ONGs exigem libertação do activista Qin Yongmin

Organizações não-governamentais exigiram ontem às autoridades chinesas a libertação “imediata e incondicional” do veterano dissidente chinês Qin Yongmin, condenado na quarta-feira a 13 anos de prisão por subversão

 

“O único ‘crime’ de Qin Yongmin foi criar um grupo de supervisão de direitos humanos para impulsionar reformas pacíficas na China”, afirmou, em comunicado, a directora da Human Rights Watch (HRW) na China, Sophie Richardson.

Na quarta-feira, um tribunal da cidade de Wuhan, no centro da China, considerou Yongmin culpado do crime de “subversão do poder do Estado”, frequentemente usado pelo Governo chinês para prender dissidentes. A HRW pediu às autoridades chinesas a libertação “imediata e incondicional” porque a acusação “é injusta” e a sentença “terrivelmente dura”, que mostra “o desapreço do Governo chinês pelos direitos humanos”, segundo o comunicado.

Qin foi um dos fundadores do Partido Democrático Chinês, banido pelo regime comunista logo após ter sido criado. Durante a sua extensiva luta pela defesa dos direitos humanos, 22 anos foram passados em prisões ou com privação parcial de liberdade.

A organização chinesa Defensores dos Direitos Humanos (CHRD) também criticou a condenação de Qin, que considerou “injusta e arbitrária”, e apelou aos especialistas das Nações Unidas que tomem medidas para exigir a libertação de Yongmin ao regime comunista. “O Governo chinês mais uma vez profanou os padrões internacionais dos direitos humanos, que a China tem a obrigação de defender como membro do Conselho de Direitos Humanos da ONU”, frisou a organização, em comunicado.

 

Processo kafkiano

Durante o julgamento, as autoridades negaram os “direitos básicos” a Yongmin, incluindo o direito a um advogado sem “interferência política”, indicou.

“Ao punir Qin Yongmin com tanta força, o Governo de Xi Jinping [Presidente chinês] reforça os sinais de que está determinado a esmagar as ONG de defesa dos direitos humanos e da sociedade civil no país”, alertou a mesma organização.

Qin, de 64 anos, é considerado um dos dissidentes mais veteranos da China, desde 1979 participou de movimentos pró-democracia na sua cidade, Wuhan, e liderou uma publicação com ideias reformistas chamada “Campana”.

Na quarta-feira, a Amnistia Internacional (AI) considerou a sentença “chocante e dura” contra um activista veterano que “simplesmente exerceu a liberdade de expressão”, logo depois de a libertação de Liu Xia “ter dado alguma esperança”. Um dia antes, a poeta e viúva do dissidente chinês e Nobel da Paz Liu Xiaobo, que morreu em Julho de 2017, foi autorizada a deixar a China depois de oito anos em detenção domiciliária em Pequim.

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