ONU | Pequim pede a Washington que cancele reunião sobre Xinjiang

[dropcap]A[/dropcap] China pediu ontem a Washington que cancele uma reunião planeada nas Nações Unidas para discutir a alegada repressão e detenções arbitrárias de membros de minorias étnicas de origem muçulmana no extremo noroeste do país.

“Os Estados Unidos têm repetidamente difamado as políticas da China em Xinjiang e interferido nos assuntos internos da China sob as capas da religião e dos direitos humanos”, disse o porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros Geng Shuang.

“E cometeram agora um erro ainda maior ao trazer a discussão sobre a questão de Xinjiang para a Assembleia Geral da ONU”, apontou.

O secretário de Estado adjunto dos EUA, John Sullivan, deverá liderar um painel de discussão sobre a “crise dos direitos humanos em Xinjiang”, durante uma reunião marcada para esta semana na Assembleia-Geral da ONU.

Organizações não-governamentais estimam que a China mantém detidos cerca de um milhão de membros da minoria étnica chinesa de origem muçulmana uigure e alguns cazaques, em campos de doutrinação política, na região de Xinjiang.

Depois de, inicialmente, negar a existência dos campos, Pequim diz agora tratar-se de centros de “formação vocacional”, destinados a treinar uigures, como parte de um plano para trazer a minoria étnica para o mundo “moderno e civilizado”, e eliminar a pobreza no Xinjiang.

“Pedimos aos Estados Unidos que cancelem a reunião em causa e que parem de fazer comentários irresponsáveis sobre a questão de Xinjiang e de interferir nos assuntos internos da China em nome dos direitos humanos”, afirmou Geng Shuang, em conferência de imprensa.

A moral de Trump

Na segunda-feira, Trump disse numa reunião sobre liberdade religiosa, durante uma sessão da ONU, que é um “dever moral urgente” que os líderes mundiais parem os crimes contra a fé.

No domingo, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, acusou Pequim de tentar eliminar culturas muçulmanas, e pediu aos governos da Ásia Central que rejeitem as exigências chinesas de extradição de uigures.

Pompeo fez aqueles comentários numa reunião com os ministros dos Negócios Estrangeiros do Cazaquistão, Quirguistão, Tajiquistão, Turquemenistão e Uzbequistão.

O painel de Xinjiang apresentará “histórias profundamente pessoais de vítimas da brutal campanha de repressão da China” contra uigures e outras minorias muçulmanas, segundo a anúncio do departamento de Estado norte-americano.

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