Hotel Tesouro | Quarentena alargada e incerteza deixam residentes desolados

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Depois da identificação de um caso positivo de covid-19 num trabalhador do Hotel Tesouro, quem se preparava para sair de quarentena nesse dia ficou a perceber a razão que levou à extensão do isolamento até ao próximo sábado. Incredulidade e desalento passaram a ser os sentimentos dominantes. Uma residente destacou ao HM a falta de responsabilização das autoridades

 

Enquanto aguardavam o muito esperado aviso para descer e fazer check-out depois de cumprida a quarentena obrigatória para entrar em Macau, os “hóspedes” de dois pisos do Hotel Tesouro tiveram uma desagradável surpresa.

“Atendi a chamada de um número anónimo, pensando que me iriam dizer para descer para fazer check-out. Atendi o telefone toda animada, porque estava a 40 minutos de sair daqui. Quando me disseram que ‘infelizmente teria de ficar até dia 20’ vi tudo a desabar à minha frente e não acreditei no que se estava a passar.” É desta forma que Sofia Mota resume o choque que sofreu ao saber que teria de ficar mais cinco dias em quarentena, meio dia depois do anúncio de que um trabalhador do Hotel Tesouro teria testado positivo.

Na segunda-feira, poucos minutos antes das 23h, o Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus anunciava que um trabalhador (de 24 anos de idade, do sexo masculino, trabalhador não-residente) teria testado positivo e que as “pessoas que se encontram em observação médica neste hotel, necessitam de prolongar o período de observação médica até 20 de Agosto”.

Uma residente de apelido Chen, contou ao HM que lhe disseram na fatídica chamada que haveria muitos casos positivos no piso onde cumpria quarentena com o seu filho e que, essa seria a razão para ficar mais cinco dias de quarentena, sem colocar em risco da comunidade devido à possibilidade de estar ainda a decorrer o período de incubação do vírus.

“Mais tarde, vimos nas notícias que a razão era o teste positivo do trabalhador do hotel. Mentiram-nos, quiseram-nos culpar desta situação. Esta situação de falta de responsabilização é ridícula”.

Bomba emocional

No meio das mensagens contraditórias, Chen perdeu um pouco a paciência e perguntou às autoridades se o hotel estava ou não em condições para garantir a segurança dos hóspedes na eventualidade de se verificarem casos positivos entre “isolados” ou mesmo trabalhadores.

“Quando um trabalhador de um hotel de quarentena é infectado, o Governo devia assumir a responsabilidade, mas não o fizeram. Se pedissem desculpa, em vez de mentirem, teria sido mais fácil”, acrescentou a residente.

A incerteza e as políticas preventivas são os maiores receios da residente, que confessa não temer as consequências de saúde de contrair o vírus, mas sim as implicações restritivas, como ser enviada para o hospital.

“Se me disserem que vou sair, de certeza, no dia 20 estaria muito bem com esse compromisso. Mas se existem mesmo muitos casos positivos no meu piso, temo que se repita o que aconteceu no Parisian, onde foram precisos cinco dias com testes negativos para todas as pessoas saírem da quarentena”.

Sofia Mota tem mantido contacto com outros “companheiros de quarentena” que se viram obrigados fazer mais cinco dias de isolamento e revela que o “sentimento geral é de desolação”. Além da obrigatoriedade de ficar no hotel quando se preparavam para sair, a falta de informação e de racionalidade são factores de destabilização emocional.

“Isto dá cabo de nós emocionalmente, e a nível pessoal, todos temos uma vida, temos de trabalhar. Quando chegamos estamos preparados para a possibilidade de testar positivo, principalmente depois da espera para darmos entrada no hotel. A situação no aeroporto foi a que mais me assustou”, conta.

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