Euro 2020 | Selecção lusa defronta Alemanha no primeiro teste de fogo

Há rivalidades históricas que fazem o coração luso bater mais rápido. Seja contra Inglaterra, França ou Alemanha, o orgulho português torna-se gigante e imbatível. Em termos práticos, os confrontos contra os alemães são como o Evereste. Desde o ano 2000 que Portugal não sorri contra os germânicos. Mas cada Evereste terá um Sir Edmund Hillary, alguém capaz de o escalar

Por Martim Silva

 

Nuno Mendes ainda não tinha nascido. João Félix tinha um ano de idade e Cristiano Ronaldo ainda estava nas camadas jovens do Sporting Clube de Portugal. O ano dava início ao milénio e Portugal vencia a Alemanha pela terceira e última vez em 21 anos. Estávamos em território francês e em pleno Euro 2000 quando Sérgio Conceição marcava três golos à Mannschaft no terceiro jogo da fase de grupos da competição.

Volvidas duas décadas, Portugal é campeão europeu e a Alemanha campeão mundial de 2014. Parece existir menos desequilíbrio entre ambas as equipas, algo que não concorda com o histórico de confrontos.

O grupo F do Euro 2020 é um autêntico grupo da morte. Portugal já passou o primeiro teste com menção de excelência, com a vitória frente à Hungria por 3-0. Já a Alemanha, não parecia a selecção que tantas noites em branco deu aos portugueses quando perdeu por 1-0 frente à França. Os dois jogos são ilustrativos do momento de forma das equipas. Esta selecção germânica não impressiona. Não tem nomes sonantes e já está na calha um novo seleccionador, o ex-treinador do Bayern de Munique, Hans Flick, que tomará conta da equipa depois deste Euro.

Contra a França, a Alemanha foi uma nulidade ofensiva, tendo tido bastantes dificuldades em ultrapassar a barreira gaulesa. Não foi um jogo anormal, porque a França não perde em competições oficiais desde Junho de 2019 frente à Turquia.

Apesar de qualquer inferioridade alemã, continua a existir poderio do lado do adversário da selecção das quinas, pelo menos no lado mental. Portugal terá uma certa desvantagem por ter de lidar com esse historial negativo de confrontos. Ter de passar esta barreira poderá desbloquear a tal “ansiedade” que Fernando Santos atribuiu à sua equipa no início da segunda parte contra a Hungria. Com isto em mente, Portugal irá defrontar o teste mais difícil desde 2016 quando derrotou a França, conquistando o Euro.

Não ter um adversário à altura desde 2016 pode ser problemático para a equipa lusa, mas não há nada melhor que ter logo um embate contra um gigante no segundo jogo da competição de maneira a preparar uma possível reconquista.

Chave da experiência

Com o teste mais difícil à porta desde que o Euro de Portugal teve início, não há necessidade para o medo se interiorizar no seio desta equipa porque o conjunto luso já mostrou que consegue alcançar grandes conquistas.

Sem defrontar a Alemanha desde 2014, e com a consciência da dificuldade da tarefa, jogadores como Pepe, Ronaldo e João Moutinho podem liderar os mais jovens e estreantes jogadores a não pensarem nos aspectos negativos do embate entre os dois gigantes europeus. Os três craques acima nomeados já experimentaram todas as surpresas, todos os sentimentos e todos os ensinamentos que o desporto rei lhes atirou à cara. Ter vozes destas ajudará o balneário português a ficar calmo e a entender que o seu lugar é a batalhar contra os melhores deste mundo.

A montanha é grande, e em termos teóricos pode parecer um trajecto impossível, mas para Bruno Fernandes, médio do Manchester United, a confiança é um dado adquirido.

“Espero uma selecção a tentar ganhar e o que espero de nós é uma equipa a tentar ganhar. É difícil prever porque o jogo tem vários momentos, decisões tomadas ao segundo e o nosso objectivo passa por ter bola e ganhar”. Ter jogadores a pensar desta maneira só trará indícios positivos ao jogo de sábado para domingo (00:00). Nuno Mendes falhou o treino de quinta-feira devido a uma mialgia na perna esquerda. Com esta baixa, Raphaël Guerreiro irá assumir, novamente, a titularidade na lateral esquerda.

A Alemanha só será um adversário complicado se a selecção lusa acreditar que sim. Com confiança e motivação em ser, novamente, campeão europeu, Portugal é capaz de mover mundos e fundos até ao objectivo final. Dia 11 de Julho é o dia mais importante e onde o foco deverá permanecer sempre. Contra os alemães marchar!

Itália vence Suíça com dois golos de Locatelli

Como a identidade histórica dos azzurri reside quase sempre nos processos defensivos, fica claro que a selecção de Roberto Mancini é muito mais que uma equipa a praticar o catenaccio de Helenio Herrera. Por fim a dizer presente no lote dos favoritos a conquistar o Euro, Itália venceu a Suíça por 3-0 numa exibição completa e premiada pelo puro talento ofensivo. O jogo começou de forma intensa, aliás se existe característica apontada às diversas equipas italianas é a garra, com a Suíça incapaz de sair do seu meio-campo devido à pressão alta que os médios Manuel Locatelli, Nicolò Barella e Jorginho exerceram em Remo Freuler e especialmente Granit Xhaka, os médios helvéticos. Apesar da dificuldade na 1.ª fase de construção, com médios e laterais italianos a pressionarem o lado onde estava a bola, a Suíça não era capaz de ocupar o espaço deixado nas costas de Barella e Locatelli, havendo uma grande distância entre estes dois e o médio mais recuado, Jorginho. Esperava-se mais desta selecção orientada por Vladimir Petkovic mas a noite pertenceu mesmo aos italianos, e, concretamente, a Locatelli. O médio do Sassuolo, cobiçado pela Juventus, marcou dois golos.

O primeiro foi logo aos 26 minutos a concluir uma boa jogada iniciada pelo próprio, finalizando após assistência de Domenico Berardi. O segundo, aos 52 minutos, foi através de um remate com o pé esquerdo à entrada da área suíça.

O terceiro e último golo foi marcado por Ciro Immobile aos 89 minutos. Mesmo com a vitória expressiva em mente, Mancini desvaloriza o favoritismo “No Euro há França, Portugal e Bélgica. Um destes é campeão mundial, outro é campeão europeu e o último é a melhor selecção no ranking. Estas equipas foram construídas ao longo de anos sendo normal estarem mais à frente que nós, mas tudo acontece no futebol (…)” concluiu o seleccionador italiano.

No reino da previsibilidade, venceu a Rússia

Depois de a Finlândia ter surpreendido a Dinamarca no jogo de abertura do Grupo B, expectava-se que o mesmo poderia acontecer frente à Rússia. Após a goleada por 3-0 contra a Bélgica, o conjunto russo quis dar outra resposta e o seleccionador Stanislav Cherchesov mexeu no onze procurando dar nova vida à sua equipa. Substituiu o experiente guarda-redes Anton Shunin pelo jovem Matvei Safonov e tirou do onze Yuri Zhirkov e Andrey Semyonov, tendo colocado o médio da Atalanta Aleksey Miranchuk e o defesa Igor Diveev.

A Finlândia apenas alterou uma peça no seu onze inicial, trocando Tim Sparv por Rasmus Schüller. As mudanças não melhoraram a estética do encontro. Ambas as equipas tinham processos ofensivos semelhantes, não mostrando grande variedade ou surpresa no ataque à baliza adversária. A organização ofensiva tinha sempre o mesmo tipo de jogada e finalidade, especialmente da parte da Rússia. Os processos ofensivos eram mais colectivos que individuais, no entanto os russos mostravam alguma incapacidade em chegar a zonas de finalização e a criar oportunidades de golo. Quanto à Finlândia, os processos criativos passavam mais pela individualidade de Glen Kamara, Teemu Pukki e Joel Pohjanpalo, também estes incapazes de incomodar a baliza de Safonov.

Apesar da falta de poderio ofensivo, Miranchuk acabou por decidir o encontro ainda antes do intervalo. Lançado pelo seu seleccionador, o médio ofensivo concluiu uma jogada de combinação com o avançado Artem Dzyuba dentro da grande área com um belíssimo golo ao canto superior esquerdo da baliza finlandesa. Foi-lhe atribuído o prémio de melhor em campo de forma justa. O médio russo teve uma óptima exibição e um golo ainda melhor.

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