicação social.

O programa do 39º aniversário tem como grande destaque o espectáculo com “Telectu”, marcado para o dia 29 de Março no Teatro Académico Gil Vicente. Segundo informações da RUC, os “Telectu” são um projecto original “mais velho do que a própria rádio, pois remonta a 1982, marcando para sempre a música experimental em Portugal”.

Também haverá iniciativas na Casa das Artes Bissaya Barreto, entre outros espaços. A Festa de Aniversário da RUC decorreu em Coimbra no dia 1, com uma festa ao ar livre na Praça da República.

11 Mar 2025

Actividade do IC considerada inovadora pela UNESCO

O Instituto do Património Mundial para a Formação e Pesquisa na Região da Ásia-Pacífico da UNESCO (WHITRAP) considerou que a actividade do Instituto Cultural (IC), intitulada “Venha Conhecer Melhor o Nosso Património Mundial” é inovadora, tendo sido classificada como “caso inovador” para a “Base de Educação para Jovens sobre o Património Mundial” de 2024.

Segundo o IC, a iniciativa que decorre na Casa do Mandarim “foi seleccionada como um dos dez casos inovadores da China em 2024, uma distinção que vem reconhecer plenamente o trabalho do Instituto Cultural no âmbito da educação juvenil sobre o património mundial”.

O IC aponta ainda que desde o restauro da Casa do Mandarim, em 2010, que este espaço “tem sido utilizado activamente para organizar várias actividades de promoção cultural junto dos jovens, de modo a orientar os mesmos na compreensão sobre o valor do património mundial”. O objectivo do IC é também “dar a conhecer aos jovens as características culturais do encontro entre as culturas chinesa e ocidental em Macau, cultivando um sentido de patriotismo, fortalecendo a autoconfiança cultural e divulgando a cultura tradicional chinesa”.

Distinção em 2018

A Casa do Mandarim entrou, em 2018, para a “Base de Educação” da UNESCO, sendo que as actividades para celebrar o património local entram também para a mesma lista. Estas actividades visam “encorajar o pensamento criativo e cultivar a inovação cultural e a capacidade criativa dos jovens, através de experiências inovadoras e divertidas, nomeadamente com a pintura chinesa, escultura, cerâmica, desenho, impressão 3D, blocos de construção e outras actividades artísticas e educativas, tendo o Centro Histórico de Macau como tema principal”.

Foi ainda lançada uma sessão online de curtas-metragens de desenhos animados sobre o Centro Histórico de Macau e outros recursos didácticos.

A selecção pelo WHITRAP “constitui um reconhecimento importante sobre o trabalho do IC no âmbito da educação juvenil sobre o património mundial”, é ainda referido. Este ano, será realizado um novo serviço de reserva de visitas para grupos para esta actividade.

O IC promete ainda “continuar a utilizar a Casa do Mandarim como base para organizar mais actividades de divulgação e formação para jovens, de modo a potenciar o papel e a missão da ‘Base de Educação para Jovens sobre o Património Mundial'”.

11 Mar 2025

Hong Kong | MGM junta-se à Art Basel e cria novo prémio artístico

Chama-se “MGM Discoveries” e é o novo prémio na área das artes criado pela operadora de jogo em parceria com a Art Basel de Hong Kong, uma das mais conhecidas e reputadas feiras de arte do mundo. Os vencedores da primeira edição deste prémio serão conhecidos no dia 28 deste mês

 

A operadora de jogo MGM juntou-se a uma das mais reputadas feiras de arte do mundo, a Art Basel Hong Kong, para criar um novo prémio artístico. O “MGM Discoveries” está aí e os primeiros vencedores serão conhecidos a 28 de Março. Segundo o MGM, o principal objectivo desta colaboração é “estimular as próximas estrelas internacionais da arte”, estando ambas as entidades a tentar “promover as artes e cultura globais”.

O “Prémio de Arte MGM Discoveries” será revelado na próxima da Art Basel em Hong Kong. Esta distinção visa “destacar a originalidade e a inovação dos talentos internacionais emergentes no mundo da arte, proporcionando-lhes mais oportunidades de mostrar o seu trabalho e aumentar o seu reconhecimento na comunidade artística global”.

A ideia é ainda “apoiar talentos emergentes de todas as idades e nacionalidades na exploração das infinitas possibilidades da arte, elevando a sua influência no mundo da arte internacional e infundindo uma nova energia na cena artística global”. Com este prémio, a empresa “espera introduzir tendências artísticas emergentes na cidade, convidando artistas premiados para Macau e inspirando a geração mais jovem a envolver-se na criação artística”.

Júri com nome

O “MGM Discoveries” oferece 50 mil dólares ao artista vencedor, que será partilhado com a galeria de arte que o representa. A distinção vai ainda permitir “realizar uma exposição e participar em vários intercâmbios artísticos em Macau, inspirando ainda mais a expressão criativa e as ideias”.

Relativamente ao júri deste prémio, inclui algumas personalidades internacionais, nomeadamente “cinco especialistas da esfera artística e cultural internacional”. São eles Aaron Cezar, director e fundador da Delfina Foundation, uma organização sem fins lucrativos que promove intercâmbios artísticos no Reino Unido; Antonia Carver, directora da Art Jameel no Dubai; Christopher K. Ho, director executivo do Asia Art Archive; X Zhu-Nowell, director executivo e curador-chefe do Rockbund Art Museum, em Xangai; e Sam Seungho Park, presidente da Fundação de Artes e Cultura Parkseobo Foundation, em Seul.

Para já, foram seleccionados três artistas para este prémio, sendo que só um poderá ganhar. São eles Shin Min, representado pela galeria P21 em Seul; Kayode Ojo, representado pela Sweetwater em Berlim; e Saju Kunhan, representado pela galeria Tarq, em Mumbai.

11 Mar 2025

Rua do Almirante Sérgio | Residentes preocupados com obras

Arrancaram ontem as obras de repavimentação e reparação do sistema de drenagem na Rua do Almirante Sérgio. A esperança dos residentes é que cheguem depressa ao fim e que tenham pouco impacto na zona.

A zona no Porto Interior é uma das artérias mais movimentadas da cidade, e as obras têm como objectivo “melhorar a rede de drenagem e o pavimento rodoviário”.

Contudo, um residente de apelido Chio lamentou que as zonas na Rua do Almirante Sérgio e na Rua da Praia do Manduco estejam sempre em obras, sem qualquer descanso para os moradores. Em declarações ao canal chinês da Rádio Macau, Chio afirmou ainda que as obras são mais um incómodo para os moradores e condutores, pelo que a esperança é que os problemas sejam resolvidos rapidamente e que haja poucos congestionamentos.

Outro morador de apelido Lei, também se mostrou incomodado com os trabalhos, e apelou às autoridades para começarem a coordenar a realização dos trabalhos, para que não estejam sempre a fazer obras nos mesmos troços.

Já a presidente da Associação de Mútuo Auxílio do Bairro, abrangendo a Rua da Praia do Manduco, Cheong Lai Chan, mostrou-se mais comedido nos comentários, mas não deixou de pedir às autoridades para terem cuidados especiais e fazerem tudo para evitar congestionamentos nas horas de ponta. Por isso, a responsável espera que as autoridades se coordenem para que os trabalhos sejam concluídos o mais rapidamente possível.

11 Mar 2025

Mahjong | CPSP deteve 19 pessoas em sala de jogo ilegal

O Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) anunciou a detenção de 19 pessoas num salão de jogo ilegal de mahjong, situado no 7º andar de um edifício industrial na Rua Quatro do Bairro de Iao Hon. O caso foi divulgado na tarde de ontem, depois da operação das autoridades ter acontecido por volta das 14h de domingo.

Segundo o CPSP, citado pelo jornal Ou Mun, a investigação do caso começou depois de uma denúncia sobre a existência de jogo ilegal num dos andares do edifício industrial.

A polícia decidiu investigar a situação e quando entrou no espaço encontrou 18 jogadores, entre os quais 11 homens e 7 mulheres, com idades entre os 32 e 75 anos. Além disso, foi detido um outro homem, de 60 anos, que as autoridades suspeitam ser o gerente do espaço.

No interior do apartamento industrial foram ainda apreendidas cinco mesas de jogo, 4.900 patacas em dinheiro e outro material de jogo.

Questionado pelas autoridades, o alegado gestor confessou que tinha arrendado o espaço em Setembro do ano passado e que pagava cerca de 19 mil patacas de renda. Pela utilização de cada casa mesa de jogo eram cobradas 100 patacas por hora, e o espaço estava aberto das 13h às 19h, todos os dias, em interrupções.

O detido confessou também ter apurado lucros de 120 mil patacas desde a abertura no espaço e que no dia da detenção estava com um lucro de 330 patacas. Por sua vez, os jogadores afirmaram terem ficado a conhecer o espaço através da conversa com amigos. O caso foi encaminhado para o Ministério Público.

11 Mar 2025

Saúde | Denunciada falta de perspectiva de jovens médicos

O médico e deputado Chan Iek Lap entende que há um fosso nas políticas de contratação de médicos entre a formação e a procura efectiva por esses profissionais localmente. Em declarações ao jornal Ou Mun, o legislador denunciou a falta de estudos e de sensibilização de jovens alunos, desde o ensino secundário, para os profissões e sectores mais necessitados de mão-de-obra, de forma a planearem melhor o futuro.

Há cerca de duas semanas, o director dos Serviços de Saúde, Alvis Lo, estimou que nos próximos três anos haverá mais de 1.800 licenciados em cursos da área da saúde, 450 destes licenciados em medicina, e que o sector não terá capacidade para absorver a entrada dos recém-licenciados no mercado.

Face a esta situação, o Governo recomendou aos jovens a entrada no sector de Big Health, solução criticada por Chan Iek Lap. Apesar do grande potencial da indústria de Big Health, o médico argumentou que o sector ainda está na sua infância, inclusivamente em Hengqin. Além disso, a procura de trabalho noutras áreas da saúde, como a geriatria e apoio a idosos, implicaria uma situação laboral com salários mais baixos depois de seis anos de estudo de medicina.

Apesar dos salários mais baixos, Chan Iek Lap aconselhou os jovens licenciados em medicina a procurarem emprego em hospitais de Zhuhai ou Hengqin, para ganharem experiência profissional e, mais tarde, voltarem a Macau para exercer. O deputado alertou para a dificuldade que os jovens podem atravessar se estiverem vários anos sem exercer e sem acumular experiência.

11 Mar 2025

Autocarros | Ella Lei pede melhores abrigos nas paragens

A deputada Ella Lei quer saber quantas paragens de autocarro vão ser alvo de obras para criar abrigos maiores. A questão faz parte de uma interpelação escrita, divulgada ontem pelo gabinete da legisladora ligada à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM).

A pergunta foi colocada pela deputada, depois de revelar que recebeu queixas por parte de idosos que consideram que várias paragens têm falta de espaço: “Alguns residentes referiram que a capacidade de lugares sentados em alguns dos novos abrigos de autocarros é insuficiente, e esperam que se tenha em consideração a utilização dos abrigos por pessoas com dificuldades de mobilidade”, indicou.

A deputada aponta também que em muitos locais os abrigos nas paragens de autocarros não oferecem protecção suficiente contra o vento e a chuva. Ella Lei cita ainda os dados oficiais para apontar que em Julho do ano passado havia 439 paragens de autocarro, entre as quais 348 tinham abrigo, ou estavam em espaços interiores. Agora, a legisladora quer saber onde vão decorrer as obras para instalar os novos abrigos.

Além disso, face à maior utilização dos autocarros, com o crescimento dos números do turismo, Ella Lei pretende que sejam enviados mais trabalhadores para organizarem as linhas de espera nas paragens. A deputada questiona o Executivo sobre que planos tem nesse sentido.

Finalmente, Lei pede ao Executivo que revele os planos para os autocarros que vão circular na Zona A dos Novos Aterros. De acordo com a deputada, a habitação construída nesta zona está praticamente pronta para ser usada, pelo que é necessário começar a preparar a circulação dos transportes públicos.

11 Mar 2025

CCPPC | Aprovada resolução sobre “Um País, Dois Sistemas”

O Comité Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC) aprovou ontem uma resolução política a vincar a importância de continuar a implementação nas regiões administrativas especiais do princípio “Um País, Dois Sistemas”.

Segundo o canal chinês da Rádio Macau, a resolução aprovada por unanimidade no encerramento da sessão deste ano destacou também a importância de manter a implementação do princípio “Hong Kong e Macau governados pelas suas gentes com alto grau de autonomia”.

Na resolução política votada favoravelmente por todos os 2.082 delegados, foi também vincado o compromisso de “avançar inabalavelmente com a grande causa da reunificação nacional e consolidar e desenvolver a mais ampla frente unida patriótica”.

Numa sessão que contou com a presença do Presidente Xi Jinping, o presidente do Comité Nacional da CCPPC, Wang Huning, apontou como prioridades para os delegados a concentração nas metas nacionais de aprofundamento das reformas, desenvolvimento de alta qualidade, assegurar a estabilidade social e a melhoria da subsistência da população.

11 Mar 2025

Canadá | Pequim impõe tarifas sobre produtos agrícolas

Pequim anunciou no sábado a imposição de direitos aduaneiros adicionais sobre vários produtos agrícolas canadianos, incluindo 100 por cento sobre o óleo de colza, em retaliação à imposição por Otava em 2024 de impostos sobre os veículos eléctricos produzidos na China.

Na prática, a medida visa sobretudo a “canola”, uma planta desenvolvida no Canadá, aparentada com a colza e utilizada, nomeadamente, para produzir óleo alimentar e rações para animais. O país norte-americano é um dos principais produtores mundiais e a China é um dos seus principais clientes.

No ano passado, o Canadá anunciou a imposição de direitos aduaneiros adicionais sobre determinados produtos fabricados na China: 100 por cento sobre os veículos eléctricos e 25 por cento sobre os produtos de aço e alumínio. Pequim prometeu reagir, mas, na altura, manifestou a sua firme oposição a estas medidas, considerando-as proteccionistas.

Um porta-voz do Ministério do Comércio chinês declarou no sábado que um inquérito antidiscriminação lançado a 26 de Setembro concluiu que os impostos canadianos “prejudicavam” as empresas chinesas e “afectavam a ordem normal do comércio”, o que levou a China a retaliar.

“Serão aplicados direitos aduaneiros adicionais de 100 por cento ao óleo de colza, ao bagaço de oleaginosas e às ervilhas”, afirmou a Comissão da Pauta Aduaneira do Governo chinês numa declaração separada. Será igualmente imposta uma sobretaxa de 25 por cento aos produtos aquáticos e à carne de porco. Estes direitos aduaneiros entrarão em vigor a 20 de Março.

Relações instáveis

“As medidas canadianas constituem uma violação grave das regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), são claramente proteccionistas e discriminam a China”, declarou a comissão.

“A China insta o Canadá a corrigir imediatamente as suas más práticas, a levantar as suas medidas restritivas e a eliminar os seus efeitos negativos”, sublinhou o Ministério do Comércio no comunicado de imprensa. As sobretaxas canadianas aplicam-se a automóveis produzidos na China, camiões, autocarros, carrinhas de distribuição eléctricas e certos modelos híbridos.

As relações entre Otava e Pequim estão em conflito há vários anos, nomeadamente desde a crise da Huawei e a detenção, em 2018, de Meng Wanzhou, directora financeira do grupo chinês, seguida da prisão na China de dois canadianos.

10 Mar 2025

Bienal | “Acima de Zobeida” para ver até 30 de Abril

A exposição que serviu para representar Macau na 60.ª edição da Bienal de Arte de Veneza vai estar disponível no território até ao dia 30 de Abril. A mostra, intitulada “Acima de Zobeida: Arte de Macau na 60.ª Exposição Internacional de Arte de La Biennale di Venezia” está disponível no Museu de Arte de Macau (MAM), tendo sido inaugurada na última sexta-feira.

O projecto, da autoria do artista local Wong Weng Cheong, tem inspiração na obra “As Cidades Invisíveis”, de Italo Calvino. Segundo uma nota do Instituto Cultural (IC), trata-se de uma “exposição imperdível que explora questões globais a partir da perspectiva de Macau, questionando-se a identidade numa heterotopia”.

Leong Wai Man, presidente do IC, declarou, na inauguração da exposição, que a participação do território nesta Bienal em Veneza teve como objectivo “mostrar Macau ao mundo”, tendo “as criações dos jovens participantes misturado habilmente as marcas da vida quotidiana em Macau com as suas experiências de estudo no estrangeiro, propondo uma interpretação única da cultura da cidade”.

No romance de Italo Calvino, Zobeida é o nome da cidade fictícia. Para esta exposição, Wong Weng Cheong criou uma alegoria apocalíptica dessa mesma Zobeida, através de “imagens digitais e instalações de grande dimensão”, em que “criaturas mutantes com pernas alongadas vagueiam entre edifícios em ruínas, criando uma sensação de opressão surreal e desolação apocalíptica”.

O IC descreve ainda que quando o espectador entra na zona de exposição, o que mais poderá chamar a atenção “são as câmaras de vigilância escondidas que incorporam em tempo real as silhuetas dos visitantes na obra, fazendo com que os visitantes passem de observadores externos a figuras observadas”.

Chang Chan, curadora do projecto, descreveu que esta concepção é inspirada pela teoria da “heterotopia”, do filósofo Michel Foucault, que “explora a percepção estabelecida do sentido de pertença, entrelaçando-se a realidade com a ilusão”.

10 Mar 2025

Holi Festival Macau | Evento dedicado à cultura indiana no próximo domingo

Decorre no próximo domingo, 16, no Galaxy, mais uma edição do Festival Holi Macau, uma iniciativa da cultura indiana que simboliza a chegada da Primavera. Em Macau, o evento, organizado pela Associação de Cultura Indiana, promete muita cor, música, sessões de yoga e pinturas com Henna

 

Macau volta a receber mais uma edição do “Holi Festival”, um evento da cultura indiana que celebra o fim do Inverno e a chegada da Primavera com explosões de cor e alegria. A edição deste ano do “Holi Festival Macau 2025” realiza-se no domingo, 16, no Galaxy, numa organização da Associação da Cultura Indiana de Macau e do estúdio de yoga “V Studio”, de Victor Kumar, bem como da entidade “Yoga Shala 853”. Victor Kumar, que há vários anos reside em Macau, tem-se dedicado a organizar diversas actividades que espelham a cultura indiana no território.

Segundo uma nota de imprensa, esperam-se neste dia “muitas actividades emocionantes”, onde se inclui pinturas com Henna, danças tradicionais indianas, jogos, sessões de yoga coloridas e ainda actuações do “Bollywood Dreams Group”.

Trata-se de “um evento maravilhoso a não perder”, onde o público se pode divertir em família e amigos”. O evento decorre no Grand Resort do Galaxy Macau entre as 15h e as 17h, com o preço de entrada a custar 250 patacas, tanto para adultos como para crianças.

Tradições antigas

No festival Holi, uma celebração hinduísta, o que conta é ficar coberto de pós coloridos que têm significados muito concretos. Estes pós são preparados com ervas medicinais e flores moídos e misturados com água, sendo que cada cor representa um sentimento que se pretende transmitir quando se está em grupo a dançar ou a fazer outra actividade. Esses sentimentos podem ser felicidade, beleza, amor, saúde ou força, dando-se início a uma nova época do ano.

O objectivo desta celebração é mesmo que todos se possam divertir de igual forma, sem distinções. O Holi é uma das celebrações mais antigas na Índia, baseando-se em mitologias hindus como a lenda de Krishna e Radha e de um amor que, à partida, seria difícil de concretizar devido às diferenças da pele dos dois apaixonados. Porém, Krishna decidiu pintar o seu rosto com várias cores para ficar da mesma cor da sua amada, a fim de poderem estar juntos.

Tradicionalmente, na véspera do festival, é costume recolherem-se galhos ou folhas secas, construindo-se fogueiras com o propósito de afastar os maus espíritos e energias. Quando, na manhã seguinte, o lume se apaga, é hora de iniciar a celebração nas ruas, com cores, danças e alegria, em que as pessoas lançam os pós coloridos entre si.

10 Mar 2025

APN | Legislatura nacional realiza 2.ª reunião plenária

A terceira sessão da 14.ª Assembleia Popular Nacional (APN), a legislatura nacional da China, realizou a sua segunda reunião plenária no sábado para deliberar sobre relatórios de trabalho do Comité Permanente da 14.ª APN, do Supremo Tribunal Popular (STP) e da Suprema Procuradoria Popular (SPP).

O Presidente chinês, Xi Jinping, e outros líderes, incluindo Li Qiang, Wang Huning, Cai Qi, Ding Xuexiang, Li Xi e Han Zheng, participaram na reunião, indica o diário do Povo. Zhao Leji, presidente do Comité Permanente da APN, apresentou o relatório de trabalho da legislatura nacional na reunião.

Revisando o trabalho da mais alta legislatura em 2024, Zhao destacou o seu empenho em fortalecer a implementação da Constituição e aumentar a supervisão de conformidade para manter a autoridade e a inviolabilidade da Constituição.

Sobre a utilização das suas funções legislativas para aprimorar o sistema jurídico socialista chinês, a legislatura nacional deliberou sobre 39 itens legislativos ao longo do ano passado, dos quais 24 foram adoptados, incluindo seis leis novas e 14 leis revisadas, afirmou Zhao. A legislatura nacional exerceu legalmente o seu dever de supervisão, disse Zhao, acrescentando que ouviu e deliberou sobre 21 relatórios do Conselho de Estado, da Comissão Nacional de Supervisão, do STP e da SPP.

Zhao mencionou que a legislatura nacional também intensificou esforços para apoiar os legisladores no cumprimento de suas funções de acordo com a lei, incluindo ajudar os legisladores a manterem laços estreitos com o povo.

Ao apresentar o relatório de trabalho do supremo tribunal, o presidente do STP, Zhang Jun, disse que os tribunais chineses em todos os níveis aceitaram mais de 46 milhões de casos e concluíram mais de 45 milhões de casos em 2024, aproximadamente no mesmo nível do ano anterior.

Zhang disse que os tribunais em 2025 farão novas e maiores contribuições para promover a governança baseada na lei em todas as frentes e construir um país socialista sob o Estado de direito em um nível mais elevado.

10 Mar 2025

Taiwan | Pequim ameaça apertar “o laço”

As forças armadas chinesas avisaram ontem que irão apertar “o laço” à volta de Taiwan se o separatismo se tornar mais forte, exortando os apoiantes da independência de Taiwan a evitarem o “precipício”, noticiou a imprensa estatal.

Quanto mais invasivos se tornarem os separatistas da “independência de Taiwan”, mais apertado será o laço à volta dos seus pescoços e mais afiada será a espada sobre as suas cabeças”, disse o porta-voz do Exército Popular chinês, Wu Qian, aos delegados presentes no evento político anual ‘Duas Sessões’, citado pela agência noticiosa chinesa, Xinhua.

O exército chinês “é uma força de acção para lutar contra o separatismo e promover a reunificação”, descreveu Wu Qian. “Vocês montaram o vosso cavalo até ao precipício de um penhasco, mas atrás de vós está a terra. Se continuarem a ir na direcção errada, chegarão a um beco sem saída”, acrescentou.

No âmbito das “Duas Sessões”, que reúnem milhares de delegados em Pequim, a China anunciou na passada quarta-feira que vai aumentar o seu orçamento de defesa em 7,2 por cento em 2025, ao mesmo ritmo do aumento verificado no ano passado.

10 Mar 2025

China | Exportações e importações abrandam

As exportações da China aumentaram 2,3 por cento e as importações caíram mais de 8 por cento, em Janeiro e Fevereiro, em termos homólogos, num período marcado pela incerteza em relação às taxas alfandegárias impostas pelos Estados Unidos.

O excedente da China nas trocas comerciais com o resto do mundo fixou-se nos 170,52 mil milhões de dólares nos primeiros dois meses do ano. As alfândegas da China publicam os dados comerciais para Janeiro e Fevereiro em conjunto, a fim de evitar qualquer distorção decorrente da semana de férias do Ano Novo Lunar, que acontece todos os anos em dias diferentes.

“O crescimento das exportações arrefeceu nos primeiros dois meses de 2025, com a antecipação das taxas a dar menos impulso à procura do que tínhamos previsto”, afirmou Julian Evans-Pritchard, da consultora Capital Economics.

“Esta desaceleração ocorre antes de qualquer impacto substancial das taxas, o que quase certamente levará a quedas acentuadas nas exportações para os EUA em breve”, disse. O abrandamento das importações sugere que o aumento da procura impulsionado pelas despesas do governo, no final do ano passado, “já se inverteu parcialmente”, indicou Evans-Pritchard.

Esta semana, entrou em vigor o segundo de dois aumentos de 10 por cento nas taxas impostas pelo Presidente dos EUA, Donald Trump, sobre as importações da China, o que deverá afectar as exportações chinesas nos próximos meses.

Os compradores e os fornecedores chineses apressaram-se a concluir os negócios, visando evitar o impacto das taxas.

As autoridades chinesas manifestaram confiança na capacidade de resistência da economia e no facto de o comércio com outros países poder ajudar a compensar as eventuais reduções das exportações para os EUA após a entrada em vigor das taxas. Pequim afirmou ainda que está aberta a conversações com Washington numa base de respeito mútuo.

Saltos e quedas

No ano passado, as exportações ajudaram a China a atingir a sua meta de crescimento económico de 5 por cento. Pequim voltou a fixar o objectivo em cerca de 5 por cento, apesar das incertezas quanto às perspectivas comerciais para este ano.

As exportações para os EUA cresceram 2,3 por cento, em termos homólogos, em Janeiro-Fevereiro, enquanto as exportações para a União Europeia e o Japão cresceram apenas 0,6 por cento e 0,7 por cento, respectivamente. As exportações para a Rússia caíram 10,9 por cento.

A Associação das Nações do Sudeste Asiático continuou a ser o maior parceiro comercial da China, com as exportações a crescerem 5,7 por cento, em termos homólogos.

“Embora não se deva dar muita importância a alguns meses de dados, a repartição levanta questões sobre como as tendências de exportação podem mudar quando as taxas começarem a afetar os EUA também”, disse Lynn Song, da ING Economics, num relatório. “Com as taxas a entrarem em vigor em Fevereiro e Março, é provável que o impacto se faça sentir gradualmente nos próximos meses”, afirmou.

10 Mar 2025

Uma interpretação heideggeriana de 嶀 Cheng

Por Li Chenyang

De todos os conceitos da filosofia clássica chinesa, cheng 嶀 é um dos mais difíceis de decifrar. A questão não se prende apenas com a tradução do termo para inglês ou outra língua. Mesmo em chinês, o seu significado é tão indefinido e elusivo que o proeminente filósofo chinês Zhang Dainian chamou-lhe “o conceito mais ininteligível da filosofia chinesa”. No entanto, cheng é, sem dúvida, um conceito importante; nenhum estudante sério de filosofia chinesa pode evitar encontrá-lo. Neste artigo, examino os vários esforços que têm sido feitos para interpretar o cheng e mostro como essas interpretações lançaram luz sobre diferentes dimensões do conceito. Mostro também que, apesar de Roger Ames ter dado importantes contributos a este respeito, a sua interpretação apresenta, no entanto, uma importante lacuna e que um aspecto crucial do cheng ainda não foi elucidado.

Esta lacuna pode ser colmatada por uma leitura heideggeriana. Nessa interpretação, o cheng é um modo de ser humano no sentido mais fundamental. Como característica essencial da humanidade, cheng significa a autêntica existência humana. Através do cheng, a humanidade, o céu e o mundo tornam-se e mantêm-se naquilo que são e naquilo que devem ser. Cheng reflecte a verdade, a criatividade e a realidade, as três dimensões-chave da ontologia humana confucionista.

Oferecer esta leitura não significa sugerir que os antigos pensadores chineses filosofavam como Heidegger. Indica, no entanto, que diferentes tradições filosóficas podem partilhar ideias importantes, apesar de possuírem formas de pensamento e de justificação diferentes. O meu foco aqui é o pensamento confucionista pré-Qin, principalmente o cheng no Estudo Maior (Da Xue), no Zhongyong e no Mêncio (Mengzi), os três textos clássicos nos quais o cheng desempenha um papel substancial.

Um dos primeiros académicos ocidentais que tentou interpretar o cheng foi James Legge. Ele interpretou cheng como “sinceridade”, tornando-o principalmente um conceito ético-psicológico. De acordo com o The Oxford English Dictionary, “sincero”, a forma adjectiva de “sinceridade”, deriva da palavra latina “sincerus”, que significa “limpo, puro, sólido”. Noutra interpretação, “sinceridade” vem da palavra latina “sine”, ou seja, “sem”, e “cera”, ou seja, “cera”. A palavra significava originalmente que os bons escultores não usam cera para esconder defeitos nas suas produções. Em qualquer das leituras, “sinceridade” pode significar o estado original, sem disfarces artificiais. Legge usou a palavra principalmente como um conceito psicológico.

Uma das razões pelas quais ele se agarrou à “sinceridade” na interpretação de cheng talvez se deva ao facto de ter assumido o Estudo Maior antes de abordar o Zhongyong, seguindo a sequência dos Quatro Livros de Zhu Xi . No Estudo Maior, “cheng” é usado em estreita ligação com yi 錓, “intenção” ou “determinação”. A sua conotação é evidentemente psicológica. Tornar de alguém o yi “cheng” (嶀剢錓) significa colocar um coração sincero em algo. Legge também estendeu esta tradução para o Zhongyong. Ele escreveu:

A segunda cláusula do par. -嶀巃嫄呇揜濆颾, parece totalmente sinónimo de , no “[Estudo Maior], cap. VI.a, capítulo ao qual vimos que todo o cap. I, tem uma semelhança notável.

A interpretação de cheng como sinceridade parece directa e sem problemas na Grande Aprendizagem. É no Zhongyong, no entanto, que Legge encontrou dificuldades. A secção 0 do Zhongyong afirma: 嶀簅, 蘢巃’, 嬣巃’, 嫄徦儢齌〔嫄皵儢’, 贄暺齌’, 寣嬣憟〔嶀巃簅, 鼵鉏儢苀譖巃簅憟〔 Legge traduziu da seguinte forma:

“A sinceridade é a Via do Céu. A conquista da sinceridade é o caminho dos homens. Aquele que possui sinceridade é aquele que, sem esforço, atinge o que é correcto, e apreende, sem o exercício do pensamento; ele é o sábio que naturalmente e facilmente incorpora o caminho correcto. Aquele que alcança a sinceridade é aquele que escolhe o que é bom e o mantém firmemente.”

A “Via do Céu”, no entanto, não está obviamente confinado à pessoa humana. Usar “sinceridade” como um estado psicológico para descrever o Céu dificilmente faz sentido. Reconhecendo a dificuldade, Legge escreveu: “No entanto, podemos ser levados a encontrar um significado recôndito, místico, para 嶀, na terceira parte deste trabalho”. Comentando a secção , no início da terceira parte do Zhongyong, Legge escreveu: “O ideal da humanidade – o carácter perfeito pertencente ao sábio, que o coloca ao nível do Céu – é indicado por 嶀, e não temos um único termo em inglês, que possa ser considerado como o equivalente completo desse carácter”. E acrescentou rapidamente: “Os próprios chineses tiveram grande dificuldade em chegar a essa definição que é actualmente aceite por todos”.

O caso de Legge mostra que, embora a sua interpretação de cheng possa funcionar no Estudo Maior, está longe de ser adequada quando se trata do Zhongyong. O trabalho de Wing-tsit Chan na interpretação do cheng parece ter sido influenciado por Legge. Por exemplo, Chan traduziu a Secção do Zhongyong em estreita semelhança com Legge, como se segue: “A sinceridade é a Via do Céu. Pensar como ser sincero é o caminho do homem. Aquele que é sincero é aquele que atinge o que é correto sem esforço e apreende sem pensar. Ele está natural e facilmente em harmonia com o Caminho. Um homem assim é um sábio. Aquele que tenta ser sincero é aquele que escolhe o bem e se mantém fiel a ele.”

Atribuindo a sinceridade ao Céu, Chan depara-se com o mesmo problema de Legge. Seguindo Legge, Chan traduziu “cheng zhe, wu zhi zhongshi (嶀簅, 琲巃蹖 蒴)” como “a sinceridade é o começo e o fim das coisas”. No entanto, se a sinceridade é um estado psicológico, como é que pode ser o princípio e o fim das coisas no mundo? Numa tentativa de resolver esta dificuldade, Chan alargou as suas interpretações de cheng e escreveu: “A qualidade que une o homem e a Natureza é cheng, sinceridade, verdade ou realidade. A sinceridade não é apenas um estado de espírito, mas uma força activa que está sempre a transformar as coisas e a completá-las, e a unir o homem e o Céu (Tien, Natureza) na mesma corrente”.

O relato de Chan aponta para um significado-chave de cheng, nomeadamente, é uma força activa que transforma e completa as coisas, e leva a humanidade e o Céu à unidade. No entanto, dizer que essa força é “sinceridade” é claramente forçado; a palavra inglesa simplesmente não tem essa conotação. O tratamento de Chan parece mostrar a influência de Legge. Ligar cheng à verdade e à realidade aproxima-o dos significados da palavra no Zhongyong. Infelizmente, Chan não desenvolveu estas ligações ao explicar cheng. Comentando sobre cheng como uma força criativa, Chan escreveu: “Na medida em que é místico, tende a ser transcendental.” Chan não explicou o que queria dizer com “transcendental”. Se significa “para além do reino humano”, é difícil justificar essa leitura, porque no confucionismo o reino humano não está separado do Céu ou da Terra.

Reconhecendo as dificuldades associadas à tradução de cheng como sinceridade, tanto Donald Munro como A. C. Graham evitaram psicologizar cheng e optaram por “integridade”. Munro escreveu: “A minha tradução de cheng como “integridade” em vez de “sinceridade” vem do sentido do termo como uma completude que contém todos os atributos naturais, nenhum dos quais é fraudulento ou está em falta. Esta tradução permite a Munro traduzir “cheng zhe, zi cheng ye 嶀簅, 簏僝憟 “no Zhongyong como “a integridade é aquilo pelo qual as coisas se completam”. Em casos como este, a “integridade” tem claramente uma vantagem sobre a “sinceridade”. Graham expandiu esta tradução para o Estudo Maior, onde “sinceridade” parece ter uma base mais forte do que “integridade”. Ele traduziu “chengyi 嶀錓” como “integrando a intenção”. Ele escreveu, Cheng “integridade” deriva de cheng 僝 “tornar-se inteiro”, usado (em contraste com sheng 蛺 “nascer”) da maturação de uma coisa específica … usamos “integridade, integral e integrar” para combinar os dois sentidos, totalidade e sinceridade

Usando “integridade” para cheng, Graham traduziu a Secção X do da Zhongyong seguinte forma: “A integridade é a Via do Céu, a integração é a Via do homem. O homem que é integral está no centro sem esforço, sucesso sem pensar, está sem esforço no Caminho; é o sábio. O homem que se integra é aquele que escolhe o bem e se agarra a ele com firmeza.”

A tradução de Graham parece ter sido motivada pelo seu esforço para oferecer uma interpretação consistente de cheng tanto no Estudo Maior como no Zhongyong. A sua tradução de “cheng yi” como “integrar a intenção” sugere que ele leu o significado de cheng no Zhongyong de volta ao Estudo Maior, ou seria difícil compreender como ele chegou à ideia de “integrar a intenção” a partir de cheng yi.

Munro aparentemente abordou a questão na direcção oposta à de Graham. Para Munro, o significado correcto de cheng é “sinceridade”, que “se refere à tentativa inabalável de realizar as virtudes sociais específicas”. Tal tentativa é, sem dúvida, um esforço humano. Com base nisto, Munro afirma que “cheng foi então lido na natureza”. Essa leitura de volta à natureza pode ser tanto no Mêncio como no Zhongyong, ambos pertencentes à Escola Si Meng do Confucionismo.

A leitura de Munro pode ser apoiada em dois cenários. Primeiro, a palavra “cheng” descrevia originalmente um estado psicológico. Dada a ligação etimológica de cheng 嶀 com o seu homófono 僝 (completar), no entanto, tal conjectura é difícil de sustentar. Em segundo lugar, o Estudo Maior, no qual cheng carrega uma conotação psicológica próxima, foi escrito antes do Zhongyong e do Mêncio, nos quais cheng aparece com significados mais amplos. No entanto, Munro não apresentou nenhuma destas provas. Por conseguinte, não estabeleceu de forma convincente que cheng, enquanto estado pessoal (psicológico) , foi lido de volta à natureza para adquirir significados mais amplos, como integridade, verdade e realidade.

Na sua obra Centrality and Commonality, Tu Weiming seguiu a interpretação de Wing-tsit Chan de cheng, mas enfatizou os seus sentidos de “verdade” e “realidade”. Tu escreveu: “Cheng como Via do Céu é certamente diferente de “sinceridade” como uma qualidade pessoal. Dizer que o Céu é sincero parece traduzir a ideia de uma pessoa honesta numa descrição geral da Viado Céu.

Para Tu, no entanto, essa leitura de cheng de volta ao mundo é uma interpretação incorrecta. Ao contrário de Munro, Tu defende que, quando o Zhongyong descreve a Via do Céu como cheng, não está a dizer que o Céu é como uma pessoa. Pelo contrário, significa que cheng é inequivocamente uma qualidade do Céu, e que os humanos devem seguir esta qualidade celestial para serem cheng. Assim, Tu colocou “sinceridade” entre aspas e considerou cheng como “um conceito primordial na construção de uma metafísica moral.”0 Para esse fim, Tu citou a tradução de Lau de cheng no Mêncio como apoio. Lau interpretou cheng como “verdadeiro”. Por exemplo, Mêncio afirma:

反身不誠, 不悅於親矣. 誠身有道. 不明乎善, 不誠其身矣. 是故誠者,天之道也. 思誠者, 人之道也. 至誠而不動者, 未之有也. 不誠未有能動者也. (4A12)

Lau traduziu a passagem da seguinte forma:

“Se, ao olhar para dentro de si, descobrir que não foi fiel a si próprio, não agradará aos seus pais. Há uma maneira de ele se tornar fiel a si próprio. Se ele não compreende a bondade, não pode ser verdadeiro consigo mesmo. Por isso, ser verdadeiro é a Via do Céu; reflectir sobre isso é a Via do homem. Nunca houve um homem totalmente fiel a si próprio que não conseguisse comover os outros. Por outro lado, aquele que não é fiel a si próprio nunca poderá esperar comover os outros.”

“Ser verdadeiro” é a chave para a compreensão de Lau sobre o cheng. Como defende Zhang Dainian, existe uma estreita afinidade entre o conceito de cheng no confucionismo e o conceito de “zhen 真” (verdadeiro, verdade) no taoísmo: “O que os daoistas chamam de zhen, os confucionistas chamam de cheng”. Neste contexto, faz todo o sentido interpretar cheng em termos de “verdade”, como fez Lau. Ser verdadeiro é uma forma de ser para a pessoa. Não é meramente psicológico, mas também ético e ontológico. Neste sentido, Lau traduziu “bu ming hu shan, bu cheng qi shenyi , 嫄嶀剢蜰鋿” como, “se ele não entende o que é bom, não pode ser verdadeiro consigo mesmo”.

(continua)

10 Mar 2025

Habitação | Preços descem ligeiramente

Entre Novembro de 2024 e Janeiro de 2025, o índice global de preços da habitação apresentou uma redução de 1,3 por cento, face ao período entre Outubro e Dezembro, para 204,2. Os dados foram revelados na sexta-feira pelos Direcção de Serviços de Estatística e Censos (DSEC).

O índice de preços de habitações da Taipa e Coloane (212,7) caiu 7,2 por cento, contudo, o índice da Península de Macau (202,1) subiu 0,4 por cento.

O índice de preços de habitações construídas (223,6) ascendeu 0,1 por cento, em relação ao período anterior. No entanto, o índice de habitações em construção (222,2) desceu 16,8 por cento, informam os Serviços de Estatística e Censos.

Quanto ao índice de preços de habitações construídas, o da Península de Macau (210,3) subiu 0,3 por cento, relativamente ao período precedente, porém, o da Taipa e Coloane (276,4) caiu 0,4 por cento. No período em análise, o índice global de preços da habitação decresceu 11,8 por cento, em comparação com o período de Novembro de 2023 a Janeiro de 2024.

10 Mar 2025

Saúde | Song Pek Kei pede mais formações para enfermeiros

Para fazer face à procura por mais e melhores cuidados de saúde, a deputada Song Pek Kei pediu incentivos adicionais para a formação de novos enfermeiros. Numa interpelação escrita, a deputada ligada à comunidade de Fujian indicou que entre 2013 e 2023, o número de enfermeiros aumentou em 1.126 profissionais, o que considerou insuficiente para responder à procura no território.

Além disso, Song indica que em estimativas anteriores, o Governo previu a necessidade de o número de enfermeiros crescer anualmente entre 10 e 15 por cento. Contudo, os dados mais recentes mostram que o crescimento foi inferior a 10 por cento, o que considerou insuficiente e preocupante. Por isso, dado que o Governo pondera a autorização para contratar não-residentes para a profissão, Song Pek Kei pretende saber em que ponto estão os estudos planeados.

A deputada também apontou que o Governo ainda não actualizou os dados sobre a procura de quadros qualificados para a carreira de enfermeiro e defende a divulgação regular de dados dos empregados nesta profissão, de forma a proceder ao ajustamento de políticas.

10 Mar 2025

Acidentes de trabalho | Mantidos limites de indemnizações

O Governo de Sam Hou Fai optou por manter inalterados os limites de indemnização por danos resultantes de acidentes de trabalho e doenças profissionais. A decisão foi comunicada pela Direcção de Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), através de um comunicado emitido na sexta-feira.

“Após análise aos dados sobre a situação económica, do mercado laboral e das indemnizações por acidentes de trabalho referentes ao ano de 2023 em Macau, […] o Governo da RAEM decidiu, no pressuposto do equilíbrio dos direitos e interesses dos trabalhadores e empregadores, manter os limites vigentes das indemnizações por danos resultantes de acidentes de trabalho e doenças profissionais”, foi comunicado.

De acordo com o Executivo, a decisão foi tomada depois de terem sido ouvidos “representantes” de seguradoras, trabalhadores e patrões.

Actualmente, as indemnizações por cada trabalhador vítima de acidente de trabalho ou doença profissional têm como limite 3,15 milhões de patacas. Além disso, a indemnização pode prever até 300 patacas diárias, por consulta fora dos estabelecimentos de saúde.

Em caso de incapacidade máxima por acidente de trabalho, os limites mínimos de indemnização são de 425 mil patacas e 1,42 milhões de patacas. Já se o trabalhador morrer, os familiares podem receber uma indemnização mínima de 340 mil patacas e máxima de 1,13 milhões de patacas.

10 Mar 2025

Licença de maternidade | Associações pedem extensão para 90 dias

Face à redução da natalidade, Operários e Moradores pediram ao Chefe do Executivo melhores condições para mães e pais, além do aumento da flexibilidade nas políticas de habitação

 

A Federação Geral dos Operários de Macau pediu ao Governo o alargamento da licença de maternidade no sector privado dos actuais 70 dias para 90 dias.

De acordo com a TDM Macau, a vice-presidente da associação defendeu ainda uma extensão da licença de paternidade, actualmente fixada em cinco dias. Leong Men Ian apelou também ao reforço do apoio financeiro dado aos pais. Actualmente, o Governo atribui 5.418 patacas aos pais de cada recém-nascido. Por outro lado, Leong disse que as autoridades deveriam permitir que casais a viver em habitações públicas mudem para um apartamento maior após terem filhos.

A dirigente falava na apresentação de um inquérito às condições de vida e de emprego das mulheres em Macau, cujos resultados mostram que 73 por cento estão preocupadas com as perspectivas de emprego e 48 por cento com os cuidados a crianças e idosos.

Também o deputado Ho Ion Sang, vice-presidente da União Geral das Associações dos Moradores de Macau, questionou o Governo sobre planos para aumentar as licenças de maternidade e paternidade.

Em 20 de Fevereiro, o secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raymond Tam Vai Man, prometeu permitir que residentes em habitações públicas mudem para um apartamento maior, de forma a encorajar a natalidade.

O novo Chefe do Executivo de Macau, que tomou posse no final de Dezembro, admitiu durante a campanha eleitoral que um dos maiores desafios a longo prazo é a baixa natalidade.

Baixa da Natalidade

Sam Hou Fai disse ser necessário “criar condições em termos de educação e emprego” para subir a natalidade e prometeu estudar a extensão da licença de maternidade e a criação de um fundo de providência central obrigatório.

Macau registou em 2024 apenas 0,58 nascimentos por mulher, a menor taxa de fecundidade desde que a Direcção de Serviços de Estatística e Censos começou a compilar estes dados, em 2000, e muito longe do valor necessário para a substituição de gerações (2,1).

A taxa de fecundidade é ainda mais baixa do que a estimativa feita num relatório divulgado em Julho pelo Departamento de Assuntos Económicos e Sociais das Nações Unidas (UNDESA, na sigla em inglês): 0,68 nascimentos por mulher.

Apesar de mais optimista, a estimativa da UNDESA já indicava que Macau teria tido em 2024 a mais baixa fecundidade do mundo, a uma grande distância da segunda jurisdição na lista, Singapura, com 0,95 nascimentos por mulher. Os dados oficiais mostram que houve 3.607 nascimentos em Macau no ano passado, o número mais baixo desde há quase duas décadas.

No final de Janeiro, o subdirector dos Serviços de Saúde, Kuok Cheong U, previu que deverá haver menos de 3.500 nascimentos na região em 2025, número que seria o mais baixo desde 2004.

10 Mar 2025

Maioria das mulheres com salário cortado ou congelado

Após a pandemia mais de 80 por cento das mulheres viu o salário congelado ou sofreu cortes. A conclusão faz parte de um inquérito elaborado pela Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM).

Na sexta-feira, a Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) apresentou um inquérito sobre a situação de trabalho e vida das mulheres, com base em inquéritos 970, e 86 por cento das entrevistadas confessaram ainda terem o salário congelado ou reduzido. Ao mesmo tempo, 14 por cento das entrevistadas admitiram que o salário tinha sido aumentado depois da pandemia.

Quando questionadas sobre os principais motivos de preocupação na vida quotidiana, 77 por cento das entrevistadas indicou a situação económica, 73 por cento as perspectivas futuras de desenvolvimento da carreira profissional, e 67 por cento a necessidade de tomar conta dos filhos, idosos ou de outros familiares. Já a maioria das pessoas que se queixa do impacto de cuidar de familiares indicou que tem à sua responsabilidade pelo menos duas pessoas.

Mais apoios

Face aos resultados, os autores do estudo indicaram que muitas mulheres sugeriram uma maior protecção do descanso a nível laboral, melhores oportunidades de emprego e de desenvolvimento profissional.

“É necessário que o Governo se foque na primazia do emprego local, não só para as mulheres, mas também para todos os residentes locais com a definição de uma política a longo prazo, além de lançar mais medidas de formação e promoção para os quadros qualificados,” afirmou a deputada da FAOM Ella Lei.

Nas conclusões do inquérito, é igualmente defendido que Governo deve aliviar a pressão económica da população, através da melhoria de medida de bem-estar social, como o cheque pecuniário, cartão de consumo, subsídio às tarifas de água e luz ou vales de saúde.

Para incentivar a natalidade, as entrevistadas defenderam também o aumento da licença de maternidade e a melhoria das condições de candidatura a habitação pública.

Face às conclusões, a equipa de investigadores apelou ao Governo para melhorar as políticas actuais, aumentar o número de dias para a licença de paternidade e elaborar legislação para garantir o tempo de amamentação das mulheres.

10 Mar 2025

Três grupos artísticos de Portugal no desfile internacional de Macau

Três grupos artísticos de Portugal vão participar na 11.ª edição do Desfile Internacional de Macau, que sai às ruas a 23 de Março, foi ontem anunciado.

A directora do Instituto Cultural de Macau (ICM), Leong Wai Man, destacou o “grupo de percussão jovem” Porbatuka e o projecto Portugal Artfusion, que “mistura fado, música contemporânea portuguesa e dança” no espectáculo “Saudade”. Em conferência de imprensa, o ICM revelou que o programa inclui ainda a companhia portuguesa Teatro Só, que vai apresentar o espectáculo “Sorriso”.

O desfile terá cerca de 1.800 artistas, incluindo 23 grupos convidados de 15 países e regiões, entre os quais Itália, Egipto, Polinésia, Marrocos, Espanha, Índia, França, China continental e Hong Kong.

O ICM destacou o espectáculo ‘The Gipsy Marionettist’ (O Marionetista Cigano), de Rašid Nikolić, um artista de etnia cigana nascido na Bósnia-Herzegovina, o grupo de dança folclórica argentina Argendance e um grupo alemão de circo.

O evento vai contar ainda com 60 grupos locais, escolhidos entre 90 candidatos, entre os quais vários de matriz lusófona, como a Associação Desportiva e Cultural de Capoeira de Macau, a Associação de Danças e Cantares Portuguesa ‘Macau no Coração’ e a Casa do Brasil em Macau.

Caretos em Macau

Leong destacou um dos grupos locais, a Casa de Portugal em Macau, que vai apresentar um espectáculo inspirado nos Caretos de Podence, que estiveram na região para a quinta edição do desfile, em 2015.

O desfile é um dos eventos internacionais organizados para marcar a nomeação de Macau como Cidade Cultural da Ásia Oriental 2025, uma iniciativa conjunta da China, Japão e Coreia do Sul. A iniciativa Cidade Cultural da Ásia Oriental distingue anualmente duas cidades chinesas, uma japonesa e uma sul-coreana. Além de Macau, este ano foram escolhidas Huzhou, no leste da China, Kamakura, no centro do Japão, e Anseong, no centro da Coreia do Sul.

Como tal, o desfile vai contar com um grupo que organiza cortejos de samurais em Kamakura, e com o grupo Namsadangnori, que preserva em Anseong um espectáculo tradicional sul-coreano que combina acrobacia, canto, dança e circo.

O evento começa nas Ruínas de São Paulo e, ao longo de três horas e meia, irá passar por vários edifícios do Centro Histórico de Macau, considerado Património Mundial pela UNESCO em 2005, incluindo a Igreja de São Domingos e o Largo do Senado. Antes do desfile, entre 16 e 22 de Março, os grupos irão participar numa série de oito actividades de rua e de arte na comunidade.

Segredos financeiros

Leong recusou-se a revelar o orçamento para este ano, alegando que é “informação confidencial”, uma vez que vai ser financiado na totalidade pelas seis concessionárias de casinos em Macau. O orçamento no ano passado foi de cerca de sete milhões de patacas, menos de um terço do que na última edição, em 2019 (23,3 milhões de patacas).

O orçamento inclui um subsídio entre 15 mil e 120 mil patacas para cada grupo, que poderá ainda receber oito prémios atribuídos pela organização, entre os quais melhor actuação, melhor tema e melhor criatividade.

Leong disse ter confiança que o desfile possa atrair 150 mil pessoas às ruas de Macau, e lembrou que o evento irá ser transmitido em directo em várias televisões locais e do exterior, com um potencial público alvo de 100 milhões de espectadores.

7 Mar 2025

Artes Visuais | Nanjing acolhe Bienal de Macau e Hong Kong

Decorre até ao dia 1 de Abril a edição da “Bienal de Artes Visuais de Hong Kong e Macau 2024”, no Museu de Arte da Universidade de Artes de Nanjing, mostrando-se “a paisagem e espírito cultural urbano e contemporâneo das duas cidades”.

O evento conta com organização de várias entidades públicas de Macau, Hong Kong e da própria China, nomeadamente o Instituto Cultural (IC) da RAEM. Segundo uma nota do IC, a Bienal tem como tema “Integração e Diálogo”, abrangendo disciplinas como artes visuais, património cultural intangível e design, inovação tecnológica ou ainda design para fins sociais. A ideia é “criar uma plataforma de diálogo cultural entre Hong Kong, Macau e as cidades do Interior da China”.

No caso de Macau, o tema patente na bienal é “Não Macau, Mas Chama-se Macau”, contando com a presença de diversos artistas locais, como Cai Guo Jie , Ieong Wan Si, Im Fong, Lam Im Peng, Lo Hio Ieng, Lou Kam Ieng, Ng Sang Kei, Ricardo Filipe dos Santos Meireles, Sit Ka Kit e Xie Yun.

Os criadores apresentam trabalhos de pintura, fotografia, vídeo ou multimédia, entre outros. “Os dez artistas apresentam um total de 30 peças e/ ou conjuntos de obras de arte contemporâneas, reflectindo as impressões pessoais de cada artista sobre Macau e os seus laços emocionais profundos pela cidade”.

Desde 2008, que se realiza a “Bienal de Artes Visuais de Hong Kong e Macau”, sendo este evento considerado “um importante elo de ligação entre artistas do Interior da China, de Hong Kong e de Macau”, tratando-se também, segundo o IC, “um importante evento de intercâmbio cultural”.

Esta edição, depois de ter passado por Hangzhou, está programada para passar por Nanjing, Guangzhou, Shenzhen e Pequim. A primeira apresentação foi realizada com sucesso em Hangzhou, entre Outubro e Novembro do ano passado, tendo atraído mais de 30 mil visitantes. A inauguração da mostra decorreu esta quarta-feira.

7 Mar 2025

“Para Além do Olhar”, de Frank Lei, apresentado hoje na FRC

A Fundação Rui Cunha (FRC) e o Clube do Livro Fotográfico de Macau acolhem hoje, a partir das 18h30, a apresentação do livro “Beyond the Gaze”, uma obra póstuma do fotógrafo Frank Lei que foi uma referência na prática e no ensino da fotografia no território.

A apresentação será conduzida por Francisco Ricarte, um dos fundadores da Associação Halftone e impulsionador do Clube do Livro Fotográfico – Photobook Club Macau –, contando com a presença de Jane Lei, irmã do homenageado Frank Lei, e de Alan Ieong, editor da obra. Segundo uma nota da FRC, “a conversa entre amigos pretende lembrar o trabalho do autor e destacar a sensibilidade visual deste para a composição fotográfica, percorrendo as imagens que marcaram o seu tempo e testemunharam este lugar”.

“Beyond the Gaze” resume a visão de Frank Lei sobre Macau, uma cidade que tanto estimava. “Frank Lei viveu numa época de grandes mudanças sociais, económicas e urbanas em Macau, realizadas não só através de um processo de expansão – extensos aterros –, mas também através da demolição de assentamentos urbanos informais existentes, ou de edifícios antigos, que moldavam a cidade tradicional e o seu modo de vida”, recordou Francisco Ricarte, citado na mesma nota.

Frank Lei “foi capaz de retratar estas transformações com um profundo sentimento de pertença, de humanidade, mas também de perda”, acrescentou.

Um registo documental

A fotografia de Frank Lei foi muito além de um registo documental das mudanças físicas de um lugar. “A sensibilidade visual de Frank para a composição, escala e equilíbrio de luz e sombra (por vezes transmitindo sombras profundas e dramáticas), para retratar Macau como uma terra de mudança perpétua (…), permite-nos compreender melhor esta cidade e a sua identidade humana. Na fotografia de Frank, o espaço é sempre transmitido por uma escala humana, o que realça o seu significado e papel”, explica ainda Francisco Ricarte.

Frank Lei nasceu em Pequim em 1962, mas veio viver para Macau ainda muito jovem. Após concluir os seus estudos académicos em Cinema e Vídeo na Universidade de Paris III, e em Fotografia na ENSAD de Paris, voltou para Macau onde se estabeleceu. A sua actividade profissional passou pelo “Macau Daily News”, foi curador do Albergue e mais tarde curador do Armazém do Boi, publicou vários livros de fotografia, realizou exposições individuais em Macau e França, e conquistou importantes prémios fotográficos. Frank Lei faleceu em 2022, após um longo período de doença.

7 Mar 2025