Li Keqiang faz “escala técnica”nos Açores

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]China disse ontem que a estada de dois dias do primeiro-ministro, Li Keqiang, na ilha Terceira, nos Açores, se trata apenas de uma “escala técnica”, optando por não comentar o alegado interesse geoestratégico no território. Li chegou aos Açores, depois de ter realizado um périplo pelo continente americano, que incluiu visitas à sede da Organização das Nações Unidas, em Nova Iorque, Canadá e Cuba.
“Pelo que sabemos, o primeiro-ministro Li estará na ilha Terceira para uma escala técnica”, afirmou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Geng Shuang, numa conferência de imprensa, em Pequim.
Trata-se da terceira visita de um responsável chinês ao território insular, no espaço de cerca de quatro anos.
Em 2014, o Presidente chinês, Xi Jinping, efectuou uma escala técnica de cerca de oito horas na ilha Terceira, onde se encontrou com o então vice-primeiro-ministro português, Paulo Portas. Dois anos antes, o então primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, escalou também naquela ilha. As visitas ocorreram depois de os Estados Unidos da América terem anunciado a redução da sua presença na Base das Lajes.
No ano passado, o presidente do governo regional dos Açores, Vasco Cordeiro, salientou, em entrevista à RTP, a possibilidade de aquela infra-estrutura ser usada por outro país que não os EUA, dando o exemplo da China, com quem Portugal tem “uma relação diplomática” que é “muito anterior” àquela que tem com Washington. Na Praia da Vitória, concelho onde se localiza a Base das Lajes, existe também um porto oceânico no qual os chineses podem ter interesse.
Questionado pela agência Lusa, o porta-voz do MNE chinês não confirmou nem desmentiu um interesse geoestratégico no território. Geng salientou antes que as relações entre Portugal e China “atravessam um período de progresso estável”, com os dois países “a realizarem frequentemente visitas e intercâmbios” e a gozarem de “forte confiança política mútua”.
“A China vai-se esforçar, junto com Portugal, para impulsionar a parceria estratégica global estabelecida entre os dois países”, acrescentou. O acordo luso-chinês de “parceria estratégica global”, um dos primeiros do género que a China estabeleceu com nações europeias, foi assinado em dezembro de 2005 em Portugal pelos chefes de governo dos dois países.
Na semana passada, o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, rejeitou também a existência de “uma agenda escondida” na reunião que terá hoje com Li Keqiang, na Base das Lajes, afirmando que esta visa apenas preparar a viagem do primeiro-ministro português, António Costa, à China.

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