Governo chinês critica situação dos direitos humanos nos EUA

[dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]equim criticou ontem a violência policial, descriminação racial e natureza hipócrita da democracia nos Estados Unidos, em resposta às acusações à China no relatório anual de direitos humanos do Departamento de Estado norte-americano.

“[os EUA] apontam o dedo e acusam a situação dos direitos humanos em muitos países, enquanto negligenciam os seus próprios terríveis problemas”, aponta o relatório publicado ontem pelo Conselho de Estado chinês.

O “Relatório sobre os Direitos Humanos nos Estados Unidos em 2016”, difundido pela agência oficial Xinhua, denuncia o papel do dinheiro na política norte-americana e acusa a eleição presidencial nos EUA de estar “cheia de mentiras e farsas”.

O documento, que recolhe dados sobretudo a partir de órgãos de comunicação dos EUA, afirma ainda que a imprensa norte-americana não fez uma cobertura objectiva e imparcial das eleições presidenciais, sublinhando que a taxa de abstenção destas foi a mais alta dos últimos vinte anos.

E aponta ainda que o país tem a segunda taxa mais alta prisional no mundo – 693 prisioneiros por cada 100.000 habitantes.

Crimes e desigualdades

Citando estatísticas do FBI, Pequim salienta que, em 2015 registaram-se nos EUA mais de um milhão de crimes violentos, entre os quais 63,8% foram agressões agravadas, 27,3% assaltos, 7,5% violações e 1,3% homicídios.

Segundo a China, em 2016 as desigualdades sociais acentuaram-se nos EUA, com a proporção de adultos com trabalho a tempo inteiro a atingir a proporção mais baixa desde 1983.

O relatório destaca que, ajustado à inflação, o salário do trabalhador norte-americano está estagnado há 50 anos, enquanto a percentagem de pessoas nos EUA que faz parte da classe média caiu de 61%, em 2008, para 51%, em 2016.

“Um em cada sete norte-americanos, ou pelo menos 45 milhões de pessoas, vive em pobreza”, aponta o documento, citando o jornal Daily Mail.

A questão dos direitos humanos é uma fonte de persistente tensão entre o governo chinês e os países mais ricos, sobretudo na Europa e na América do Norte, que tendem a enfatizar a importância das liberdades políticas individuais.

Para as autoridades chinesas, “o direito ao desenvolvimento é o mais importante dos direitos humanos” e o “papel dirigente” do Partido Comunista, no poder desde 1949, é “um principio cardial”.

Desde a ascensão ao poder do Presidente chinês, Xi Jinping, em 2012, as autoridades prenderam dezenas de activistas dos Direitos Humanos, acusados de subversão do poder do Estado ou perturbação da ordem social.

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