Justiça | MP acusa formalmente 12 manifestantes de Hong Kong

Cerca de quatro meses depois de terem sido interceptados pelas autoridades quando seguiam numa lancha com destino a Taiwan, os 12 activistas, onde se inclui o jovem de nacionalidade portuguesa e chinesa, são agora acusados formalmente de “travessia ilegal” das águas da China continental

O Ministério Público chinês anunciou ontem a acusação formal de “travessia ilegal” das águas da China continental a 12 manifestantes antigovernamentais de Hong Kong detidos em Agosto, entre eles um jovem luso-chinês.
Segundo uma nota publicada na rede social chinesa Weibo pela Procuradoria-Geral de Yantian, em Shenzhen, cidade chinesa adjacente a Hong Kong, dois dos jovens são ainda suspeitos de organizar a passagem ilegal da fronteira.
Dois jovens serão julgados à porta fechada por serem menores de idade, acrescenta a nota.
A campanha #save12hkyouths (“salvem os 12 jovens de Hong Kong”) revelou à Lusa que só a família de um dos detidos tinha sido informada da acusação formal, tendo ontem recebido uma chamada de um advogado que terá sido nomeado pelo Governo chinês para defender o activista.
A campanha confirmou que a família do estudante universitário Tsz Lun Kok, detentor de passaportes português e chinês, não recebeu ainda qualquer informação oficial.
Os detidos, a maioria ligados aos protestos anti-governamentais do ano passado, em Hong Kong, tinham iniciado a viagem com destino a Taiwan, onde se pensa que procuravam asilo, quando a lancha em que seguiam foi interceptada, em 23 de Agosto, pela guarda costeira chinesa.
Segundo familiares dos detidos, desde a detenção nenhum dos activistas pôde contactar a família nem ter acesso a advogados mandatados pelos seus familiares.

O homem duplo

A #save12hkyouths anunciou a 19 de Novembro que familiares de sete dos detidos receberam cartas alegadamente escritas pelos activistas. Na altura a campanha confirmou à Lusa que a família de Tsz Lun Kok não tinha recebido qualquer mensagem do jovem.
O jovem, que tem nacionalidade portuguesa e chinesa, embora a China não reconheça a dupla nacionalidade, tinha já sido detido em 18 de Novembro de 2019 em Hong Kong, e mais tarde libertado, durante o cerco da polícia à Universidade Politécnica daquele território, sendo acusado de motim, por ter participado alegadamente numa manobra para desviar as atenções das forças de segurança com o objectivo de permitir a fuga de estudantes refugiados no interior.

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