“I Want Coffee” | A arte do café latte

Porque o café não é todo igual e porque a arte pode estar associada à estética da apresentação do latte, Chris Ip abriu o “I Want Coffee”. Servir um produto bonito e saboroso, ter opções para comer e ainda poder dar formação na decoração dos latte são os objectivos deste recente café do território

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] “I Want Coffee” não é mais um café em Macau. É um espaço onde a perícia e a arte se juntam para decorar o café, nomeadamente o latte. O gosto pela actividade começou, para o proprietário Chris Ip, quando foi convidado, há cerca de dois anos, para dar uma ajuda a um amigo. Na altura, com funções administrativas, teve o seu primeiro trabalho em que lidava com café.

O contacto fez m que começasse a explorar os desenhos que poderiam ser feitos nas várias bebidas derivadas e, não tardou, estava tornar as chávenas “mais bonitas”. “Descobri um novo interesse”, diz.

Do interesse à profissionalização foi um pulo. Autodidacta, Chris Ip dedicou-se à visualização de tutoriais do You Tube e foi aperfeiçoando a sua arte. Pouco tempo depois era concorrente assíduo nas competições que se dedicam a destacar os melhores neste sector.

No entanto, ainda sem espaço próprio, e a trabalhar para outrem, os conflitos com a chefia começaram a surgir. “O meu chefe apoiava-me na participação de concursos, no entanto percebi que quando pedia autorização para ir não se mostrava satisfeito. O resultado foi tomar a decisão de abrir o meu próprio café”, conta.

Em Maio do ano passado materializou o desejo e abriu um pequeno espaço dedicado exclusivamente à venda de cafés e lattes para fora. “A ideia era que as pessoas que fossem passando aproveitassem para parar e comprar a bebida que depois levariam com elas”, refere.

Insatisfeito, o projecto que tinha em mãos ficava longe do que ambicionara. “Aplicar os conhecimentos que tinha naquilo a que chamo de arte do latte e desenvolvê-los não era possível”, diz, enquanto explica que “era muito difícil fazer os desenhos num copo de plástico que era de imediato fechado e levado”. Por outro lado, era um espaço com pouco conforto em que “as pessoas não tinham onde se sentar a saborear o seu café”.

Em conversa com amigos, o proprietário do “I Want Coffee” foi aconselhado a investir noutro tipo de espaço. “Resolvi aceitar as sugestões que me foram dando e em Março consegui abrir este”, afirma satisfeito.

Ir mais longe

Mas o “I Want Coffee” não se fica pelo menu de comidas e bebidas personalizadas. Dos serviços prestados, consta a realização de cursos de formação na “arte do latte”. Para o proprietário é uma área que representa uma grande vantagem e um investimento naquilo que considera uma actividade a ser desenvolvida.

A ideia do “I Want Coffee” é, para Chris Ip, ajudar no fomento da cultura do café e das suas bebidas associadas e, acima de tudo, desmistificar alguns preconceitos que encontra no território. “As pessoas pensam que os cafés com desenhos não são tão bons, tão deliciosos, mas acredito que sou capaz de fazer um café bonito e que, ao mesmo tempo, tenha todo o sabor que os clientes pretendem ter nesta bebida”, afirma.

Por questões de sobrevivência, o “I Want Coffee” aposta também em refeições e noutros bens alimentares, até porque “seria muito difícil manter a casa aberta se não tivesse este tipo de opções”.

A “obrigatoriedade” não significou, no entanto, limitações ao menu. Da carta constam saladas, pastas, muitas especialidades de pastelaria e sobremesas.

As maiores dificuldades que sente com o novo negócio têm que ver com algumas diferenças que o território tem relativamente a outras regiões vizinhas, nomeadamente no que respeita à cultura do próprio café. O proprietário explica: “Em Macau, as mudanças são muito lentas. As pessoas pensam que os cafés que fazemos são iguais àqueles que se vendem nos estabelecimentos tradicionais de comida chinesa e não percebem a diferença”.

Para o futuro, Chris Ip quer continuar a investir na área da formação para “atrair mais jovens para o sector e, desta forma, contribuir para um maior conhecimento do produto e da actividade de desenhar no latte”.

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