Pequim mantém tropas em território disputado com a Índia

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China disse ontem que as suas tropas continuam a patrulhar o planalto de Doklam, território disputado nos Himalaias, apesar de a Índia ter afirmado que acordou com Pequim a retirada dos soldados dos dois países.

“A Índia retirou da delimitação todo o seu pessoal”, disse em conferência de imprensa a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Hua Chunying.

As tropas fronteiriças chinesas “continuam a patrulhar a área” e a China “continuará a exercer a sua soberania e a defender a sua integridade territorial”, acrescentou.

A porta-voz não confirmou que tenha havido um acordo com Nova Deli, que prevê a retirada dos soldados dos dois países, como garantiu, em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros indiano.

Do outro lado

A nota do ministério indiano aponta que os dois lados mantiveram contactos sobre a situação em Doklam e conseguiram expressar as suas visões e transmitir as suas preocupações e interesses, tendo ambos iniciado o processo de retirada das tropas daquele território.

Tropas indianas entraram no planalto depois de o Butão, aliado da Índia, ter reclamado que uma equipa do exército chinês estava a construir uma estrada dentro do seu território.

Hua Chunying não teceu comentários sobre a construção dessa infraestrutura.

O anúncio surge a uma semana de o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, viajar para a China, para participar na cimeira do BRICS, o grupo de economias emergentes, que inclui ainda África do Sul, Brasil e Rússia.

Durantes os últimos meses, a Índia insistiu que o problema fosse resolvido através do diálogo, enquanto a China exigiu que a Índia retirasse as suas tropas de Doklam, como condição para o diálogo.

Aquela área é conhecida na Índia como “corredor siliguri” (ou “pescoço da galinha”), um corredor estreito, que liga os estados do nordeste da Índia ao resto do país.

Caso a China conseguisse bloquear aquele corredor, o nordeste da Índia passaria a estar isolado do resto do país.

Já o Butão teme que a construção de uma estrada afecte as negociações sobre a sua fronteira.

China e Índia, ambas potências nucleares, partilham uma fronteira com 3.500 quilómetros de extensão, a maioria contestada. Diferendos territoriais levaram a um conflito, em 1962, que causou milhares de mortos.

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