Ucrânia | China considera que Rússia tem “preocupações razoáveis”

A China disse ontem compreender as “preocupações razoáveis” de Moscovo em relação à Ucrânia, que os Estados Unidos receiam que seja alvo de um eventual ataque russo em meados de Fevereiro.

O Ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, falou ontem por telefone com o seu homólogo norte-americano, Antony Blinken, sobre a Ucrânia.

O país asiático absteve-se, até à data, de tomar explicitamente partido na crise entre a Rússia e o Ocidente, que acusa Moscovo de ter reunido 100.000 soldados junto à fronteira com a Ucrânia.

“As preocupações razoáveis de segurança da Rússia devem ser levadas a sério e abordadas”, disse Wang a Blinken, segundo um comunicado divulgado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.

A posição de Wang surge um dia após a rejeição formal por parte dos Estados Unidos e da NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte) do principal pedido de Moscovo: recusar a adesão da Ucrânia à Aliança Atlântica.

O chefe da diplomacia chinesa argumentou que a “segurança regional não pode ser garantida pelo fortalecimento ou expansão de blocos militares”.

“Pedimos calma a todas as partes, que se abstenham de aumentar as tensões e de escalar a crise”, afirmou Wang, ecoando a posição de Moscovo, que acusou o Ocidente de “histeria” em relação à Ucrânia e negou quaisquer planos para invadir o país.

Travão olímpico

 De acordo com o comunicado do Departamento de Estado norte-americano, Blinken sublinhou ao homólogo chinês os “riscos globais de segurança e económicos apresentados por uma nova agressão russa contra a Ucrânia”.

Washington continua convencido do risco de um ataque russo contra Kiev.

“Tudo indica” que Putin “vai usar a força militar em qualquer altura, talvez entre agora e meados de Fevereiro”, disse a vice-secretária de Estado dos EUA, Wendy Sherman, na quarta-feira.

Destacou que a abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim, em 4 de Fevereiro, pode influenciar o “calendário” russo, para evitar ofender o Presidente chinês, Xi Jinping, durante este evento importante para a China.

Na segunda-feira, Pequim descartou informações da imprensa norte-americana que afirmaram que Xi pediu a Putin para não invadir a Ucrânia durante os Jogos Olímpicos.

Durante a sua reunião com Blinken, Wang Yi também pediu a Washington que pare de “perturbar” os Jogos de Inverno.

Os países ocidentais acusam a Rússia de pretender invadir novamente o país vizinho, depois de ter anexado a península ucraniana da Crimeia, em 2014, e de patrocinar, desde então, um conflito em Donbass, no leste da Ucrânia.

A Rússia nega quaisquer planos para uma invasão, mas associa uma diminuição da tensão a tratados que garantam que a NATO não se expandirá para países do antigo bloco soviético.

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