Instituto Cultural | Biblioteca e Estoril são para avançar

Desde a passada sexta-feira que o Instituto Cultural tem um novo líder. Leung Hio Ming fazia já parte da equipa de Guilherme Ung Vai Meng e há mais de 20 anos que trabalha na casa. Defende que há áreas que só se podem ser melhoradas com novas infra-estruturas

[dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]nquanto não houver um novo espaço na cidade para o ensino de dança, vai ser difícil elevar o nível do conservatório local. A dificuldade foi apontada por Leung Hio Ming, o novo presidente do Instituto Cultural (IC), em declarações aos jornalistas à margem da cerimónia de tomada de posse.

“Esperamos que o Estoril possa entrar em funcionamento”, explicou, quando questionado sobre a solução para colmatar as falhas no ensino de dança. “A escola precisa de novas instalações. Se forem lá, poderão ver que as instalações não estão de acordo com os padrões profissionais.”

Já quanto ao ensino de música, as preocupações são outras. Leung Hio Ming conhece bem esta área – é músico de formação e foi director do conservatório local. “Todos os alunos [que fazem os exames e se candidatam] estão a conseguir entrar em universidades no estrangeiro. Acho que o sistema de educação está a funcionar bem. Se assim não fosse, a taxa de entrada na universidade não seria de 100 por cento”, destacou.

Neste momento, o conservatório de música tem mais de 800 estudantes, acrescentou. A aposta passará, no futuro, por uma presença mais forte do ensino de instrumentos chineses, “porque a percentagem é muito menor do que a dos instrumentos ocidentais”.

Quando o antigo Hotel Estoril for convertido num centro de artes, também estes estudantes passarão a dispor de novas estruturas. Sobre o controverso projecto, o presidente do IC explicou que “o plano já está definido”, sendo que, “em breve”, a concepção da obra começará a ganhar forma. Leung Hio Ming não tem, no entanto, um calendário, porque “o projecto está nas mãos dos Serviços de Educação e Juventude”.

“O centro terá um auditório de tamanho médio. Haverá muito espaço para artes performativas, que será partilhado pelas associações e residentes de Macau”, salientou. “Isto significa que, durante o período das aulas, as instalações vão ser usadas pelos alunos mas, depois, as outras associações vão poder utilizar o novo centro.

Tribunal num museu

O sucessor de Guilherme Ung Vai Meng falou também da Biblioteca Central, projecto que, na semana passada, voltou a estar na ordem do dia por causa de um debate na Assembleia Legislativa (AL). Leung Hio Ming afasta que exista “uma grande polémica” em torno da reconversão dos edifícios onde, em tempos, funcionaram o Tribunal Judicial de Base e a Polícia Judiciária.

O responsável recordou que foi organizada uma exposição sobre o projecto, sendo que a oportunidade serviu para o IC perceber que a maioria da população concorda com a ideia. Quanto aos custos, reconhece que se trata da “maior preocupação” da opinião pública. “O orçamento foi calculado com a taxa de inflação anual”, indicou. Na semana passada, Alexis Tam, secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, admitiu que os 900 milhões de patacas anunciados inicialmente poderão não bastar para concluir a obra.

Em relação à localização – questão central do debate na AL –, o presidente do IC vincou que a decisão teve na base as recomendações internacionais do sector sobre este tipo de infra-estruturas. Leung não acredita que o turismo possa ter impacto no edifício e no modo como será utilizado, uma vez que, nos últimos anos, têm ali sido organizadas exposições e “não se verificou um grande número de visitantes”.

Questionado sobre a manutenção de peças que pertenceram ao antigo tribunal, Leung Hio Ming explicou que as antigas salas de audiência terão de ser reconvertidas, para poderem adaptar-se às novas finalidades. No entanto, existe “uma ideia preliminar para um museu judiciário, um espaço que sirva para exibir objectos do tribunal”.

O novo presidente do Instituto Cultural admite que a “parte mais pesada” do trabalho do organismo tem que ver com a conservação do património. “Vamos continuar a trabalhar nesta área mas, ao mesmo tempo, vamos disponibilizar bons serviços culturais a todos os cidadãos de Macau”, prometeu. Além do património, há mais duas vertentes que entende serem de grande importância: as indústrias criativas e os serviços culturais.

Além de Leung Hio Ming, tomou posse na passada sexta-feira o novo vice-presidente do IC: Ieong Chi Kin ocupa o lugar deixado vago pelo agora sucessor de Guilherme Ung Vai Meng.

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