Covid-19 | China torna-se na primeira economia a crescer

As intensas medidas restritivas, impostas pelas autoridades chinesas, parecem ter dado resultado. O país, apesar do ritmo lento, registou, entre Abril e Junho, um crescimento económico de 3,2 por cento

 

[dropcap]A[/dropcap] China tornou-se o primeiro grande país a retomar o crescimento económico, desde o início da pandemia da covid-19, alcançando uma expansão inesperada de 3,2 por cento, no segundo trimestre, foi ontem anunciado.

De acordo com o Gabinete Nacional de Estatísticas chinês, os dados mostraram uma melhoria dramática, depois de ter sido retomada a actividade económica, em relação à contracção de 6,8 por cento registada no trimestre anterior, o pior desempenho da economia do país desde 1970.

No entanto, o crescimento alcançado entre Abril e Junho foi, ainda assim, no ritmo mais lento desde que a China começou a divulgar dados trimestralmente, no início dos anos 1990.

“Esperamos ver uma melhoria contínua nos próximos trimestres “, apontou Marcella Chow, do banco de investimento JP Morgan Asset Management, num relatório.

A China, onde a pandemia do novo coronavírus começou em Dezembro passado, foi o primeiro país a tomar medidas de confinamento altamente restritivas, mas também o primeiro a reabrir, em Março, depois de o Partido Comunista ter declarado vitória no combate contra a doença.

“A economia nacional foi de uma contracção para se expandir”, disse o GNE, em comunicado.
Economistas consideraram que a China vai recuperar provavelmente com mais rapidez do que outras grandes economias, devido à decisão do Governo chinês de ter imposto medidas de prevenção mais restritivas.

As autoridades isolaram cidades com um total de 60 milhões de pessoas e suspenderam o comércio e viagens após terem reconhecido a gravidade da epidemia, no final de Janeiro.

O sector manufactureiro e outras indústrias estão a regressar aos níveis normais de actividade, mas os gastos dos consumidores permanecem fracos, devido à insegurança laboral.
Cinemas e alguns negócios permanecem encerrados ou com limitações no número de pessoas que podem atender.

“A pandemia está a criar vencedores e perdedores”, disse Bill Adams, da consultora PNC Financial Services Group, num relatório. “A manufactura está a liderar a recuperação da China”, apontou.

Analistas do sector privado afirmaram que até 30 por cento da força de trabalho urbana, ou até 130 milhões de pessoas, podem ter perdido o emprego, pelo menos temporariamente. Cerca de 25 milhões de empregos podem ter desaparecido para sempre este ano.

O melhor e o pior

Em Maio, o Partido Comunista prometeu gastar 280 mil milhões de dólares para estimular a economia, incluindo a criação de nove milhões de novos empregos, mas evitou juntar-se aos Estados Unidos, Japão e Europa no lançamento de pacotes de estímulo no valor de biliões de dólares, devido ao receio de aumentar o endividamento público.

No segundo trimestre do ano, a produção industrial subiu 4 por cento, recuperando-se de uma contracção de 8,4 por cento no trimestre anterior, após a reabertura das fábricas que fornecem telemóveis, sapatos, brinquedos e outros bens para todo o mundo.

As vendas do retalho caíram 3,9% por cento, em termos homólogos, uma melhoria em relação à contracção de 19 por cento, no trimestre anterior, quando milhões de famílias permaneceram confinadas em casa. As vendas do comércio electrónico cresceram 14,3 por cento, acima dos 5,9 por cento registados no trimestre anterior.

As medidas para combater a pandemia paralisaram sectores inteiros da economia mundial e levaram o Fundo monetário Internacional (FMI) a fazer previsões sem precedentes nos seus quase 75 anos: a economia mundial poderá cair 3 por cento em 2020, arrastada por uma contracção de 5,9 por cento nos Estados Unidos, de 7,5 por cento na zona euro e de 5,2 por cento no Japão.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 579 mil mortos e infectou mais de 13,4 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

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