Euro 2020 | Suíça elimina França nos penáltis

Parecia que o Titanic francês se aproximava de um iceberg suíço. Ninguém queria acreditar, mas as deficiências da equipa de Didier Deschamps foram expostas pelo conjunto de Vladimir Petkovic, levando à humilhação do actual campeão mundial e vice-campeão europeu. Um dos favoritos a conquistar o Euro foi para casa mais cedo. E tudo por causa de um país, outrora, neutro

 

Por Martim Silva

Na derrota através de grandes penalidades frente à Suíça (3-3 em tempo regulamentar), a França teve poucos momentos de controlo de jogo, de solidez defensiva e de aparência de ser o campeão mundial de 2018.

Não se percebeu a invenção de Deschamps quando decidiu pôr em campo um 3-4-3 a atacar e um 5-3-2 em organização defensiva. Neste aspecto, a derrota gaulesa não tem surpresa. Os suíços, especialmente, na primeira parte criaram os desequilíbrios necessários na (des)organização do adversário, criando oportunidades de perigo. Granit Xhaka, centro campista da Suíça, orquestrou várias manobras ofensivas através da sua visão de jogo, tendo acertado 81 dos 87 passes executados.

Steven Zuber, que está agora isolado na tabela de melhor assistente do Euro, foi crucial na organização ofensiva do lado esquerdo, visto que, até à entrada de Kevin Mbabu na segunda parte, o lado direito da equipa de Petkovic pouco ou nada fez.

A estratégia dos suíços passou por explorar as ineficiências de França, especialmente no seu meio-campo. Pogba causou os normais distúrbios defensivos, porque nunca foi disciplinado nessa área, Griezmann, por ser um avançado, e a ter de estar colado aos dois médios no momento defensivo, não sabia fazer uma adequada cobertura de espaços. E mesmo com N’Golo Kanté por perto, a equipa parecia perdida.

O jogo tanto é ataque como é defesa, e a equipa francesa é reconhecida por ter um óptimo tridente ofensivo com Kylian Mbappé, Karim Benzema e o próprio Griezmann. Com tanto poderio, os franceses pouco ou nada fizeram na primeira metade do encontro. Mbappé estava constantemente em posição de vantagem do lado esquerdo do seu ataque, tendo apenas um de três defesas suíços pela frente, e não conseguiu tirar proveito da sua velocidade e capacidade de drible. O próprio Benzema pouco ou nada fez no primeiro tempo e Griezmann, à excepção das bolas paradas, esteve mais em destaque por fazer parte da cratera que era o meio-campo francês.

Com as falhas francesas a serem desmascaradas nos oitavos de final do Euro 2020, coube à Suíça saber o que fazer quando tinha a bola e quando não a tinha.

Em ambos os momentos de jogo, os suíços foram mais competentes que os franceses. Em muitas situações Breel Embolo e Haris Seferović estavam em posições de igualdade frente aos dois defesas centrais franceses, Raphaël Varane e Presnel Kimpembe, sendo capazes de transportar a bola para zonas mais adiantadas do terreno de jogo.

Com isto em mente e após cruzamento de Zuber, Seferović marca de cabeça aos 15 minutos. Durante o resto da primeira parte os franceses continuavam em cruise control.

Jogo de loucos

Na segunda parte os franceses entraram com tudo, mas antes passaram pelo susto do árbitro, Fernando Rapallini, marcar grande penalidade para os helvéticos depois de derrube de Benjamin Pavard sobre Zuber. Hugo Lloris, guarda-redes francês, acabou por defender o penálti de Ricardo Rodríguez.

Com o susto pelas costas, Benzema marcou aos 57 e 59 minutos com a defesa suíça a parecer a defesa francesa na primeira parte. O jogo pareceu concluído quando Pogba, aos 75 minutos, com um remate fenomenal à entrada da grande área dos suíços fez o 3-1.

Mas o mal-amado ponta de lança do Benfica, Seferović voltou a marcar de cabeça aos 81 e 9 minutos depois viu o seu colega Mario Gavranović, que entrou aos 73 minutos, marcar um golo sem qualquer tipo de resistência, devido ao buraco enorme deixado entre Kimpembe e Varane. O jogo acabou empatado e foi para prolongamento. Logo ao minuto 95, Yan Sommer, guardião helvético, faz uma enorme defesa a remate de Pavard dentro da grande área, aumentando a esperança da equipa de Petkovic.

Com tanta vontade francesa para procurar ultrapassar o trauma de 2016, os penáltis eram a última oportunidade para evitar novo desastre. Foram marcados 9 penáltis, tendo a Suíça marcado cinco e a França apenas quatro. Mbappé depois de um jogo letárgico falhou a derradeira penalidade, levando os suíços ao Olimpo.

No seguimento da eliminação de uma das equipas mais talentosas de França, mais ainda que a de 2016, Deschamps mostrou-se desiludido. “Falhámos na primeira parte e fizemos o necessário para dar a volta na segunda. A nossa força é sermos sólidos, mas mostrámos fraquezas e deixámos a Suíça voltar ao jogo. É futebol. O torneio acaba para nós”. Para o avançado Seferović há poucas vitórias como esta. “Todos lutámos muito. Fizemos história, conseguimos. Estamos muito felizes e vamos celebrar, mas queremos estar prontos para o próximo jogo.”. Rematou o jogador suíço.

 

República Checa vs Dinamarca | Duelo de forasteiros no Azerbaijão

Será apenas a terceira vez que República Checa e Dinamarca se defrontam em Euros, com a partida de sábado para domingo em Baku, às 00h de Macau, a montar o palco dos não favoritos da competição. Nas duas partidas anteriores, porém, os checos levam duas vitórias sem qualquer golo sofrido. Uma vitória no Euro 2000 e outra no Euro 2004, faria dos checos favoritos a vencer o trio de encontros. Mas os desempenhos, dos últimos dois jogos, da equipa de Kasper Hjulmand mostram um enviesamento da narrativa do passado.

A Dinamarca é favorita a vencer porque tem melhores jogadores e eliminou de forma expressiva o País de Gales por 4-0. Quanto aos checos, ultrapassaram os Países Baixos (2-0) depois de uma expulsão que ajudou no triunfo.
Para a equipa de Jaroslav Šilhavý, contar com o avançado Patrik Schick é fundamental para atacar a baliza adversária. Apesar dos checos não terem uma capacidade de ataque robusta, o jogador do Bayer Leverkusen, marcou 4 dos 5 golos da República Checa neste Euro. Foi Tomáš Holeš, no jogo frente ao conjunto laranja, quem marcou o outro tento.

Os checos têm uma selecção, maioritariamente, formada ou que jogou no Slavia de Praga e jogadores como Tomáš Vaclík, Vladimír Coufal, Tomáš Souček e Jakub Jankto, que actuam nos principais campeonatos da Europa, poderão ajudar os seus compatriotas numa outra fase a eliminar.

Quanto à Dinamarca, e com a lesão de Yussuf Poulsen que o deixou de fora frente ao País de Gales, foi Kasper Dolberg a tomar conta das rédeas ofensivas nórdicas com dois golos frente aos galeses. Com a equipa em boa forma, o seleccionador dinamarquês admira a capacidade mental dos seus adeptos mesmo depois da situação em torno de Eriksen. “É difícil de acreditar, mas estou muito grato a todos os dinamarqueses pelo apoio que temos recebido. É incrível. Eu admiro os jogadores e admiro o facto de conseguirmos lutar”, sublinhou Hjulmand.

 

Espanha vence Croácia num jogo emocionante

O desaire francês estava ainda a umas horas de distância, mas espanhóis e croatas não quiseram ficar em segundo no que toca a jogos de futebol espectaculares com muita emoção à mistura. La Roja derrotou o vice-campeão mundial por 5-3 numa partida que necessitou ir a prolongamento e que se tornou num dos grandes jogos deste torneio.

Luis Enrique, seleccionador espanhol, tinha previsto que a chave do encontro estava no meio-campo de ambas as equipas com a Croácia a alinhar com Kovacic, Brozovic e Modrić e os espanhóis a terem um trio composto por Busquets, Pedri e Koke.

A Croácia preferiu adoptar uma estratégia de bloco médio-baixo, tapando, principalmente os espaços para Pedri e Koke. Com uma linha de cinco a cobrir a frente da linha defensiva croata, os seus alas tinham a orientação corporal de maneira a tapar as linhas exteriores para os respectivos laterais espanhóis.

Com a ocupação central do terreno bem orientada, a Espanha pouco conseguiu fazer na primeira parte. As oportunidades que os espanhóis tinham de furar o meio-campo axadrezado apareciam quando Pedri e Koke saíam das costas dos médios croatas e se esticavam mais para as alas, abrindo espaço na zona lateral e interior, porque os adversários iam por arrasto, onde Álvaro Morata aparecia para fazer ligações interiores.

O primeiro golo da partida foi um autogolo de Pedri aos 20 minutos de jogo, que ao tentar passar a bola para o seu guarda-redes, Unai Simón, dificultou-lhe a recepção e a bola acabou por entrar.

Em busca do resultado, os espanhóis restabeleceram a igualdade ao minuto 38 através de Pablo Sarabia com muita confusão à mistura. Azpilicueta aos 57 e Ferran Torres aos 76 minutos dilataram a vantagem para os espanhóis, mas ao minuto 85 e 90+6 os croatas empataram através de Mislav Oršić e Mario Pašalić, respectivamente.

No prolongamento, a Espanha foi mais capaz e mais fresca e resolveu a partida com golos de Morata e Oyarzabal, tendo sido para o treinador espanhol um jogo de loucos. “Foi um jogo épico. Teve alguns aspectos positivos e alguns negativos. O futebol é um desporto de erros. O Unai ensinou uma lição a todos. Depois de um erro, não é isso que importa, mas sim a atitude após o erro. É uma lição para todos os colegas de equipa.”.

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