Exposição | “Descobrir Manuel Vicente” chega ao Brasil

É já no próximo sábado que inaugura, no Rio de Janeiro, a exposição “Descobrir Manuel Vicente”. A iniciativa parte da Docomomo Macau e, para Rui Leão, servirá não só para mostrar a obra do arquitecto, como estabelecer também um paralelismo entre Macau e a cidade brasileira

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]ois anos depois de ter estado patente no Centro de Design de Macau, a exposição “Descobrir Manuel Vicente” prepara-se para chegar ao Rio de Janeiro. A inauguração acontece no próximo sábado, sendo uma iniciativa da Docomomo Macau em parceria com o Instituto de Arquitectos do Brasil.

Ao HM, o arquitecto Rui Leão, que preside à Docomomo Macau, explicou como surgiu a possibilidade de levar esta exposição à cidade carioca. “Vem na sequência da promoção que fizemos da exposição através do catálogo, e houve bastante interesse por parte do instituto e também da faculdade de arquitectura da Universidade Federal do Rio de Janeiro.”

Para Rui Leão, Macau e Rio de Janeiro acabam por ser “sítios que têm bastantes afinidades culturais”. “Há um interesse especial na arquitectura que se faz entre um lado e outro. Uma das nossas premissas ao fazer uma exposição era tentar fazer uma comunicação da obra de Manuel Vicente até mais longe.”

Sem projectos para levar “Descobrir Manuel Vicente” a outros países, a exposição poderá ser também mostrada ao público brasileiro nas cidades de São Paulo e Salvador da Baía.

“Estamos com grandes expectativas que haja uma recepção forte e um grande interesse”, adiantou o presidente da Docomomo Macau. “Queremos, dessa maneira, fortalecer a relação entre os arquitectos de Macau e do Brasil”.

Diferentes mas iguais

A exposição que a Docomomo Macau leva para o Brasil não será exactamente igual à que esteve patente no território, até porque, segundo Rui Leão, há obras de Manuel Vicente que têm uma maior ligação com Macau.

“Há partes que foram reduzidas porque só faziam sentido no contexto de Macau. Foi feita uma selecção mais reduzida do espólio”, explicou o arquitecto, que referiu também a tentativa de comparar a arquitectura de Macau e do Rio de Janeiro.

“Houve um aumento do conteúdo [da exposição] porque, em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro, desenvolvemos um estudo comparativo entre as duas cidades. Isso vai ser apresentado na abertura da exposição.”

Rui Leão garantiu que as semelhanças entre os dois territórios prendem-se com a ligação ao mar, por exemplo. “São cidades diferentes mas feitas de coisas tão parecidas. Há uma relação com o mar, uma forma de estar e de organizar o espaço em função da água e das colinas. Há muitas semelhanças e pontos comuns, como a utilização de aterros. A configuração é que pode ser diferente.”

Ainda assim, o arquitecto, que é também membro do Conselho do Planeamento Urbanístico, referiu que na cidade do Rio de Janeiro existem “instrumentos de planeamento e de salvaguarda de património mais desenvolvidos face a Macau, infelizmente”. “Aqui ainda não há esses instrumentos que permitam a preservação e o desenvolvimento”, frisou.

No contexto da exposição, será ainda realizada uma mesa redonda, “que será importante porque, de alguma maneira, vai permitir discutir as abordagens que há na arquitectura e as diferenças, o que está por detrás delas”, concluiu Rui Leão.

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