Xinjiang | Dois ex-funcionários condenados à pena de morte

A China condenou ontem à pena de morte um ex-funcionário da educação e um ex-funcionário da justiça na região de Xinjiang, noroeste do país, com pena suspensa de dois anos, por acusações que incluem separatismo e corrupção. Sattar Sawut, ex-funcionário da educação, e Shirzat Bawudun, ex-funcionário da justiça, são os mais recentes casos dos muitos burocratas de Xinjiang, quase todos membros da minoria étnica de origem muçulmana uigur, que foram condenados por porem em perigo a segurança nacional.

As detenções fazem parte de uma campanha contra o que Pequim designa de “funcionários de duas caras”, que procuram minar o domínio chinês na região a partir de dentro do sistema político. Estas sentenças geralmente são comutadas para prisão perpétua, após dois anos de bom comportamento.

Os dois homens declararam-se culpados e nenhum dos dois apelou da sentença, disse Wang Langtao, vice-presidente do tribunal popular regional de Xinjiang, citado pela agência noticiosa oficial Xinhua. Sattar Sawut foi detido em 2018 e não se sabe quando foi a detenção de Shirzat Bawudun.

O tribunal disse na terça-feira que Sattar Sawut, o ex-chefe do Departamento regional de educação “incorporou separatismo étnico, violência, terrorismo e conteúdo de extremismo religioso em livros didáticos em línguas minoritárias”. “Sattar Sawut aproveitou a compilação e publicação de livros de idiomas étnicos para escolas primárias e secundárias para dividir o país, a partir de 2002”, afirmou Wang, citado pela agência noticiosa oficial Xinhua. O réu “instruiu outros a escolher várias pessoas com pensamentos separatistas para se juntarem à sua equipa responsável pela compilação de livros”, acrescentou.

Wang disse que Shirzat Bawudun, ex-chefe do Departamento de justiça regional de Xinjiang, foi condenado por “dividir o país, ter conspirado com o Movimento Islâmico do Turquestão Oriental e oferecido ajuda a separatistas e extremistas religiosos, e colaborado com separatistas e forças estrangeiras”.

O Movimento Islâmico do Turquestão Oriental é listado como um grupo terrorista pelas Nações Unidas. Shirzat Bawudun reuniu com representantes do Movimento e encorajou outros a juntarem-se ao grupo, disse Wang. Também “realizou actividades religiosas ilegais no casamento da sua filha” e aceitou subornos no valor de 11,12 milhões de yuans, disse Wang.

O tribunal disse que os livros didáticos aprovados por Sattar Sawut foram usados durante 13 anos, trazendo “graves consequências” para a região. As edições de 2003 e 2009 dos livros continham 84 passagens pregando separatismo étnico, violência, terrorismo e extremismo religioso e que várias pessoas se inspiraram nos livros para participar de um motim antigovernamental sangrento na capital regional Urumqi em 2009.

Sattar Sawut também abusou das suas posições oficiais para aceitar subornos no valor de 15,05 milhões de yuans, disse o tribunal.

Terrorismo | A luta continua

Pequim disse na terça-feira que a Região Autónoma Uigure de Xinjiang ainda enfrenta ameaças de terrorismo e extremismo, apesar de nenhum ataque terrorista ter ocorrido nos últimos quatro anos. Questionado pela CGTN se as actividades actuais em Xinjiang ainda são de “contra-terrorismo” e “desradicalização”, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Zhao Lijian, respondeu afirmativamente. “Mesmo que Xinjiang não tenha registado um único ataque terrorista nos últimos quatro anos, a região continua a enfrentar ameaças e desafios de terrorismo e extremismo”, disse Zhao. “É necessário que Xinjiang continue a trabalhar contra o terrorismo e a radicalização com base na lei”, sublinhou.

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