Desconforto

[dropcap]U[/dropcap]m aluno está a ser investigado pela prática do crime de dano qualificado por ter feito um grafiti numa parede na Travessa da Paixão. Nas redes sociais, principalmente em chinês, o caso ganhou um amplo destaque porque o filho de uma deputada fez o mesmo, numa parede diferente, e não teve problemas.

O caso foi mais insólito porque, na ignorância, as imagens até foram transmitidas num programa de televisão do Interior da China. As autoridades sempre tão expeditas a tratar de outros casos, neste apenas disseram que teria de ser o “privado” a apresentar a queixa, o que não aconteceu. Porém, para a sociedade civil a mensagem que passou foi de uma impunidade para uma das famílias mais ricas. Mas não foi a primeira vez.

Num outro caso descobriu-se que a deputada era proprietária de uma fracção que estava a ser utilizada como pensão ilegal. Na altura de apurar responsabilidades, e mais uma vez, o Governo considerou que o membro da família Ho nem sabia o que se passava na fracção. Em ambos os casos as autoridades podem ter agido totalmente de forma legal e imparcial. Contudo, é muito complicado explicar à população a diferença de critérios.

Um estudante faz um grafiti e as autoridades fazem-no sentir o peso brutal da justiça, com o recurso aos Olhos no Céu. Uma das famílias abastadas vê-se envolvida em mais do que um caso e surgem todas as tecnicalidades para ilibá-la, com recurso ao sistema Cabeça debaixo da Areia. A PJ até se veio defender, e pareceu-me que de forma muito clara e objectiva, mas basta recordar “a simpatia” do secretário Wong Sio Chak face às agressões a agentes da PSP numa manifestação do Pearl Horizon para perceber a razão de haver franjas da sociedade a questionar a imparcialidade das decisões…

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