Xi Jinping e Donald Trump vão “reunir em breve”

O Presidente norte-americano eleito e o Presidente chinês combinam para breve uma reunião para trocar opiniões. Em cima da mesa estarão temas de “interesse mútuo”

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente chinês, Xi Jinping, e o futuro homólogo norte-americano, Donald Trump, concordaram ontem reunir-se “em breve” para discutir a relação entre os dois países, noticiou a televisão estatal CCTV.

Numa conversa por telefone, Xi e Trump “prometeram manter um contacto próximo, construir boas relações de trabalho e reunir em breve para uma troca de opiniões em assuntos de interesse mútuo”, referiu o canal.

Durante a campanha eleitoral, o país asiático foi um dos alvos preferidos do magnata nova-iorquino, que acusou a China de “manipulação da moeda”, ou “batotice” e ameaçou taxar os produtos chineses em 45%.

Trump chegou a chamar a China de “inimigo” e prometeu enfrentar um país que diz considerar os EUA “palermas”.

O presidente eleito sugeriu, no entanto, que não se quer envolver em disputas externas e recusou o Tratado Transpacífico (TPP, na sigla em inglês), um acordo que visa a criação da maior área de livre comércio do mundo e que a China vê como prejudicial aos seus interesses.

A CCTV cita Trump, que afirmou que “a China é um grande e importante país, cujo desenvolvimento surpreendeu o mundo”.

“Os EUA e a China podem beneficiar-se mutuamente”, disse.

O termo usado pela CCTV – “benefício mútuo” – é frequentemente utilizado pela diplomacia chinesa.

Mar de incógnitas

As posições contraditórias e ambíguas de Trump deixam dúvidas sobre a forma como lidará com a China, a segunda maior economia mundial e detentora de um poderoso aparelho militar.

Durante a administração de Barack Obama, Washington reforçou a presença militar e diplomática no leste asiático, levando Pequim a adoptar uma política assertiva, face ao que considera uma tentativa de conter a sua influência económica e geopolítica.

Mas Trump não propôs soluções para questões estratégicas que perturbam as relações, como as reclamações territoriais de Pequim no Mar do Sul da China, o programa nuclear da Coreia do Norte ou o futuro de Taiwan.

O vencedor das eleições norte-americanas indicou ainda que os EUA estão cansados de pagar pela defesa dos seus aliados, como o Japão e a Coreia do Sul, sugerindo que estes países deviam desenvolver as suas próprias armas nucleares.

Mark Williams, analista da consultora Capital Economics, sugeriu anteriormente numa nota que se os “EUA estiverem menos envolvidos na Ásia, Pequim terá a oportunidade de definir a integração política e económica da região nos seus próprios termos”.

Isso poderá incluir um acordo comercial que exclua os EUA, como o TPP excluiu a China.

Em andamento

Pequim já está em negociações para instituir a Parceria Económica Compreensiva Regional (RCEP, na sigla em inglês), uma área de comércio livre que inclui países do sudeste da Ásia, a China, Índia, Japão, Coreia do Sul, Austrália e Nova Zelândia.

No total, abarcará mais de 3.000 milhões de pessoas.

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Austrália afirmou mesmo na quinta-feira passada que, caso o TPP falhe, “o vácuo que seria criado deverá ser preenchido com o RCEP”.

Questionado sobre a ameaça de Trump vir a taxar os produtos chineses, o porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês lembrou na semana passada que o comércio bilateral entre os dois países aumentou 200 vezes nas últimas décadas, beneficiando ambos os lados.

“Qualquer chefe de Estado nos EUA que considera os interesses dos seu país e do seu povo irá fazer a escolha certa”, disse.

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