Japão | Abe promete reformar Constituição em caso de novo mandato

O primeiro-ministro japonês prometeu ontem reformar a Constituição pacifista do arquipélago, durante o lançamento da campanha para um novo mandato na liderança do Partido Liberal-Democrata (PLD), que chefia sozinho há seis anos

[dropcap style=’circle’]S[/dropcap]hinzo Abe, de 63 anos, é dado como o favorito para a eleição de 20 de Setembro, à qual concorre um único adversário, o antigo ministro da Defesa Shigeru Ishiba, de 61 anos. Uma vitória representará mais três anos à frente da terceira maior economia do mundo e a mais longa chefia do Governo na história do Japão.

“Chegou a altura de proceder à reforma da Constituição”, declarou Abe, ao anunciar a intenção de submeter uma proposta de lei ao parlamento até final do ano. Na Constituição, ditada em 1947 pelo ocupante norte-americano, na sequência da rendição do Japão no final da Segunda Guerra Mundial, Abe pretende alterar o artigo 9 que consagra a renúncia “para sempre” à guerra. O texto, visto pelos meios nacionalistas como uma humilhante relíquia da derrota imperial de 1945, acrescenta que para aquele fim “nunca serão mantidas forças terrestres, navais e aéreas, ou outro potencial de guerra”.

Fiel aliado dos Estados Unidos durante a Guerra-Fria, o Japão reconstituiu forças militares, denominadas “forças de autodefesa”, que só podem intervir se o país for directamente atacado.

Shinzo Abe explicou que pretende modificar a Constituição para dar um estatuto claro a estas tropas, ao mesmo tempo que mantém o princípio fundamental do pacifismo ao qual os japoneses dão grande importância.

Por outro lado

No discurso, o primeiro-ministro destacou a estratégia de relançamento económico, “abenomics”, que permitiu manter uma taxa de desemprego muito reduzida, aumentar o número de turistas e voltar a dar ao Japão “uma economia decente”. Na frente diplomática, Abe reafirmou a “determinação de se encontrar pessoalmente” com o dirigente norte-coreano, Kim Jong-un, para resolver a questão dos cidadãos japoneses raptados por agentes norte-coreanos nos anos 1970 e 1980 do século passado para formar espiões.

O rival de Abe, Ishiba, que tinha denunciado a ausência de debate no seio do partido, sublinhou os problemas demográficos do país, confrontado com um envelhecimento da população e uma fraca taxa de natalidade, bem como a ameaça nuclear norte-coreana.

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