Teatro | Dança do Dragão Embriagado no Antigo Tribunal na sexta-feira

O espectáculo Dança do Dragão Embriagado sobe ao palco do Edifício do Antigo Tribunal na sexta-feira e sábado, com a interpretação da companhia local Four Dimension Spatial. Algures entre a dança e a performance teatral, a interpretação vai além da cultura tradicional, integrando aspectos contemporâneos

 

Na próxima sexta-feira e sábado, o Edifício do Antigo Tribunal recebe três espectáculos que aliam dança contemporânea e uma tradicional manifestação cultural bem enraizada no imaginário de Macau. A interpretação da companhia Four Dimension Spatial apresenta na sexta-feira, às 20h, Dança do Dragão Embriagado, seguido de uma conversa.

A performance volta a poder ser vista no sábado, com duas sessões, às 15h e 20h e faz parte do cartaz da 31.ª edição do Festival de Artes de Macau.

Seguindo a linha performativa da companhia local Four Dimension Spatial, que participou em várias edições do Festival Fringe, quem assistir à Dança do Dragão Embriagado terá apenas a manifestação tradicional como contexto para um espectáculo assente num conceito moderno de teatro de dança.

“O trabalho não procura explorar a cultura tradicional da dança do dragão embriagado, procura sim, descobrir que tipo de ‘ritual’ se obterá ao adaptar a formação dessa dança para os dias de hoje”, explica o Instituto Cultural (IC) em comunicado.

Segundo o IC, Dança do Dragão Embriagado é dirigido por Zé e Um Iat Hou, com coreografia de Hong Chan U.
O espectáculo tem a duração de cerca de uma hora, com diálogos ocasionais em cantonense, sem legendas, e o bilhete custa 180 patacas.

Teoria da evolução

As origens ancestrais das festividades do dragão embriagado dividem-se um pouco por toda a China, com manifestações bem diversas. Mais perto de Macau, na província vizinha de Guangdong, a lenda teve como palco o condado de Xiangshan, onde se diz uma epidemia terá deixado muitas pessoas às portas da morte.

O IC recupera o mito descrevendo que “quando os aldeões foram à montanha procurar uma boa receita para combater a epidemia, foram quase mordidos por uma cobra gigante”. Depois do encontro com a criatura, um monge conseguiu salvar os aldeões e cortou a cobra em três pedaços e aí estaria a cura.

O monge deu uma receita para o remédio, com uma mistura de folhas fervidas com água do rio com sangue da cobra. A partir daí, já curados, os aldeões consideraram a serpente gigante como sendo o deus dragão e passaram a realizar a dança do dragão embriagado todos os anos para agradecer a intervenção divina.

A tradição chegou a Macau e passou a ser celebrada pelos vendedores de peixe. Tradicionalmente, no final da tarde do sétimo dia do quarto mês do calendário lunar chinês, os residentes de Macau que se dedicavam à venda e comércio de pesca juntam-se no mercado, onde se sentam à volta de mesas para comer, tradição que se transformou na festividade da “longevidade do arroz”. Durante esta festividade, um dragão de madeira dançava na mesa onde se queima o incenso para pedir bênçãos.

A tradição da dança do dragão embriagado transformou-se mais tarde numa festividade regularmente celebrada e entrou oficialmente no final de Março na Lista Nacional do Património Cultural Imaterial.

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