Covid-19 | Estado de prevenção e testes em massa após novo surto

Depois de dois funcionários de um hotel destinado a quarentenas terem testado positivo à covid-19, o Governo decretou estado de prevenção imediata em Macau e nova ronda de testagem em massa à população. O plano de testes engloba 52 postos e decorre até às 15h de amanhã. Mais de 380 mil pessoas tinham sido testadas até às 21h de ontem

 

Passado pouco mais de um mês, Macau volta a mergulhar no estado de prevenção imediata e vê-se a braços com uma nova ronda de testagem em massa para toda a população. Na origem das medidas, está a confirmação de dois casos positivos de covid-19, da variante delta, em dois funcionários do Golden Crown China Hotel, reservado a quarentenas para quem chega a Macau.

As duas novas infecções (caso 65 e 66) estão relacionadas com um outro caso importado detectado na passada sexta-feira (caso 64), de um residente de Macau proveniente da Turquia que chegou ao território no dia 18 de Setembro, via Singapura. O homem foi encaminhado para o Golden Crown China Hotel após o primeiro teste de ácido nucleico realizado à chegada ter sido negativo. Contudo, o teste realizado na passada quinta-feira acusou positivo, levando à imposição de testes aos agentes de segurança, pessoal de limpeza e trabalhadores do hotel.

Com a confirmação da infecção dos dois agentes de segurança, de nacionalidade nepalesa, o Governo decretou a partir da meia-noite de sábado estado de prevenção imediata, por “existir o risco de surgir um surto do novo tipo de coronavírus na comunidade de Macau”.

Também a partir da meia-noite sábado, foi decretado que todos os indivíduos que saiam de Macau estão obrigados a possuir um certificado de teste de ácido nucleico com resultado negativo nas últimas 48 horas.

Adicionalmente, em conferência de imprensa, a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Ao Ieong U, anunciou o início da segunda ronda de testes em massa. À semelhança do que aconteceu em Agosto, a população de Macau tem três dias para, após efectuar uma marcação prévia online, se dirigir a um dos postos de testagem espalhados pelo território. Desta feita, existem 52 postos de testagem abertos 24 horas por dia e vias especiais para pessoas com necessidades.

O novo plano de testagem teve início às 15h de sábado e termina às 15h de amanhã. Até às 21h de ontem já tinham sido testadas 383.222 pessoas. Até essa hora, todos os resultados apurados testaram negativo para a covid-19. Quem não realizar o teste até às 15h de amanhã verá o seu código de saúde a assumir a cor amarela.

Elsie Ao Ieong U revelou ainda, segundo a TDM-Rádio Macau, que entre as 6h de ontem e a próxima quinta-feira, os residentes de Macau estão sujeitos a quarentena de 14 dias caso atravessem a fronteira para Zhuhai.

Adicionalmente, o comandante-geral dos Serviços de Polícia Unitários, Leong Man Cheong, apontou que as autoridades do território vizinho exigem a apresentação de certificado de resultado negativo do teste de ácido nucleico emitido nas últimas 24 horas.

Zonas proibidas

Foram ainda definidas zonas de controlo e confinamento na Rua da Palmeira (Patane) e na Avenida Horta e Costa, com áreas definidas como “zonas vermelhas” e “zonas amarelas”.

Classificadas como zonas vermelhas, onde a entrada e saída de pessoas é proibida, está toda a Rua da Palmeira, a zona compreendida entre os números 31 e 35 dos Edifícios Tak Lei e Veng Hoi. Também no vermelho estão os Blocos C e D do Edifício Palácio localizado na Avenida Horta e Costa.

Já na zona amarela, nas redondezas do edifício onde mora um dos infectados, no Patane, estão os Edificios Mon Weng, Homeland Court, o Beco dos Anzóis, Edifício Hou Son, o Jardim Man Lei, o Edifício Mei Lam, o Edifício Vai Ieng e o Edifício Man Sun. Os restantes blocos do Edifício Palácio, além do C e D, estão também classificados como zona amarela.

Recorde-se que os códigos de saúde dos moradores das zonas vermelhas passaram a ter a mesma cor e estão obrigados a fazer quarentena no local de residência ou outro indicado pelas autoridades e ainda, testes de ácido nucleico regulares. Apenas os funcionários dos Serviços de Saúde estão autorizados a entrar nestas áreas. Por seu turno, nas zonas amarelas, apenas os moradores estão autorizados a entrar, estando também sujeitos a testes de ácido nucleico no local.

Ao final do dia de ontem, existiam 86 pessoas em quarentena nas zonas vermelhas. Os Serviços de Saúde revelaram ainda que, até ao momento, foram identificadas 680 pessoas, entre contactos próximos (55), de segunda via (120) ou que partilharam o mesmo percurso que os infectados (511). Todos os testes deram negativo.

Os percursos dos dois funcionários do hotel durante semana passada, foram também divulgados. Relativamente ao homem de 27 anos que mora no Patane, foi revelado que frequentava diariamente a Pastelaria San Wo Heng antes de se dirigir ao Golden Crown China Hotel. Para lá chegar apanhava os autocarros 33 (Edf. Industrial Wa Pou) e 37 (Chun U Villa) antes das 07h. No regresso a casa, por volta das 20h, apanhava o autocarro MT1 na paragem do Aeroporto. Jantou sempre em casa.

Quanto ao infectado de 32 anos, morador na zona da Horta e Costa, foi revelado que frequentou os autocarros 25B (Jardim da Vitória) e 37 (Chun U Villa) sempre depois das 18h a caminho do Golden Crown China Hotel e que, na volta, apanhava na manhã seguinte o autocarro MT1 na paragem do Aeroporto, por volta das 08h. No decorrer da semana, frequentou ainda o McDonald’s da Avenida de Horta e Costa, a Rotunda de Carlos da Maia e uma loja situada perto do Mannings da Horta e Costa.

Efeito borboleta

Na sequência do novo surto, o director dos Serviços de Saúde, Alvis Lo admitiu que os dois trabalhadores foram infectados no interior do hotel devido a falhas procedimentais, tendo sido iniciada uma investigação.

“Os dois casos são conexos e claro que houve uma falha. Vamos acompanhar e verificar o que aconteceu no hotel e, se for preciso, vamos introduzir melhorias”, apontou Alvis Lo no sábado, segundo a TDM-Canal Macau.

Ontem, Alvis Lo detalhou que, após consulta das imagens de videovigilância, os dois funcionários “não usaram correctamente as máscaras”, destapando o nariz e boca, durante o contacto com o homem que viria mais tarde a ser diagnosticado com covid-19.

O director dos Serviços de Saúde reiterou, contudo, que todos os trabalhadores dos hotéis de quarentena recebem formação adequada e estão conscientes das regras e da importância do trabalho desenvolvido, sendo que na base do contágio terá estado “um relaxamento” momentâneo “por não haver incidentes”. “Nem sempre é fácil cumprir uma execução permanente”, acrescentou.

Por seu turno, a médica Leong Iek Hou apontou que quem está em quarentena no Golden Crown China Hotel e no Treasure Hotel pode ver a sua quarentena prolongada.

“Como consideramos um local onde há risco de contágio, fizemos uma análise. Alguns que estão sujeitos a quarentena vão ter um período de observação médica prolongada. Temos de avaliar a situação dos dois hotéis (…) e, caso a caso, vamos informar qual é o período a prolongar”, apontou.

Tendo em conta que os dois trabalhadores estavam vacinados contra a covid-19 com a vacina da Sinopharm, Alvis Lo foi questionado sobre a eficácia dos fármacos, assegurando que o que está em causa não é a possibilidade de ser ou não infectado com a doença, mas sim a diminuição dos sintomas e do risco de morte por covid-19.

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