Presidente do grupo chinês que comprou Montepio Seguros sob investigação

[dropcap style≠‘circle’]Y[/dropcap]e Jianming, fundador e presidente do CEFC China Energy, que no ano passado adquiriu as seguradoras da Associação Mutualista Montepio, está “sob investigação” das autoridades na China, informou ontem a revista chinesa de informação económica Caixin.

Com sede em Xangai, o CEFC está no processo de compra das seguradoras do Montepio e a negociar a compra da Partex, petrolífera detida em 100 por cento pela Fundação Calouste Gulbenkian.

Na China, onde o sector da energia é monopólio do Estado, o grupo privado CEFC constitui uma excepção: fundado em 2002, figura na 222.ª posição na lista das 500 maiores empresas do mundo da Global Fortune.

A firma tornou-se mundialmente famosa no ano passado, quando acordou pagar 7,4 mil milhões de euros por 14,16 por cento da petrolífera russa Rosneft.

O negócio pode estar agora ameaçado, segundo a Caixin, que cita fontes não identificadas e aponta relutância dos bancos em financiar aquela operação.

A Caixin, que é a principal publicação chinesa de informação económica, descreve o CEFC como uma “empresa que se destaca tanto pelo seu sucesso, como pela opacidade da sua estrutura”.

 

Bolsa reage

“A direcção é altamente dividida e a informação raramente circula entre diferentes segmentos do grupo”, acrescenta a revista, que cita fonte próxima da empresa.

No ano passado, uma proposta de 92 milhões de euros do CEFC pela empresa financeira norte-americana Cowen Group foi travada pelo Governo dos Estados Unidos por motivos de segurança nacional.

Também nos EUA, uma investigação anticorrupção chamou a atenção para o grupo, após Chi Ping Patrick Ho, que geria uma organização não-governamental em Hong Kong financiada pelo CEFC, ter sido acusado por um tribunal de Nova Iorque de corrupção e lavagem de dinheiro.

O Departamento de Justiça norte-americano acusa Ho de ter subornado funcionários do Chade e do Uganda em troca de contratos para uma empresa de energia chinesa. Registos públicos indicam que Ho representava a CEFC China’s China Energy Fund, em 2011.

Após as notícias de que Ye está sob investigação, as acções de várias subsidiárias do grupo afundaram. Na bolsa de Hong Kong, as ações do CEFC Hong Kong Financial Investment recuavam 22,8 por cento a meio da sessão de hoje.

O gigante chinês anunciou no final do ano passado a compra dos seguros do grupo Montepio e a transferência para Portugal da sede dos seus negócios financeiros. O CEFC está ainda em negociações para adquirir a Partex, petrolífera detida pela Fundação Gulbenkian com negócios no Médio Oriente, Angola e Brasil.

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