China | Confirmada detenção de activista de Taiwan desaparecido

Os receios da família e da Amnistia Internacional tinham razão para existir. Lee Ming-che, um activista de Taiwan que passou por Macau a caminho de Cantão, desapareceu mal cruzou a fronteira. As autoridades do Continente confirmaram ontem que está detido por “actividades prejudiciais à segurança nacional”

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s autoridades chinesas disseram ontem que um activista de Taiwan, que desapareceu há uma semana ao passar a fronteira de Macau para a China, está detido e a ser investigado por suspeita de “actividades prejudiciais à segurança nacional”.

O activista pró-democracia Lee Ming-che, de 42 anos, passou a fronteira de Macau no dia 19 deste mês e nunca apareceu num encontro, que estava previsto para mais tarde nesse dia, com um amigo em Zhuhai.

O porta-voz do Escritório para os Assuntos de Taiwan, Ma Xiaoguang, disse que Lee Ming-che se encontrava de boa saúde, mas não deu informações sobre onde estava detido ou outros termos da sua detenção, escreve a Associated Press.

“Em relação ao caso de Lee Ming-che, porque ele é suspeito de levar a cabo actividades prejudiciais à segurança nacional, a investigação está a ser tratada de acordo com os procedimentos legais”, disse o porta-voz Ma Xiaoguang numa conferência de imprensa.

A Amnistia Internacional (AI) disse que a detenção de Lee aumenta as preocupações quanto ao aumento da repressão sobre o activismo legítimo e instou as autoridades a fornecerem mais detalhes sobre a sua detenção.

“A detenção de Lee assente em vagas ideias sobre segurança nacional preocupa todos os que trabalham com organizações não-governamentais na China. Se a sua detenção estiver apenas ligada ao seu activismo legítimo, ele deve ser imediata e incondicionalmente libertado”, disse Nicholas Bequelin, director da AI para a Ásia Oriental numa resposta por email à Associated Press.

Na terça-feira, um colega de Lee disse que o activista deverá ter atraído a atenção dos serviços de Segurança da China depois de ter usado a rede social WeChat para discutir as relações China-Taiwan.

Cheng Hsiu-chuan, presidente da Wenshan Community College, em Taipé, onde Lee trabalhou no ultimo ano como director de programa, disse que Lee usou o WeChat “para ensinar” um número desconhecido de pessoas sobre as relações China-Taiwan sob o governo da Presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen.

“Para a China, o que ele estava a ensinar seria visto como sensível”, disse Cheng.

O WeChat tem centenas de milhões de utilizadores activos e é uma forma de comunicação extremamente popular na China, onde outras redes sociais como o Twitter estão bloqueadas.

Saúde frágil

Segundo a Associated Press, vários pedidos de informação foram feitos através de canais oficiais e privados para obter informação sobre o activista, sem sucesso.

De acordo com notícias divulgadas desde o seu desaparecimento, o activista sofre de problemas de saúde como pressão arterial elevada.

Na última década, Lee viajava todos os anos para a China para ver amigos, disse Cheng, ao acrescentar que o activista falava de direitos humanos em privado, mas nunca em eventos públicos.

Em meados de 2016, no entanto, as autoridades chinesas fecharam a conta de WeChat de Lee e confiscaram uma caixa de livros publicados em Taiwan sobre assuntos políticos e culturais, disse Cheng.

Na sua mais recente viagem, Lee planeava ver amigos e obter produtos de medicina chinesa para a sogra em Taiwan, disse a mulher do activista, Lee Ching-yu, que deveria ficar em Cantão até ao passado dia 26.

“Quero que o Governo da China actue como um país civilizado e me diga o que estão a fazer com o meu marido e com que bases legais e, como um país civilizado, o que estão a planear fazer com ele”, acrescentou.

Dezenas de advogados têm sido interrogados ou detidos no âmbito de uma campanha contra advogados dissidentes lançada em Julho de 2015.

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