Parada | Ruas de Macau aqueceram com o Desfile Internacional

Cerca de 1.800 artistas coloriram as ruas de Macau durante o Desfile Internacional, que decorreu no sábado. Pelo menos oito grupos de matriz portuguesa estiveram presentes no evento, que teve como tema a iniciativa “Uma Faixa, uma Rota”

 
[dropcap]A[/dropcap]s ruas de Macau encheram-se sábado para o Desfile Internacional que contou com a participação de cerca de 1.800 artistas de vários cantos do mundo. O objectivo da parada foi celebrar o 20.º aniversário da transferência de soberania de Macau para a China.
Música, dança, roupas e trajes alegóricos e típicos, de 80 grupos artísticos, cobriram as ruas estreitas e apertadas do centro de Macau, que contou com a participação de pelo menos oito grupos de matriz portuguesa, um de Angola e dois brasileiros, disse à Lusa a organização.
Ucrânia, Polónia, Itália, Bielorrússia, Quénia, Chile, Rússia, Chipre, Hungria, Nova Zelândia, Mianmar, Tailândia, grupos do Interior da China e de Hong Kong, assim como dezenas de associações locais de Macau, estiveram representados naquela que foi a nona edição do Desfile Internacional de Macau.
“Uma experiência magnífica, diferente de tudo aquilo que temos em Portugal”, disse Laura Guerreiro, uma das 27 artistas que compunha o grupo português Artfusion, em declarações à Lusa.
As ruas apertadas, a calçada portuguesa e alguns pontos do caminho, como as Ruínas de São Paulo, o Largo do Senado, a Igreja de São Domingos e o Largo da Sé, fizeram-na “lembrar Portugal, mas com muito mais gente na rua”.
Aos jornalistas, a presidente do Instituto Cultural, Mok Ian Ian, mostrou-se “bastante satisfeita por notar que este ano as ruas de Macau estavam com muito mais gente”.

Celebrar a Faixa

O tema do desfile, este ano, para além de celebrar os 20 anos da transferência da administração da administração de Macau de Portugal para a China, foi a celebração da iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, que pretende reforçar as ligações e dinamizar o comércio entre várias economias da Ásia, do Médio Oriente, da Europa e de África.
Por essa razão, associados da Casa de Portugal em Macau ‘vestiram-se’ de azul e empunharam caravelas, a fazer lembrar a época dos descobrimentos, que teve um papel importante na interligação de vários povos e culturas diferentes, contou à Lusa Sérgio Feiteira, um dos 46 membros da equipa que desfilou na Parada.
De Angola, chegou o Grupo Tradicional Música e Bailado Angolano Jovens de Hungo, com mais de 15 artistas que “vieram mostrar como dançam os angolanos” e que “também é através da dança que se celebram os anos de vida, de uma pessoa, ou de uma cidade”, disse à Lusa, sorridente, António Sousa, enquanto tocava num djembe “para fazer os chineses abanar as ancas”.
A Casa do Brasil em Macau, decidiu trazer uma mistura “de samba com dança africana”, com o tema Brasil e Angola, já que Macau “é a plataforma entre a China e os países de língua portuguesa”, explicou a presidente da associação, Jade Martins, à Lusa. “Este é um ano especial para Macau, então resolvemos caprichar nos fatos e na fantasia”, contou.

Sobreviver ao tempo

Menos festivo, Paulo Costa, residente há quarenta anos em Macau, desfilou com mais cerca de uma dúzia de pessoas para representar a “ortodoxia do folclore português”.
“Mascaramo-nos de portugueses”, que “faz bastante falta em Macau, está à vista, não?”, questionou, apontando para as plateias que estavam repletas de pessoas, a esmagadora maioria chinesas. Após esta resposta, Paulo Costa, recusou qualquer tipo de melancolia e afirmou: “já sobrevivemos 20 anos, agora faltam 30 e depois disso vamos ver, vamos ver…”, numa alusão, primeiro aos 20 anos desde a passagem da administração do território para China, e depois aos 30 anos que faltam até 2049, ano em que terminam os 50 anos de transição.

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