Encerrado sistema que fez sair sete mil milhões de euros para fora do país

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] China anunciou ontem ter encerrado um sistema que transferiu ilegalmente 6,8 mil milhões de euros para fora do país, numa altura em que Pequim tenta travar a fuga de capitais.

Em comunicado, a Administração Estatal de Divisas da China anunciou ter investigado seis empresas com sede em Shenzhen, no sul do país.

Outras firmas terão usado documentos falsos ou falsificado compras ao exterior como forma de transferir dinheiro para fora do país, revelou o regulador.

Entre os métodos utilizados consta ainda a transferência de grandes montantes através de várias pequenas transferências, visando despistar as autoridades.

O regulador chinês disse que este ano vai “fortalecer a supervisão do mercado de troca de divisas e atacar seriamente as violações das regras do câmbio, como forma de proteger a balança de pagamentos da China com o exterior”.

“Ao mesmo tempo, vamos aumentar a transparência das políticas e promover a abertura dos mercados financeiros ao exterior”, acrescentou.

Ser racional

No ano passado, o aumento do investimento chinês além-fronteiras, procurando melhores retornos, levou Pequim a criticar o que designa de investimento “irracional” e a adoptar uma série de restrições à transferência de dinheiro para o exterior, face à fuga de capitais, abrandamento do crescimento económico e queda do valor do yuan.

Em Portugal, o país asiático tornou-se, nos últimos anos, um dos principais investidores, comprando participações nas áreas da energia, seguros, saúde e banca.

Em Janeiro passado, no entanto, o Banco de Portugal escolheu o fundo norte-americano Lone Star para negociar a compra do Novo Banco, em detrimento do fundo chinês China Minsheng Financial Holding.

Apesar de ter a melhor proposta financeira, o Minsheng não apresentou provas de que conseguiria pagar o montante oferecido, devido às restrições nas transferências de divisas para fora da China.

As reservas cambiais do país asiático, as maiores do mundo, caíram consecutivamente nos últimos sete meses, à medida que o banco central chinês gastou entre 40.000 e 60.000 milhões de dólares para aumentar o valor da moeda chinesa, o yuan.

Em janeiro, as reservas chinesas caíram para o valor mais baixo em seis anos, ao atingir 2,99 biliões de dólares (2,82 biliões de euros), uma queda de 992 mil milhões de dólares (937 mil milhões de euros), comparativamente ao valor máximo de 3,99 biliões de dólares, atingido em unho de 2014.

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