Cuidadores informais | Pedidos serviços complementares além de subsídio 

Hetzer Siu e Paul Pun, ligados a associações de cariz social, defendem que o programa piloto de atribuição de subsídios a cuidadores informais deve ir além da mera ajuda financeira. São necessários apoios complementares para que os cuidadores possam ter tempo para si

 

O Instituto de Acção Social (IAS) assegurou há dias, numa resposta a uma interpelação escrita do deputado Sulu Sou, que pretende rever em Novembro as regras do programa piloto de concessão de subsídios a cuidadores informais. No entanto, Hetzer Siu, director-executivo da Macau Special Olympics, e Paul Pun, secretário-geral da Caritas, defendem que é necessário mudar conceitos e criar mais serviços complementares de apoio a quem cuida.

“As famílias no geral estão satisfeitas, sobretudo as que têm portadores de deficiência severa. São pessoas que não saem de casa e um dos pais tem de estar quase sempre em casa. Mas gostariam de ter mais serviços complementares em vez de só receberem dinheiro”, disse o responsável, quando questionado se, com base na sua experiência, as famílias estão satisfeitas com este programa.

“Temos de pensar que estamos a ajudar o cuidador e a pessoa que precisa de ajuda, porque o cuidador precisa de ajuda para fazer as suas próprias coisas”, lembrou Paul Pun. “Houve uma mudança de conceitos na comunidade, o subsídio não é apenas um apoio para o cuidador, acaba por ajudar todos”, referiu, afirmando também que um mero aumento do valor do subsídio poderá não ser suficiente.

“Este não é, actualmente, um programa muito abrangente, porque não estamos a pensar nestas duas pessoas [cuidador e pessoa que necessita de apoio]. Pode não ser necessário aumentar o subsídio, mas talvez sejam necessários mais serviços complementares para os cuidadores”, adiantou o secretário-geral da Caritas.

Números precisam-se

Hetzer Siu destaca também o facto de serem necessários dados que permitam avaliar o funcionamento deste programa piloto. Até porque “o subsídio não cobre todos os casos, apenas as situações mais severas de deficiência e prestação de cuidados a idosos”.

“Ainda não sabemos os números das famílias que necessitam de apoio. Será que há resultados concretos deste apoio? Será que as famílias sofreram alguma alteração [em termos da sua situação económica]? Necessitamos de um relatório para melhorar este programa.”

O director-executivo da Macau Special Olympics alerta que, com o prolongamento da crise económica, devido à pandemia da covid-19, talvez o programa piloto possa continuar por apenas alguns meses para poder progredir.

“O mais importante é analisar se este programa pode continuar a apoiar este tipo de famílias, e por quanto tempo. O subsídio não é um salário, é outro conceito. Se a nossa economia não melhorar, este programa [piloto] deveria continuar por mais um ano ou dois para poder melhorar e para termos mais dados.

Na resposta ao deputado, o presidente do IAS, Hon Wai, assegurou que “em Novembro de 2021, após a conclusão do projecto piloto, o IAS vai proceder à revisão do mesmo através da experiência, nomeadamente no que concerne à apreciação de casos, o instrumento de avaliação, a definição de critérios de avaliação económica e conteúdo concreto da prestação de cuidados”.

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